Brincadeiras, Erros Mortais escrita por 2Dobbys


Capítulo 19
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Este epílogo já está escrito há uns aninhos... mas esqueci-me totalmente de o colocar aqui no site (e peço imensa desculpa por isso).
Passa-se alguns anos após o último capítulo. Enjoy!



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Epílogo

Um jovem moreno de negros cabelos revoltos esperava nervosamente em frente ao gigantesco portão.

Uma pequena esfera flutuante de uma luz azulada brilhante apareceu à sua frente, começando a rodear a sua cabeça num ritmo cada vez mais rápido. Sentia-se tonto, não só pela confusão que aquela bolinha lhe fazia a girar à sua volta como aos nervos que sentia.

Subitamente a pequena esfera desaparece num sonoro ‘pop’, e o portão abre-se em dois, dando passagem ao caminho de pedra trabalhada do carreiro exterior até à porta da mansão.

Estava uma bela noite de Verão, à temperatura perfeita, mas o moreno de olhos verdes tremia por todo o lado, mal conseguindo segurar o pequeno objecto que tinha em mãos. Com passo vacilante, enveredou pelo caminho de pedra.

Por todo o jardim que rodeava o caminho se viam pequenas esferas flutuantes entre os arbustos e as frondosas árvores, parecendo que o local se encontrava com uma permanente decoração natalícia.

À medida que se aproximava mais da mansão, notava o quão bela ela era. Mal chegou às portadas principais, estendeu a mão para uma figura muito realista de uma serpente, e bateu. O som propagou-se até o atingir nos ossos, fazendo-o estremecer mais ainda.

Caramba, já cá vim montes de vezes! Porque é que estou assim agora?! Agora é que não posso mesmo!!!

As suas questões existenciais foram interrompidas com a abertura da portada direita, deixando antever um pequeno vulto.

— Dobby!!! – exclamou o jovem, sentindo-se um pouco mais à vontade.

— Harry Potter senhor!!! – guinchou de volta o pequeno elfo, com lágrimas a formarem-se no seu rosto – Dobby está tão feliz por vê-lo!!! Dobby já se perguntava se Harry Potter estaria bem de saúde!

— Eu estou óptimo… acho… - acrescentou Harry lembrando-se do que fora ali fazer e sentindo-se de novo desconfortável; mas tentou afastar aquela terrível sensação de mal-estar - O que estás aqui a fazer?!

— O Dobby aceitou de bom grado vir trabalhar connosco! – respondeu uma voz solene atrás do elfo, que confirmou com um alegre aceno de cabeça – Prazer em ver-te, Potter!

Harry engoliu em seco. – Prazer em vê-lo também, sr. Riddle.

— Dobby, não vais dizer aqui ao moço para entrar?! - repreendeu o mais velho com voz serena. Dobby atrapalhou-se um pouco.

— Sim, sim, peço perdão, amo Riddle!!! Certamente que sim! – e vira-se para Harry – Harry Potter deseja alguma coisa? – perguntou ele enquanto abria espaço para que Harry entrasse num magnífico hall.

— N-Não, obrigado…

Harry achava estranho que Dobby não se tivesse tentado suicidar depois daquela repreensão. Quer dizer, ele estava feliz por Dobby já ser mais autónomo e não se tentar matar a todo o momento, mas aquilo era estranho. Pelo menos não era normal.

Só aquele hall era quase tão grande como toda a casa dos Dursleys. Tinha uma magnífica escadaria central em mármore branco com pequenas fendas preenchidas com algo que parecia ser areia esverdeada. Davam um toque moderno e fantástico ao ambiente. Tudo em tons brancos, esverdeados e prateados. Em algumas jarras modernas encontravam-se ramos de orquídeas brancas listadas ora de vermelho, ora de amarelo, ora de roxo.

O moreno sorriu. Aquelas flores estavam ali por sua causa, principalmente as listadas de vermelho e amarelo.

