Eu, Ela e o Bebê escrita por Lara


Capítulo 2
Intensidade


Notas iniciais do capítulo

Oi Cupcakes ♥! Confesso que estou extremamente feliz pelo carinho que recebi no capítulo passado. Fico muito feliz que tantas pessoas tenham lido o primeiro capítulo e tenha gostado tanto.

Muito obrigada alex marques, Juliana Lorena, isabelsilva, Débora Cristina Oliveira, Suh Souza, juguimaraes e Dulce pelos comentários adoráveis. Espero que possam ler esse capítulo e se divertir com o início oficial da história. Boa leitura...



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Capítulo I – Intensidade

 

“Foi nesse momento que seus olhos se ergueram e pararam nos meus. Eram azuis. Lindos. [...] aquilo me marcou. Muito. Nem eu sei explicar por quê.”

Azul da Cor do Mar – Marina Carvalho

 

Geralmente, as histórias de amor começam com um “era uma vez” ou algum acontecimento completamente anormal, mas no meu caso, tudo começou com mais uma segunda-feira qualquer. O despertador do celular toca enlouquecidamente, alertando-me do início de mais um dia. No mesmo instante, desligo aquele aparelho irritante e encaro o teto espelhado daquele lugar. Os raios solares entravam pelas frestas da janela, iluminando o quarto bagunçado pela noite anterior. Eu me via ao lado de uma desconhecida, que eu nem mesmo havia me importado em saber o nome, criando coragem para começar mais uma semana.

Ela me abraçava com carinho, transmitindo um sentimento que jamais seria correspondido por mim. Eu a afasto com cuidado. Não queria ter dores de cabeça logo pela manhã. Procuro minhas roupas jogadas por um canto qualquer do quarto e vou para o banheiro. Minha cabeça latejava e eu me perguntava se havia sido mesmo uma boa ideia ter ido para uma das festas insanas de meu melhor amigo, mesmo sabendo que iria trabalhar cedo no dia seguinte.

Assim que termino de me arrumar, volto para o quarto e encontro a mulher com um lençol cobrindo seu corpo, sentada na cama. Ela me lança um olhar repleto de expectativas e eu já sabia exatamente o que estava por vir. Suspiro e a encaro questionador. Então ela sorri.

— Bom dia querido. Essa noite foi incrível! – Começa sorrindo envergonhada. -  Por que não tomamos café da manhã juntos?

— Desculpa, ruivinha, mas eu tenho que ir trabalhar. – Respondo, pegando minha carteira que estava jogada abaixo da cama. Confiro o dinheiro que havia dentro e os documentos. Após garantir que estava tudo do jeito que eu havia deixado na noite anterior, finalmente encaro a garota. – Eu já vou indo.

— Espere! – A garota se levanta, alarmada, pegando em meu pulso em seguida. Paro de andar e a encaro, ainda mais questionador. – E que tal jantarmos hoje à noite? Podemos repetir o que aconteceu ontem. Eu posso ir para sua casa e fazer uma comida deliciosa.

— Desculpa, gatinha, mas eu vou ter que recusar. A noite foi divertida, mas eu tenho algumas regras. Eu nunca durmo mais de uma vez com uma mesma mulher e eu nunca levo ninguém para minha casa. – Respondo e a decepção se faz presente em seu rosto.

Naquele momento, haviam duas situações que poderiam acontecer. A ruiva poderia começar a chorar e a jogar na minha cara que eu havia me aproveitado dela, ainda que ela estivesse sóbria quando fomos para aquele motel, ou ficaria furiosa e me bateria. Era nítido pela forma como ela apertava o lençol que ela com certeza não deixaria passar essa situação. E, honestamente, eu preferia que ela me batesse.

— Você.... como você... – Ela balbucia, assim que começo a me dirigir a porta novamente.

