P.O.V. Isabella Swan

— Bella, o que você está fazendo? – Renesmee perguntou, tentando ler o que eu escrevia no papel.

— Eu vou domar os Monicões. Estou vendo aqui os modos que posso fazer isso. – Expliquei.

— Você faz parecer que eles são horríveis. – Ela falou.

— Eles são cachorrinhos encapetados. – Falei, dando de ombros.

— E quais são suas estratégias? – Ela perguntou curiosa.

— Não sei, ainda não pensei em nada. – Falo frustrada, continuando a resolver o Sudoku.

— Faz-me rir. – Ela falou, rolando os olhos. – E Emmett? Ele queria falar com você, até ligou para mim mais cedo.

— Ah, sim! – Falei e corri para o celular, ele tinha descarregado no trabalho e não pude falar com ele.

O celular chamou algumas vezes até que ele atendeu.

— Bellinha! Tentei falar com você e não consegui. Trabalho novo?

— Sim, agora sou babá de cachorros. – Falei e vi que ele se engasgou, provavelmente estava rindo. – Emmett?

— Desculpe, ouvi você falar que é babá de cachorros, você poderia repetir?

— Você ouviu cer... – Fui interrompida pela gargalhada dele, que é alta. – Eu não ri de você quando você estava trabalhando de rosquinha naquela lanchonete. – Resmunguei.

— O quê? Você passou horas rindo, tirou foto e ainda publicou no Facebook!

— Veja pelo lado positivo, teve mais clientes! – Argumento. Eu claramente fiz um bem para ele.

Ele bufou do outro lado, depois começou a rir de novo.

— Espere só até Kate souber no que a tia está trabalhando. – Falou divertido.

— Diga, pode dizer. Nem ligo. – Falei fazendo bico, mesmo ele não podendo ver.

— Pode desfazer esse bico que eu sei que está fazendo. – Falou, ele sabia exatamente a minha reação. – Você tem certeza de que não quer vir para Seattle fazer uma faculdade? Bella, você só tem 19 anos, deveria estar fazendo alguma especialização. – Ele falou em tom paternal.

Era sempre assim, como irmão mais velho e responsável por mim depois que nossos pais morreram, ele tende a ter os momentos de pai.

— Eu sei que você queria que eu fizesse isso, mas não tenho certeza do que quero fazer. – Falei baixinho, mexendo na barra da minha saia. – E eu quero ver se consigo minha independência, okay? Prometo que se nada der certo eu volto para Seattle e faço uma faculdade.

— Certo, eu só quero que seja feliz, irmãzinha. – Falou em tom doce.

— Okay, agora vamos parar que já está muito meloso. – Falei, fungando um pouco. Eu sinto falta de conviver com ele, Rose e Kate, mas tenho que provar que sou autossuficiente.

— Certo, eu te amo.

— Também te amo. Manda abraço para as meninas.

— Okay, tchau. – Então finalizamos a ligação.

Eu vou fazer dar certo.

(...)

Bati na porta da mansão e Eleazer me recebeu novamente, sorrindo.

— Oi, menina. Seus amiguinhos já estão acordados. – Falou divertido.

— Se meus amigos são assim, tenho medo se fossem inimigos. – Falo divertida, e ele riu.

— Bom ponto.

Quando cheguei na sala parecia que o apocalipse tinha acontecido. Tinha pelos voando pelo ar, latidos, sacolas rasgadas espalhadas, almofadas espalhadas e cachorros pulando e se mordendo. Quando me viram parece que acharam a luz, pois vieram correndo em minha direção.

— AAAAAAAAAAAH! – Corri para cima do sofá, com medo deles me derrubarem. – Cachorros feios, não pulem em cima de mim. – Falei para eles, mas mesmo assim subiram no sofá e se apoiaram em cima de mim, balançando o rabo freneticamente.

Passei a mão hesitante em cima da cabeça deles e eles recuaram, indo para o meio da sala brincar – ou brigar – novamente.

— Hoje eles acordaram com um gás a mais. – Resmunguei comigo mesma. Peguei um pedaço de sacola e chamei a atenção deles. – Vocês não podem rasgar, estão me ouvindo? Vocês não podem ficar bagunçando desse jeito, se não vão ficar de castigo. – Eles permaneceram me olhando, balançando o rabo.

Acho que isso quer dizer que estão nem ligando.

Arrumei toda a sala novamente e até que estava apresentável.

Ambos estavam com a língua para fora deitados em cima do tapete, me olhando curiosos.

— O que foi? Nunca me viram antes? – Pergunto irritada, mas eles apenas começam a balançar o rabo novamente. – Certo, estão felizes hoje. Bom para vocês, porque eu acordei de mal-humor.

Eles continuaram quietos, então fui ao pote deles de ossos mastigáveis na dispensa e peguei um para cada.

Quando voltei para a sala não estavam mais lá, para onde eles foram?

Olhei no quintal e não estavam, nem no quarto de brinquedos, nem na lavanderia, nem na cozinha – onde Alice afirmou que nenhum apareceu –, então a única opção restante foi o andar superior, onde eu não explorei ainda.

Ao chegar em cima, saí à procura deles. O primeiro cômodo estava fechado, o segundo também, assim como o terceiro, mas o próximo estava com a porta aberta, e em cima da cama estava Nina, deitada tranquilamente enquanto Harry estava em uma gaveta, com uma cueca na boca. A cueca do chefe! Estou morta.

— Nina, desce daí! – Ela levantou a cabeça, mas abaixou e continuou ignorando. – Harry, saí daí! – Ele não fez nada, continuou mordendo ela.

