Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 5
Capítulo 4




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IV

 

Quando chegou ao pé dos amigos, Line estava tão concentrada na conversa que acabara de ter que nem reparou que eles se aproximavam.

- Hello! – disse Sophie abanando uma mão em frente ao olhar desfocado da amiga, até ela 'acordar' do devaneio – O que aconteceu? Falaste com ele?

Ao olhar à sua volta, Line reparou que todos estavam de olhos vermelhos e inchados; no entanto, estavam com toda a sua atenção concentrada nela, o que a deixou desconfortável. Devia ter pensado numa versão alternativa mais cedo…

- Huh, b-bem… ele disse que ainda é cedo para nos dizer alguma coisa, ainda não sabe se deve confiar em nós ou não…

- É normal… - comentou Melinda pensativa.

Line não gostava do olhar que Ty lhe mandava. Ele parecia ser o único a conhecê-la bem demais.

- Pois… deve ser isso… - comentou ele ainda a olhar profundamente nos olhos dela.

Ty, por favor, não te metas nisto… por favor, não desconfies, não tornes as coisas mais difíceis… não, não vou desabar agora, não agora! Sempre que ela recebia um olhar daqueles de Ty sentia-se a ponto de chorar… nunca percebera porquê. Ele sempre fora o que melhor a conhecia, sempre a protegia, compreendia e apoiava em todos os momentos… doía não lhe contar a verdadeira conversa que tivera com o Potter. É para tua a própria protecção… por favor, Ty… não compliques… mas sabia que de nada valia pensar isso. Se Ty estivesse a desconfiar de alguma coisa, certamente que iria ter uma conversa séria, daquelas que apenas ele tinha com ela, muito brevemente. Felizmente que era muito subtil e sabia quando precisava de falar a sós com ela, fazendo-a abrir-se melhor com ele sem os outros por perto. Era uma amizade muito forte, daquelas raras de encontrar… como o Harry e os outros dois…

Subitamente o clima foi interrompido, para alívio de Line. Ela não iria aguentar muito mais aquela máscara que estava a usar contra aqueles olhos azuis acinzentados em concordância com o cabelo liso castanho claro de Ty. Uma voz ampliada e forte falou:

- Atenção, todos os alunos. Acabaram de ser afixadas as listas de pessoas, por anos e casas, que irão para a respectiva 'sala'. Já foram criadas todas as condições necessárias para a vossa estadia. Agradeço que se mantenham calmos como até agora: não vale a pena criar pânico; todos estão seguros aqui.

Por agora… pensou Line.

Algum tempo e muitos empurrões depois, o grupo conseguiu saber onde se iria instalar. Ao ver que todos se dirigiam para o local, Ty exclamou:

- Ih, é verdade, esqueci-me de perguntar aos professores se podemos dormir todos juntos… - pelo olhar colectivo de espanto e surpresa dos outros membros do grupo, acrescentou – Estamos num clima de terror, temos de nos sentir seguros… onde nos sentimos mais seguros senão uns ao pé dos outros? Pelo menos dormiríamos melhor… acho que posso falar por todos aqui.

Após alguns momentos de reflexão pela parte dos outros membros, todos acenaram que sim. Era realmente uma boa ideia!

- Sim, vai lá falar com eles a pedir isso… - disse Mel com um olhar curioso – Assim talvez possa estar mais junta ao Dan…

Todos os outros suspiraram de impaciência. Apenas Line compreendera o que realmente Ty queria. Mal ele abriu a boca, as suas suspeitas confirmaram-se:

- Então Line, vem tu comigo tá? Eles sabem que és responsável como eu, não irão duvidar de nós…

- Isso – insistiu Sophie olhando de um para o outro – É isso mesmo Ty. Line, vai com ele. Até já!

- Até… - disse a rapariga baixinho, já prevendo que a conversa que se iria seguir iria demorar bastante. Não tardou a que ficassem sozinhos à procura de algum professor.

- Line… sabes que te conheço bem demais, não sabes?

Porque é que ele me tem de fazer sentir sempre mal? – Sim, sei…

Ty olhou-a com preocupação. Há muito tempo que suspeitava o que ela pretendia… bem, tinha tido a certeza absoluta quando ela dissera que precisava de falar com o Potter. Ela estava cabisbaixa, a sua franja tapava-lhe os profundos olhos negros, ocultando a sua expressão. Ele sentia-se mal por fazê-la sentir-se mal, mas como sempre, ele era de facto a consciência do grupo e precisava de a tentar fazer ver o erro que ela estava a cometer.