— Como eu ouso fazer isso com você? – Completo a sentença, querendo acabar com aquilo de uma vez por todas. Viro-me para a ruiva mais uma vez. Ela me encara com a testa franzida, encarando-me em um misto de chateação e revolta. – Olha, eu fui bem claro na noite passada que eu não queria nada sério. Então não me diga que eu fui injusto ou que me aproveitei de você. Eu não te dei esperanças. Você fez isso por conta própria.

— Mas você disse que eu era a melhor. – Sussurra, atordoada.

— O quê? Enquanto a gente transava? – Questiono, rindo um pouco da ingenuidade da garota. – Eu digo isso para todas. Então, agora, podemos ir logo para a parte que você desconta a sua raiva para que eu possa ir trabalhar?

E como em todas as outras vezes, em poucos segundos sinto sua mão pesada atingir minha face com toda sua força. Ao menos foi mais rápido do que eu imaginei que seria. Observo a ruiva ir para o banheiro com passos pesados e xingamentos sendo proferidos de sua boca. Respiro aliviado e levo minha mão ao rosto, sentindo a dor e a quentura do lugar atingido.

Deixo o quarto e pego meu celular no bolso para ver as horas. Eu não teria como passar em casa ou acabaria chegando atrasado. Suspiro e disco o número tão conhecido por mim, enquanto me dirijo ao elevador do motel. Não era exatamente a minha escolha favorita, mas era a minha melhor opção. Não demora muito para que a pessoa do outro lado da linha me atenda.

— O que você quer, Oliver? — Questiona Laureal Lance, com um tom de deboche.

— Bom dia, Laureal. Quanto tempo! Como você está? - Cumprimento a garota do outro lado da linha e a ouço bufar. Quase posso vê-la revirar os olhos diante da minha pergunta.

— Para de enrolar e vai direto ao ponto. Eu te conheço. Você jamais ligaria para mim se não precisasse de um favor. - Apressa a loira, impaciente.

— Eu não vou conseguir...

— Deixa eu adivinhar. Você dormiu demais no motel que você está agora e acabou perdendo a hora porque teve que quebrar o coração de mais uma garota apenas para satisfazer seus desejos carnais egoístas de uma noite. Então, você não conseguirá voltar para casa. Você tentou falar com o Tommy, mas ele não te atendeu, porque está extremamente bêbado e a única solução que você encontrou foi vir a minha casa, que para sua sorte fica ao lado do jornal, para se arrumar e conseguir chegar a tempo no escritório. Eu estou certa? - Supõe a mulher, com seu típico sarcasmo.

— Você está errada. - Respondo, saindo do elevador. Eu havia chegado a recepção do motel. O atendente já me conhecia, por isso não demora muito para que ele fechasse a conta. - Eu não liguei para o Tommy.

 Uau. Isso realmente melhorou muito a situação. - Laureal ri e dessa vez sou eu quem revira os olhos. Pego a nota que o recepcionista estende e suspiro ao ver a conta. Entrego meu cartão a ele e volta a prestar atenção na garota. - Eu deveria desligar esse telefone, sabia? 

— Ah, por favor, Laureal. Nós devemos esquecer o passado. Não faz bem ficar presa em algo que aconteceu há tanto tempo. - Argumento e ouço Laureal gargalhar. O recepcionista entrega meu cartão de volta após concluir o pagamento e eu me despeço com um breve aceno. - E então? Eu posso me arrumar na sua casa?

— A sua sorte é que eu estou de bom humor. - Responde a loira, parando de ri. - Você tem dez minutos para chegar. Caso contrário, eu vou para o jornal e você vai ter que encontrar alguma desculpa muito boa para justificar seu atraso a Alec. 

 - Te vejo em dez minutos. - Despeço-me de Laureal, desligando o celular em seguida. 

Assim que entro em meu carro, dirijo pelas ruas de Star City o mais rápido que eu podia, cortando todos os veículos que estavam a minha frente. E assim, após ter a certeza de que levei pelo menos umas cinco multas por excesso de velocidade e ultrapassar o sinal vermelho, em menos de dez minutos eu chego ao outro lado da cidade.

