Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 4
Capítulo 3




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III

Ao chegarem ao pé da enchente, ouviram um gritinho estridente vindo de uma rapariga de cabelo liso, escuro e volumoso, que lhes acenava com vivacidade.

- Ai não, não sei se vou conseguiu aguentar a Mel neste momento… - suspirou Sophie baixinho, tapando os olhos com a mão como se dando por vencida.

Ty interveio – Pelo menos temos de tentar ser fortes, mesmo que nos seja quase impossível neste momento… por eles. – acrescentou ele acenando para os colegas.

Sophie suspirou de resignação, respirou fundo várias vezes e, abrindo os olhos, colocou uma máscara serena.

- Isso… - congratulou Ty, sorrindo debilmente. Todos eles fizeram o mesmo que Sophie antes da colega ir ter com eles.

Melinda Raymond era uma aluna pertencente à casa dos Ravenclaw, que também pertencia ao grupo de amigos. Por vezes era muito chata, devido à sua quase hiperactividade constante. Raramente alguma coisa a fazia perder o ânimo, principalmente desde que namorava com Daniel Door, um Gryffindor que conhecera há apenas uma semana.

- Então? Conseguiram saber como é que eles estavam? – perguntou ela ansiosa com um sorriso nos lábios que rapidamente se desvaneceu ao perscrutar a aparente serenidade dos amigos – E-eles…?

Ty foi o único que conseguiu dizer alguma coisa, mesmo olhando para o chão, evitando encarar a amiga – Não se pôde fazer nada…

Por momentos, o tempo parou. De repente Mel não se conteve e agarrou-se a Ty com toda a força, desatando num pranto. Ty abraçou-a de volta não conseguindo aguentar mais as lágrimas. Ele chorou a sua perda em silêncio, enquanto Mel dava grandes soluços abafados pelo seu ombro.

Line achou que aquele era o momento ideal para se retirar, já que Sophie se tinha juntado ao grupo choroso. Sim, ela tinha um problema em mãos, não se podia deixar ir abaixo ao vê-los naquele estado… tinha de encontrar Potter.

Depois de muita procura, finalmente vislumbrou dois rapazes altos, um de cabelo preto com óculos e outro de cabelo ruivo, que estavam ao pé de uma rapariga de cabelos castanhos volumosos. Encontrei o trio maravilha dos Gryffindor… agora só falta encontrar coragem para lhe falar. Engoliu em seco. Como é que se iria dirigir a ele? Enquanto os observava, a rapariga de cabelos castanhos volumosos, que era a única que não estava de costas para ela, notou-a e sorriu-lhe, ao mesmo tempo que dizia algo ao amigo de cabelos negros. Potter olhou-a de relance, falou mais um pouco com os amigos e virou-se na sua direcção com um suspiro de resignação.

Ela sabia o que ele deveria estar a sentir. Mesmo assim, agradeceu silenciosamente à Granger por o ter convencido a ir ter com ela, pois o mais provável era ela ficar especada a olhá-los.

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Hermione, Ron e Harry falavam acerca dos ataques, discutindo ideias para acabar com aquilo, quando uma figura parada a olhá-los chamou a atenção de Hermione. Era provavelmente um ano mais nova que eles e parecia muito nervosa e ansiosa. Tinha um olhar de urgência no rosto que não lhe passou despercebido e, para a acalmar, deu-lhe um sorriso.

- Harry, - começou Hermione – acho que tens aí atrás uma rapariga que quer falar contigo.

Harry olhou para onde a amiga lhe indicava. Voltando a olhar para Hermione bufou.

- Humpf, provavelmente é apenas para me atirar à cara o facto de eu ser considerado um bruxo fantástico, com poder para fazer tudo, inclusive o acto de parar com esta chacina! Ou então para a 'salvar como um herói' de qualquer coisa estúpida… não tenho tempo para essas tretas! Ainda por cima é Slytherin… Já me chega Hermione!

Ela fuzilou-o com o olhar.

– Harry, não creio que seja disso que ela queira falar… - disse Ron, o que fez o moreno olhá-lo com espanto. O ruivo encolheu os ombros - Ela parece-me muito angustiada com alguma coisa, e principalmente com muito nervosismo à mistura por ter necessidade de falar contigo… ela não me parece tão má assim. E estás demasiado habituado a rotular qualquer Slytherin que te apareça à frente!

- Olha quem fala! – exclamaram os outros dois ao mesmo tempo. No entanto, Hermione deu razão ao ruivo.

