À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 50
Cinema


Notas iniciais do capítulo

Olá, povo!

Vamos dar uma de espiões hoje e tentar descobrir os planos de Adeline!

Boa leitura!



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Acordei próximo da hora do almoço, e só levantei pouco antes de ir comer. Almocei tranquilamente, fiquei no quarto vagando mentalmente, tentando imaginar o que Adeline faria naquela tarde. Meia hora antes do combinado com Nathaniel, me arrumei e aguardei mais alguns minutos antes de descer. Iria esperá-lo na calçada, mas o encontrei já na recepção, falando com Oliver.

Eles ainda não tinham me visto, pois parei no arco, e fiquei um tempinho ali, observando Nathaniel falando tão alegremente. Pelo jeito, Oliver havia dito as novidades.

De alguma forma, parecia que faziam semanas que não nos víamos, e por isso, meu coração estava ligeiramente acelerado. Ou bastante. Resolvi me mexer e entrei na recepção, sendo notada pelos dois, que sorriam, com certeza com reações diferentes.

— Boa tarde — desejei. — Pelo jeito contou as novidades, não é? — brinquei com Oliver.

— Com certeza, eu não consigo ficar calado! Contei para todos que pisaram nesse cômodo, acredita? É mais forte do que eu.

Dei risada. — Olha, eu acredito, pois faria a mesma coisa se estivesse no seu lugar.

— Provavelmente eu também — comentou Nathaniel, que me encarou.

De canto de olho, vi Oliver apoiando o cotovelo no balcão e a cabeça na mão, com um sorrisinho no rosto, como se estivesse se divertindo conosco.

Pigarreei. — Vamos?

— Claro. — Nathaniel estendeu o braço para mim. — Até mais, Oliver.

— Divirtam-se!

Agradeci com um sorriso e cruzei meu braço com o do psicólogo e saímos da pensão.

— Chegou cedo — falei.

— Eu sempre gosto de chegar pouco mais cedo do horário combinado. Não gosto de fazê-la esperar.

— Mas aí é você que precisa esperar.

Ele me lançou um sorriso. — Não me importo.

Senti as bochechas esquentando e desviei o olhar para a rua. — Então... como estão as coisas?

— Estão bem. Sem muitas novidades. Tudo seguindo tranquilamente. E com você?

— Estão ótimas. Consegui ajudar Denise e agora ela vai se casar com Castiel... Me sinto tão feliz por eles, fora Oliver e Clarisse também... — falei energicamente.

— Estou vendo... — Ele sorriu. — É muito bonito vê-la feliz pelas conquistas deles.

— Não teria como não ficar.

— Com certeza — concordou. — O que faremos? Estou curioso para ouvir seus planos...

— Ah, sim! Já tinha me esquecido. Pois então... Ontem descobri que Adeline informou à mãe que iria ao cinema comigo, hoje, as três da tarde. Só que eu não estava sabendo sobre nada disso. Estou com suspeitas de que ela vá se encontrar com o admirador secreto. Adeline estava estranha quando falei com ela, como se estivesse com medo de dizer muito...

— Acha mesmo que ela se encontraria com ele?

— Não consigo pensar em outro motivo para ela inventar tal coisa para sua mãe. Só que ela não foi tão esperta assim, já que disse até o horário. Se Viviane desconfiasse de algo, poderia muito bem ir até o cinema nesse horário e pegá-la com o sujeito.

— Pelo que tinha me contado, ela não me parece ser muito...

— Esperta? Sim, não é. Ela é jovem, e jovens não costumam pensar exatamente em cada detalhe de uma mentira.

— Mas o que você fará se ela realmente estiver com o admirador? Vai intervir?

— Hm... Não, não vou. Eu não quero fazer uma cena, isso com certeza acabaria com nossa amizade. Ela não confiaria mais em mim, sem falar que ficaria com raiva. Eu percebi que não adiantou muito falar sobre homens interesseiros, ela se deixou levar pelas palavras bonitas dele. Provavelmente acha que eu sou exagerada e que ele não é assim.

— Sim, bem provável.

