Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 3
Descobertas, descobertas, demissões à parte


Notas iniciais do capítulo

Datas especiais merecem capítulo e pra hoje temos o níver dessa coisinha fofa que é o Katsuya (sim, eu sou o tipo de autora e pessoa que comemora aniversário até dos personagens, me julgue u.u).

Parabéns pro meu bebê e boa leitura pra vocês! >3
Ah, e na sexta ou sábado vai sair capítulo de Utopia. Dois pra essa semana o



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754805/chapter/3

A moto estacionou em frente à cafeteria, mas o passageiro parecia não estar com vontade de descer, visto a força que usava para abraçar o homem à sua frente.

 

— Tudo bem aí atrás? – a pergunta de Takeo veio acompanhada de uma risada que irritou Mikaru. Por que ele tinha de zombar de tudo? Era óbvio que não estava muito bem.

 

— Precisava correr tanto? – finalmente Mikaru o soltou, suspirando fundo antes de descer para a calçada, tirando então o capacete – Podíamos ter vindo de carro.

 

— Eu não corri, koi. Na previsão não falou nada sobre chuva e eu estava com vontade de dirigir essa belezinha. – Takeo deu de ombros, dando um tapinha carinhoso na lateral da moto – Só hoje não faz mal.

 

— Que seja. Obrigado pela carona. – veio a resposta num murmúrio. Mikaru estendeu o capacete e se afastou, sendo impedido por dedos em seu pulso.

 

— Hei, não ganho beijo de despedida? – Takeo puxou-o de volta, fazendo charme, mas o olhar desceu para as roupas do namorado pela terceira vez naquela manhã.

 

Hayato poderia ser considerado bem eclético no quesito moda. Usualmente, ele pendia para o social esportivo, com jeans e camisa social, quebrando a seriedade do estilo com lenços, óculos e às vezes até mesmo pegando sua jaqueta emprestada. Em raras ocasiões o viu colocar algo totalmente solto, em particular para os dias de limpeza no escritório ou quando foram decorar a cafeteria. Contudo, vê-lo com um estilo todo social e até gravata lhe dava agonia. Não que estivesse feio, mas era engomadinho demais. Takeo precisou conter a vontade de arrancar aquele blazer e tirar-lhe a camisa de dentro da calça.

 

Saiu de seus pensamentos ao sentir um beijo leve em sua bochecha, a seguir o namorado entrou correndo no estabelecimento, sem lhe dispensar um pouco mais de atenção. Deu de ombros, colocando o capacete, ligando novamente a moto e partindo para seu trabalho.

 

Mikaru sabia que o amigo ia continuar insistindo até conseguir o que queria, então optou por um beijo no rosto, esperando que Izumi não fizesse o mesmo com Katsuya. Não estava com ciúmes do garoto. Ele não tinha problemas com essas coisas, mas o namorado era inocente demais e não confiava em Izumi.

 

Atravessou o espaço até a escada que levava ao piso superior, desejando se esconder para sempre, mas metade dos funcionários decidiu abordá-lo, desejando ‘bom dia’ com sorrisos abertos e elogiando seu novo estilo.

 

— Bom dia, Izumi-san! – Miura, uma das funcionárias mais velhas de casa se aproximou quando Mikaru finalmente conseguiu chegar ao primeiro degrau, estendendo-lhe alguns papéis – Essas são as notas dos produtos entregues hoje pela manhã. Poderia repassar para Kazunari-san? Ele disse que quer conferir antes de encaminhar para o contador.

 

— Você não tinha que entregar pessoalmente? Acho que ele comentou algo a respeito. – na verdade, Mikaru tinha certeza que havia pedido para Miura entregar os papéis em suas mãos, pois Izumi ainda iria arquivar por engano e atrasar todo o processo.

 

— Bom, sim… mas sabe como ele é. – ela deu de ombros, falando tranquilamente, como se aquele fosse um assunto cotidiano entre os dois – Vai inventar que tem vários erros, me pedir para entrar em contato com a empresa pra emitir outra, vai me olhar feio. Não, obrigada, prefiro evitar contato. Sem falar que ele só passa aqui mais tarde, não quero ficar andando com papel pra todo lado e correr o risco de molhar ou estragar algum.

 

— Na verdade ele deve chegar daqui a pouco. Nós temos algumas coisas pra resolver.