— Apesar de ser um babaca, você é pontual. – Fala Laureal abrindo a porta de seu apartamento.

— Bom dia, Laureal! – Cumprimento e recebo um sorriso debochado da loira.

— É realmente impressionante a sua capacidade de toda vez que nos encontramos você aparece com a marca de um tapa no rosto. Por acaso isso é uma espécie de fetiche que você tem? – Questiona com um sorriso frio em seus lábios, no entanto, seus olhos brilhavam em divertimento.

— Ainda está marcado? – Questiono surpreso, enquanto eu pego o celular para ver o estrago que aquela garota havia feito.  – Droga! Será que não dava para ela bater mais fraco? Eu não tenho culpa se ela foi ingênua e se apaixonou por mim só em uma noite. E ainda me acusa de ter a enganado, mesmo eu sendo bem claro de que não queria nada sério.

— Babaca! – Sussurra Laureal. – Anda logo com isso. – Ordena a loira, voltando para cozinha, onde tomava seu café da manhã. Ela parecia tensa com a minha presença, mas permanecia com sua máscara de sarcasmo e ironia sobre sua face. Ela jamais daria o braço a torcer para dizer que ainda era doloroso para si estar na minha presença.

— Obrigado por ter me deixado vir. – Agradeço e ela apenas continua a tomar seu café da manhã.

Suspiro e corro para ir me arrumar. Em poucos minutos, eu já me sentia muito melhor e minha aparência tinha melhorado consideravelmente. Volto para a sala do apartamento de Laureal e a encontro lavando a louça. Observo-a por alguns instantes. Sem o sarcasmo, a loira se tornava uma mulher séria e determinada. Eu realmente lamentava que ela tivesse se apaixonado por mim, mas eu jamais poderia corresponder. Apaixonar é contra as minhas regras e princípios.  

— Você vai ficar o dia todo me admirando? Pensei que estivesse atrasado para o trabalho. – Comenta Laureal, com um sorriso maldoso em seus lábios, sem desviar o olhar das louças que lavava.

Olho assustado para o relógio em meu pulso e suspiro aliviado ao perceber que eu ainda tinha vinte minutos para chegar ao trabalho. Bufo, frustrado, e Laureal ri, divertindo-se com o meu desespero momentâneo. Ela finalmente me encara e o silêncio entre nós se torna incomodo.

— Eu já vou indo. Obrigado por ter deixado que eu me arrumasse aqui. – Agradeço e Laureal revira os olhos e dar de ombros.

— Se você já está pronto, vai embora. Não espere que eu permita isso mais uma vez. A última coisa que eu quero é ter que olhar para a sua cara mais uma vez. – Laureal então dá as costas para mim e aquele é um sinal claro que nossa conversa havia terminado.

 

¶¶¶

 

Desde criança, eu sempre fui fascinado pelo poder da escrita. Diferente dos outros garotos, eu gostava de ganhar livros e me divertia desvendando os mistérios dos livros de Sherlock Holmes ou quando lia alguma reportagem sobre algum caso sem solução alguma na cidade. Aquela era a melhor diversão para alguém que preferia se isolar do mundo. O mundo literário parecia ser muito mais fácil que a minha realidade.

E então eu cresci e vi que diferente do desejo de meu pai, eu queria seguir a carreira de jornalismo. Não foi fácil chegar a ocupar a cadeira de repórter investigativo principal do Arrow News, um dos principais jornais da cidade. Eu me dediquei arduamente em meus estudos, me tornei o melhor da turma, tudo para realizar o meu sonho. Por esse motivo, ainda que eu fosse um viciado em festas, eu era ainda mais viciado em meu trabalho. Assim como meu chefe não tolerava atrasos, eu não me permitia atrasar. A notícia não se espera, ela simplesmente aparece e você precisa estar pronto para ser o primeiro a mostrar suas garras.

