O Sangue do Mestiço escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 32
A tempestade


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754030/chapter/32

Roanoke era o reflexo da alma de seus habitantes. Se todos comungavam de incerteza, medo e sofrimento, assim a ilha se apresentava. Os céus choravam e as ondas se quebravam de maneira violenta. O sol não dava mais as caras, ao mesmo tempo em que os ventos faziam ressoar o fúnebre canto da morte. Não havia barco algum que se atrevesse a tentar atravessar as águas, da mesma forma que a maioria das casas estava com as portas trancadas por um temor imensurável. Não havia escapatória e, com o espalhar das notícias sobre o deus protetor, muitas pessoas congelaram de medo ao invés de optarem por tomar alguma atitude.

Mas também havia quem tentasse algo diferente. Ainda que houvesse insegurança e desconforto, Marcus, David, Jake e Negan faziam o possível e o impossível para que algum tipo de preparação existisse caso o deus protetor viesse a pisar no solo da vila. Ou seja, caso o plano principal de Patwin falhasse.

— Meu Deus do céu — o padre exclamou. — O que fizeram com esta ilha?

Seus olhos sombrios encaravam a terrível paisagem que se formara em torno de Roanoke. O lugar que antes fora abrigo e ambiente de boas memórias, agora havia se convertido em um cenário de puro horror. Um tenebroso frio tomou conta de seu corpo e de sua alma, e o homem de Deus teve que se esforçar para se manter firme em seu propósito. Seu único conforto para o coração naquele momento era a pequena Selvagem que o acompanhava.

— Tudo bem, padre — David disse mesmo sentindo que nada estava bem, afinal. — Nem precisaremos do plano “b”. Pat com certeza irá conseguir negociar com os índios. Ele sabe falar muito bem.

Apesar da calma em sua face, a mente do pequeno jornalista viajava por lugares cheios de perigo. Ele sentia que a ilha se comunicava com o grupo através daquela imagem sinistra. Mesmo depois de toda crise, sangue derramado e risco de vida, ele nunca havia se sentido daquela forma. No entanto, respirou fundo e repetiu para si mesmo que tudo daria certo, ainda que não tivesse completa fé naquelas palavras.

— Não acredito que viemos parar neste inferno — Jake, insatisfeito como sempre, resmungou sem pudor algum. Ele tremia com a baixa temperatura e seus hiperativos olhos buscavam alguma maneira de se livrar daquilo tudo que era visto. — David, pense melhor antes de embarcar em viagens, por favor.

Daquele grupo, apenas Negan sentia algum tipo de paz em sua alma. Sim, ele tinha plena consciência que estava metido em uma grande enrascada, mas sua fé não havia sido abalada ainda. Ele segurava com firmeza o crucifixo que levava em seu bolso, ao mesmo tempo em que usava a mão esquerda para carregar sua pequena mala. Ainda havia uma boa parcela de trabalhos de John Dee para serem traduzidos. Talvez ainda houvesse esperança, afinal.

— Vamos fazer a nossa parte e, se Deus quiser, em breve voltaremos para casa — ele tentou passar uma boa dose de positividade em sua voz.

Respirando fundo, o amedrontado padre resolveu repassar o plano uma última vez.

— Eu, David e Selvagem vamos procurar por qualquer coisa que seja feita de prata. Deve haver bastante na mansão do falecido Edward Muller — Marcus apontou para o destino. A porta se fazia quebrada, mas nenhuma pessoa da ilha havia ousado adentrar o amaldiçoado lar desde o terrível acontecimento. — Vocês dois devem continuar com a tradução. Talvez possam encontrar mais pessoas para ajudar, não sei.

— Peçam para a Melinda ver como que podemos fabricar as balas — David deu a ideia e apontou para o bar. — E digam que eu mandei um beijo.

Jake e Negan não entenderam muito bem aquilo, mas acenaram de maneira positiva. Tendo tudo aquilo em mente, o grupo estava pronto para pôr o plano de contingência em prática. A dupla de jornalistas recém-chegados foi direto para o bar, enquanto o padre e o garoto caminharam de maneira mais lenta. Ambos tinham uma sensação estranha: sentiam-se como se fossem, de certa maneira, veteranos em sentimentos como medo e tristeza. Foram tantos momentos frustrantes e de pura dor, que eles pareciam ter criado uma certa resistência natural. No entanto, eram humanos e nada mudaria isso.

