Reencarnado escrita por Filippi Araújo
Notas iniciais do capítulo
Oi pessoal, desculpem a demora. eu fiquei de postar esse capítulo dia 30, mas eu acabei ficando sem internet. De qualquer forma, aqui está. Boa leitura.
Naquela noite, tenho pesadelos. Sonho com a minha mãe, e ela está fugindo de algo por um corredor longo, escuro e úmido, cercado por uma rede de encanamento desgastada e larga. Ela corre desesperadamente, olhando para trás, mas tudo o que consigo ver é uma sombra.
— Desista, Izanami. Você não tem para onde fugir. Venha conosco e entregue a criança. — Uma voz sinistra diz, e sua voz ecoa por todo o corredor.
Minha mãe para de fugir, saca uma espada semelhante a minha e põe-se contra seu perseguidor.
— Eu te amo, Mizuki. — Ela diz, e é a última coisa que eu vejo antes de acordar.
Levanto subitamente da cama e noto que uma mão segura a minha. É Haru, ele está sentado na beirada da cama, com um olhar aliviado. Ele percebe que está segurando minha mão, e rapidamente recolhe a sua e seu rosto começa a corar.
—Eu estava começando a ficar preocupado. Você apagou por quase um dia inteiro. — Ele diz. — Raiden explicou que é normal acontecer isso quando se usa muito do poder divino. Você está bem?
— Estou. Obrigado, Haru. Por tudo. — Falo, e um sorriso se abre em seu rosto.
[...]
Naquele dia, quem administra minha “aula” é Akane. Ela é enérgica e impaciente, um contraste quase cômico com Raiden.
Depois de algumas horas, ela finalmente permite que eu descanse.
—Por que o Raiden não veio hoje? — Pergunto.
— Ele está em uma investigação sobre outros reencarnados. Deve voltar à noite. — Ela responde, entre um gole de água e outro.
— Entendi. — Respondo, e o silêncio paira no ar.
— Como vocês se conheceram? — Finalmente pergunto, e até Haru começa a prestar atenção na conversa.
— Minha família biológica me abandonou quando eu ainda era criança, por medo do que eu era. Não queria ir para um orfanato, e fiquei vagando sozinha pelas ruas de Tóquio, até que Raiden me encontrou. Desde então, ele virou minha família, e me ensinou a controlar Amaterasu. — Ela responde.
— Amaterasu... é a divindade que vive em você? — Haru pergunta, e ela apenas consente com a cabeça. Imagino se a vida é assim para todo reencarnado, se todo mundo tem tanto medo assim de nós, por algo que não escolhemos.
O treino com Akane é mais intenso do que com Raiden; além das lições básicas de como controlar Tsukuyomi, ela ensina como aplicar o poder divino em batalha.
- Não é desse jeito! - Esbraveja. - Se você não controlar o fluxo do poder divino que sai de você, vai se consumir inteirinho e acabar esgotado no meio da batalha. - Ela respira profundamente e se acalma. - Imagine o fluxo de poder divino como uma torneira. Para aumentar sua intensidade, você não deve simplesmente abrir mais. Você precisa aumentar a pressão com que o fluxo sai. - Ela percebe minha expressão confusa, e começa a fazer uma demonstração.
Akane fecha os olhos e alinha o corpo, com um pé na frente do outro. Em seguida, estende sua mão direita, e sinto uma energia se formar. Em questão de instantes, uma esfera de fogo se forma à sua frente.
- Essa esfera de fogo é como se fosse o fluxo de poder. Agora, vou simplesmente aumentar a quantidade. - Ela explica, e a esfera começa a aumentar. Em certo instante, ela perde sua forma e começa a ficar mais fraca, e em seguida, se dissipa no ar. - Agora, vou fazer a mesma coisa, no entanto, ao invés de aumentar a quantidade de poder, vou simplesmente focar minha energia no poder que já liberei.
Novamente, a esfera se forma. Akane parece se concentrar na esfera, e o brilho fica cada vez mais intenso, até que fica impossível olhar diretamente para ela. A ruiva fecha sua mão, e a esfera desaparece.
- Eu poderei fazer esferas de fogo com as mãos, assim como você? - Pergunto.
- Claro, se você também for a deusa do sol - Ela ironiza. - Não, Mizuki, você não pode. Cada divindade tem um poder diferente, você precisa encontrar o seu.
- E como eu faço isso? - Indago.
- Bom, você precisa se conectar com Tsukuyomi. Aprender sobre suas reencarnações passadas, quem eram, como controlavam seu poder, o que podiam fazer. E isso é uma coisa que você precisa fazer sozinho. - Ela argumenta.
[...]
Quando voltamos para o apartamento de Raiden, o sol já estava quase se pondo. Sinto meus braços doerem por praticar muitas horas com a espada, e o cansaço já dominavo meu corpo. Apesar da exaustão, decido sair um pouco e pensar nos últimos dias. Haru decide me acompanhar, justificando que ele foi instruído a me vigiar,mas percebo seu rosto corar enquanto ele explica.
Decidimos ir em um restaurante; o prédio fica um pouco longe da região central, então precisamos pegar um metrô. Já passa das oito da noite, então a estação está relativamente vazia. Aguardamos sentados, e após alguns minutos,embarcamos.
Dentro do metrô, também não há muitas pessoas. Nos sentamos em um canto mais isolado, e passo boa parte do trajeto observando as luzes do túnel passando em alta velocidade pelo vagão à medida em que o trem avança, até que sinto Haru pegar minha mão, e meu coração dispara na hora.
- Você está com um corte bem feio. - Ele aponta, indicando a palma da minha mão. Vejo um corte longo, porém raso, cobrindo toda a superfície, se camuflando ao meio das linhas da mão.
- Eu não tinha percebido - gaguejo a resposta. - Assim que voltarmos eu coloco um curativo.
- A gente pode passar numa farmácia antes de ir pro restaurante - ele sugere. - Assim, você não precisa ficar sentido dor o encontro inteiro.
— Encontro? - Minha voz sai estridente, e sinto meu rosto cada vez mais quente.
- Passeio, eu quis dizer passeio! - Ele corrige, gaguejando, e seu rosto também se avermelha. Só então ele percebe que ainda está segurando a minha mão, e rapidamente solta-a e coloca suas mãos no bolso.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Comentem o que acharam! O Capítulo VI sai daqui a alguns dias, vejo vocês em breve.