Don't Remember escrita por eatalpaulaa


Capítulo 4
Talvez demore mais do que pensei


Notas iniciais do capítulo

oláaaaar.
estou de volta com mais um capítulo, e já vou avisando que nesse vai aparecer uma pessoinha nova u.u



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— Bom, a primeira coisa de que você se lembrou foi de Hinata, certo?

Eu já estava deitada no divã enquanto ele arrumava algumas coisas ao meu redor. Ele havia ligado uma música calma enquanto diminuía a luz da sala e acendia velas e incensos.

— Nós vamos tentar trabalhar com imersão. Vamos tentar fazer com que você entre em uma lembrança e não saia de lá até ter total certeza de que realmente aconteceu e se conseguirmos vamos para a próxima.

Assenti levemente.

— Você disse que lembrou do corredor do colégio, agora eu quero que você se imagine lá novamente. E com Hinata ao seu lado.

Fechei meus olhos e tentei projetar em minha mente o que ele havia pedido. A lembrança de Hinata estava meio embaçada em minha mente, como se desejasse fugir novamente. O rosto dela não aparecia mais claramente para mim, mas tinha quase certeza de que ela tinha olhos claros.

— Agora quero que você tente se imaginar andando no corredor, veja se consegue se lembrar de mais alguém...

Forcei minha mente novamente, mas eu estava mais inventando algo na minha cabeça do que recriando. Tentei me lembrar da voz de Hinata... Nós havíamos nos esbarrado, e depois... O que aconteceu?

Minha cabeça começou a doer repentinamente. Havia alguém atrás de Hinata...

“- Oi Hina!

Assim como o rosto de Hinata, o rosto do garoto que a abraçou estava meio embaçado, mas o cabelo era castanho e espetado.

— Oi Kiba! Tudo bem?

— Sim, e quem é sua amiga? – ele olhou sorrindo para mim.

— Sou Sakura – estendi minha mão e ele prontamente aceitou.

— Nova por aqui? Deve ser, nunca te vi antes. Seja bem-vinda Sakura, bonito cabe...

Nesse momento alguém esbarrou nele, alguém de cabelos tão negros quanto a noite e de repente a escuridão começou a se expandir.”

Meu peito doía, e já não parecia algo interno, a dor era física. Senti alguém me balançando e abri os olhos rapidamente. Inoichi me olhava com curiosidade e espanto enquanto eu tentava controlar minha respiração.

— O que você lembrou? – ele foi direto.

— Foi... Foi como a continuação da lembrança da Hinata. Apareceu alguém atrás dela, nós fomos apresentados e aí alguém esbarrou nele... – meus braços se arrepiaram ao lembrar da escuridão que surgiu nesse momento – De repente tudo começou a ficar escuro, e a dor no peito surgiu novamente.

O pai de Ino ficou me observando por um tempo e depois se sentou novamente.

— Você estava se debatendo o tempo todo, isso é bem incomum. Nós vamos ter que ir com calma com suas lembranças, para que não haja nenhum colapso nervoso.

Meus olhos se arregalaram e ele percebeu meu medo.

— Não se preocupe, não vai acontecer nada. Só vamos com calma, para garantir seu bem-estar. Seja o que foi que você esqueceu, deve ser ruim, então vamos aos poucos.

Assenti sem saber muito bem o que fazer. Meu peito ainda sofria com a escuridão, e novamente eu não sabia se queria continuar com isso.

— Por favor, não desista. – Inoichi falou como se lendo meus pensamentos – Nós vamos conseguir Sakura. – forcei um sorriso fraco para ele – Faremos assim, você voltará aqui na sexta, para uma nova sessão. Até lá, peço que você evite ficar forçando se lembrar sobre essa escuridão. Você pode tentar focar na menina e no amigo dela. Tente focalizar os rostos deles, mas sem pensar sobre a escuridão, tudo bem?

— Tudo bem...

Minha voz estava um pouco falha, e logo pude ir embora. No caminho para casa, tentei fugir de qualquer pensamento relacionado a isso, com medo de sofrer algum desmaio no carro.

Ao chegar em casa vi que Ino havia me mandado mensagens, perguntando como foi, mas não estava preparada para falar sobre isso ainda.

Comi qualquer coisa, tomei um demorado banho e fui me deitar.

Talvez isso demorasse mais do que eu esperava... E foi com medo da escuridão que eu adormeci.