Continuamos caminhando enquanto Nathaniel guiava o trajeto. Não demorou muito para que chegássemos. Havia um pequeno aglomerado de pessoas na frente do cinema, fazendo uma fila para comprar os ingredientes em uma cabine centralizada na fachada.

Fiquei na porta dos pés, observando cada rosto, tentando localizar Adeline, mas ela não estava por ali.

— O que faremos? — Nathaniel questionou, também procurando. — Vamos esperá-la aparecer?

— Eu não sei... — Cocei a testa, em dúvida.

— Bom, Adeline disse que ia ao cinema. Provavelmente assistirá o filme, seja com o admirador ou outra pessoa. Talvez devêssemos comprar os ingressos e esperar lá dentro.

— É uma boa ideia... Ah, droga.

— O quê?

— Esqueci de trazer dinheiro.

— Não seja boba, eu pago. — Me puxou pela mão. — Vamos para a fila.

Paramos no final da fila, e uns minutos depois chegou nossa vez. Nathaniel comprou os tickets para o filme “The Deserter” e entramos no hall espaçoso e cheio, sempre atentos. A sessão só começaria as três e quinze, então puxei Nathaniel para uma das paredes, de forma que não ficássemos tão visíveis.

A entrada para a sala foi liberada, e aos poucos as pessoas foram entrando. Comecei a ficar aflita, pois o plano estava indo de mal a pior.

— Heloise... — Nathaniel tocou meu braço e se colocou na minha frente. — Ela chegou.

— Onde? Cadê? — Tentei olhar por cima de seus ombros, mas ele tampava minha visão.

— Não olhe, ou ela poderá te ver. — Deu uma espiada para trás. — Ela está... procurando por alguém.

— Será que o admirador está aqui? — Dei uma olhada por onde eu tinha acesso.

— Não sei... Espera, acho que... — Ficou de costas para mim.

Segurei em seu casaco para me apoiar e olhei, tentando não mostrar meu rosto. Então, vi Adeline caminhando em direção à entrada da sala. De repente, ela sorriu e parou, porém, devido as pessoas querendo entrar, não consegui ver quem exatamente ela tinha visto.

— Droga, esse povo não sai da frente!

— Eu também não consigo ver quem é... Mas eles vão entrar na sala.

Esperamos eles irem primeiro e seguimos logo atrás. Antes deles passarem pelas portas, apenas consegui ver que seu acompanhante era um rapaz de cabelo preto. Entramos, e por um momento, me deixei distrair pela arquitetura incrível do lugar. As vigas, os revestimentos das paredes, o pé direito altíssimo, os assentos, os ornamentos que cercavam a tela não muito grande...

Se concentre, Heloise. Procure seu alvo.

Percebi que Nathaniel estava com seu olhar focado em algum lugar, então provavelmente tinha localizado os dois. Ele foi na frente, me puxando pela mão, e descemos as escadinhas até dois lugares vagos no final de uma das primeiras fileiras.

— Eles estão ali — sussurrou, apontando.

Localizei a cabeleira ruiva de Adeline na segunda fileira a partir da nossa, na terceira poltrona, enquanto o rapaz ocupava a quarta poltrona.

— Eu não consigo ouvir nada dessa distância — resmunguei, fuzilando a nuca da garota.

— Tem um lugar vago atrás deles... Quer que eu fique ali até o filme começar? Duvido muito que conversarão depois.

— Faria isso?

— Claro. Até porque se você fosse, ela poderia te ver.

Concordei. — Verdade. Vai lá, fico te devendo.

Ele deu um sorriso, negando, e levantou, indo até o lugar vago e se sentando. Fiquei de olho, e acabei me pegando pensando em como a nuca dele era bonita e pedia por uns beijos. Mas com certeza ele ficaria totalmente envergonhado se eu fizesse algo assim.

Para de imaginar isso, mantenha o foco. O f-o-c-o.

Eu só notava Adeline gesticulando uma vez ou outra, não conseguia ver seu rosto, mas conseguia ver a lateral do rosto do rapaz. Ele usava óculos arredondados de aro fino, e seu cabelo era repartido na lateral, o que era comum para a época.

