Inferno Particular escrita por Neline


Capítulo 1
Welcome to the hell!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! ;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/75508/chapter/1

Levantei e coloquei um vestido tubinho, preto. Deixei os cachos soltos e coloquei uma tiara amarela, combinando com o peep toe que eu estava usando, peguei meus materiais e sai da cobertura luxuosa que eu vivia em pleno centro de Londres.  Fui até a escola e passei pela diretora Luna. Ela é um amor de pessoa, diferente da sub-diretora, a Ianka.  Aquela mulher faz de tudo para me irritar desde que eu entrei na escola, há 5 anos atrás.

- Bom dia Blair! – Luna veio me abraçar. – Tenho novidades. – Ela disse sorrindo.

- Espero que sejam boas. Se forem ruins, por favor, não conte. – Ela riu e sentou ao meu lado na sala dos professores.

- Não é a melhor noticia do mundo, mas não é ruim. Teremos um inspetor na escola por um ou dois meses. Caso ele fale bem da nossa escola, podemos ser selecionados para ganharmos uma estrutura nova! Não é uma maravilha! E escolhemos as suas aulas para ele assistir. Ianka falou com ele e disse que ele é um doce. Diga que aceita B., confio no seu trabalho e precisamos ser contempladas. Te dou uma caixa de bombons se você conseguir! – Uau, é tão emocionante que não consigo nem expressar tamanha alegria. Eu odiava inspeção. Não por não confiar no meu trabalho, mas gente de fora sempre deixa a turma nervosa. Sem motivo. Eu que deveria estar congelada, afinal, eu estava sendo avaliada, e eu odeio ser colocada a prova. Mas por outro lado, precisávamos de uma escola nova. Alguns chamariam nossa escola de patrimônio histórico ou arquitetura vintage. Eu chamo de velharia cheia de falhas. Mas bem...

- Vou aceitar, mas que fique claro que é só pelos bombons. – Nós rimos. – Se a Ianka gostou dele, tenho certeza que vou odiá-lo, mas se ele não abrir a boca e não atrapalhar minha aula sairá vivo. Oh, o que eu não faço por uma caixa de bombons. – peguei meus materiais e me dirigi para sala de aula logo que o sinal bateu. As turmas eram tranqüilas e os alunos gostavam de mim. Bem, pelo menos, é o que eu acho. Minha primeira aula era em uma 8ª série, e a matéria era artes. Estávamos trabalhando artes cênicas e eles queriam organizar uma peça de teatro paga para fazerem a formatura. E eu ia ajudar.

 

- Bom dia meus adolescentes revoltados favoritos! – Adorava chamar eles assim.

- Bom dia professora mais gostosa do colégio! – E eles sempre me recebiam assim.  Eu ri. Expliquei para eles do inspetor e mandei eles ficarem mudos se quisessem a peça. Sim, eu sou muito gentil e ainda não tinha esquecido o poder de uma boa chantagem.

- Bom dia professora Waldorf. É Waldorf, certo? – Ok, eu conheço essa voz. Olhe para a porta, Blair, não que ai parada como uma estátua de gelo. Virei lentamente e lá estava ele. Escorado na porta com um meio sorriso sarcástico no rosto. Depois de cinco anos, Chuck Bass estava parado na minha frente, como uma assombração.

- Profª, a senhorita está bem? – Finalmente sai do transe quando Angel, uma garota delicada com uma voz linda e um talento de atriz falou comigo.

- Entre estranho, sente-se não atrapalhe mais a minha aula. – As garotas cochichavam sobre como ele é totalmente gato, e alguns alunos me encaravam com uma cara de ‘WTF?’. Não, o jeito que eu tratei ele não estava no protocolo.

- Então bebês, - eles riram – afastem as cadeiras e deixem a sala livre. Hoje vamos simular cenas de raiva e tristeza. Falando nisso, já decidiram que peça vocês querem encenar? – ouvi um não em coro.

- Vocês sabem que por mim alguém estaria vestida de Audrey Hepburn e o cenário teria que ter a Tiffany’s, mas vocês não sabem apreciar um bom clássico. – todos riram, mas eu ainda não estava completamente à vontade. Deus! Existem tantas escolas, tantos professores, tantas cidades, tantos países, tantos planeta! Por que ele tinha que estar bem aqui?

- Ainda assistindo Bonequinha de Luxo, B.? – Agradeçam por não ter nada que eu consiga levantar e arremessar nele por perto.

- Vocês se conhecem? – Alguém perguntou.

- Não. Eu não vejo gente morta. Agora cale-se e me deixe continuar minha aula. – todos me olharam surpresos. Menos ele. Ele ainda tinha aquele sorriso sarcástico no rosto. Inferno de homem!

 

Fizemos as cenas que incluíram muitas lágrimas, emoção, desabafos contidos e até uma cadeira voando.

- Ótimo pessoal. Vocês tem duas semanas para escolherem a peça e dar o nome dos candidatos a personagens principais, ok? – Eles assentiram e o sinal bateu. Sai da sala correndo. Não, sem exagero, eu sai correndo no meio dos corredores da escola desviando das crianças com um salto 15. Valia qualquer coisa para não ter que agüentar o Chuck. Cheguei na sala da direção correndo.

- Eu quero falar com a Luna, é urgente. – Adivinhe quem se virou um sorriso radiante e debochado para mim?

