Level Up: Almas Entrelaçadas (Interativa) escrita por Mast


Capítulo 1
Branco Manchado


Notas iniciais do capítulo

Yo.
Gostei deste capítulo. Espero que goste também.
Se divirta, ué!

Nota: Siegfried se lê Sigfrid.



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Norman fumava de seu cachimbo, ajustando o chapéu pontudo marrom que ele vestia. O tronco quebrado não servia de cadeira muito bem, mas debaixo das folhas das árvores não se pode reclamar de muita coisa.

“Por que você insiste em fumar essa coisa? Faz mal.”, disse um jovem, sentado do outro lado da pequenina fogueira.

O mago olhou para o garoto por alguns momentos, levemente irritado com quão intrometido ele era.

“Me ajuda a relaxar. Aqueles feitiços me-”
“Existem outras maneiras de relaxar.”

Ele suspira. Que. Rapaz. Chato.

Já fazia três meses que Norman viajava com Siegfried, e durante esse tempo ele se perguntara se ele era mesmo um substituto decente. Era certo que o jovem era um paladino mais talentoso que os outros de sua idade, mas o que não era nenhuma diferença do típico jovem seria a sua imaturidade.

“Eu não sei se você percebeu, mas estou começando a ficar farto disso tudo.”

“...disso tudo? Como assim?”

“Eu estou cansado de ter você toda hora no meu pé.”, Norman diz, já começando a organizar as suas coisas espalhadas ao redor do pequeno acampamento. “Quando terminamos aqui, você volta pra casa.”

Siegfried franze as sobrancelhas.

“Mas e quem vai lhe fazer companhia?”
“O mar tem muito peixe, Sieg. Eu vou achar alguém.”

“M-Mas…! Eu ainda tenho que viajar mais! Preciso me tornar muito melhor do que só isso!”

Que. Pena. Encontre outro otário para carregar você, então.”

O rapaz olha o chão, irritado. Sem alguém tão experiente e útil o levando, ele realmente podia acabar enferrujado.

O mago se levanta, gesticulando para que Sieg o seguisse e pegando sua mochila. Sem dizer nada, o jovem faz o mesmo e segue o homem.

Os dois andam em direção às ruínas de um castelo abandonado, apenas poucos quilômetros de distância agora.

 

As ruínas dilapidadas e erodidas pelo tempo, o vento e a chuva dão uma sensação estranha aos dois. Um leve cheiro de enxofre está no ar, e os dois sabem muito bem o que isso significa.

“...ele...deve estar por perto.”

“Mantenha-se atento, então. Se você der bobeira, ele te mata.”

O mago e o paladino se dirigem à sala do trono. Não faria sentido alguém tão orgulhoso se encontrar em qualquer outro lugar. Os corredores estão vazios e silenciosos, e apenas o som dos passos ecoando os fazem companhia. A porta para a sala do trono está encostada, e o garoto a empurra, fazendo um bom esforço.

As portas duplas abrem muito devagar, fazendo um ranger perturbador e deixando a luz finalmente entrar na sala escura.

Norman vê tochas apagadas nas paredes e pensa por um momento.

Light.

Com um toque, o seu cajado, adornado com um orbe violeta e redondo na ponta, começa a brilhar, e a luz branca torna visível maior parte da sala do trono, brilhante como uma tocha.

Os dois entram novamente na sala, e lentamente, ao se aproximarem, uma figura sentada no trono é revelada.

“Urryyyyyy…….”

O barulho é quieto, mas impossível de se perder na sala vazia. Aos lados dos dois, mesas de banquete estão reviradas e quebradas, alguns corpos se encontram perto delas e o cheiro de sangue já coagulado é prevalente na sala.

A mesma voz de antes, a quem o barulho pertenceu, vem do trono, orgulhosa.

“Eu amo quando minha comida vem diretamente para mim, sem que seja necessário pedir.”

A figura se levanta, revelando sua aparência.

Se aproximando, o homem se torna mais visível. Vestes que devem ter pertencido a algum feiticeiro ou mago e, por cima dela, um manto de seda fino e branco, manchado de sangue, sua cor pura e perfeita pervertida pela maldade do vampiro. Diferente do que se espera, o cabelo dele não era liso, longo e sedoso como é de costume deste tipo de morto-vivo. A cabeleira agora já cinzenta e sem cor, mal cuidada e mal cortada apenas servia de contraste com o tom que ele passava, expondo a sua natureza bruta e violenta.

