Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 16
Interrogatório


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo.
E cá estamos nós para o capítulo 16!
Nossa, passou muito rápido, né?
Bem, dá última vez que vimos o Harry, ele havia sido levado até Severo Statham, a versão de Snape deste mundo estranho, e estava sendo interrogado.
Para descobrir o que eles conversaram, siga o texto abaixo!



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— Se eu contar a verdade, não vai acreditar.

— Por que não tenta?

Harry Potter estava em uma sala sem janelas, algemado em uma mesa, com o corpo todo dolorido depois de ter levado uma surra. Sua cabeça latejava na região em que um destroço de um prédio o ferira durante o último bombardeio e tinha a impressão de que iria piorar enquanto encarava o oficial diante dele.

Sentado do lado oposto da mesa, estava Severo Statham, um homem tão parecido com Snape, que o garoto já sentia por ele a mesma raiva que nutria por seu professor de poções. Mas havia um agravante terrível naquela situação: Statham estava interrogando-o sobre documentos falsos e para arrancar a verdade começara a ameaçar os Parker.

Aquilo Harry não podia admitir.

— Se eu disser à você quem sou e de onde vim, vai achar que sou louco.

— Eu decido isto.

Harry não tinha nenhuma boa mentira para contar e, mesmo que tivesse, não conseguiria enganar aquele homem, afinal, pelo que sabia, o trabalho dele era justamente descobrir as mentiras das pessoas. Então o garoto olhou bem no fundo dos olhos escuros do Inquisidor e falou:

— Meu nome é Harry Tiago Potter. Eu estudo em uma escola de magia chamada Hogwarts, mas que você nunca ouviu falar por que ela secreta e existe em uma realidade paralela. É por isso que meus documentos não batem. Na realidade eu não existo neste mundo, mas vim para aqui graças a um orbe mágico que me transportou para essa dimensão.

Statham piscou.

— Você estava enganado — falou após uma breve pausa. — Não acho você louco.

Ele se sentou mais ereto na cadeira e ajeitou o casaco no corpo, um sorrisinho no rosto como se estivesse achando graça.

— Acho-o um idiota — disse ele calma. — Você não tem noção de onde está e muito menos da extensão do problema em que se encontra. Não faz ideia das consequências do que diz aqui, para você e para os envolvidos nesse engodo. Mas acho que já é hora de entender...

Harry observou Statham meter a mão do bolso e tirar o que parecia um alicate.

Ele encarou o menino um segundo segurando o objeto, sua expressão repentinamente endurecida. A compreensão chegou ao garoto tarde demais.

Antes que ele pudesse reagir, Statham agarrou-lhe a mão esquerda e puxou a com força. Harry foi estirado sobre a mesa, e sua outra mão ficou presa longe da outra. Ele viu quando Statham abriu o alicate e enfiou-o debaixo da unha do dedo indicador.

Harry gritou de dor ao sentir e seus olhos lacrimejaram ao sentir o alicate forçar a unha para cima. Sentiu ainda mais dor quando ela foi puxada e arrancada.

— Seu filho d...

Statham segurou sua mão com mais força e repetiu o processo dolorosamente no dedo anular. Com a cara na mesa, Harry fechou os olhos e soltou um grunido.

Quando sentiu o aperto afrouxar, ele retirou o braço depressa e se aprumou na cadeira, tentando afastar os membros daquele doido. Seus olhos lacrimejavam, e uma lágrima de dor escorreu por sua bochecha, traindo-o.

— SEU MALUCO! O QUE ESTÁ FAZENDO?!

Harry olhou para a mão e os dedos com as pontas destroçadas. O sangue escorria generosamente.

Statham o encarou como se só tivesse extraído uma pequena farpa, quase como se fosse um favor.

— Estou lhe mostrando o que o espera se continuar perdendo meu tempo. Vai me contar tudo o que quero saber agora ou perder as unhas será o mínimo que terá de aguentar.

— Queria saber a verdade e eu já contei a você!

O homem saltou da cadeira e agarrou a outra mão de Harry, trazendo-a para si.

— Não! NÃO!

Ele agarrou o dedo do meio, enfiou o alicate na unha, descolou-a e arrancou com um puxão. Harry deu um grito.

