Em seu lugar escrita por Aislyn


Capítulo 12
Olho por olho...


Notas iniciais do capítulo

Presente pra amora, por ter feito a redação e a prova do curso >3

Quem quer treta? Vamos ter algumas nesse capítulo.
Boa leitura!



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A contragosto e juntando toda sua força de vontade, Hayato finalmente saiu da cama, se arrastando para tomar uma ducha enquanto lamentava aquela rotina. Sentia falta de seu apartamento, de ser acordado por Takeo que o esperava com uma caneca de café, dos gatos que aproveitavam a metade vazia da cama para ocupar o lugar. Enfim, de toda sua vida. Não entendia como Mikaru gostava de ficar sozinho, mas aí se lembrava que Katsuya costumava passar por ali de vez em quando e, se não aparecia ultimamente, era porque ele o afastava, temendo dar brechas para aproximações.

 

Quando enfim chegou à cafeteria, foi para descobrir que ‘Izumi’ estava atrasado. Conferiu a hora da ligação que recebeu, discando de volta só para ter o telefone desligado em sua cara. Mikaru sabia ser irritante quando queria e nem precisava se esforçar.

 

Pediu para que alguém avisasse à Izumi que o esperaria na sala da gerência, mas quando sua supervisora apareceu por ali, quase uma hora depois e totalmente indignada, foi para repassar um outro recado, onde Izumi disse que só foi até ali para tomar café e que não iria trabalhar naquele dia.

 

Pelo visto Mikaru havia levado a sério o combinado de ser ele mesmo, mas não imaginou que ele fosse fazê-lo soar tão mal humorado. Contudo, não podia reclamar. Tinha conseguido passe livre para fazê-lo mais sociável também.

 

Desceu para o salão com Miura caminhando à sua frente, mas se separaram ao pé da escada, a moça tomando o caminho para a porta de entrada da cafeteria. Hayato rumou para o fundo do salão, olhando ao redor atrás de seu corpo, tendo que conferir duas vezes até notar algo a mais que poderia ter deixado a supervisora atônita: ele estava loiro.

 

Abriu e fechou a boca algumas vezes, tentando verbalizar seus pensamentos, mas só via o branco. Aproximou alguns passos, notando olhares atentos em sua direção, imaginando que os funcionários estavam curiosos com sua reação. Notando mais de perto, até que não estava ruim. Ele havia trocado as mechas que antes estavam ruivas por loiras, mantendo a base em tom castanho.

 

— Eu realmente virei o loiro aguado… – e quando se viu virando na cadeira, a vontade de tocar foi maior, não se impedindo de estender a mão e acariciar os fios, surpreso em como podiam estar tão macios depois de uma descoloração.

 

— Vou aceitar como um elogio. – retrucou Mikaru, afastando-o com um tapa, chamando a atenção de Hayato para outro detalhe.

 

— O que aconteceu com sua mão? – Hayato puxou a cadeira de frente, o olhar intercalando entre os fios dourados e o curativo na mão.

 

— Sua mão. – corrigiu antes de mostrá-la – Seu gato mordeu. Estou cuidando como você disse pra fazer, mas ele só sibila e foge de mim.

 

— Você não se dá bem com animais?

 

— Eu gosto deles, apesar que nunca tive um. Não sei se seria o caso. Aquele gato me olha como se dissesse que sou um traidor, como se soubesse que não é você ali.

 

— Junai é inteligente. Sem falar que o adotei na época que você apareceu tentando fazer o Takeo terminar comigo. Acho que ele sabe que você é o culpado do estado que fiquei.

 

— Que maravilha, sendo apontado como errado por uma bola de pêlos! – mas não se incomodava realmente. Não tinha intenção de fazer amizade com o bichano.

 

— Por que não quis subir pra conversar? Miura pareceu horrorizada quando repassou seu recado.

 

— Eu só vim porque não queria ficar no seu apartamento sem fazer nada. E o Shiro ia estranhar também.

 

— Aí você decidiu vir só pra matar o tempo e ainda mudar meu visual no meio do caminho.

 

— Você mudou minhas roupas. Estamos quites. E não tenho serviço pendente. Fiz a minha parte na semana passada. Posso ficar sem aparecer a semana toda.