Assim, todos os dias, mais cedo que qualquer outro funcionário do setor, eu me sentava em minha mesa, ligava meu computador, enquanto saboreava uma grande caneca de café. A minha frente, um mundo novo se criava. Eu buscava pelos casos mais recentes e iria mais fundo. A informação corre em minha mente de maneira desfreada e logo as perguntas começam a se desenvolver. A busca pela solução de um mistério é a minha principal fonte de energia e inspiração.

A adrenalina que eu sento por cada nova descoberta é o que me faz ser tão apaixonado pelo jornalismo e que me faz perder a noção do mundo ao meu redor. De frente ao meu computador, eu me desligo de tudo e me concentro apenas nas palavras. É como se eu entrasse em um transe e nada mais parece ter realmente importância para mim.

— Acorda, Ollie. O chefe quer te ver. – Avisa Tommy Merlyn, meu melhor amigo, dando um forte tapa em minha nuca.

— Idiota! – Resmungo, acariciando a parte que havia sido atingida. – O que ele quer?

— Não faço ideia. – Afirma o outro, tomando um gole de café, enquanto relaxa seu corpo sobre a cadeira de sua mesa. Ele suspira cansado e posso ver que a ressaca o incomodava assim como em mim. – Depois quero saber o que aconteceu com a ruiva de ontem.

— Nada demais. – Respondo, dando de ombros. Termino de tomar o restante de café que havia em minha caneca e encontro o olhar malicioso de meu melhor amigo. – Foi uma noite boa, mas ela queria o mesmo que as outras.

— Amarrar Oliver Queen em um relacionamento sério. – Completa o rapaz, rindo levemente. – Logo o segundo solteiro mais cobiçado da cidade?

— E quem seria o primeiro? – Questiono, já imaginando a resposta.

— Eu, obviamente! – Fala e eu não consigo evitar revirar os olhos diante de sua afirmação. Ele ri e levanta sua caneca, como se estivesse brindando. – Enfim, acho melhor você ir ver o chefe. Você melhor do que ninguém sabe o quanto ele é impaciente.

— Eu volto logo. – Respondo e ele balança cabeça levemente, concordando. – Comece a revisar o texto sobre o caso do assassinato do empresário Scott Giller que eu te enviei pelo e-mail.

— Sim, senhor. – Concorda Tommy, ligando o computador.

 Tommy e eu nos conhecemos desde o primeiro ano da faculdade. Por estarmos sempre juntos, não demorou muito para nos tornamos melhores amigos. E apesar de ser extremamente louco, não havia como negar suas habilidades para analisar um texto e editar. O senso crítico de meu amigo o trouxe a empresa com facilidade. E há mais de cinco anos somos conhecidos pelo nossa perfeita harmonia e habilidades para trabalhar em equipe.

Deixo Tommy trabalhando no texto que será publicado no dia seguinte e sigo para a sala de Alec Smoak, enquanto cumprimento alguns funcionários pelos corredores do grandioso prédio. Após passar por toda a correria de alguns outros jornalistas que precisavam entregar suas matérias aos seus superiores, finalmente consigo chegar ao meu destino.

— Você está atrasado. – Comenta Alec, assim que entro em sua sala. Ele encarava seu computador e parecia bastante ocupado.

— Lamento informar, mas cheguei dez minutos antes do horário. E eu não tenho culpa se Tommy demorou a me chamar. – Respondo com tranquilidade, dirigindo-me a máquina de café. Coloco um pouco em uma das canecas que havia no local e lanço um sorriso presunçoso para Alec. Ele revira os olhos, já acostumado com a minha ousadia. – Bom dia, chefe!

— Bom dia. – Responde o homem, rindo levemente. – Parece que a noite foi intensa. Seus olhos estão vermelhos e eu imagino que a ressaca deva estar incomodando.