— Eu não acho que Patwin vá conseguir resolver isso de maneira tão fácil — o pequeno jornalista voltou a falar a verdade. Apesar de ter anos de convivência com Jake e Negan, as semanas de sofrimento ao lado de Marcus haviam tido um peso maior no que tange a sinceridade. — Mas espero que ele volte bem. Vamos precisar do máximo de pessoas ao nosso lado.

— Quer saber a verdade, David? — O padre resolveu compartilhar da sinceridade. — Minha fé vem sendo testada incontáveis vezes durante essas últimas semanas. Como pode haver um Deus diante de tanto mal? Mas quer saber? Eu sei que dói e que o sofrimento persiste, mas prefiro focar no bem que existe e que fazemos. O medo ainda é real dentro de mim, mas acho que independente disso, estamos no caminho certo. E, no fim, o que seríamos se não carregássemos nossas cruzes? Que possamos ajudar a ilha inteira a carregar esse fardo.

  — Só existe coragem onde há medo, não é?

E, diante daquela dose de motivação e fé, a dupla seguiu rumo ao destino. Perante da pequenez da vila, não demoraram para se verem a frente da entrada danificada da mansão de Edward Muller. Pouca luz adentrava o lugar, mas o padre viera preparado: carregava uma lamparina a óleo junto de si. Selvagem, no entanto, parecia não gostar da ideia de adentrar o local. A cadelinha estava com o rabo entre as pernas e parecia querer se esconder atrás da batina negra do padre.

— Não tema, Selvagem — ele disse com carinho ao mesmo tempo em que coçava atrás das orelhas do animal. — Não há ninguém aí.

A mocinha deu um voto de confiança para seu dono e, ainda que fizesse algum esforço, adentrou a sombria mansão junto da dupla. O pequeno jornalista logo se assombrou com o tamanho do lugar.

— É ainda maior olhando de dentro! — Esforçava-se para enxergar com mais clareza, mas conseguia entender bem a grandiosidade da residência, apesar da escuridão. — Mas está simplesmente um lixo.

Sim, o caos tomava conta do lugar. Os móveis estavam cobertos por uma densa camada de poeira, ao mesmo tempo em que era possível sentir um terrível cheiro de comida estragada. Os quadros também sofriam com o descaso e os próprios passos que eram dados traziam algum incômodo com o som da madeira estalando.

— Um homem tão rico... — Marcus disse com tristeza na voz enquanto se assustava com a configuração do lugar. — ..., mas sem nada que o desse motivação para continuar.

— Sim — David teve que segurar o espirro. — Não tem como destruir uma mansão inteira em tão pouco tempo. Ele devia estar realmente mal. Quase sinto pena dele. Quase.

Continuaram caminhando pelo térreo olhando tudo de maneira superficial. Passaram pela sala, pelo quarto de Muralha com sua porta quebrada e logo seguiram para a cozinha. O fedor era intenso, mas as memórias do padre eram ainda mais.

— Foi aqui que Edward me contou que havia assassinado Richard — ele falou cheio de raiva e pesar. — Ele disse isso de maneira despretensiosa, desprezível até. Nunca pensei que veria algo desse tipo na minha vida, David.

— Nenhum de nós espera, padre — o pequeno jornalista respondeu enquanto tentava esconder a sua tensão.

