Dez anos antes...

— Eu a convidei para sair ontem à noite. – Derek disse, observando Penelope deitada na cama do hospital. – Ela estava brava comigo. E me dispensou.

— E você acabou na igreja. – Reid observou.

— Sim. – Derek voltou a olhar pela janela. – Mas o que significa? Por um lado, se ela tivesse saído comigo ela não teria sido baleada. – Derek suspirou. – Por outro, qual é a lógica que pela primeira vez que eu rezo ela está em uma mesa?

Nenhum dos dois tinha uma resposta.

Agora...

Ela estava deitada na cama do hospital. Rossi estava desesperado, Luke parecia desistir de lutar e Derek não tinha a menor vontade de sorrir. Derek precisou de uma segunda opinião. Não importava o passado, sua garotinha estava morrendo na sua frente, mantida em dialise constante e ela não sabia para quem apelar.

Ligando para Savannah e explicando a situação em que Penelope estava, ela concordou em dar uma opinião profissional.

Eles estavam em uma corrida contra o tempo. Nem mesmo Garcia parecia saber desse problema o que deixou todos tristes.

Luke fazia vigília no quarto dela, junto de Rossi. O hospital enviou o vestido de noiva para JJ lavar e arrumar.

Reid ainda pensava sobre tudo o que uma doação de órgãos significava. Alguns meses em recuperação, afastado do campo, possíveis dias para cuidar de Garcia enquanto ela se recuperava, ver o sorriso de sua amiga mais vezes e ver ela tentar ter um bebê e brincar com a criança.  

Ele se levantou, andando em direção ao quarto de Penelope e a olhou na cama tão vulnerável. Ele tomou sua decisão. Torcendo para ser compatível, ele seguiu para o consultório do médico.

— Entre. – O médico gritou de dentro quando Reid bateu na porta.

— Com licença doutor. – Reid entrou, fechando a porta e sentando.

— Em que posso ajudar você, Dr. Reid? – O médico perguntou.

— Quero me oferecer para um teste de compatibilidade para doação de rim para minha amiga Penelope. – Reid falou, decidido. – E se perguntar para a equipe, talvez eles queiram também.

— Sabe as consequências desse tipo de transplante? – O médico perguntou para Spencer. – E se você não for compatível?

— Então vou atrás de alguém que seja, Dr. – Reid respondeu. – Não vou aceitar que ela precise morrer.

— Certo. – O médico respondeu. – Vá para a sala de testes e forneça o que eles precisarem.

Reid levantou e respiração. Era a coisa certa a se fazer. Não importava o tempo em que ele teria que se afastar. Ele poderia cuidar de Penelope enquanto ela ficava boa outra vez.

— Emily. – Reid a chamou para um canto. – Eu vou ser testado.

— Eu sei. – Ela respondeu com um sorriso. – Você sempre foi o melhor amigo de Penelope, Spencer.

— Eu tenho medo de não ser compatível. – Ele falou. – Ela não pode morrer.

— E É por isso que Rossi estará sendo testado também. – Emily disse. – Talvez ele sendo pai dela possa ter mais chances.

— E você? – Spencer temeu em perguntar.

— Vou depois com Matt e Derek. – Ela respondeu. – Se todos formos testados aumentamos as chances.

— O que não está me contando? – Reid perguntou.

— Hotch. – Emily respondeu. – Ele está vindo para um teste. Blake e Kate também. – Ela complementou. – Eles querem ajudar.

Reid sorriu e foi para a sala. Depois que todos foram testados houve um momento em que todos se sentaram pelo quarto, outros ficaram em pé e todos concordaram em observar Penelope dormindo tranquila agora.

As convulsões pararam e ela estava estabilizada no momento.

— Agente Especial Dr. Reid? – O médico perguntou. – Posso ter um minuto?

— Sim. – Reid se levantou apreensivo. – É sobre os resultados do teste?

— Você é o único compatível, Spencer. – Ele falou. – Nem todos os pais e filhos são compatíveis e você é o único. Se tiver dúvidas quanto a isso podemos conseguir outra pessoa.