— Nada que possa atrapalhar o meu trabalho, você sabe.  - Digo, bebendo mais um pouco de café. - E o maior motivo da minha dor de cabeça foi o tapa que recebi da garota que nem sei o nome agora de manhã.

— Você deveria parar de agir como um idiota, Oliver. Você é um excelente profissional. Além de hábil, você é focado e disciplinado quando está trabalhando, mas é realmente um babaca quando está fora daqui. – Comenta o homem, quase como um pai aconselhando o filho. -   Um dia você vai acabar se apaixonando e vai finalmente perder esse medo de relacionamentos.

— Primeiro que eu não tenho medo de relacionamentos. Eu apenas não vejo vantagem em me prender somente a uma garota. Além disso, mulheres são frágeis e sensíveis. Não quero ter dores de cabeça para a minha vida. O melhor a fazer é ficar longe. Além disso, eu não me apaixono. Essa é a primeira regra da minha lista de como viver a vida ao máximo. -  Respondo e Alec balança a cabeça, negando.

— Tudo bem. Se é nisso que você acredita, eu não vou insistir. Mas uma coisa eu posso garantir, sendo pai de três garotas... quero dizer, quatro com a bebê, e casado com minha esposa há quase vinte anos. Você não imagina o quanto as mulheres são fortes. Eu passei a minha vida toda rodeado de mulheres e já as vi fazer coisas que jamais pensei que fossem capazes. – Afirma meu chefe, dando mais um gole em seu café. Ele então suspira e me encara. – Bom, mas isso não importa.

— Realmente. – Concordo e meu celular vibra em meu bolso. Pego o aparelho e leio o e-mail que eu havia recebido. Sorrio, satisfeito. – O que importa é que eu conseguir uma entrevista exclusiva com a esposa do prefeito.

— Como você conseguiu isso? – Questiona o outro, surpreso.

— Você esqueceu que está falando com Oliver Queen? – Respondo, presunçoso. – Não há nada nesse mundo que eu queira que eu não consiga.

— A sua humildade me impressiona. – Brinca Alec, dando de ombros.

— Mas e então? Não vai me dizer o motivo de ter me chamado na sua sala? Tenho certeza que não foi para batermos um papo e muito menos para falar sobre o quão incrível que eu sou que até mereço um aumento. – Suponho e meu chefe ri, concordando.

— Com certeza não. – Afirma, sorrindo levemente. - Na verdade, eu tenho um favor a te pedir.

— Você me pedindo favores? - Pergunto, sentando-me na cadeira de frente para a mesa do homem, que suspira e dar de ombros. - Do que você precisa?

— A minha sobrinha irá começar a trabalhar hoje aqui no jornal e eu quero que vocês dois trabalhem juntos. Ela é extremamente habilidosa, assim como você, e pode ser de grande ajuda para o setor de reportagens investigativas. - Responde Alec, sorrindo esperançoso. Ele sabe que eu detesto trabalhar em equipe. Sempre preferi fazer meu trabalho sozinho. 

— Você sabe que eu trabalho melhor sozinho. - Digo, negando veemente. - Eu não quero e não preciso de outra pessoa para atrapalhar meu trabalho.

— Oliver, você sabe que eu te respeito muito e eu te trouxe aqui porque somos amigos e eu confio em você, mas essa decisão não cabe a você. Já está decidido. Você irá trabalhar em equipe com Felicity. Ela é uma excelente jornalista, já passou por jornais incríveis como o The New York Times e o Daily News. Minha sobrinha é extremamente profissional. Não posso perder a oportunidade de tê-la aqui. Por isso, você terá sim que aprender a trabalhar em equipe com ela. - Afirma Alec como uma sentença final. Ele realmente estava decidido. Bufo, frustrado. - Por favor, Oliver. Você é o meu melhor repórter e é o mais antigo no jornal. Eu já estou com a cabeça repleta de problemas. Com o nascimento de Louise, eu e minha esposa não temos dormido direito e agora Felicity perdeu...