 

— Bom dia, Izumi-san! Gostei do visual novo. – Sasaki, outro funcionário se aproximou, intrometendo na conversa – Quem vai chegar?

 

— Kazunari-san vem mais cedo. – Miura recontou a novidade, como se anunciasse a chegada de um desastre. O dia seria longo – Ah, droga… por que vocês não marcam essas reuniões pro meu dia de folga?

 

— Lá vou eu ter que limpar as mesas todas de novo! – Sasaki se juntou aos lamentos, olhando com pesar para o salão – Ele nunca acha que está bom! Isso é falta de amor naquele coração de gelo!

 

— E tem gente que ainda diz que ele namora! Conseguem imaginar um absurdo desses? Quem ia aguentar ele? Deve ser careta até na hora de transar! – Miura se virou para quem supôs ser Hayato, questionando baixinho – Ele está mesmo namorando? Me conta, vai! Por favor!

 

Mikaru sentiu o rosto queimar num misto de raiva, frustração e vergonha. Estavam querendo saber da sua vida pessoal?! Apertou as mãos em punho, focando em não perder a calma. Não era ele ali, precisava fingir que não era ele ali! Ou todos estariam demitidos com justa causa até o fim do dia.

 

— Peça para ele me procurar assim que chegar. – Mikaru pediu enquanto virava as costas, finalmente conseguindo chegar ao andar superior, se fechando na sala.

 

— Izumi-san parece meio tenso, não achou? Deve ter acontecido algo sério. – Sasaki olhou para onde o gerente estava, dando de ombros e voltando para o salão acompanhado da colega.

 

* * *

 

Hayato agradeceu ao motorista pela carona, avisando que deixaria os pacotes no carro e que ligaria ao final do expediente para voltar para casa. Não notou o olhar atônito do homem em sua direção quando virou as costas, que se perguntava se havia escutado direito: o patrão havia mesmo lhe agradecido pelo trabalho.

 

Aproximou-se do balcão, sorrindo para a atendente que arregalou os olhos em respostas, apenas cumprimentando com um gesto de cabeça.

 

— Bom dia. Izumi já chegou? – havia treinado aquelas falas no carro para não errar e se chamar pelo primeiro nome. Mikaru nunca fazia isso, nunca o chamou de Hayato ou de Arata.

 

— S-sim… está na gerência, senhor.

 

— Obrigado. – agradeceu no tom mais sério que conseguiu, caminhando até as escadas.

 

— Quem importante morreu pra fazer aquele homem se vestir de preto?! – Sasaki se aproximou do balcão assim que o empresário se afastou, olhando incrédulo para a colega – Você viu aquilo? O homem só anda de branco pureza total e agora foi pro lado das sombras!

 

— Você tá falando da roupa porque não viu o sorriso que ele mostrou! – Miura, que estava por perto, se juntou à conversa – Deu até arrepios! Nem sabia que ele podia sorrir!

 

— Ele me agradeceu! – a atendente contou num fio de voz, se sentindo tremer por dentro.

 

— Espero que tenham trazido guarda-chuva de ferro, porque vai chover canivete! – Miura vasculhou o bolso do uniforme, retirando um omamori* de lá e mostrando para os colegas, depois devolvendo o objeto ao lugar – Um pouquinho de fé não faz mal pra ninguém.

 

* * *

 

Hayato fechou a porta às suas costas, observando o homem sentado no sofá, uma sensação estranha lhe acometendo. Estava vendo o seu corpo ali, mas não era ele. E então reparou nas roupas. Takeo deve tê-lo chamado de engomadinho a manhã inteira! O namorado sempre implicava quando usava algo mais formal.

 

— Bom dia, Mikaru. Chegou aqui sem problemas? – depositou a mochila do empresário na mesa, sentando na poltrona de frente para ele.

 

— Que merda é essa que você me fez vestir? Tem noção do quanto roupas escuras me deixam pálido?

 

— Nada que um pouco de maquiagem não resolva. – Hayato acenou com descaso, recebendo um olhar reprovador. Ele sabia que Mikaru não aprovava o uso de produtos de beleza – E fiz o favor de renovar um pouquinho seu armário. Estava muito sem graça e sem cores.

 

— Gastou o meu dinheiro pra comprar isso?

 

— Bom, se eu vou ser você, pelo menos que seja com estilo!

 

— Quer dizer que preciso agir feito um idiota pra fingir que sou você?