“Você sabe quantos homens já morreram caçando javalis?”, Norman diz, calmamente.

O sorriso orgulhoso do vampiro se desfaz.

“Eu não acredito estar caçan-”
“Morgan Thorn!”

Tanto Norman quanto o vampiro desviam seus olhares um do outro para fitar o jovem paladino, que puxa um pergaminho de seu bolso e o desenrola, expondo-o para o homem frente ao trono.

“Assassinato, canibalismo, abuso de necromancia e posse inadequada de monumentos históricos não pertencentes a ti. Esses são seus crimes! E agora, a justiça lhe alcançou!”

Siegfried guarda o pergaminho e puxa sua espada, segurando-a na mão direita, junto de um escudo, na esquerda.

“Você deixará esse plano de existência!”

O lugar fica em silêncio por um momento, até que Norman olha de volta para o vilão.

“Isso aí que ele disse.”

Morgan, o vampiro, retira de si mesmo o manto manchado e anda dois passos para a frente.

E, das trevas, duas cópias exatas do morto-vivo se juntam a ele, os três um do lado do outro.

M****, pensa Norman, um pouco agitado.

Siegfried, segurando suas armas, abre bem os seus olhos, impressionado e confuso.

“Q-Qual deles é o verdadeiro?”
“...Eu não sei. Vamos tentar matar todos, é mais fácil de descobrir.”

O paladino, porém, fecha os seus olhos por um pequeno momento, segurando fortemente o escudo.

“Divine Sense.”, Sieg diz, tentando sentir a presença de qualquer coisa profana ou sagrada ao seu redor.

E ele conseguia. O lugar estava completamente profanado. Ele mira sua atenção às três figuras no trono.

Ele não sente nada vindo da primeira.

Ele não sente nada vindo da segunda.

Ele...não sente nada vindo da terceira, também?

Ele sente…

“Norman, por cima!”

O vampiro, sem qualquer tipo de honra, se desprende do teto, prestes a atacar o mago com um ataque imperdoável.

Graças ao aviso do jovem, porém, o elemento surpresa estava arruinado, e, sem mesmo olhar para cima, Norman rola para a sua direita, evitando a espada do feiticeiro.

Scorching Ray!

O mago mira seu cajado em direção ao monstro, e dele saem três raios de fogo, todos em direção à criatura.

Na hora em que eles estão prestes a alcançá-lo, duas das imagens do vampiro saltam no meio dos tiros, sendo desintegradas numa nuvem de poeira e cristal. O terceiro raio acerta Morgan, que solta um grunhido de dor.

Urryyyyyy!

Siegfried corre até onde o vampiro está e desfere um golpe vertical com sua espada longa, tentando trazê-lo à sua segunda morte. O golpe acerta o inimigo em cheio, que se desfaz numa nuvem de poeira. Era uma imagem. Quando a poeira cessa, ele está lá, do lado do paladino.

Misty Step!

Uma névoa prateada o envolve, e ele desaparece, se tornando visível de novo a alguns metros de distância do jovem e próximo de Norman. O morto-vivo acerta o mago brutalmente com sua espada, e ele cospe sangue por causa do golpe violento.

“Norman!”

“Magic Missile!”

O mago faz um esforço tremendo e segura seu cajado com tudo que pode enquanto três projéteis aparecem detrás dele, voando velozmente e acertando o necromante em cheio, o afastando de Norman.

O vampiro toma de suas coisas um pedaço de vidro e o joga no chão. Os estilhaços se alargam e se expandem até tomar a forma de quatro adagas de cristal, que voam até onde o mago está.

“Cloud of Daggers!”

As adagas o cercam, todas as quatro rotacionando o seu alvo, para tentar matá-lo assim que ele se movesse.

Antes que elas pudessem, o paladino corre até o vampiro e acerta um golpe pesado em seu braço, o fazendo perder o ar com a dor. Sem concentrar-se no feitiço, as adagas caem no chão e se estilhaçam, o cristal sendo logo varrido pelo vento.

Norman suspira, aliviado. Até que o garoto não era tão inútil.

Ele dispara os projéteis mágicos novamente, que acertam alvo sem dificuldade.

Já enfraquecido, o vampiro agora abre sua mão, a mirando no mago.

“Hold Person!”

Norman não estava pronto para essa. A magia do necromante o prende, e ele perde o movimento nos seus membros. Ele cai para trás, levantando poeira no chão e largando seu livro de feitiços e seu cajado.