— Perdeu...? - Incentivo meu chefe a continuar, mas ele nega, suspirando.

— Ignore. - Fala, sorrindo fraco. - Apenas prometa que irá se esforçar para fazer com que Felicity se sinta à vontade. Juntos, vocês dois vão compor o setor de maior importância do jornal. Eu preciso muito que consigam trabalhar em equipe e consigam reportagens cada vez melhores. E eu acredito que isso é possível. Então, por favor, Oliver...

— Eu vou tentar. - Suspiro, dando-me por vencido. Eu sabia que Alec estava bastante estressado com o nascimento da filha prematura, que continuava internada no hospital, além de ter as outras três garotas para cuidar. Não deveria mesmo estar sendo fácil.

— Obrigado. - Agradece o mais velho, sorrindo cansado.

— Mas me prometa que se ela começar a me atrapalhar, você vai tirar da cabeça essa ideia louca de me colocar para trabalhar em dupla nas minhas investigações. - Exijo a Alec, que suspira e balança a cabeça, concordando. 

— Tudo bem. - Fala Alec, dando de ombros.

— Eu preciso voltar ao trabalho. - Aviso, levantando para pegar um pouco mais de café em sua cafeteira. Eu não conseguia evitar o meu vício.

— Certo. Assim que Felicity chegar, eu a levarei para que você e os outros possam conhecê-la. - Responde meu chefe e eu apenas aceno, despedindo-me com a caneca de café que deixaria para devolver depois.

Retorno para o meu setor e vejo que o jornal já estava a todo vapor, naquela loucura que eu já havia me acostumado e aprendido a amar. Os telefones tocavam incessantemente e a cada nova ligação, mais novidades para a equipe que se perdiam em meio as anotações e a quantidade de papéis que se amontoavam em suas mesas em questões de segundos.

Apesar de toda aquela confusão e cenário caótico, eu gostava de estar naquele lugar. Assim que chego a minha mesa, recebo os olhares curiosos de Tommy e os outros funcionários do setor investigativo. Eu os encaro de volta, sabendo que não demoraria muito para que eu fosse bombardeado de perguntas.

— O que o chefe queria? - Tommy é o primeiro a pergunta, olhando para a tela do computador como quem não queria nada.

— Teremos funcionária nova no setor. - Respondo alto, para que não precisasse repetir para os outros sete funcionários próximos a nós.

— Funcionária? - Pergunta John, surpreso. Concordo, dando de ombros, enquanto me sentava de frente ao meu computador. - Uma mulher no setor investigativo?

— Sim. Uma mulher. A sobrinha do Alec, para ser mais exato. - Respondo, sem realmente me importar com a novidade. A única coisa que me incomodava era o fato de que teremos que trabalhar juntos nas reportagens externas.

— Espero que ela seja bonita. - Comenta Tommy, sorrindo malicioso. - Nós realmente precisamos de uma presença feminina nesse lugar. Não aguento mais olhar para as caras feias de vocês. 

— Qual foi a parte do sobrinha do chefe que você não entendeu? Por acaso você quer perder o emprego? - Questiono e ele ri, dando de ombros. - Além do mais, eu ainda terei que trabalhar com ela, então não me faça ter dores de cabeça com ela.

— Você? Trabalhando em equipe? Quem é você e o que fez com o Oliver Queen, meu melhor amigo? - Ironiza Tommy e eu reviro os olhos diante de sua provocação.

— O chefe está vindo! - Ouço um dos funcionários avisar, alarmado. Todos observam a entrada da sala com expectativas. 

Depois de duas experiências nada agradáveis com mulheres no setor investigativo do jornal, ficamos bastante tempo sem ter uma presença feminina no local, então eu até conseguia entender o motivo de tanto alvoroço dos rapazes. Por outro lado, ter que trabalhar com a sobrinha do chefe não me trazia muita animação. Não era exatamente algo que me agradava e, ainda que eu soubesse que estava sendo muito maduro, eu não conseguia evitar me sentir, de certa forma, ameaçado.