 

— Me faça parecer idiota e no dia seguinte vou vir com a roupa que te dei de Natal.

 

— Você não ousaria, seu vocalista de merda!

 

— Olha quem fala, loiro ag- – Hayato pousou a mão na cabeça, bagunçando os cabelos – Ah, droga! Eu quem estou loiro agora!

 

— Bem feito. – mas Mikaru não conseguiu evitar um pequeno sorriso. As ofensas usuais não dariam certo naquela situação.

 

— Certo, vamos dar um descanso para as brigas. Precisamos nos ajudar se queremos fingir bem. Não vamos mesmo contar pros nossos namorados?

 

— Prefiro que fique só entre nós dois. É vergonhoso estar assim.

 

— Pensei que fôssemos dar uma trégua. – Hayato lembrou, vendo-o erguer as mãos – O que acha que pode ter acontecido pra gente trocar?

 

— Não faço a menor ideia, mas tenho certeza que não fiz nenhum desejo do tipo.

 

— Como vamos fazer com relação ao trabalho?

 

— Não íamos resolver sobre nossos namorados primeiro? – Mikaru revirou os olhos, impaciente com aquela troca de assunto – Não quero você perto do Katsuya!

 

— Também não te quero perto do Takeo, mas moramos juntos e não pode evitá-lo pra sempre. Imagino que deve estar animado pra se aproveitar dele, então proponho algumas restrições: nada de beijo na boca, nada de banho juntos e nada de sexo.

 

Mikaru sentiu o rosto esquentar, se parabenizando por ter tomado a decisão certa e evitar os toques.

 

— Combinado. Vou tentar manter distância o máximo que puder. – pelo menos Izumi não havia dito nada sobre abraços. Podia aproveitar um pouquinho, apesar da ideia dele se aproveitar do seu namorado parecer horrível.

 

— Certo, só não me faça parecer um chato pro Takeo! E você, Mikaru? Alguma restrição?

 

— As mesmas, nada de beijo, sexo ou banho. – Mikaru conhecia Katsuya o suficiente para saber que ele não costumava tomar a iniciativa por medo de ser repelido, de modo que só aconteceria algo se Izumi se oferecesse. Mas então pensou em algo que Izumi podia realmente oferecer em troca de não agir como um chato por ficar afastando Takeo – Você… pode me fazer um favor?

 

Hayato estranhou o pedido receoso, acenando com a cabeça para que ele continuasse.

 

— Poderia mostrar pro Katsuya como é um namoro normal?

 

— Normal?

 

— É… encontros, cinema, essas coisas. Não saímos muito e ele já comentou que queria me apresentar para alguns amigos. Eu sempre nego. Não acho que sou a pessoa ideal pra conhecerem. Katsuya é jovem, animado e eu… bom, como disseram suas funcionárias, sou um careta. O que me lembra de uma conversa mais cedo. Seus subordinados tem muita liberdade pra falar mal de mim pra você, não é?

 

Hayato engoliu em seco, temendo descobrir até onde falaram a respeito de Mikaru. Todo mundo sabia que ele não era fácil de lidar, mas ele mesmo ouvir falar mal a seu respeito, deve ter sido um baque e tanto.

 

— Nada de demissões! – foi a única coisa que Hayato conseguiu pensar de imediato – Pra eles, quem ouviu fui eu, então você não pode fazer nada! Ou vão achar que eu contei pra você.

 

— Então confessa que eles já fizeram antes? Fico tão satisfeito em saber que meu sócio aprova o que eles pensam a meu respeito!

 

— Depois nós resolvemos isso. Me fale mais sobre como seria esse namoro normal que você quer pro Katsuya! – Hayato tentou desconversar, pois contar o que os funcionários diziam, era briga na certa – Se ele voltar no assunto, quer que eu vá conhecer os amigos? Você já conhece o Takeo, mas eu não sei sobre os gostos do seu garoto. Me fale dele.

 

Um pouco a contragosto, Mikaru contou o que sabia do namorado, apesar de achar que não era muita coisa. Contou de sua família, o curso na faculdade, o que ele gostava de fazer e onde gostava de ir. Por fim, acabaram falando deles mesmos também, pois precisavam se conhecer melhor se iam levar aquela troca a sério.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*omamori: https://madeinjapan.com.br/2017/03/18/madeindica-5-amuletos-da-sorte-japoneses/5/

Continua ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Em seu lugar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.