Seguiu Riddle por um corredor espaçoso, até chegarem à sala de estar. Esta era também muito espaçosa, e tinha vidro a toda a volta, com cortinas meio transparentes em três tons de verde que deixavam vislumbrar um pouco da magnificência do extenso jardim exterior. Os sofás de pele negra eram superconfortáveis, moldando-se à silhueta de cada pessoa que tinha o deleite de se sentar neles. Havia uma espécie de pira enorme ao centro, cheia de algo que pareciam ser pequenos cristais a arderem levemente, fazendo aquecer amenamente a ampla divisão. As poucas paredes que a sala tinha estavam ou com quadros espantosos ou com discretas estantes repletas de livros.

Aquela divisão fascinava-o por demais, nunca se cansando de a observar. Deixou de o fazer quando sentiu um par insistente de olhos negros em cima de si.

— Ora bem, sr. Potter, creio que temos alguns assuntos dos quais temos de ter uma breve conversa…

Harry engoliu em seco. Seria agora que finalmente Riddle lhe iria perguntar quais eram as suas intenções para com a sua querida e única filha? O que ele iria fazer com ela? Será que o iria ameaçar de alguma coisa se algo acontecesse a Line?

— Sim, senhor… e-eu…

Bom Merlin, ele estava a gaguejar?!?!? As coisas definitivamente não podiam correr pior…

Riddle dilatou um pouco as narinas normais que recuperara, mas manteve a pose – Tem calma, meu jovem! Apenas quero saber quais são os planos para hoje!

O moreno ergueu as sobrancelhas. Ok, dessa não estava mesmo nada à espera! Ele preocupado com aquelas típicas questões que se fazem ao ‘namorado ranhoso da filha perfeita’, e afinal… ‘quais são os planos de hoje’?!

Harry ficou um pouco abananado com a saída do ‘sogro’, e não disse nada durante um longo tempo – Huh… b-bem… vamos receber os diplomas de curso de Aurors, ao que após isso iremos participar na festa de comemoração para todos os diplomados. Estarão lá todos os que nos apoiaram durante estes anos, tanto amigos como colegas e mesmo alguns professores.

Riddle assentiu com a cabeça com ar pensativo – E a que horas é suposto que essa ‘festa de comemoração aos diplomados’ termine?

— Hum… talvez um pouco tarde, já se sabe como é com estas coisas… - encolheu os ombros – Talvez de madrugada…

— A Line tem de cá estar antes das três da manhã, entendido? Três e meia o mais tardar, e tem de haver uma boa razão para que tal aconteça.

Harry tentou forçar a barra sem a partir. Já não seria a primeira vez. – É preciso não esquecer que vão lá estar muitas pessoas que já não vemos desde que iniciámos o curso de Aurors… devem estar todos ansiosos por falar connosco, e creio que a Line também está ansiosa por os rever.

E ouviu uma risadinha divertida na sua mente, fazendo-o sobressaltar-se.

Estás a ouvir a conversa?! Perguntou Harry telepaticamente.

Sim! Respondeu uma alegre voz feminina. Nem imaginas como está a ser engraçado ver-te sem jeito! Haha!

 

Harry bufou mentalmente.

Tom Riddle revirou os olhos. – Pronto, podem ficar até mais tarde, mas às quatro e meia quero a Line cá em casa!

Harry fez um esforço para não sorrir de triunfo. Tinha tocado no seu ponto fraco. – Não se preocupe com isso. A essa hora ela cá estará.

Tom olhou-o de lado e comentou em voz baixa – Não abuses da sorte, meu rapaz…

Mais uma vez, Harry engoliu em seco. Caramba, mesmo depois da guerra terminar, mesmo depois de ‘Voldemort’ ter desaparecido… Tom Riddle ainda sabia manipular as pessoas e fazer com que elas lhe tivessem mais respeito do que o normal… embora ainda ninguém soubesse que ele tinha sido Voldemort. No entanto, Harry já topara alguns pontos fracos, e tinha jogado com eles para poder estar mais tempo com a namorada.

Estou pronta! Voltou a dizer a voz.

Harry levantou-se num ápice, seguido por Tom.

— O que se passa?

Harry respirou fundo – Ela está pronta…

— Como sabes?!