— AI! — berrou ele, recolhendo a mão do aperto quando foi liberado. O oficial o fitou com seriedade.

— Vai continuar mentindo?

— Eu não menti, seu sádico psicótico!

Statham se levantou. Harry olhou-o assustado, mas desta vez ele guardou o alicate no bolso. O que fez, foi ir até a porta e dar duas batidas. Ouviu-se então o som de fechaduras sendo destrancadas e a porta se abriu.

Dois homens entraram empurrando dois carrinhos. Um continha uma seringa e um frasco com líquido transparente. No outro, um aparelho com elétrodos. Talvez fosse um polígrafo.

Eles pararam, cada um, ao lado da mesa e o garoto acabou reconhecendo o agente ao lado do aparelho: Era Augusto Rookwood, ainda que seu distintivo indicasse E. Hawkewell.

— Já que o senhor não sabe que não deve mentir para um Inquisidor, também não deve saber o que é isto — observou Statham. — Aqui temos o que é popularmente conhecido como Soro da Verdade, um composto químico capaz de obrigá-lo a contar qualquer coisa que quisermos saber. Sempre tentamos evitá-lo, pois pode causar danos ao coração em doses altas. Por isso, temos aquela outra máquina ao lado, está vendo?

Harry fez que sim.

— É um potente aparelho de choque, para estimulá-lo a falar mais depressa — disse Statham, apanhando um elástico no carrinho...

Ele prendeu o braço esquerdo do garoto em um torniquete, ao mesmo tempo que Hawkewell começou prender as plaquinhas em suas têmporas. Harry viu Statham apanhar a seringa e a encher com o conteúdo do frasco sobre a bandeja no carrinho. Quando estava totalmente cheia, ele deu três batidinhas nela para retirar o ar.

— Vai se sentir levemente tonto e a cabeça pesada, mas só sua mente estará clara — disse, limpando o braço do garoto com um algodão. Então localizou a veia e enfiou a agulha sem pena.

Estava prestes a injetar o conteúdo quando duas batidas na porta de aço o interromperam.

Statham retirou a agulha e depositou-a sobre o bandeja de metal no carrinho. Fitou para Hawkewell, que retribuiu o olhar de surpresa.

A porta se abriu e Harry viu o policial que o prendera naquela manhã, parar à entrada da sala.

— O houve agora, Markov? — perguntou Statham.

— Os agentes acharam uma coisa nos pertences do menino...

— Já não era sem tempo! Estou esperando a horas. Por que a demora?

— Tivemos de informar o alto escalão sobre o conteúdo.

— Quê? — retrucou Statham espantado. — Mas era só um livro...

— Não, não era.

— E o que mais tinha então? — indagou o oficial definitivamente irritado.

— Bem... você não vai acreditar...

* * *

Harry não sabia o que estava acontecendo.

Depois que Markov surgiu com notícias, Statham e Hawkewell saíram da sala de interrogatório e não voltaram mais. Após um longo tempo, outros dois policiais que o garoto nunca vira apareceram, retiraram as algemas e o levaram para uma pequena enfermaria, onde uma moça de jaleco que ele também não conhecia cuidou e enfaixou seus dedos, além de dar uma boa olhada no ferimento em sua cabeça e nos hematomas que ganhara com a surra mais cedo.

Aparentemente não quebrara nada e ficaria com dor de cabeça uns dias. Nenhuma novidade.

Deram-lhe em seguida roupas limpas para que trocasse e uma sopa quente e um pedaço generoso de pão, que comeu com avidez. Ao terminar, levaram-no de volta para a cela, onde permaneceu sem que ninguém o incomodasse por algum tempo.

Estava começando a cochilar quando a porta se abriu e Markov surgiu novamente, acompanhado pelo oficial Campbell.

Eles o algemaram e o guiaram para fora da prisão, pelo mesmo caminho por onde entrara. Desta vez, no entanto, Severo Statham estava ao lado do camburão, parado junto ao motorista. Harry reconheceu-o de imediato como sendo Travers, mais um Comensal da Morte. No distintivo em seu peito, porém, lia-se o nome Turner.