- Ele tem uma certa razão Harry, ela pode mesmo precisar de falar contigo… e também concordo com ele que ela não me parece má pessoa. Vais-lhe virar costas antes de sequer falares com ela?

- Caramba Hermione, consegues sempre fazer-me sentir mal quando queres… - bufou o moreno enquanto tentava ficar calmo à luz dos acontecimentos, enquanto se virava para falar com a tal rapariga. O facto de dois dos seus grandes amigos, os gémeos, estarem inconscientes devido a uma saraivada inexplicável de 'agulhas mortais' deixava-o com os nervos à flor da pele, sem paciência para nada. Além disso, não deixavam ninguém sair das masmorras, impedindo-o de receber notícias dos amigos. Decidiu-se a ir ter com a estranha.

Line tentava não tremer ao ver o moreno de óculos aproximar-se. Para além de ser considerado um dos melhores feiticeiros mais jovens e ser conhecido mundialmente pelo que lhe acontecera na infância, era um rapaz bem giro. Subitamente lembrou-se do que a levara até ali, fazendo-a recompor-se.

- Olá. Sou Harry Potter. – disse o moreno de olhos verdes magníficos. Agora lá vem ela dizer que é claro que sou, que sabe tudo sobre mim… ao perceber surpreendido que ela não fazia essa observação tão comum e que o irritava tanto, continuou – A minha amiga disse-me que parecias precisar de falar comigo ou algo do género…

- Foi muito simpático da parte dela, para além de ser muito perspicaz…

Harry anuiu, esboçando um sorriso – E tu chamas-te…?

- Ah, desculpa, chamo-me Line – disse ela corando um pouco -, Line Nelini.

Harry pareceu subitamente pensativo e preocupado ao mesmo tempo. Estava completamente alheio a tudo o resto.

- Harry…? Uh, posso chamar-te de Harry? – perguntou Line.

- Sim sim, claro… - respondeu-lhe o moreno subitamente 'acordado'. De onde é que eu conheço este nome? – Uh, de onde és exactamente?

Ela não esperava isso – Uh, bem, vim para a Inglaterra aos 10 anos… nasci em Portugal, embora a minha mãe não fosse portuguesa…

- O teu pai era? – perguntou Harry de súbito. A conversa estava a deixar Line assustada, no entanto, mais valia responder para que ele tivesse o mínimo de confiança nela.

- N-não sei… ele foi-se embora quando a minha mãe engravidou e ela nunca falou dele. Acho que ele não era muito boa pessoa, nós passávamos muito tempo a mudar de um lugar para outro… m-mas porquê tudo isto?

- Nada nada, curiosidade… - e voltando a olhá-la normalmente, continuou - Bem, o que é que querias falar comigo?

- Bem, sei que não saíste daqui desde que nos mandaram todos cá para baixo, o que te deve frustrar, mas…

Harry estava possesso. Lá ia ela falar da mania dele de ir atrás de casos que não devia, ir meter-se em problemas… mas o que ouviu de seguida voltou a espantá-lo.

-… Eu sei que deves estar super preocupado com os teus amigos tal como eu estou com os meus, eu compreendo. Achei que gostarias de saber que eu e mais dois colegas meus conseguimos desviar-nos antes de cá chegarmos… e conseguimos entrar na enfermaria.

Harry estava de olhos arregalados. Quem diria! Afinal há mais gente a seguir os nossos passos do que eu pensava… ainda por cima Slytherins. - E…? Conta-me tudo, por favor. O que é que viste? Como é que eles estavam?

- Infelizmente as vítimas mais recentes não conseguem sobreviver, mas o Fred e o George estão apenas desmaiados, as agulhas já saíram deles… - e parou subitamente. Pela reacção dela, Harry conseguiu perceber que eles talvez tivessem assistido a uma cena horrível devido aos vários ferimentos das vítimas mais recentes, sem contar com a visão das agulhas a saírem dos membros dos gémeos. Ela devia conhecê-los pessoalmente, para falar deles daquela maneira (o que o pasmou, já que os gémeos jamais teriam falado com uma pessoa qualquer dos Slytherin) e devia também ser muito forte para aguentar tão bem semelhante situação; ou então era tal como ele: empurrava os problemas e as preocupações para o fundo da mente, pondo uma máscara para o mundo – máscara essa que apenas tirava quando falava com Hermione ou Ron, no seu caso. No caso dela, com os seus amigos. Os seus pensamentos foram interrompidos quando Line falou de novo, desta vez com um tom mais baixo, em jeito de confidência, sem o olhar nos olhos.

