- Que fique bem claro, eu só quero conversar. – Ela disse. Sua expressão estava calma, mas seus olhos denunciavam uma certa raiva. Ou inveja. Não consegui distinguir.

- Se for sobre um certo filho de Poseidon, eu não quero nem ouvir o que você tem a dizer.

- Acredite, você tem que desistir dele. – Ela disse.

- E a senhorita teria algum motivo?

- Porque senão eu faria da sua vida um inferno. – Ela falou. O fogo em seus olhos, típicos de uma filha de Héstia, ficaram ainda mais quentes, e vermelhos, em um tom sangue.

- Tente. – Eu a desafiei. Meu melhor olhar de filha de Athena, ou seja, de superioridade, a atingiu como uma faca.

- Não me desafie. – Ela disse. Imediatamente senti o ódio na sua voz.

- Você sabe que nunca teria chance de me derrotar. Eu sou uma filha de Athena, e tenho anos de experiência, e prática. – Eu disse. O meu defeito mortal pulsando na minha voz, o orgulho.

- Veremos. – E ela saiu. Rebolando. Tentei voltar a ler o meu livro, calmamente. Porém nada tirava da minha mente a imagem de Nina. Eu não estava com medo. Não da batalha. Mas sei que se ela acha que está amando Percy, ela pode fazer qualquer coisa. Se essa idéia dela de me confrontar continuar, eu tenho medo por ela. Não sei a que ponto eu chegaria se estivesse lutando com ela. Ainda mais que é por Percy. O cinza dos meu olhos ficariam escuros. Mas o esforço seria desnecessário. Seria impossível Nina conseguir a habilidade e a experiência que eu tenho em tão pouco tempo. E, eu poderia treinar também. Enquanto ela melhora, eu também melhoro.E sei que Percy não me trocaria.

Eu trocava as páginas dos livros furiosamente. As letras corriam pela minha mente. Quando finalmente conseguia parar em alguma página, a minha dislexia me atacava. Quando estou com raiva, ou estressada, ela fica muito mais forte.

Senti uma presença do meu lado. Esperava que fosse Percy, mas ao mesmo tempo não. Não queria que ele me visse assim.

- O que foi Annabeth? – Perguntou Júniper, a namorada de Grover. Nos aproximamos muito desde a guerra contra Cronos. Agora que Grover é o senhor da natureza, ele aparece pouco aqui. 

- Ah Júniper, eu estou muito nervosa, eu não sei o que faço! – Falei para ela. E contei toda a história. Tudo, com riqueza em detalhes.

- Annabeth, você não pode deixar essa Nina te abalar! Ela só vai fortalecer seu namoro com Percy. Lute com ela, ganhe, e ela colocará na cabeça que não pode acabar com o namoro de vocês. Confie em mim.

- Estou confiando Júniper. Torço para que esteja certa.

Nisso ela se esvaiu em uma fumaça brilhante verde. Júniper tinha realmente medeixado muito mais confiante.

Quando vi, já estava escurecendo. Fechei o meu livro, coloquei-o embaixo do braço e fui para o meu chalé. Meus olhos estavam um cinza um pouco mais escuro que o normal. Coloquei o livro na estante e fui para o refeitório.

Encontrei Percy no caminho, e dei um leve selinho de oi. Entrelaçamos nossas mãos, porém não dissemos nada. Não era um silêncio desconfortável, apenas um silêncio.

Demos mais um selinho e fomos pegar nossa comida. Dei parte para minha mãe, e parte para Afrodite, pedindo ajuda. Fui para minha mesa calada, e ninguém falou comigo. Julie também não falou muita coisa. Apenas um ‘oi’ e um ‘tudo bem?’, que foram respondidos com um aceno de cabeça. Realmente não estava afim de falar, mas tentei o máximo não passar esse nervosismo. Já falei, não é medo da batalha, mas sim o fora dela. Com certeza Nina estaria me observando.

Nem toquei na comida. Fiquei apenas mudando-a de lugar. Me encontrei com Percy do lado de fora.

- O que foi sabidinha? Tá tão estranha.

- Nada Percy, fique tranqüilo, só não estou nos meus melhores dias.

- Eu sei que está mentindo Annabeth, eu te conheço bem o suficiente pra saber.

- Ah Percy, é a Nina. Ela está me dando nos nervos. Hoje ela veio me desafiar pra uma luta e –

Ele me calou com um beijo. Terno, e apaixonado.

- Eu sou seu. Que fique bem claro.

Lhe dei outro beijo. Esse de despedida.

- Tenho que ir. Boa noite amor. – Eu disse, e me aproximei um pouco – Eu te amo – Eu disse baixinho.

- Eu também - Ele me deu mais um beijo rápido, e caminhamos até o meu chalé, onde ele me deu um selinho e se foi.

Coloquei a cabeça no travesseiro, e rapidamente apaguei. Meu sonho não foi muito estranho. Até uma certa parte.

Eu estava com a espada no pescoço de Nina, como eu esperava que estivesse.

Mas logo o sonho mudou. Apareceu-me a imagem da enfermaria vista do lado de fora. Lá de dentro ouviam-se gritos, até então, irreconhecíveis. Mas os gritos continuaram, e logo percebi de quem eram os gritos. Meus.

Acordei com o suor pingando na testa. Vi no pequeno relógio de coruja da minha cabeceira que eram 9:16. Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa confortável, já que hoje seria a ‘grande’ luta. Tomei um café normal, ofereci parte à Athena, e parte à Ares. Porém não vi Percy no café da manhã.

Saí caminhando calmamente do refeitório com Julie ao meu lado. Ambas não diziam nada. Julie ainda estava abalada com o término do namoro. Eu estava concentrada.

Cheguei à arena e vi Percy, com a cara amassada e o cabelo bagunçado. Deve ter acordado agora.

- Melhor corujinha? -  Ele perguntou, um pouco sonolento.

- Bem melhor, estou descansada – Eu disse olhando em volta – Nina ainda não apareceu?

- Não, mas nem a procure – Ele disse chegando mais perto – Ela deve estar treinando, mas ela realmente sabe que não pode te derrotar.

Eu estava hipnotizada pelos seus olhos verdes. Me aproximei lentamente de seu rosto, fechando meus olhos. Mas sempre tem alguém pra interromper.

- E aí? Vai me deixar aqui lutando sozinha? Já está com medo?