O jovem emudeceu. Line não lhe contara? Menos mal…

— Apenas tenho um pressentimento…

E dirigiram-se ao hall de entrada. Não tardou até verem um vulto elegante se aproximar do cimo das escadas e começar a descer a escadaria.

Harry ficou sem fôlego ao vê-la, e não era para menos. Tom Riddle enrijeceu um pouco.

Line trajava um elegante vestido negro com uma única alça. O vestido tinha uma pequena cauda, que continha pequenos brilhantes na bainha. Na cintura repousava uma fita prateada ao estilo medieval, presa com uma pedra esmeralda, deixando as extremidades da fita caírem para a frente do fato. No decote tinha pequenos cristais alinhados que ora reflectiam tons prateados como esverdeados. Tinha também esse tipo de pedraria nos pequenos brincos que usava.

Tinha o cabelo elegante e simplesmente preso acima da cabeça, deixando alguns fios a ladearem a bela face. Os olhos…

Harry suspirou. Aqueles olhos enfeitiçavam-no… e pareciam ainda maiores e mais penetrantes. Merlin, como ele gostava de se perder neles…

Harry, já paravas de te babar, sim? Dizia Line mentalmente, rindo-se por dentro.

O moreno finalmente se deu conta de como estava: de boca aberta e realmente estupidificado. Caramba, parecia que a via pela primeira vez… mas era sempre assim que ele a via, como se fosse a primeira vez. Ficava sempre deslumbrado.

Quando Line acabou de descer, Harry não se conteve e apressou-se a abraçá-la. Ela deu uma pequena risadinha, correspondendo. Ouviu-se uma pequena tossidela, o que os fez separar de imediato.

— Estás muito bonita, filha! Espero que te divirtas… - dizia Tom pouco à vontade.

Line sorriu e abraçou o pai – Também te adoro, pai. Não te esqueças que se estou com o Harry estou bem.

O moreno enrubesceu.

Riddle suspirou – Bem, creio que estás em boas mãos… ‘penso eu de que’.

Line riu e Harry sentiu-se perdido. Devia ser uma piada privada…

— Vamos então? – conseguiu ele perguntar – Está na hora… - e deu o braço à morena.

— Até amanhã, pai!

— Achas que eu me vou deitar enquanto tu não chegares?! – perguntou Tom quase indignado – Enquanto não te vir em casa não vou ficar descansado, mesmo que estejas com o Potter!

Line revirou os olhos – Sim, pai… como queiras… até amanhã!

— Potter, toma bem conta dela, sim? Não a percas de vista.

Harry teve vontade de rir. Riddle era mesmo um pai preocupado. – Não se preocupe, não a vou perder de vista. Trago-a sã e salva daqueles monstros monstruosamente monstruosos…

Riddle sorriu de lado – Espero bem que sim… divirtam-se, então.

Mal chegaram ao local de Aparatação, Line desmanchou-se a rir e Harry tremia.

— Harry, acalma-te lá! Ele já não te quer ver morto!

— Às vezes não parece… caramba, o teu pai mete-me mais medo e respeito agora do que quando era Lord Voldemort!

— És tão exagerado…

— Ai eu é que sou exagerado?! – e começou a fazer-lhe cócegas, voltando a entrar no jardim da mansão. – Quem é que é o exagerado agora?!

Ela estava vermelha de tanto rir – Harry, pára!!! – e continuava a rir-se.

Ambos tropeçaram e caíram na grama.

— Harry, olha o que fizeste…! – dizia ela enquanto se erguia o suficiente para ficar de joelhos como Harry, mas calou-se quando ele lhe mostrou um pequeno objecto revestido a veludo verde-floresta. – O que é isso?

O moreno estava sereno e olhava-a como se ela fosse o seu mundo. Quando Harry abriu a caixa, Line ficou sem fala. Dentro dela encontrava-se um anel prateado, largo, com uma combinação perfeita de esmeraldas e rubis de vários tamanhos e tons. Era magnífico!