— Eu vou fazer isso. – Spencer disse. – Por ela.

— Sabe dos riscos? – O médico perguntou.

— Sim. – Spencer parecia em missão. – E eu vou fazer isso.

— Nesse caso, talvez você queira esperar uns dois dias. – O médico viu a expressão nervosa de Spencer. – Ou quem sabe você precise de algumas horas.

Reid assentiu e voltou ao quarto.

— Apenas eu sou compatível. – Ele anunciou. – E sim eu vou doar meu rim.  

— Spencer. – Rossi o chamou. – Você tem certeza disso? Quero dizer as estatísticas são você sabe, extremamente desanimadores.

— Eu não vou morrer por doar meu rim. – Spencer explicou. – Muitas pessoas vivem bem sem um dos rins, elas têm uma vida normal e fazem coisas como prender bandidos e correr. – Ele olhou para Penelope dormido. – Eu só não posso perder ela.

— Quando vai ser a cirurgia? – Emily perguntou mais calma.

— Daqui há quatro horas. – Spencer anunciou. – Já providenciei os documentos fiz até um testamento caso não de o resultado esperado.

— Eu vou estar esperando você. – Emily disse. – E tenho certeza que ela também quer ver você. – Emily disse apontando para Penelope. – Volte para nós amor.

— Sempre. – Reid respondeu.

Indo em direção a cama de Penelope, Reid ocupou o lugar que Luke ocupava antes.

— Eu vou trazer você de volta, Penelope. – Reid beijou a bochecha de Penelope e se levantou. – Vocês podem me fazer um favor?

— Diga. – Matt respondeu.

— Podem apenas parar de me olhar como se fosse a última vez que vemos? – Reid pediu.

Hotch olhou para o grupo de pessoas e chegou até Spencer o abraçando.

— Vemos você na volta. – Hotch sorriu para o amigo.

Reid foi preparado para a cirurgia. Respirando fundo, ele pegou o médico o olhando.

— Ainda está em tempo de desistir. – O médico disse.

— Nunca. – Reid deitou na mesa e começou a relaxar. – Estou pronto para isso.

Penelope foi colocada ao lado dele, um pouco mais afastado de Reid. A olhando uma vez mais antes de dormir por algum tempo, ele sorriu.

— Nos vemos depois Penelope. – Reid sabia que ela não podia ouvir, porém era uma promessa para ela.

Reid adormeceu com a anestesia.

Matt estava de frente a uma máquina de café. Colocando algumas moedas na máquina, ele apertou o botão da máquina que não deu um sinal de café.

Matt se enfureceu ao ver que a maldita tinha pego seu dinheiro. Ele bateu na máquina, descontando a irritação que ele sentia.

Luke chegou naquela hora. Dando um olhar ele se colocou ao lado do amigo.

— Desculpa. – Matt se afastou. – Eu não estou bem.

— Não estou te julgando. – Luke disse. – Na verdade eu também acho que a máquina precise de uns trancos.

— Acho que eles vão ficar bem? – Matt perguntou preocupado. – Digo, eles precisam ficar bem.

— Spencer é esperto demais para morrer. – Luke respondeu rindo.

— E Penelope te ama demais para morrer. – Matt completou.

— Ela ainda precisa casar comigo. – Luke respondeu. – Não vou deixar ela fugir agora.

Matt e Luke voltaram para a sala de espera. Já era de manhã e eles estavam na sala de cirurgia há algumas horas. Um médico cansado saiu para falar com a equipe.

— Spencer Reid? – O médico esperou alguém ir até ele.

— Sim. – Emily respondeu e foi para o médico.

— O agente Reid está sendo movido para o quarto. – O médico anunciou. – Ele estará aqui por duas semanas para recuperação.

— Obrigada. – Emily respondeu.  – E quanto a agente Garcia?

— Ela ainda está em cirurgia. – O médico respondeu e saiu.

Ainda seria uma noite comprida. Ou seria um dia comprido?