- Harry… todas as vítimas eram meus amigos, especialmente as últimas quatro. – Harry gelou. Merlin, como é que ela consegue estar tão calma? Eu ter-me-ia escondido num canto bem longe dos outros para ninguém ouvir a minha dor… se algo acontecesse àqueles dois… não sei se iria aguentar. Ela continuou:

- Uma delas era uma grande paixão do meu melhor amigo… - e ela olhou para os olhos dele directamente, o que o fez prender a respiração. O olhar dela era inexplicavelmente profundo com aqueles magníficos olhos negros. Eu conheço estes olhos… – Peço-te, se houver alguma maneira de conseguirmos parar isto, por favor, avisa-me de imediato! Não importa o que tenha de fazer, eu consigo! Por todos eles, por todas estas pessoas inocentes, eu consigo! Apenas preciso de apoio… sem ser dos meus amigos – acrescentou ela hesitante.

Uma Slytherin a querer juntar-se ao grupo? Esta é boa… mas ela não era como os outros. Hermione e Ron tinham razão: ele já tinha rotulado erradamente todos os alunos pertencentes a Slytherin. Era hora de deixar as rivalidades entre casas para trás.

- Não queres que eles se magoem como os outros, pois não?

Ela perturbou-se – Sim, é isso… eles querem sempre vir comigo, ajudar-me mas têm sempre a tendência para se magoarem mais do que eu. Às tantas dou por mim a ficar preocupadíssima com eles, não me conseguindo concentrar nas tarefas que tenho de fazer… ponho-os sempre em primeiro; sei que por vezes pode ser um erro, mas não consigo evitar.

São exactamente como o Ron e a Hermione quando lhes digo que não devem vir comigo… fico tal e qual como ela, mas… as aulas de oclumância e legilimância que tivera anos atrás tinham tido os seus frutos, embora tardiamente. Ele percebia que havia qualquer coisa que ela não lhe estava a contar.

– Mas não é só isso pois não? – perguntou ele pausadamente ao se aperceber que ela tinha a mente fortemente protegida. Como é que ela consegue…? Aquela não era certamente uma aluna qualquer, muito menos era uma rapariga fútil. Ela sabia o que queria, tendo a preocupação de proteger os amigos, sacrificando-se pelo seu bem. Mas porque é que ela está nos Slytherin? Tem tudo para pertencer aos Gryffindor! Chegar a esta conclusão deu um grande alívio a Harry, que até então não se tinha apercebido como estivera rígido.

- Não… mas hei-de falar nisso quando chegar a altura certa. – e acrescentou olhando para ele firmemente – Ainda não…

- Ok… - respondeu ele calmamente, tentando dar-lhe confiança. Ela merecia, depois de tudo o que passara… normalmente, ele ainda ficava de pé atrás com gente assim, mas ela… ele não sabia porquê, mas sentia que ela era boa pessoa, não querendo mal a ninguém. Ele sabia que o bloqueio da mente apenas bloqueava os pensamentos e a maioria das emoções, mas não a verdadeira essência da pessoa (embora só com muito treino ou talento próprio é que se conseguia perceber isso. A situação de Harry era a 2ª opção, felizmente). Por isso, ele conseguia perceber quando alguém era de confiança ou não, mesmo que tivesse a mente bem bloqueada (embora demorasse mais tempo).

- Quero que saibas que podes contar sempre comigo.

Desta vez Harry sorriu com vontade – Eu sei.

Ela sorriu de volta, embora fosse um sorriso triste. – Então… o primeiro a…

- … Saber alguma coisa avisa o outro logo de seguida. Que tal?

- Óptimo.

Quando Harry estava mesmo a voltar para junto dos amigos questionou-se acerca do que dissera. Ele não costumava agir assim! Como é que poderia ter aceite uma rapariga que mal conhecia no grupo que passava tantos perigos desde que pusera os pés em Hogwarts? Ela tinha coragem, sim, mas não tinha passado pelas mesmas experiências que eles. Ela estava mais indefesa nesse aspecto, ela não saberia como agir em certas situações. Inesperadamente, assustou-se ao ouvir a voz dela baixinho na sua mente:

- Harry Potter, sei que ainda não me conheces bem, mas asseguro-te que estou apta para fazer qualquer coisa pelas pessoas que gosto. Além disso, sei que és mais do que aparentas… e sei disso como muitos não o sabem. Também sei que o que está a acontecer te preocupa mais do que demonstras, mas apenas pões máscaras para que tudo dê certo, tal como eu. Não queres fazer o que pensas ser inevitável, mas sinto que não vais precisar de o fazer. Há uma outra maneira, tem de haver! Já basta de mortes… já chega! Nem Voldemort faria semelhante coisa; ele prefere fazê-lo com as próprias mãos. Ele não é o culpado; também sabes isso.