~

Em algum momento da noite eu acordei assustada. O pesadelo que me assombrava ia se dissolvendo de minha mente, mas o que se mantinha vivo em minhas lembranças eram olhos negros que me observavam com desprezo.

Um calafrio passou pelo meu corpo e eu me encolhi nas cobertas. Sabia que o sono demoraria um pouco a voltar então peguei o celular para verificar as horas. 04:30h.

Bufei e me revirei na cama, cedo demais para começar minha rotina e tarde demais para ter mais um período bom de sono.

Aproveitei que minha mente estava desperta para tentar lembrar de mais alguma coisa do passado.

As palavras do pai de Ino realmente haviam me deixado com medo. E se no meio do processo de lembrar de tudo, eu sofresse um colapso nervoso? E se os desmaios se tornassem cada vez mais frequentes?

Eu não fazia a mínima ideia do que eu poderia fazer para evitar isso. Se é que exista algo que eu pudesse fazer.

Tentei lembrar de algo a mais sobre Hinata. Embora eu não lembrasse como era a minha casa na época, tentei forçar alguma lembrança dela em meu quarto, estudando algo ou conversando. Embora eu só me recordasse do dia em que a conheci, sentia em meu interior que ela foi uma pessoa importante para mim, provavelmente uma boa amiga, assim como Ino é hoje.

Qual seria a probabilidade dessa Hinata ser a namorada do Naruto? Ele não havia dito o sobrenome dela, muito menos mostrado uma foto, como eu abordaria esse assunto?

Então, eu não lembro de nada, mas talvez eu tenha conhecido sua namorada, poderia fazer ela vir aqui para que eu tire algumas dúvidas?

Embora Naruto seja extremamente agradável e provavelmente muito compreensivo, não há um mundo onde eu teria coragem de fazer isso. Poderia sim, perguntar o sobrenome dela e pedir para ver uma foto, mas afinal, se confirmasse que era ela, de que adiantaria? Eu ficaria apenas mais ansiosa, esperando o dia em que ela viesse visitar o Naruto.

Uma parte de mim já começava a se arrepender de tentar trazer à tona todas essas lembranças, pois a confusão já começava a tomar conta dos meus pensamentos. Eu não sabia o que fazer em relação a isso.

Quanto isso me afetaria até o final?

~

Embora eu não estivesse tão ansiosa assim para a próxima sessão, o tempo parecia não estar a meu favor. A semana havia voado e novamente eu estava indo em direção ao consultório do senhor Yamanaka.

Ino havia ficado imensamente feliz que eu não desistiria das sessões, e após o meu relato sobre as novas lembranças, ficou tentando me convencer de que eu deveria ir até o Naruto confirmar se a sua namorada era a mesma de minha lembrança.

Usei toda minha persuasão para faze-la desistir dessa ideia, e ela até tentou compreender, falou que me daria um tempo para pensar verdadeiramente sobre isso. Mas é claro que ela não deixaria por isso mesmo.

Como se o universo conspirasse contra mim, no fim de nosso expediente Naruto havia mandado uma mensagem nos convidando para sua estreia como chef do Rasengan. Ele estava muito animado e disse que suas duas melhores amigas da cidade (eu ainda acho que somos suas únicas amigas daqui) não poderiam faltar por nada nesse mundo.

Naruto escreveu também que havia chamado seu melhor amigo e namorada para o evento, mas não sabia se eles conseguiriam comparecer.

Ino ficou me dizendo que era a oportunidade perfeita, eu sequer precisaria perguntar nada ao Naruto, iria descobrir a verdade com meus próprios olhos.

Mesmo relutando e falando que eu não iria, Ino respondeu por nós e disse que não perderíamos esse evento por nada. Ela até tentou me animar, mas a ideia de encarar a Hinata das lembranças cara a cara não parecia uma boa ideia para mim.

E se eu desmaiasse? Isso provavelmente aconteceria. E se eu surtasse? Kami! Eu estava amedrontada por esse encontro. Começava a pensar milhares de desculpas e estava considerando sair da cidade amanhã, assim Ino não poderia me obrigar a nada.

E se ela fosse mesmo a Hinata que eu conheci? Ela se lembraria de mim? Claro que sim Sakura! Quem perdeu a memória foi você e não ela. Será que ela estaria com raiva de mim por ter sumido após o acidente? Será que ela tentou entrar em contato e meus pais haviam a dispensado ou falado que eu não queria mais vê-la?

