Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 15
Prisioneiro


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo.
Hoje eu gostaria de falar um pouco do que me inspirou a escrever esta história.
Bem, é óbvio que sou uma potterhead irremediável, mas também gosto de outros livros, séries e filmes. Bem, há alguns meses atrás eu estava relendo um dos meus livros favoritos "1984" de George Orwell, o que não seria nada de novo, se eu não tivesse acabado de conhecer a série : Rick e Morty".
Então eu me perguntei: "O que Harry Potter encontraria se viajasse pelo Multiverso e um deles fosse como o do Sr. Orwell?"
Você pode descobrir logo abaixo.
Boa leitura.



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— Você vem com a gente, rapaz!

Dois homens fardados agarraram  os braços de Harry e o arrancaram de cima da cama com um puxão, enquanto um terceiro tirara Gina do caminho, empurrando-a para um canto.

— Quem são vocês? O que querem? — perguntou o garoto, sentindo o ferimento na cabeça doer com aquela movimentação.

— Quieto! — ordenou o terceiro deles, com voz grave.

— Me larguem!

O garoto tentou se desvencilhar do aperto, mas em resposta recebeu um puxão brusco que fez sua cabeça girar e sua visão embaralhar e, no memento seguinte tinha sido arremessado de bruços sobre a cama, seus braços puxados para trás e algemado.

Estava sendo preso!

— O que estão fazendo?! — exclamou Gina.

A garota tentou chegar até ele, mas recebeu um empurrão tão violento que bateu contra a parede, derrubando a poltrona ao lado da cama antes de escorregar para o chão com uma careta de dor.

— NÃO TOQUEM NELA! — bradou Harry.

Tudo o que conseguiu, contudo, foi ser puxado com um arranco de cima da cama e arrastado para fora da enfermaria, enquanto os outros pacientes e acompanhantes observavam, os rostos assustados observavam, sem fazer nada.

— Me soltem! Me soltem! Para onde estão me levando?!

— Fique quieto ou vou obrigá-lo a calar a boca.

— Ei! O que estão fazendo?

Harry ergueu a cabeça e viu Tiago Parker no fim do corredor, parado ao lado da Sra. Winston. Ele parou um segundo registrando a cena e, no instante seguinte, avançou mancando contra os guardas, tentando bloquear o caminho deles.

— Não podem levá-lo! — gritou ele tentando parar os policiais que seguraram Harry.  — Eu nào vou deixar!

O terceiro guarda, porém, não estava disposto a permitir interferências, pois correu até Tiago, puxou pelo colarinho, fazendo-o se virar e meteu-lhe um murro na cara, derrubando-o no chão.

— Pegue-o!

— NÃO! — gritou Harry ao ver o guarda que caminhava na retaguarda, agarrar um dos braços de Tiago, meio atordoado, e ajudar a arrastá-lo corredor afora em direção a saída.

Eles foram levados para fora, sob o olhar apavorado das pessoas no hospital que se encolhiam a um canto quando passavam, com medo de também serem pegas se interferissem.

Ao chegarem a rua, havia dois camburões ladeados por mais policiais grandalhões com cara de poucos amigos aguardando por eles. As portas de ambos foram abertas e Harry foi jogados para dentro de um enquanto Tiago foi lançado em outro.

Harry caiu sobre o chão de metal do carro e, em seguida, colocado bruscamente sentado no banco. Um dos guardas começou a revistá-lo, encontrando apenas a varinha de azevinho no bolso interno de seu casaco.

Olhou para ela por um instante, com um misto de surpresa e descaso. Ainda assim, guardou-a consigo, antes de se sentar ao lado do garoto. Seu colega se sentou à frente do prisioneiro, mirando-o como se fosse um bandido particularmente perigoso.

As portas foram fechadas com um baque forte e, no momento seguinte o motor roncou e o camburão começou a correr.

A cabeça de Harry doía muito, mas não se importou. Encarou os policiais que o acompanhavam. Agora que podia olhá-los com calma, reconheceu o homem que estava sentado diante dele: Antônio Dolohov.

Tal qual Snape, ele parecia mais asseado e engomado, com a barba bem feita  o cabelo bem cortado, mas não havia dúvida que era Dolohov. Como o garoto poderia se esquecer? Vira mais de uma vez seu rosto pálido e torto nas páginas do Profeta Diário e em cartaz de procurado pelo Ministério da Magia no ano anterior. Harry também o encontrara no Departamento de Mistérios na noite em que Sirius se fora para sempre.

Harry não poderia esquecer os rostos dos Comensais da Morte presentes.

Olhos de esguelha para o policial ao lado, que tomara sua varinha.