 

— Mas não vai fazer isso, porque eu venho aqui todos os dias. Vamos aproveitar pra trocar mais informações. Ver o que podemos fazer pra tentar reverter nossa situação.

 

— Seria bom resolver o quanto antes. Não aguento mais fingir que sou você.

 

— Não é como se estivesse se esforçando pra ser idêntico, Mikaru. Você me faz parecer mal humorado.

 

— Você também não está agindo como deveria. Se eu for apontar tudo que vejo de errado, vamos passar a tarde aqui.

 

Hayato pensou em alfinetar e dizer que Katsuya não havia notado diferença, mas o comentário seria como uma faca de dois gumes. Mikaru podia afirmar o mesmo sobre Takeo e aquilo o magoaria. Precisavam manter a trégua.

 

Foi poupado de responder com a aproximação da supervisora, dizendo que tinha uma ligação para Izumi. Hayato olhou para Mikaru, que o encarou de volta com desânimo antes de dar de ombros, dizendo que atenderia na sala da gerência. Pensou em acompanhá-lo, mas Mikaru sabia resolver qualquer problema que surgisse, até melhor do que ele.

 

— Acho que a noite não foi boa…

 

— O que? – Hayato esperava não ter entendido direito o comentário de Miura, mas se sentiu desconfortável. Ela estava claramente apontando que o mau humor do outro era devido à falta de sexo.

 

— Ah, nada! Estava pensando alto. Quer beber alguma coisa, Kazunari-san?

 

— Agora não. Vou voltar lá pra cima. Pode chamar se precisar de alguma coisa.

 

— Sim, senhor. Bom trabalho! – a moça acenou com um sorriso forçado, respirando aliviada quando ele se afastou o suficiente para não ouvir – Carrasco…

 

Hayato ficou surpreso com a mudança de visual de Mikaru, mas não havia desistido da ideia de conversar em busca de soluções. Alguma coisa devia ter acontecido para trocarem. Já estavam daquele jeito há quase um mês! E se não pudessem reverter?

 

— Mikaru-san!

 

Sem pensar muito no que fazia, Hayato se aproximou mais da parede na curva do primeiro lance de degraus da escada, dando passagem para quem vinha atrás chamando pelo empresário, parando ao ouvir um novo chamado, junto com dedos envolvendo seu pulso.

 

— Mikaru, bom dia! Vi você subindo e pensei em cumprimentar antes de começar o expediente.

 

Hayato se virou, dando de cara com o sorriso gentil de Katsuya, perto demais para conseguir processar o que estava acontecendo. Tentou afastar um passo, com a intenção de respondê-lo de uma distância segura, mas o rapaz avançou em sua direção, pousando a mão livre em seu rosto, inclinando-o para cima, ambos sobressaltando ao ouvir algo cair do lance superior das escadas.

 

— Ah, Izumi-san, bom dia. – Katsuya encarou o outro chefe um pouco envergonhado, mas agradecendo internamente por ser ele. Se fosse algum dos colegas, Mikaru ia brigar muito por tê-los exposto. Pegou a pasta que havia caído, estendendo de volta, mas Hayato negou com um aceno de cabeça.

 

— Deixe com a Miura.

 

— Ok, melhor eu ir me arrumar. Bom trabalho pra vocês. – Katsuya se afastou, ainda sorrindo envergonhado, não notando a troca de olhares entre os sócios.

 

Hayato se virou para Mikaru, pronto para explicar, mas o empresário voltou para a sala da gerência, sem lhe dispensar atenção. Não havia sido sua culpa! Simplesmente ia acontecer e talvez não pudesse evitar. Respirou fundo, pensando se seria melhor resolver agora ou deixá-lo esfriar a cabeça, mas sendo pessimista como era, o melhor seria explicar antes que Mikaru criasse teorias. Entretanto, uma parte lá no fundo de sua mente sorria satisfeita, dizendo que Mikaru não gostou do que viu. Ele podia não demonstrar seu sentimentos, mas havia deixado claro que não gostou da aproximação.

 

Subiu os lances de escada restante, pronto para encarar o ranzinza e todas as acusações que viriam junto. Hayato estava com a consciência tranquila e sabia que não devia ser encarado daquela forma.

 

— Quer que eu peça um café, bolo ou outra coisa pra comer enquanto conversamos? – Hayato questionou logo que entrou na sala, puxando a cadeira de frente para Mikaru, recebendo um olhar enviesado.