O garoto foi empurrado para dentro do carro, onde se sentou outra vez com Campbell e Markov, sem protestar.

Sentia-se confuso e fazia força para pensar com clareza, quando sentiu o carro andar.

Fora preso porque Statham desconfiara de sua identidade e acabara descobrindo sobre os documentos falsos. Isto era óbvio desde o início.

No entanto, Statham mencionara um livro... Devia saber que estava em posse do livro de magia... Mas como descobrira? E Markov dissera que havia outra coisa... Só podia estar se referindo à Pedra Elisiana. Eles a encontraram e agora a esfera estava em poder do Ministério...

"Como vou voltar para casa agora?", pensou Harry, aflito.

Ergueu os olhos para Markov.

Até ali encontrara versões de Snape, Dolohov, Rookwood e Travers trabalhando como oficiais de polícia e aquilo não era nada animador. Agora entendia porque tantas pessoas desapareciam após serem presas: pessoas que se aliavam a Voldemort não prestavam em qualquer realidade.

Quando os Parker insistiram para deixar Londres antes que Harry visitasse Dumberton, ele acreditara que estavam sendo apenas paranoicos. Quando o avisaram que a polícia desaparecia com os presos, pensara que a resignação deles com aquilo era somente covardia, imaginando que eram pessoas diferentes de seus verdadeiros pais.

Enganara-se em tudo.

Lílian e Tiago Parker não eram paranoicos nem covardes. Eram pessoas que sabiam com o que estavam lidando. Tentaram impedir que uma coisa como aquela acontecesse com Harry, e ele fora tonto por não dar importância ao receio deles.

"Talvez meus pais tivessem feito a mesma coisa", pensou consigo, sentindo o camburão balançar ao avançar pelas ruas de Londres. "Talvez as pessoas neste mundo não sejam tão diferentes das pessoas que vivem no meu. Talvez sejam iguais. A Sra. Winston age igual a Sra. Weasley."

E Markov e Hawkewell eram tão ruins como Dolohov e Rookwood. Turner também devia ser como Travers.

Aquilo fez com que pensasse em Snape em seu mundo...

Será que o professor poderia torturá-lo da mesma forma horrível como Statham o fizera? Será que ele o odiava tanto? Poderia ser uma pessoa tão ruim aquele ponto? Se fosse, era bem provável que realmente estivesse ajudando Draco a mando de Voldemort...

"As pessoas dos dois mundos são as mesma", ponderou.

O carro continuou seu caminho, virando aqui e ali nas esquinas, enquanto Harry permanecia sentado, refletindo e se esforçando para não deslizar para fora do banco a cada curva fechada. Apesar de sua total inércia entre os guardas, a mente de Harry trabalhava sem parar e pareceu que havia transcorrido um longo tempo até que finalmente sentiu o carro parar e ouviu o motor desligar.

Demorou um pouco para a porta traseira se abrir desta vez. Campbell já havia até retirado as algemas dos pulsos do rapaz quando elas por fim se escancararam.

Harry foi guiado para fora e se pôs de pé ao lado do camburão.

O meio da tarde se estendia e ele se viu em uma comprida rua, fechada com grades nas extremidades de cada esquina. Contudo, era a mansão diante da qual estavam parados que chamava sua atenção.

Mesmo vivendo como um bruxo nos últimos cinco anos, Harry foi criado por trouxas e reconheceria a porta preta do número 10 da Rua Downing em qualquer universo em que estivesse.

Era a residência do Primeiro-Ministro.


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Notas finais do capítulo

Caracoles!
Vocês devem estar me detestando por ter criado o Statham.
Ah, e gostaria de esclarecer que este capítulo foi escrito antes da estreia do filme de Voldemort: A origem do Herdeiro e não, eu não roubei aquela ideia absurda de Veritaserum na veia kkkk. Meu soro da verdade é realmente um soro, e não uma poção... Ainda não acredito que tinha essa cena no filme, por Merlin!
Mas voltando... Harry perdeu umas unhas e acabou indo parar na porta da casa do Primeiro-Ministro. Para descobrir o que irá acontecer, leiam o próximo capítulo, mas adianto que as coisas não irão melhorar lá a partir daqui.
O motivo? Aguardem...



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