- Line, não te tortures com o peso do mundo em cima de ti! Para bode expiatório de tudo isso está cá o Potter! Não que ele queira, é claro, teria de ser sadomasoquista para o querer, mas o facto é que ele já enfrentou coisas muito piores do que nós! Ele nunca teve um ano normal aqui em Hogwarts, sendo mais forte e capaz por isso, sempre se 'auto-sacrificou' pelo bem-estar de todos nós. Admiro-o e respeito-o por isso, mas não tu! Ele é ele, tu és tu! A minha melhor amiga, por quem eu realmente me preocupo! – e limpou um lágrima que estava quase a cair. Ele adorava os seus amigos, mas Line era a sua melhor amiga. Continuou:

- Jamais seria capaz de fazer tudo o que ele fez, os seus actos influenciaram muitas mais pessoas do que os nossos, sendo por isso que toda a gente conhece os seus feitos, o que não me importa nadinha; sei que tu és corajosa demais para pertenceres à casa onde te encontras, mas deixa isso com ele! Não te metas nisso, principalmente por quereres fazer isso sozinha, sem a nossa ajuda… Tenho a certeza que ele sabe o que fazer… nós apenas podemos tentar fazer tudo o que está ao nosso alcance para o ajudar, mas mais não!

Estas palavras magoavam Line profundamente.

- Ty… sei que te preocupas comigo, mas não posso deixar de me rebelar contra o que acabaste de dizer. – e olhando-o nos olhos, disse tudo o que sentia – Eu preocupo-me demasiadamente com vocês! Esse é talvez o meu problema maior. Sempre que nos metemos em encrencas sou a que menos sofre com as consequências… estou farta disso, prefiro ser eu a sofrer o que vocês sofrem, pois isso magoa-me muito mais! – ela estava agora a despejar tudo sem sequer se aperceber.

Ty olhou-a com atenção e preocupação crescente. Ela continuou, com as mãos na cara, tentando inutilmente conter as lágrimas que teimavam, rebeldes, em cair. Estava a ponto de explodir de tanto sentimento refreado - Farta de não me perceber a mim própria, farta de vos ver em perigo, a sofrer por minha causa! Vocês não merecem, eu não vos mereço… preocupo-me tanto com vocês! Tanto, tanto… - ela soluçava ininterruptamente.

O rapaz ficou em estado de choque, nunca a vira tão vulnerável. Percebeu que se não a agarrasse depressa ela ia cair no chão devido à fraqueza súbita que ele percebia que a invadia; agarrou-a bem a tempo. Ajoelhando-se com ela, Line enterrou a cara no ombro dele, que nada mais pôde fazer do que a abraçar. Como é que era possível que ela estivesse a recriminar-se por todos os acontecimentos que haviam ocorrido? Ela estava a entrar em paranóia, de certeza! Como é que os ataques das agulhas e os ataques do Lord das Trevas eram culpa dela? Por Merlin, ela estava mesmo a enlouquecer, só podia… Ela continuava, agarrada com força à camisa dele:

- Eu quero ser útil para parar com este derrame infindável de sangue… sei que sou capaz! Apenas não quero que vocês se magoem no processo, por isso apenas pedi ao Harry para me acolher a mim no grupo activo 'oficial'… não ia aguentar se vos acontecesse alguma coisa! Seria demasiado doloroso… por favor, não me peças para o fazer… eu sei que consigo mudar a situação…

Ty lembrou-se que para além de ter perdido os amigos em comum com o restante grupo, ela também era amiga dos dois Slytherins que também estavam a morrer aos poucos, sendo feitos em picadinho, na enfermaria. Sim, ele conhecia-a bem demais para não ter percebido o esforço que ela fizera para não gritar de dor naquele momento, para pôr uma máscara minimamente firme para enfrentar tudo o que se seguiria, não demonstrando demasiado as suas emoções.