E se ela não estivesse com raiva, iria me ajudar a me lembrar de tudo que esqueci? Iria falar como eu era e esperar que eu ainda fosse a Sakura que ela conheceu?

Fitei o consultório a minha frente, não sabia como havia chegado até aqui sem sofrer um acidente, uma vez que minha cabeça estava uma confusão imensa de pensamentos.

Coloquei ambas as mãos no rosto e tentei respirar profundamente algumas vezes.

Porque isso estava acontecendo agora? Porque eu havia inventado de lembrar de tudo? Porque as coisas não poderia continuar como estavam?

Eu não podia negar, eu estava com medo. Muito medo. Se o que eu esqueci me causou sofrimento, eu não deveria estar feliz por não me lembrar? E se isso me quebrasse novamente?

Não, não e não! Eu não posso pensar assim. Eu disse que iria até o fim, e devo ir. Eu preciso me lembrar de tudo e ser forte o suficiente para aguentar essas lembranças. Eu não era mais uma adolescente frágil, eu já era uma adulta e deveria aguentar qualquer coisa que aconteceu comigo.

Repeti como um mantra que eu conseguiria, eu não seria fraca. Forcei meu corpo a entrar no consultório e aguardei ser chamada.

Assim que Inoichi me chamou e eu me sentei no divã, meus pensamentos deram uma fraquejada e o medo veio como uma avalanche. E se eu não suportasse?

— Sakura? – o pai de Ino me olhava com o cenho franzido e assim que percebeu que tinha minha atenção continuou – Está tudo bem? Eu estava falando com você, mas acredito que você não ouviu nada.

Balancei a cabeça e olhei para minhas próprias mãos.

— Me desculpe. Eu realmente estou perdida em pensamentos aqui, na verdade estou com muito medo.

Ele retomou sua postura profissional enquanto ficava pronto para anotar tudo que eu falaria.

— Com medo da consulta? Como foi durante a semana? Conseguiu lembrar de mais alguma coisa?

Suspirei pesadamente antes de começar.

— Na verdade não tive nenhum avanço durante a semana. Eu tentei me lembrar de algo, mas a escuridão sempre acabava me alcançando. – cruzei as pernas e continuei fitando minha mão enquanto tomava coragem para expor meus medos – Eu realmente estava com medo da consulta, medo de que me lembrasse de algo e passasse mal novamente. Ou de não lembrar nada e sair frustrada daqui. Mas o que realmente está me causando uma confusão de pensamentos é o que aconteceu no final de meu expediente no trabalho. – o Yamanaka olhou atentamente para mim – Naruto enviou uma mensagem para Ino e para mim, nos convidando para sua estreia como chef do Rasengan. Ele falou que nossa presença era muito importante lá, e que como era um evento especial, havia convidado seu melhor amigo e namorada para comparecerem. Não é certeza que ela realmente vá, mas eu estou com muito medo de conhecer a Hinata “dele” e confirmar que ela é a mesma das minhas lembranças.

Todos meus pensamentos positivos e que me davam autoconfiança não funcionavam mais. Eu tentava lutar contra o medo, mas ele era muito forte. E o medo me levava novamente para a escuridão.

— Sakura? – Inoichi me tirou de meus pensamentos novamente – Não deixe que esses pensamentos te dominem. Você é a dona deles, não os deixe ganhar de você. Eu entendo por que você está assim, é absolutamente compreensível na verdade. São muitos acontecimentos repentinos acontecendo, não se sinta mal por essa pressão que eles causam. Acredito que hoje seja melhor nós focarmos em como você deve reagir a essas situações, do que se aprofundar nas lembranças.

Meu corpo automaticamente relaxou um pouco. Saber que eu não tentaria lembrar nada por hoje era um grande alivio. Não apagava o medo do amanhã, porem tentei não me focar nisso.

— Acredito que uma das causas de todos os maus estares que você passa ao lembrar dessas memorias, é o medo que você tem delas. Assim que você lembra, seu corpo reage de maneira contraria, como se querendo apagar tudo novamente. – ele colocou a mão no queixo e ficou pensando por um tempo – O medo está te dominando muito. Você tem medo de lembrar, de não lembrar... E isso é péssimo para você. Precisamos achar algo que te dê forças, que faça com que você não reaja tão mal aos acontecimentos. Você precisa ser muito forte Sakura. Não pense que eu espero que você saia daqui hoje totalmente bem com isso. O processo de aprender a controlar o medo pode demorar muito mais do que o próprio processo de lembrar de tudo, mas, acredito fielmente que uma vez superado o medo, as lembranças fluíram muito mais tranquilamente.