Se tudo aquilo estava sendo chocante para o padre que, apesar de não ser velho, já tinha alguma maturidade, o impacto era ainda maior no garoto. Sim, ele já tinha lidado com a morte e com o sinistro de alguma forma: trabalhava num jornal e era comum ver notícias de assassinatos e outros crimes, para não citar os eventos estranhos que apareciam hora ou outra na redação. Ainda assim, havia uma grande diferença entre estar em contato com um texto e dar de cara com a realidade. David sentira a tristeza direto da fonte: falara com uma mãe que perdera seu filho e tinha ainda seu amigo vivendo em estado de grande sofrimento. Para piorar, um massacre havia ocorrido há alguns quilômetros dali e ele estava agora na residência de um senhor supostamente devorado por uma entidade diabólica. Como reagir diante da dureza do surreal invadindo a realidade? Não havia fuga e, dessa forma, o pequeno jornalista fez o que sempre fazia: encarou com seu estranho bom-humor. Isso, de alguma forma, aliviava seu coração e lhe dava forças para continuar. Encarando a comida apodrecida na cozinha, fez uma careta e disse:

— Pelo menos ninguém vai comer esta porcaria.

Padre Marcus riu com certa culpa, mas sentiu um alívio diante do momento tão caótico. Ele era grato pela presença do garoto, pois ela trazia leveza diante daquela situação tão pesada. Selvagem, por outro lado, também se sentia bem com ele. Ela estava farejando intensamente a casa, mas não tinha treinamento algum no que tangesse a detecção de qualquer coisa que fosse.

— Ele deve guardar as joias no andar de cima — o padre explicou enquanto verificava algumas gavetas. — Mas isso vai servir.

Com um sorriso no rosto, o homem de Deus retirou um bom número de talheres feitos de prata. Pareciam antigos, mas ainda preservavam sua beleza e funcionalidade. David, encarando os objetos com encantamento, disse:

— Provavelmente de décadas atrás, algo digno de uma família rica mesmo. Talvez seja meio errado fazer isso, mas que opção temos?

De memória e tradição o padre entendia bem. Mas ele também sabia que de nada serviriam esses dois elementos se não houvesse ninguém vivo para apreciá-los. Sendo assim, coletou todos os talheres e guardou-os em uma bolsa que levava consigo.

— Hora de subir as escadas — disse com uma felicidade que lhe causava estranheza. Aquela pequena missão de coletar a prata estava, de certa forma, retirando a mente de Marcus de todo o problema da ilha. Seria bom continuar assim e sentir um pouco de alívio e paz.

Ali próximo, Negan e Jake já estavam no bar. Antes de terem aberto a velha porta de madeira, no entanto, conversaram um pouco sobre toda aquela onda de eventos. Se tudo aquilo estava sendo extremamente veloz para os moradores da ilha, a intensidade e velocidade eram multiplicadas para os novatos no que tangia Roanoke. Eles estavam lá apenas para buscar David e Patwin. Sim, a dupla trazia consigo as traduções e haviam informações bem interessantes. Ainda assim, todo o contexto tornava aquele trabalho algo que fugia completamente do usual.

— Nós mal chegamos e já estamos presos juntos de uma suposta entidade divina, ou melhor, demoníaca. Alguma coisa faz sentido, afinal? — Jake estava suspenso entre a descrença e a surpresa.

— A não ser que David, Patwin e o padre tenham enlouquecido, tudo parece ser verdade — Negan aceitava aquilo de uma maneira mais serena, mas sabia que a situação como um todo era um tanto quanto absurda. — Vamos fazer a nossa parte e tudo deve se resolver. Melinda, não é?

— Exato.

E, ao abrir da porta, puderam ver uma imagem bastante comum em um bar: sujeira, bêbados e música de qualidade duvidosa sendo tocada. Caso o mestiço estivesse por lá, certamente sentiria estar vivendo uma espécie de déjà vu. No entanto, havia uma diferença crucial no comportamento dos consumidores do álcool: eles não estavam lá pela simples tradição de encher a cara de maneira inconsequente. Na verdade, havia uma sensação de despedida naquilo tudo. Em decorrência dos últimos boatos, eles pareciam beber para celebrar o pouco tempo de vida que lhes restava.

— Um brinde ao lobo mau! — Um dos embriagados ergueu-se com dificuldade e proclamou. — Temos algum lenhador?

O ambiente encheu-se de risadas, enquanto Jake sentia um certo incômodo com o cheiro de suor que se apossava de seu olfato. Negan, por outro lado, parecia captar bem todas as mensagens trazidas nas entrelinhas daquela situação. Seguindo adiante e ignorando os pedintes que suplicavam por mais um drink, a dupla foi até o balcão.