Mesmo assim, era estranho que subitamente ela se recriminasse por uma data de coisas das quais não era culpada. Não fazia sentido nenhum! Tudo bem, eles já se tinham realmente metido em vários sarilhos, embora sempre tivesse sido o Potter (mais uma vez) a 'salvar' a situação sem o saber, ficando com os louros (e lembrou-se de uns anos antes, quando deu várias pistas à Granger ao conversar casualmente com ela acerca de criaturas mágicas, o que a levou a se lembrar de procurar acerca do animal do qual falavam: Basilisks… ele nem se lembrava da desculpa que Line lhes dera por saber o que se passava no seu primeiro ano, segundo do trio maravilha; do debate de ideias com Cedric Diggory, acerca da melhor maneira de abrir o ovo dourado, antes de lhe lembrar para pedir ajuda à Murta Queixosa. … e noutros pequenos episódios um pouco mais perigosos que nem valia a pena pensar naquele momento). Não havia problema, eles até preferiam ficar no anonimato. Também, não que tivessem feito grande coisa…

- Ele detesta que o vejam como o 'salvador' do mundo bruxo, até eu detestaria se tivesse no lugar dele… ele preocupa-se com toda a gente, só por causa disso é que os sarilhos vão ter com ele. – continuou ela ainda com a cara enterrada no ombro de Ty.

Ele não tinha outra solução a não ser ouvir tudo o que ela tinha guardado dentro de si… tudo? Não… ela nunca falava muito da sua infância. Teria sido assim tão terrível? Que mal lhe aconteceu para ela ter de guardar tão bem esse 'segredo'? Subitamente, ela levantou-se a enxugar as lágrimas com as costas das mãos.

- Obrigada por me ouvires, Ty. És um grande amigo, o melhor, mas não me vais convencer a voltar atrás na palavra que dei ao Potter. – e acrescentou apontando-lhe o dedo ameaçadoramente quando viu a tentativa de Ty para falar – E nem penses em falar com os outros para virem comigo. Tens de tomar conta deles Ty, sozinhos não sabem viver decentemente… és a consciência do grupo, não te esqueças disso.

Ty olhou-a intensamente. Aqueles olhos negros demonstravam a força escondida que aquela simples (ou não?) rapariga tinha guardada. Ele admirava-a ainda mais por isso. Suspirou, resignado.

- Se não tenho outra opção sem me amaldiçares…

Ela sorriu-lhe carinhosamente – Não tens, não. Obrigada por tudo… e desculpa.

Ele não teve tempo para dizer nada, pois o meio-gigante super simpático, o Hagrid, veio ter com eles – Hey! O que é que vocês dois 'tão aqui a fazer ainda? Nã' deviam 'tar nos dormitórios provisórios?

Ty recuperou-se de imediato da interrupção inesperada – Huh, bem, queríamos mesmo falar com um professor… - e contou-lhe acerca da ideia.

Hagrid pareceu pensar seriamente no assunto, até se ter decidido a concordar com eles.

No regresso para junto dos amigos, Ty reparou que a expressão de Line estava mais dura que antes.

- Passa-se alguma coisa? – perguntou ele.

- Eu acho que algo horrível vai acontecer, e muito brevemente… - começou ela de sobrolho franzido, mas foi interrompida por gritos ao longe… gritos de pura agonia. Os professores começaram então a correr na direcção do som, desaparecendo de vista. Apenas Hagrid ficou a vigiar os restantes.

- Oh não!... outra vez não! – gemeu Ty – Quem terá sido desta vez? Quem é que foi suficientemente louco para ainda se aventurar pelos corredores?

A resposta veio com Sophie correr desenfreada na sua direcção, com um olhar de pânico – Ty! Line!

Chegou a eles com dificuldade em respirar – Onde estavam?... eu… procurei-vos por todo o lado… eles escaparam-se!

- Quem?

- A Mel e o Dan… quiseram ir namorar onde pudessem estar sozinhos…

A compreensão varreu as mentes dos outros dois. Ficaram pálidos.

Sophie estava a ponto de chorar compulsivamente – E-eu… tentei fazê-los voltar m-mas… eles já tinham fugido e… e…

- Mel… - diseram Ty e Line baixinho ao mesmo tempo. Não é possível…

Já sabiam quem eram as novas vítimas.


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Notas finais do capítulo

cap dramático eu sei... mas teve de ser!
Bjão e espero que mesmo assim tenham gostado! prometo que a coisa vai acalmar... um bocadinho. *glup*

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