Siegfried tenta atacar o vampiro e salvar seu amigo, mas este desvia facilmente de seu golpe.

“Eu me cansei de você, jovem. Você será o primeiro a ter seu sangue bebido.”

Em suas mãos, das trevas se forma uma espada puramente negra.

Shadow Blade.” Ele diz, enquanto acerta o paladino com um golpe para cima, e esse é arremessado um metro para trás, caindo em suas costas.

“S-Siegfried!”

Siegfried, ao cair, cospe sangue. Sua cabeça está fervendo e ele sente como se seu cérebro estivesse se deteriorando, por causa do golpe. Ele faz um esforço e consegue apenas ficar ajoelhado, esperando sua morte chegar, pelas mãos do vilão.

“Eu costumo matar minhas presas depois que elas cometem três erros.”, ele diz, se aproximando.

O rapaz tenta manter sua respiração consistente, concentrando-se em sobreviver.

“Primeiro, você veio aqui para me matar. Não só isso, mas entrou diretamente na sala do trono. Pela porta da frente, ainda mais. Segundo, você veio me enfrentar sem estar nem sequer poderoso o suficiente. Meu poder só vai crescer toda vez que me alimento do sangue de alguém com complexo de herói como você.”

Siegfried nada responde.

“E terceiro…”, diz Morgan, levantando a espada feita de escuridão para o garoto. “Você já aceitou sua morte. Eu já venci mais pessoas por causa da covardia delas do que pela minha própria força.”

Ele levanta a espada por um momento, pronto para matar o rapaz, quando ouve sua voz.

“V-Você se enganou.”

Morgan para. De vez em quando, ele gostava de ouvir as últimas palavras de sua comida. Costuma ser bom entretenimento.

“...eu lhe derrotei depois que você cometeu três erros.”, diz o jovem. “Primeiro, você se tornou um vampiro e matou todas essas pessoas. Segundo, você feriu meu amigo ali.”

“...e terceiro?”

“...e terceiro...o meu terceiro engano não foi um engano!

O vampiro desce sua espada sobre o rapaz, que inclina-se para o lado. A espada acerta apenas o escudo, e o ângulo do golpe faz com que ela deslize ao invés de penetrar o metal, fazendo Morgan perder seu equilíbrio.

Siegfried toma essa oportunidade e segura firmemente sua espada, que brilha com uma luz santa e então corta o pescoço do vampiro com um golpe criticamente mortal.

A espada de escuridão se desfaz enquanto o vampiro, confuso e assustado, tenta processar o que está acontecendo. Seu pescoço está escorrendo muito, e queimando como se a luz do sol estivesse sobre ele.

“N-N...N-Não-o p-po…”

O paladino sorri vitoriosamente, apontando para o vampiro que luta para permanecer morto-vivo, e não apenas morto.

“As suas próximas palavras serão: ‘Não pode ser!’, não é?!”

“N-Não pode s-ser…!”

Morgan cai para trás, o seu rosto inteiro já se desfazendo por causa da magia santa do golpe de Siegfried.

Norman está surpreso. Aliviado, porém, ele fecha seus olhos, procurando descanso.

Pouco tempo depois, ele os abre novamente, sentindo a dor de sua ferida passar.

“...hm?”

O jovem cura as suas feridas com sua magia, enquanto ele descansava.

 

Os dois saem das ruínas, cansados, sim, mas sentindo-se vitoriosos.

“Bom trabalho lá dentro.”, Norman diz.

“...uhum.”, Sieg responde, desviando um pouco o olhar.

“...vamos.”, ele diz para o rapaz, segurando um pergaminho que ele tirara das ruínas. “Temos que descobrir até onde isso tudo vai.”

Siegfried olha de volta para o mago.

“...então…?”

“É. Você pode ficar mais um tempo. Só não pega no meu pé que tá de boa. Acho que você não deve ser tão inútil assim.”, o homem mais velho diz, andando na frente.

Sem falar mais nada, o paladino apenas segue o seu amigo, sorrindo para si mesmo, uma mistura de alívio e orgulho.


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Notas finais do capítulo

O que achou do capítulo?
Aqui está o documento do Google com as fichas. É bem simples e explicado, só preste atenção e leia tudo direitinho.

https://docs.google.com/document/d/14FLYCPl19TCwlzYePAuuljJgZng6nqLLLxKIVxD0aB0/edit?usp=sharing

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Bom dia procê o7