Corri para as gavetas afim de tirar ele de lá, mas ele saiu antes que eu fizesse isso, mas não sem uma cueca na boca. Corri atrás dele mas ele se enfiou embaixo da cama, me enfiei atrás dele mas ele saiu pelo outro lado e foi para fora do quarto. Tirei Nina de cima da cama – que tentou me morder em protesto – e fechei a porta. Praticamente voei pelas escadas atrás de Harry, mas não o estava achando em lugar algum.

O achei no quintal, deitado no sol e roendo a cueca.

— Harry Masen, me dê essa cueca agora!

Ele nem se deu ao trabalho de me olhar, virou de costa para mim e continuou seu trabalho. Cheguei perto silenciosamente e arranquei a cueca da sua boca, não sem antes escutar o barulho característico de rasgado.

Oh, não. Fiz uma careta e respirei fundo, depois abri meus olhos e vi quase metade da cueca, antes branca, agora marrom.

— Harry Masen, você está de castigo. – Ele saiu correndo de volta para dentro de casa.

Fui atrás, mas com certa dificuldade. Afinal, eu sou sedentária e ele apesar de ser gordo e baixinho era um projeto de Bolt correndo.

Em dado momento eu consegui pegá-lo. O puxei para a casa dele e o coloquei na corrente.

— Você vai ficar aí uma hora por ficar mexendo onde não deve. – Falei para ele e ele ficou latindo para mim. – Não adianta dar desculpas, vai ficar aí, sim. – Ele deitou e me encarou com olhos tristes, resisti à tentação de soltá-lo, mas ainda tenho mais uma cachorra para ficar de castigo.

Cheguei na sala e ela estava deitada no sofá, fingindo que eu nem estava presente junto com ela.

— Você também, mocinha. Não é para subir na cama do chefe, nem no sofá. – Ela continuou me ignorando, até fechou os olhos.

Peguei ela no colo e a levei para a casa dela, enquanto ela se debatia tentando fugir.

— Não vou deixar, não. Vai ficar uma hora também, os dois, para pensar no que fizeram. – Harry parecia indignado, Nina me deu as costas, aparentemente ofendida.

Bufei, indo arrumar a bagunça no quarto do chefe. Eles acordaram com a macaca hoje.

(...)

Quando o castigo acabou a casa estava em ordem, Alice me ajudou, colocando as cuecas para lavar, já que estavam cheias de pelo, assim como a colcha de cama.

Arrumamos tudo e a casa estava em ordem. De vez em quando Harry latia em protesto, mas o ignorei. Quando os soltei era hora do almoço, então coloquei ração para eles e fui almoçar também, afinal, tinha que lidar com eles.

Dei ossinhos e bichinhos de borracha para eles ficarem mastigando durante a tarde, mas às 15:00 era a hora do passeio para tirar o estresse deles. Aff, a estressada aqui sou eu!

Novamente os preparei para sair de casa para dar uma volta pelo quarteirão, segurei um em cada mão e saímos como pessoa e cachorros felizes. Novamente sempre aparecia alguém para chamá-los de fofos, porque eles não conhecem os cachopetas que são. Tudo estava indo bem até que na volta apareceu o diabo de um gato, um gato! Um gato retardado do inferno! Era um lindo gato fofo, mas foi mandado pelo capeta porque ele chiou para os cachorros e eles me arrastaram atrás dele.

— Se aquietem! Vamos! Deixem ele! – O gato continuava provocando, enquanto os cachorros latiam e me puxavam, Harry era o que estava tendo mais sucesso, minhas mãos estavam ardendo de tanto forçar eles a recuarem, eu temia que minha mão acabasse ferindo.

— Vamos para casa agora! – Praticamente os arrastei para o lado oposto, tendo resultado quando o gato encapetado sumiu das nossas vistas. – Vocês não podem ver nada? Credo. – Fui resmungando comigo mesma, enquanto algumas pessoas me olhavam estranho. Nem ligo!

Quando chegamos em casa eles correram para a vasilha de água, bebendo como se há dias não vissem água. Eu também fui beber água, afinal, eles me deixaram só o pó, sentia meus músculos reclamando pelo esforço feito. O lado bom é que eu comecei o meu projeto fitness sem precisar ir para a academia.

Estava suada, morta de cansada, mas eu não podia me dar ao luxo de deixar os cachorros sozinhos, e também não tenho troca de roupas aqui, o que trarei a partir de agora.

Quando voltei para a sala os Monicões estavam dormindo no tapete, como se fossem cachorrinhos comportados.

Me sentei no sofá e novamente foi o momento que o chefe chegou, ele gosta de chegar nesses momentos! Senhor!

— Olá, senhorita Swan. Parece cansada. – Ele falou, com seu costumeiro tablet na mão.

— Estou morta, eu estava na rua com eles e eles acharam um gato. – Resmungo chateada.

— Deve ter sido bem difícil segurar eles. – O chefe falou, prendendo o riso.

Estreitei os olhos para ele, se não fosse meu chefe...

— Certo, vou para casa tomar banho, vou surtar se ficar mais algum minuto nessas roupas. – Falei, me levantando.

— Certo, sinta-se à vontade para trazer uma muda de roupa amanhã se quiser tomar banho aqui. – Ele ofereceu gentilmente.

— Okay, boa noite, senhor Masen.

— Boa noite, senhorita Swan.

Estava quase na porta quando lembrei do pequeno incidente em seu quarto.

— Ah, senhor Masen, talvez devesse fechar a porta do seu quarto. – Falei e ele me olhou confuso. – Algum cachorro pode entrar lá, abrir a gaveta e rasgar sua cueca. – Falei e corri antes de ter uma resposta, uma atitude bem madura.