— Senhores, vocês parecem novos aqui — Melinda disse enquanto apresentava um olhar de curiosidade. Dessa vez, ela estava belamente vestida e passava uma imagem de confiança. Se seu espírito era compatível com a imagem? Ninguém saberia, mas certamente ela estava honrando o trabalho e memória de seu pai. — O que desejam beber?

— Você deve ser a Melinda, imagino eu — o homem religioso disse de maneira educada. A garota balançou a cabeça afirmativamente. — Temos um assunto bem sério para tratar.

Os olhos de Melinda logo se arregalaram e Jake pôde notar que ela colocou a mão embaixo do balcão. “Há uma arma aí?”, o jornalista se questionou mentalmente. Respirando fundo e torcendo para seu colega manter a serenidade, comunicou:

— Viemos em paz. Somos colegas e amigos de David. Você dever tê-lo conhecido. Garoto baixinho, dezenove anos e um tanto quanto falante.

O fato de David ter sido citado acalmou parcialmente a garota. Ainda assim, os tempos sombrios na ilha não permitiam que ela baixasse a guarda. Precisava de toda segurança que fosse possível.

— O que vocês querem, afinal? — A imagem de doçura que ela passava havia se transformado em desconfiança e agressividade. — Imagino que não devam se preocupar com o que um bando de bêbados possa vir a ouvir. Digam o que querem.

A dupla de jornalistas se entreolhou. Certamente aquela menina fugia do estereótipo que tanto cultivavam ao longo da vida. Ainda assim, não era nada com o que não soubessem lidar. Negan tomou a frente e falou:

— Você deve saber dos macabros sons da noite passada. Deve ter ouvido os boatos a respeito da invasão a residência do senhor Muller — Melinda começava a se acalmar com a voz tranquila do homem, ainda que ele tivesse uma expressão um tanto quanto carrancuda. — Bem, a verdade é que ele está morto. Foi devorado por uma criatura terrível conhecida como “deus protetor”. Sei que isso parece loucura, mas há evidências disso tudo. O fato é: Patwin foi em busca de uma solução e nós de outra. Acontece que a tal criatura tem uma fraqueza: prata. David e o padre estão atrás do material, mas de nada toda prata do mundo terá serventia se não soubermos como revestir as balas com ela. Soube que seu falecido pai entendia de armas e coisas do tipo. Teria ele lhe passado algum conhecimento a respeito disso? Seria de grande importância para a sobrevivência de todos na ilha.

Ela se lembrava bem de tudo. Era impossível escapar de sua mente aquele despertar sinistro no meio daquela gélida noite. Os sons demoníacos eram chamativos e a ausência de seu pai tornava tudo pior. Por sorte, ela estava sempre com uma arma e isso lhe dava segurança, ou ao menos era como se sentia. Da mesma forma, agora ela também tinha uma arma ali debaixo do balcão. Se tinha uma coisa que seu pai havia lhe ensinado, era sobre como se defender. Ainda que não tivesse tanta força física, Melinda tinha um bom manejo de variados tipos de armas. E, mesmo jovem, também tinha algum conhecimento sobre a confecção de armas e munições de variados tipos. Não deveria ser tão difícil revestir balas com prata, desde que tivesse o material necessário. Sim, o seu pai havia lhe deixado uma herança boa, afinal: conhecimento. E disso ela nunca se esqueceria.

Ainda assim, era um tanto quanto estranho aqueles dois homens aparecerem do nada no bar. Roanoke não era um lugar para se confiar em qualquer um. Por sorte, o abrir das portas do bar logo trouxe a dose de confiança que ela precisava: David e Marcus adentraram o local.

A princípio, a primeira coisa que o pequeno jornalista faria seria tratar de falar com seus colegas de profissão. No entanto, seus olhos logo foram de encontro aos de Melinda e foi impossível tirá-los da direção dela.

— David — ela deixou escapar de maneira gentil, o que contrastava com sua postura àquela altura. — Há quanto tempo.