— E-eu…

— Line Nelini Riddle…

Os seus olhos ficaram subitamente húmidos. Não, aquilo não lhe podia estar a acontecer…

— … Queres casar comigo?

Mas estava! Ele tinha mesmo acabado de a pedir em casamento?!

— Oh, Harry… é… fabulástico!

Ambos se desmancharam a rir, e ela beijou-o com volúpia – É claro que quero!

Ele acarinhou a face suave dela, beijando-a de volta e sentindo-se plenamente feliz.

Nenhum deles notou que estavam a ser observados por um par de húmidos olhos negros.

oOo

Tom Riddle encontrava-se na sala, junto à janela, a observar a cena que se desenrolava do lado de fora.

Sentia-se feliz pela filha, mas sabia que a partir de agora as coisas mudariam. Sim, ele sabia que todas aquelas flores ao longo daqueles anos deveriam ter um significado muito forte. Nunca pensou é que o tempo pudesse passar tão rápido.

Via agora Harry a ajudar a sua filha a erguer-se da relva, ambos com um sorriso gigantesco nos lábios, e a dirigirem-se definitivamente para o local de Aparatação. Mesmo depois do casalinho desaparecer, Tom ficou à janela, ponderando.

Harry Potter tivera a coragem de dar o passo que ele nunca conseguira dar com Lynnea. Não que ele a amasse menos, mas o seu lado negro estava cada vez mais forte. Será que ela entendera que ele a deixara pelo seu bem? Que a sua última boa acção antes de se tornar Lord Voldemort a 100% tinha sido para ela, a pensar no seu bem? Ele esperava que sim…

Abriu a portada e inspirou o ar frio da noite. Sim, para ele quase tudo continuava a ser frio. Ainda havia resquícios de Voldemort em si, mas nada que o fizesse mudar drasticamente de novo. Apenas havia calor na sua vida quando Line estava por perto, embora ela não soubesse disso. Tal como sentia calor quando Lynnea ainda era viva e ele estava com ela. Ir para Azkaban não o afectava por isso mesmo! Os Dementors ou as novas criaturas que o Ministério lá tinha posto não o iriam afectar, pois embora ele já tivesse boas memórias, estaria permanentemente gelado, formando uma barreira impenetrável na sua mente, gelada e protectora de memórias.

Sorriu, enquanto uma pequena lágrima lhe escorria pela face. Tinha arruinado a sua vida e a vida de muitos outros. Tinha agora esta nova oportunidade, mas muitos não a tiveram nem a teriam. Esse seria agora o seu castigo: recordar-se vividamente de todo o mal que provocara àquelas pessoas, sem se poder esquecer.

Será que mereço verdadeiramente esta nova oportunidade?

Line voltou a aparecer na sua mente. Deixaria os pensamentos deprimentes para mais tarde. No momento, imaginava apenas os futuros netinhos a correrem pela casa, chamando-o de ‘avô’.

Sentou-se numa das poltronas de frente para o jardim, perdido num futuro risonho não muito distante.

Continuava a embirrar com Harry, mas era por puro divertimento. Admitia, Harry era corajoso – ainda não tinha desistido da sua filha! Só poderia concluir uma coisa com isso: ele amava mesmo a sua filha, não havia dúvidas. Ele até achava que uma miniatura do antigo inimigo a correr para os seus braços até que nem seria muito mau… desde que tivesse um pouco da sua filha, e de Lynnea, do seu amor. Um pouco de si.

Seria assim que os avós se costumavam sentir? Tão… babados? Sorriu com o próprio pensamento. Já era avô babado ainda antes de o ser?!

Abanou a cabeça, sorridente. Ouvia Lynnea a rir-se dos seus pensamentos, e sorriu ainda mais. Já estava a delirar…

A verdade é que estava ansioso pelo casamento… e pelos futuros netinhos de cabelos negros e olhos verdes e negros! Mas que o casalinho nem sonhasse! Ele divertia-se com a sua face ruim por demais.

E enquanto fechava os olhos, pensou nas criancitas a pedirem-lhe colo e atenção, com Line e Harry ao fundo. Todos a sorrirem com aquela felicidade plena.

Fim


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