 

— Acabei de tomar café. Não quero nada de você.

 

— Sei… você disse antes que tinha adiantado o serviço. Que tal parar de fingir e conversar comigo?

 

— Conversar o que? Vai tentar me convencer que não ia beijar o Katsuya?!

 

Mikaru era conhecido por ser bem controlado, mas falou o que veio à mente, sem se segurar. Aquela troca de corpos estava acabando com seus nervos e sua paciência.

 

— Mikaru, foi ele quem se aproximou de mim.

 

— Ah, eu não posso tentar nada com o Shiro, mas se ele vier pra cima é aceitável? Porque eu não vi você tentando afastá-lo!

 

— Ele me pegou de surpresa!

 

— Eu estou alerta o dia inteiro, tomando o cuidado de não cometer nenhum deslize, tanto no trabalho quanto em casa, tenso com toda essa situação e você fica distraído pelos cantos?! Tem noção de quantas vezes o Takeo chegou perto e eu tenho que ficar inventando desculpas para afastá-lo? Estou fazendo a minha parte, podia ao menos se esforçar pra fazer a sua!

 

— Eu estou fazendo, mas não adianta perder a cabeça. Eu não consigo ser sério igual a você o tempo todo, Mikaru. Também não está sendo fácil ficar longe do Takeo e sozinho numa casa daquele tamanho. Estou tratando o Katsu bem, como sempre fiz e não só porque você pediu, mas em momento algum me aproximei com segundas intenções. Não sei se é o caso ou se pensou nessa possibilidade, mas ele pode estar com saudades de ter você perto.

 

— Mas isso é algo que você pode fazer por ele.

 

— Mikaru… estou falando de algo mais íntimo. Talvez você seja o autocontrole em pessoa, mas eu sinto falta do Takeo e não só da companhia dele, mas dos toques. Quero sexo! Imagino que Katsuya esteja na mesma situação.

 

— Pervertidos… – Mikaru massageou as têmporas, mais para poder desviar o olhar do que pelo início de uma dor de cabeça. Não gostava de conversar sobre aquilo tão abertamente, ainda mais com alguém com quem não tinha intimidade.

 

— E você é a pureza em pessoa… – Hayato revirou os olhos, cutucando no meio da testa de Mikaru, se odiando por ver com aquela expressão – Relaxa ou vai me deixar com marcas de expressão.

 

— Está se achando muito novo, não é? – riu incrédulo, respirando fundo para se acalmar, mas o cansaço era palpável. Os ombros doíam com o menor movimento – O que podemos fazer pra tentar voltar?

 

— Hm… talvez se a gente conseguisse entender o que causou a troca… Não lembro de fazer nada diferente no dia anterior. Só que acordei no seu quarto e no seu corpo aquele dia.

 

— Eu também não fiz nada fora do normal. Fui pro escritório, trabalhei, tive reuniões, voltei pra casa… – Mikaru parou pensativo, ganhando um novo toque em sua testa por estar enrugando a área, mas dessa vez Hayato se indignou com a situação, colocando-se às suas costas e iniciando uma massagem, sendo afastado com um gesto brusco – O que pensa que está fazendo?

 

— Te ajudando a relaxar. Agora fique quieto e continue sua linha de pensamento. O que mais ia falar que fez?

 

— Seu abusado… – Mikaru suspirou frustrado, mas acabou cedendo, se acomodando melhor na cadeira – Eu lembro de voltar pra casa. Talvez eu tenha sofrido um acidente no caminho e estou em coma. Então tudo isso aqui não passa de um sonho.

 

— Você sonha em ser eu?

 

— Claro que não! Desde quando sonhos ou pesadelos fazem sentido?

 

— Não costumo lembrar dos meus… não de todos. – Hayato deu de ombros, analisando a hipótese. Se era um sonho de Mikaru, então por que estava passando por dificuldades também? Não fazia muito sentido.

 

Teve os pensamentos cortados ao ouvir a porta se abrir, olhando para a entrada e encontrando Takeo parado ali, encarando-os atônito.

 

— Se eu não conhecesse vocês dois, diria que estão tendo um caso!


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo está pronto desde o início de maio. É tão bom ter vários capítulos antes de postar ♥

Até a próxima!



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