Então, mesmo que eu estivesse ansioso para ver sua aparência, preferi prestar atenção em meu computador. Haviam milhares de e-mails que precisavam ser respondidos e uma série de perguntas a serem criadas para a entrevista que faria com a mulher do prefeito. No entanto, assim que ela entrou na sala foi como se o mundo tivesse parado ou algo assim. E ao sentir aquele clima anormal, levanto meu olhar e a primeira coisa que atrai a minha atenção são seus olhos azuis.

Ela esboçava um sorriso discreto e nervoso. Ao lado de seu tio, ela observava o ambiente, atenta aos detalhes, enquanto todos a encaravam, curiosos. Eu sabia que ela não era a mulher mais bonita do mundo. As roupas que cobriam mais do que deviam não a valorizavam, mas havia uma certa pureza e doçura vindas dos olhos brilhantes escondidos atrás de grossas armações.

— Pessoal, poderiam me dar um pouco de atenção? - Pede Alec, ainda que soubesse que já possuía a atenção de todos os funcionários do setor. - Quero que conheçam a minha sobrinha, Felicity Smoak. Ela se mudou de Nova York há poucos dias e a partir de hoje será a mais nova repórter investigativa do jornal. Deem todo apoio a ela. 

Felicity respirou fundo e nos encarou um pouco mais confiante. As pessoas ainda pareciam perplexas demais com o fato de que nós dois iríamos trabalhar juntos. Todos no setor sabiam da minha falta de paciência e do quanto eu conseguia ser incrivelmente insuportável. Por outro lado, havia uma certa bravura em seu olhar que me dizia que diferente das outras pessoas que se arriscaram em trabalhar em equipe comigo, ela não desistiria tão fácil assim como todos imaginavam.

— Oliver, poderia se levantar, por favor? - Alec me encara com esperanças e eu faço o que ele me pede. Eu havia concordado que iria tentar me dar bem com a garota, então ao menos, naquele momento, eu faria como Alec queria. - Querida, aquele é Oliver Queen. A partir de hoje, ele será seu colega e parceiro nas reportagens investigativas.

A loira então me encara com intensidade. Eu não sabia explicar o motivo, mas eu me sentia intimidado com seus olhos cérulos sobre mim. Felicity sorri discretamente e se aproxima de mim. A cada passo que ela dava, mais eu a encarava. Assim que para de frente para mim, a loira estende a mão e me observa de forma analítica. 

— É um prazer conhecê-lo, Oliver. Eu sou Felicity Smoak. Espero que possamos nos dar muito bem. - Fala e eu me surpreendo em como sua voz parecia ser tão encantadora aos meus ouvidos.

Eu correspondo ao seu aperto, inseguro do que estava para acontecer. Alec sorri e a equipe parece vibrar por me ver aceitando a presença da loira. Respiro fundo e a encaro nos olhos. O mistério presente em seus olhos me atraia de forma assustadora, mas ao mesmo tempo excitante. E assim com um dos livros que eu sempre lia quando criança, a partir daquele momento, eu estava disposto a desvendar cada um dos segredos presentes naqueles encantadores olhos azuis.


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Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! O que acharam? Quase não consegui postar o capítulo hoje, porque inúmeros problemas aconteceram, mas estou ansiosa para saber o que acharam. Eu estou deixando os links do grupo no Facebook e do WhatsApp onde interajo com os meu leitores. Se vocês quiserem participar, eu ficarei extremamente feliz. Obrigada a todos que leram e sinto muito se não ficou tão legal. Semana de prova da faculdade está levando minha criatividade embora. Beijocas e até amanhã ♥.

Cupcakes da Lara: https://www.facebook.com/groups/677328449023646
Família Cupcake 2.0: https://chat.whatsapp.com/E6wkn6DU0rR0IoR0d3EOLi



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