- Oh, Blair querida! Que pena, a Luna não está. Mas tenho certeza que posso resolver, seja lá o que você precise. – Ianka. Ah, como eu ainda vou matar ela um dia. Pode ter certeza que ela estava completamente disposta a me ajudar, se é que vocês entendem a ironia. Ajudar na minha morte precoce, é claro. Um dia ainda ia ter um infarto por causa daquele despacho de brechó.

- Não tem nada para “resolver” .– falei desenhando das aspas com os dedos – Só vim informar que não quero mais o inspetor nas minhas aulas. – sorri calmamente. Eu não estava disposta a ter o Chuck todos os dias grudado nos meus calcanhares. Ah, não, muito obrigada.

- E quem disse que você tem escolha? – Ela falou no mesmo tom. – O inspetor fica. Então seja uma boa garota e volte para sala. Ah, já que você gostou tanto dele, apresente a escola. – Calma Blair. Respira, inspira. Respira, inspira. Respira, inspira. Por favor, não a mate com uma tesoura. Agora. Ela merece uma morte lenta e dolorosa, e você precisa de mais tempo para planejá-la.

- Mas Ianka... – ela não me deixou terminar.

- Olha aqui Waldorf, eu sei que você se sente protegida , mas enquanto eu estiver aqui, você é uma professora comum. Então a menos que queira ficar longe dessas crianças melequentas, trate o senhor Bass muito bem. – Revirei ou olhos, bufei, bati os pés e fiz tudo o que podia. Mas ela apenas completou com um: - Espero que esteja bem animada para isso, B. – Não ela não ia desistir.

- É claro Iankinha, é claro! – Falei batendo palminhas com uma falsa animação.

 

Eu tinha (por sorte) a 2ª e 3ª aula livres. Dos vários amigos, amigas e paqueras, eu tinha uma pessoa bem diferente. Mas não pouco importante. O Pepê foi uma das primeiras pessoas que conheci em Londres... bem.. ele era gay. Ok, gay não é a melhor maneira de descrevê-lo: ele é uma verdadeira mulher histérica em um corpo (lindo, maravilhoso e sarado) de homem. É, eu sei o que você está pensando: que desperdício! Mesmo assim, ele é o único que sabe de todo o meu passado. Todos os detalhes. Então, fiz o que qualquer mulher em pânico faz: me tranquei no banheiro com o celular e disquei o número do Pepê. Aquele tu tu tu nunca foi tão irritante. Sabe aquele ditado que diz que o tempo é uma questão de perspectiva? Então, na minha perspectiva o tempo não passava. Sabe quando falta 1 minuto para acabar a aula e você fica olhando o relóio, e aquele ponteiro de segundos simplesmente não anda? Quando ele atendeu, acho que nunca fiquei tão aliviada em ouvir a voz dele. Não que o ataque histérico tenha sido uma coisa muito agradável...

 

- Oi minha reencarnação de Audrey Hepburn! O que aconteceu? Não diga que quebrou o salto daquele stilettos ma – ra – vi – lho - sos que a gente comprou semana passada. Menina, você não imagina o quanto eu queria ter um pé que suportasse um salto 15... – Só ele para me fazer rir numa hora dessas.

- Não Pê. É muito pior. – Quase morri quando ouvi um som de espanto do outro lado da linha. – Um demônio acaba de ser conjurado do meu inferno particular e colocado de novo no meu caminho depois de oito anos. – Não que “demônio” fosse a melhor maneira de descrever o Chuck. Ele é o inferno inteiro.

- Quem? O tal de Chuck Bass? – Uau, que memória. Murmurei o melhor uhum que consegui. – AMIGA? COMO ASSIM? ELE TE PROCUROU, TROUXE FLORES? CHOCOLATES? SAPATOS? BOLSAS? ANDA GAROTA FALA ALGUMA COISA! – Tentei rir. Na verdade, queria rir. Mas pensei em como seria se o Chuck tivesse feito alguma das coisas que o Pê falou. Talvez eu... não.

- Não. Por incrível que pareça, ele é meu inspetor. Acredita nisso. Chocante, eu sei, mas além de ter que passar todas as aulas com ele no meu encalço, a vaca da Ianka vai me fazer apresentar a escola para ele. Ou eu mato a Ianka ou me mato. Sinceramente, antes de me matar eu vou matar a Ianka de qualquer jeito. Que Inferno! – Fui saindo do banheiro calmamente.

- Ah querida, não se preocupe! Daquela naja a gente cuida depois. É só fazer ela morder a língua. – Eu ri. – Mas o que vai fazer agora? Que tal se embebedar e ficar com o primeiro italiano gostoso que você ver pela frente? Garanto que é um ótimo remédio.

 – Eu bem que gostaria, Pepê, mas  agora eu tenho aula. Geralmente, seria ótimo, você sabe o quanto eu adoro o que faço. Se não gostasse não ficaria nessa escola, o salário não paga nem um dos meus sapatos, querido. Mas sabe o que é o pior? Saber que eu vou ter que ficar uma 1 hora e 45 minutos olhando para cara daquele desgraçado do... – A próxima coisa que eu senti, foi um respiração quente contra meu pescoço.

- Vai ter que olhar para quem, Waldorf? Deixei o celular cair. Não consegui me mexer. O passado do qual eu tanto fugi estava na minha frente de novo. Quer dizer, estava atrás de mim. Bom, ele estava, com certeza, mais perto do que deveria.

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, deixem reviews para mim saber o que acharam!

XOXO. Neli ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Inferno Particular" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.