O barulho na sala era alto. As pessoas conversavam tão animadas que pareciam estar em uma festa. Provavelmente só ficariam em silêncio quando o filme começasse.

Cruzei as pernas e apoiei o braço no apoio esquerdo da poltrona, sem tirar os olhos do alvo. De repente, senti um movimento e percebi que alguém havia se sentado no lugar ao meu lado.

Me endireitei e encarei o homem.

— Com licença, senhor, este lugar já tem dono — falei gentilmente.

— É mesmo, gracinha? Veio com quem? — Ele riu, debochado. — Devia ter guardado o lugar, então.

O encarei, desacreditada em sua falta de educação. — Meu marido foi comprar algo para comermos — menti, na esperança de que ele resolvesse sair.

— Então é melhor ir procurar lugares vagos — disse, olhando para frente.

Cerrei os dentes, querendo muito arrancar ele dali nos tapas, mas me segurei. Levantei e passei por ele, pisando em seus pés de propósito, recebendo um resmungo alto. Ignorei e fui para trás da sala, já vendo alguns lugares vazios na última fileira.

Me sentei na última cadeira e estiquei a perna para ocupar a poltrona da direita, assim não falariam de novo que eu não guardei o lugar.

Fiquei atenta à frente, para quando Nathaniel levantasse. Assim que as luzes foram apagando aos poucos, ele o fez, e eu levantei, balançando o braço para chamar sua atenção. Ele me viu, estranhando, e veio em minha direção.

— O que aconteceu? — sussurrou.

— Um idiota sentou no seu lugar e não quis sair. Tive que vir para cá. — Me sentei de novo.

— Quer que eu vá falar com ele...?

— Não vai adiantar, ele não parece ser do tipo que sabe dialogar com educação. De qualquer forma, o lugar não importa muito, estamos longe de Adeline do mesmo jeito.

Nathaniel se sentou ao meu lado e a sala ficou totalmente escura. Senti um leve nervoso no estômago, não entendendo o motivo, e minha mão ficou gelada no apoio de braço. Nathaniel segurou minha mão.

— Está com frio? — indagou muito baixinho.

Sentir sua pele quente contra a minha me fez ficar ainda mais nervosa. Minha boca ficou seca, e passei a língua sobre os lábios na esperança de me distrair.

— Não — sussurrei.

A outra mão dele também segurou a minha, talvez tentando esquentá-la. Eu sentia uma inclinação quase insuportável, uma vontade de me aproximar e beijá-lo, mas quão inadequado isso seria?

Em vez disso, ergui minha mão com a dele e depositei um beijo em seu dorso, como uma afirmação silenciosa de que eu estava bem.

Alguns sussurros não tão baixos começaram a soar na sala, pois o filme estava demorando a começar.

De repente, senti algo tocar meu rosto. Ponta de dedos tatearam minha bochecha, nariz, até chegar em meus lábios, que foram acariciados, até que pararam em meu queixo. Um calor se aproximou, e em instinto, me virei um pouco e fiquei parada, esperando.

Os lábios de Nathaniel tocaram os meus suavemente e eu retribuí sem fechar os olhos, tentando ver alguma expressão dele naquele breu, sem sucesso, é claro. Nossas bocas se abriram levemente, enquanto deslizávamos os lábios um sobre os outros de forma delicada e lenta.

Percebi a luz da tela acender antes dele, já que estava de olhos abertos, e cedo demais, ele também abriu seus olhos, notando que eu o observava.

Ele terminou o beijo gentilmente e se afastou, parecendo envergonhado.

— Me perdoe.

Acabei rindo, com uma vontade imensa de apertá-lo. — Não se preocupe, pode fazer de novo, se quiser.

Nathaniel virou o rosto com um sorriso e o filme começou a passar.


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Notas finais do capítulo

Aaaah... morri!

No escurinho do cinemaaa ♫

Não poderia faltar umas beijocas, né? Eu nem me aguentaria não escrever husahus

Bom, por enquanto não descobrimos quem é esse rapaz misterioso. Ainda falta saber se Nathaniel conseguiu ouvir alguma coisa interessante.

Saberemos mais no próximo capítulo. Espero que tenham gostado!

Até mais o/



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