Era um tipo grandalhão, de cabelos claros e feições duras. Harry não se lembrava de tê-lo visto antes, mas mesmo que não fosse um Comensal da Morte em seu mundo, ali ele parecia pertencer a mesma laia de Dolohov.

Harry fechou a cara para os dois.

— Para onde estamos indo?

— Quieto — disse Dolohov, ou qualquer que fosse seu nome naquele mundo.

— O que fizeram com o meu pai?

— Mandei calar a boca — repetiu.

— Por que me prenderam? O que eu...?

Antes que pudesse terminar a pergunta, levou um forte tapa no rosto. Calou-se ao sentir a bochecha arder e o ferimento na cabeça dar uma pontada particularmente forte.

Aquilo não era bom. Aqueles guardas nem hesitaram em dar-lhe uma pancada, o que significava que não havia consequências se ele se machucasse. Eles poderiam fazer coisa pior se quisessem e não teriam problema algum.

Harry se comportou a viagem inteira. Não renderia muito tentar arrancar algo daqueles dois e ter de ficar apanhando por isso.

Depois do que pareceu um longo tempo, o camburão diminuiu a velocidade até que finalmente parou. Momentos depois, as portas se escancararam e os policiais empurraram Harry para fora.

Ele se viu em meio ao que parecia uma espécie de garagem subterrânea. Ele procurou o outro camburão onde deveria estar Tiago, mas não viu sinal algum do carro. Eram apenas os policiais e ele naquele lugar deserto e escuro.

— Ande — ordenou o homem de cabelo claro e grandalhão.

O garoto foi guiado por uma porta dupla que dava para um corredor comprido. Seguiram em silêncio e passaram por uma espécie de recepção, onde havia um guarda que liberou a entrada por uma porta metálica. Avançaram por mais um corredor. Desceram uma escada, outro corredor, mais uma porta de aço entrada para um cartão magnético, mais corredores e...

Pararam diante de uma porta grande e pesada. O homem loiro retirou as algemas dos punhos de o garoto, enquanto o duplo de Dolohov abria a porta.

Era uma cela.

— Entre — ordenou.

Harry hesitou. O policial então o empurrou com força para dentro, trancando-o ali.

Não havia luz, a não ser a que vinha da fresta larga debaixo da porta. Depois que seus olhos se acostumaram com a escuridão, ele percebeu que havia uma cama metálica à um canto, onde se sentou. Colocou a mão na cabeça e fez força para pensar.

A situação era péssima. Queria dizer a si mesmo que já passara por coisa mais grave, mas não podia. Sempre que enfrentara algum problema, podia contar com seus amigos para ajudá-lo. Fora assim durante o roubo da Pedra Filosofal, do resgate de Gina na Câmara Secreta e até quando tentou ajudar Sirius à escapar dos dementadores no terceiro ano. Mesmo quando fora levado para uma audiência no Ministério da Magia e as coisas se tornaram injustas para ele, Dumbledore aparecera para defendê-lo.

Mas agora estava preso e sozinho, e seus amigos estavam a um universo de distância. O Sr. Parker fora preso, a Sra. Parker e Sirius não podiam fazer nada. Ninguém iria ajudá-lo.

Harry supunha que devia ter se passado cerca de uma hora no escuro e imaginava se conseguiria realizar mais uma de suas fugas milagrosas daquele lugar, quando ouviu o barulho de passos se aproximando. Aprumou-se na cama ao mesmo tempo que a porta se abria. Precisou usar a mão para proteger os olhos da claridade forte que entrava, mas pode ver bem a silhueta de dois homens: um parado a porta e o outro entrando decidido na cela, um cassetete em sua mão.

O braço erguido de Harry foi providencial. Ele viu o homem levantar o cassetete e usou o braço para aparar o golpe quando este desceu com toda a força.

Harry já sofrera os efeitos da Maldição Cruciatus e nenhum ferimento que alguém pudesse lhe infligir poderia ser pior, mas quando seu braço sentiu o impacto a dor realmente surpreendeu o garoto.

Ele viu a arma se erguer de novo, acima da cabeça do homem e se preparou, protegendo a cabeça com os braços e encolhendo-se todos para tentar proteger as costelas. Talvez se não tivesse nenhuma experiência com surras na escola, teria cometido a tolice de tentar revidar. Era dois caras adultos e armados contra um garoto menor, mais fracos e sem arma alguma. Era inútil lutar contra eles, tudo o que podia fazer era se defender.

Harry acabou escorrendo para no chão de pedra e aguentou a surra valentemente.

Não demorou muito para que parassem e saíssem da cela, trancando-a aos passar. Todavia, o garoto ficou ali no escuro, estirado no chão frio, dolorido demais para se mexer. Levou um bom tempo para que ele se esticasse e se arrastasse para cima da cama, que não era muito diferente do chão em termos de temperatura e dureza.