O garoto até ensaiou algumas palavras, mas só conseguia rir feito um bobo. Padre Marcus o deu um pequeno empurrão para que ele finalmente caminhasse em direção de Negan e Jake. O homem de Deus trazia consigo uma bolsa cheia de prata, ao ponto de estar deixando-o um pouco cansado de carregá-la de um lado para o outro. Selvagem aguardava ansiosamente do lado de fora do bar.

— Melinda — David finalmente disse quando se viu de frente para o balcão. — Jake, Negan!

— Fizemos a nossa parte — o padre disse enquanto observava o mais jovem cumprimentar os dois jornalistas e encarar a garota de maneira desajeitada. — Melinda, acredito que ainda não conheça esses dois cavalheiros.

— São aliados! — O pequeno jornalista foi ágil em suas palavras. — E desculpa por ter desaparecido por tanto tempo.

Aquela frase colocada completamente fora do contexto da ocasião gerou um incômodo silêncio dentro do grupo. As ruidosas vozes dos bêbados e das suas músicas não eram o bastante para abafar aquele momento de timidez mútua.

— Tudo bem — Melinda queria se desvencilhar daquela estranha sensação. — Só me diz: vocês estão mesmo juntos?

— Sim — David respondeu ao ver que a garota apontava para seus dois amigos. — Temos que combater um tal de deus protetor. Acredito que eles já lhe tenham falado sobre.

— Pois eu estou dentro.

— O quê? — O garoto não disfarçou sua expressão de grande surpresa. — Fácil assim?

— É a minha ilha, a minha casa. Sei manusear armas e fabricar munições. O que você esperava que eu fizesse? Que ficasse de braços cruzados? Jamais! — A determinação da moça era contagiante. Ela agora parecia mais forte e motivada que os quatro homens juntos.

— Então vamos começar com isso — Padre Marcus disse enquanto se sentia motivado diante daquele nível de determinação.

Longe dali, Patwin apressava o passo enquanto observava a escuridão tomar conta da ilha, ainda que a noite não tivesse chegado. Mais atrás, Macawi sofria com o cansaço e desesperança. A mente de ambos percorria possiblidades um tanto quanto pessimistas: enxergavam o deus protetor atacando e devorando pessoas inocentes da ilha. No entanto, cada um encarava aquilo de uma forma diferente. Enquanto o mestiço sentia tristeza antecipadamente com as possíveis perdas, o nativo sentia-se impotente e culpado por ter um de sua tribo como responsável por tal atrocidade.

— Nós vamos conseguir, Macawi — Pat falava repetidas vezes ao longo do trajeto. — Tenho amigos preparando uma forma de nos defendermos. Daremos um jeito!

Ele não tinha plena confiança naquelas palavras, mas seguia com passos firmes. Conhecendo a floresta como nunca antes, não olhava mais para cada detalhe em busca de pistas. Na verdade, sentia até mesmo a liberdade de buscar caminhos alternativos e mais simplificados rumo a vila. E, num daqueles caminhos, olhou para o Oeste e sentiu um estranho desejo de explorar uma área não antes vista. “Não preciso fazer isso. A vila está na outra direção”, sua consciência lhe dizia. No entanto, Patwin encarava as árvores que balançavam com o violento vento e sentia uma espécie de chamado. Macawi reparou na estranha pausa no apressado caminhar do mestiço e questionou:

— O que houve? Encontrou algo?

— Nada, eu só... — Não concluiu sua frase, mas começou a caminhar seguindo aquele estranho trajeto que o convidava.

Bastaram apenas alguns metros para Pat ver que havia tomado a decisão errada. Sem prestar atenção, acabou pisando numa armadilha. Abaixo de seus pés, uma extensa rede confeccionada com pouca delicadeza se ergueu e o prendeu. Em um piscar de olhos, o mestiço se viu preso e pendurado em uma alta árvore, sem qualquer forma de sair dali.

Atento ao ocorrido, Macawi logo sacou o arco enquanto observava atentamente a aproximação de qualquer ameaça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muito obrigado por ter lido mais este capítulo! Sei que está ansioso(a) pela chegada do deus protetor, mas toda preparação é para algo maior hehehe

Até o próximo capítulo :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Sangue do Mestiço" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.