O moreno ficou surpreendido por outra pessoa que não ele não se importasse de dizer o nome de Voldemort e ficou quase em choque por se aperceber que os seus longos e dolorosos treinos nada faziam contra a 'invasão'… e ele não se importava! Ela continuava – Desculpa só te fazer isto agora e de maneira tão repentina, mas quero que saibas que é uma maneira única de comunicar. Evita-se perdas de tempo a andar à procura das pessoas que queremos no meio de tanta gente. Apenas descobri há pouco tempo esta minha capacidade. Quero que saibas que confio em ti o suficiente para que te deixe uma brecha na minha mente suficientemente grande para que possas também comunicar comigo. Por ser única, nem tu me lês o resto da mente nem eu a tua, apenas falamos através desta ligação e só quando quisermos. Precisamos de unir esforços o mais rapidamente possível. Até breve. – e interrompeu a ligação. Harry voltou a olhar para onde ela estava, vislumbrando apenas um rápido olhar de urgência.

- Harry…? – perguntou uma Hermione preocupada – O que tens?

Com muita dificuldade conseguiu arranjar voz para responder à amiga – Nada… apenas conheci uma rapariga muito interessante…

Ela sorriu – Interessante como? Não me vais dizer que te apaixonaste por uma Slytherin com quem nem querias falar a princípio?

Hermione andava com um sentido de humor péssimo ultimamente. Ele não a culpava.

- Não… - disse pensativo – Apenas fiquei a saber, e ficam vocês a saber agora, que temos mais uma no grupo activo contra esta chacina…

Ron estava pasmo a olhar o amigo – Desde quando é que confias tão imediatamente em alguém para semelhante coisa? Sabes como é perigoso, principalmente com alguém que nem conheces…

- Eu conheço-a… apenas não sei de onde. Ela é mais do que aparenta… - acrescentou ele baixinho, de maneira que os amigos nem ouviram a última parte.

- Bem, se tu achas que ela é de confiança, tudo bem. – disse Hermione encolhendo os ombros. Tudo o que dissesse contra essa atitude de Harry incluir aquela rapariga no grupo sem os questionar acerca do assunto primeiro era uma perda de tempo, já que o moreno não iria mudar de opinião - Como é que se chama então a nova 'protegida'?

Harry hesitou um momento antes de falar, medindo as palavras que fluíam da sua boca – Line Nelini. – ao perscrutar a expressão dos outros dois, perguntou – Não a conhecem de lado nenhum?

Ambos negaram com a cabeça. Mas eu tenho a certeza que a conheço, sinto-o! Como é que é possível? Nunca falei com ela antes… além disso, ela nasceu em Portugal, vindo para cá apenas um ano antes de eu entrar em Hogwarts… foi impossível que nesse tempo eu a tivesse conhecido, senão ter-me-ia lembrado. Nessa altura não tinha amigos nenhuns e lembrava-se perfeitamente dos indivíduos dos grupos que andavam atrás dele para o fazer de saco de boxe apenas por ser diferente… eram sempre rapazes, não se lembrava de ter falado com nenhuma rapariga, já que todas agiam como se ele não existisse. Mas afinal… de onde é que eu a conheço?

- Line Nelini… Line Nelini… - murmurava Harry como um mantra a todo o momento, tentando lembrar-se de onde conhecia alguém com características tão peculiares.


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Notas finais do capítulo

N/A.: Bem, este capítulo foi esquisito de escrever, mas essencial. Nada sangrento (não deu mesmo, senão ficava gigantesco… quando digo gigantesco digo mais do que ficou -.-'). No entanto, gostei de escrever aquelas 'pancadas' do Harry a achar que a conhece… huhuhu, não vou contar mais nada! Acho que ninguém vai conseguir adivinhar o que se passa afinal entre esses dois tão cedo XD (eu sei que sou má, sei!)
Obrigada à única pessoa que anda a ler e comentar esta fic (Ylla_16)... acho que não se vai arrepender! Ainda muita coisa vai acontecer...