Pensou se teria quebrado algum osso. Provavelmente não, mas a sensação era bem ao contrário.

Fechou os olhos e a claridade da porta desapareceu.

* * *

O barulho da porta se abrindo assustou Harry. Por quanto tempo ele não sabia.

Com esforço ele se sentou na cama e, desta vez, os dois homens entraram na sela e agarraram seus braços, puxando-o para fora dali. Na claridade do corredor, Harry viu que eram novamente Dolohov e seu colega. Olhando para o peito dos guardas, o garoto leu os nomes A. Markov e A. Campbell.

Avançam por uma sequência de corredores, que Harry não conseguiu decorar, uma vez que estava meio tonto e seus olhos ardiam com a luz, por isso mantinha a cabeça abaixada. Ao se perguntar se ainda faltaria muito para andar, chegaram à uma porta semelhante à da cela, mas que ao ser aberta, revelou uma sala mais clara, sem janelas, contendo uma mesa aparafusada no chão e duas cadeiras.

Colocaram Harry sentado e o algemaram à mesa. Então eles se viraram e saíram, deixando-o sozinho outra vez.

Os minutos se arrastaram e o garoto permaneceu ali por um bom tempo, sem saber o que viria a seguir. Foi quase um alívio quando a maçaneta se mexeu e a alguém finalmente apareceu. Todavia, o ânimo de Harry voltou ao fundo do poço assim que viu quem era.

Severo Statham puxou a cadeira logo à sua frente e se sentou, colocando uma pasta aberta sobre a mesa.

— Harrison Parker, nascido em 31 de outubro de 1980, Londres, Bretanha. Mudou-se para Castleton aos 6 anos, onde passou a morar com seus avós paternos. A cerca de quatro anos, após a morte de seu irmão gêmeo, Henry Tiago Parker, voltou a morar com seus pais, Lílian e Tiago Parker, agora em Windshill, correto?

— Correto.

— Errado — contrapôs Statham fechando. — Sr. Parker, descobrimos que todos os seus documentos são falsos. Sua carteira de identificação, seu número de registro e todos os seus papeis que comprovam sua identidade são falsos. Seus registros médicos, seus boletins escolares, listas de presença em classe, suas fotos de família, tudo falsos. Ninguém conhece você na vizinhança em que devia ter morado, nem na sua atual. Todos os seus dados são falsos, Sr. Parker. Tem alguma explicação para isto?

Harry passara os últimos cinco anos letivos tentando mentir para Severo Snape e nunca funcionara. Agora estava ali, tentando mentir para Severo Statham e alguma coisa lhe dizia que não daria certo. Ainda assim, precisava tentar.

— Não sei o que dizer, senhor. Deve haver algum engano.

— Meu departamento não comete erros, Sr. Parker. Agora, por que não facilita as coisas e diz a verdade?

— E que verdade poderia haver além dessa? — perguntou Harry, com mais coragem do que realmente tinha.

— Isto é o que o você deve me dizer, Sr. Parker — disse Statham sem se alterar. — Mas por que não começamos com seu nome?

— O senhor já sabe. É Harrison Parker.

Statham suspirou. Ele se inclinou para Harry, apoiando os cotovelos sobre a mesa e entrelaçando os dedos.

— Você sabe que prendemos Tiago Parker — falou com voz de seda. — Pelo pouco tempo que está aqui, já deve saber o que o aguarda. Ele acabará confessando tudo, é claro. Você poderia poupá-lo do sofrimento se quisesse. Se me contar a verdade, asseguro-lhe que não haverá necessidade de maltratar seu suposto pai.

Harry ficou quieto.

Desde a surra que recebera na cela, não parava de pensar onde e como estaria Tiago Parker.

— Devia pensar em Lílian Parker também...

— Nem pense em fazer mal à ela! — rosnou Harry, sem conseguir se refrear. — Não encoste um dedo nela!

Statham ergueu uma sobrancelha.

— Bem, isto é com você, não é?

O garoto contraiu os lábios e inalou pelas narinas com força. Odiava Snape, e agora odiava ainda mais aquela cópia mesquinha à sua frente, se é que aquilo era possível.

— Se eu contar a verdade, não vai acreditar — falou, por fim.

— Por que não tenta?


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Notas finais do capítulo

Então, né...
O Harry acabou preso e as coisas estão feias para ele. E claro que tinha de ser o Statham para azucrinar ele para contar a verdade.
Agora, o que vai acontecer quando o garoto contar já é uma história para o capítulo seguinte.
Fica a indicação do livro "1984" para quem se interessar à ler. É um clássico. Além da série de animação "Rick e Morty" que eu super recomendo!
Obrigada por lerem até aqui.
Até mais.



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