Nunca fui uma criança medrosa. Muito pelo contrário, quando eu era pequena fazia toda e qualquer folia, o que sempre me trazia machucados e arranhões.

Eu tenho uma cicatriz no joelho de quando estava correndo e acabei caindo num pedaço de vidro, e uma pequena cicatriz no braço de quando eu tentei passei correndo por uma casa e não vi os arrames esticados. Fora as cicatrizes menores que eu precisaria de um dia inteiro para contar suas histórias.

Em que momento eu me tornei uma medrosa? Na parte da minha vida de que eu não me lembro talvez?

Eu estava novamente no automático. Inoichi falava comigo e meu corpo respondia, mas minha mente parecia não estar focada no presente.

Em algum momento eu fui embora do consultório, e consegui chegar em casa sã e salva. Sei que comi alguma coisa, tomei banho e me preparei para deitar.

Nada disso fazia muito sentido na minha mente,  eu não conseguia entender o motivo por trás dessa pessoa fraca que eu estava mostrando ser. As cicatrizes deixadas no ensino médio haviam sido assim tão graves?

Nessa noite eu não tive medo da escuridão me assombrar, pois o que estava povoando meus pensamentos era apenas um branco enorme, onde nada existia.

~

Ouvi um barulho de cortinas sendo abertas e logo os raios de sol invadiram totalmente o meu quarto. Me sentei um pouco assustada e avistei um borrão loiro andando pelo meu quarto.

— Acorda Sakura! Eu não sei como você conseguiu dormir até meio dia num dia como esse! Ainda bem que você me deu uma cópia da chave de seu apartamento, por que as minhas ligações você ignorou, minhas batidas na porta também. Tive que invadir e...

Ela continuava falando, mas a única coisa que eu fiz foi me jogar novamente na cama me arrependendo profundamente da decisão de dar uma cópia para esse furação loiro.

A presença de Ino me ajudou. Consegui não ficar imersa nos pensamentos negativos. Ela tentava a todo custo me animar, e estranhamente não comentava nada sobre Hinata. Só falava no quanto estava se sentindo especial por poder ir no Rasengan num dia que ele foi fechado para o publico externo. Seria uma comemoração apenas para amigos selecionados, e Ino não podia estar mais radiante por ser amiga de Naruto.

Em algum momento a alegria dela me contagiou também. Eu sabia como o loiro estava ansioso para mostrar seu trabalho, que era ótimo realmente, e não pude deixar de ficar feliz por Naruto.

Ino arrumou a nós duas por que, segundo ela eu não tenho dom para essas coisas, não discordei.

No meio da tarde Naruto enviou uma mensagem nos ameaçando caso não comparecêssemos. Ele disse estar triste pois sua namorada não viria, mas que seu melhor amigo estaria lá e que nós não poderíamos deixa-lo na mão.

Nunca fiquei tão calma após ler uma mensagem. Todos os medos foram embora e eu só me preocupei em curtir a noite com meus amigos.

Ino ficou um pouco desapontada, mas não comentou nada. Acredito que ela falou com o pai, e por isso está me dando esse tempo sobre o assunto.

Ao chegarmos ao Rasengan demos nossos nomes e fomos levadas a uma mesa grande onde estavam sentados Jiraya e Tsunade.

Ambos já pareciam mais alegres que o comum, enquanto viraram mais um copo de bebida a boca.

— Sakura! Ino! Que prazer tê-las aqui conosco. – Jiraya disse alegre e nós agradecemos.

— Obrigada! Não podíamos perder o grande dia do Naruto, e afinal, onde está ele? – Ino perguntou curiosa.

— Está logo ali com o Sasuke.

No mesmo momento eu senti uma forte dor de cabeça. Forcei meu corpo a olhar para onde Jiraya apontava, e encontrei dois olhos negros me encarando.

Uma batida do meu coração falhou, e eu não soube realmente o que estava acontecendo. Era como se tudo ao meu redor tivesse parado, e a ultima coisa que eu vi foram os lábios finos da escuridão falando:

— Sakura.


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Notas finais do capítulo

D:
sem me matar por favor ><
E agora? o que será que será da nossa Sakura?



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