O Sangue do Mestiço escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 25
Paz


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :D



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Sentia um gosto amargo na boca a cada passo que dava. A igreja estava próxima, mas ele queria passar um bom tempo sem encontrar a porta de entrada. Padre Marcus não sabia como daria aquela notícia a Margaret Olsen. “Seu filho não está mais entre nós”, tentava pensar em quais palavras usar, mas qualquer ideia que surgia em sua mente parecia simplesmente ridícula. Além da tristeza pela descoberta, ele também sentia o peso do medo em suas costas. A atitude de Edward Muller e cada uma de suas palavras eram simplesmente assustadoras. Como poderia executar um prisioneiro a sangue frio? “Esse homem não tem mais jeito”, refletiu o padre sombriamente.

Já estava de frente para a igreja, mas não ousava abrir a simplória porta de madeira. Suas mãos suavam e ele sentia o olho por baixo do tapa-olho coçar intensamente. Com a boca seca, tentou voltar a ensaiar palavras que acalmassem o espírito de uma mãe prestes a saber da morte de seu filho, mas mais uma vez se decepcionou com o que sua razão lhe entregou. “Isso não é justo”, ousou pensar. Era um homem de fé, mas estava enfrentando um mundo muito duro nos últimos dias. Olhou para os céus, respirou fundo, e disse:

— Ajude-me, Deus.

Deu um passo a frente e, antes de abrir a porta, olhou para trás. A vila estava vazia, quase que abandonada. “Um cemitério vivo”, sua mente lhe disse com estranheza. Sim, ele podia sentir que aquele lugar inteiro estava fadado a morte. Isso era, afinal, algo natural. Todos morrem. “Mas não posso deixar que isso aconteça antes do tempo”, finalizou seu pensamento e finalmente adentrou o templo de Deus.

Ao abrir a porta, pôde vislumbrar por breves segundos uma imagem de dar pena. Margaret ajoelhada diante da sacristia rezava intensamente, enquanto David fazia companhia ao lado de Selvagem. Não via Patwin, mas sabia que o homem deveria estar deitado se recuperando de seu ferimento.

— Padre! — A mulher levantou-se com agilidade e correu na direção do homem de Deus. Abraçou-lhe, mas logo lhe veio à mente o peso da realidade: Richard não estava lá. — Cadê o meu filho?

Marcus sentiu o triste som da voz daquela pobre alma. David observava toda a situação, mas em sua mente já havia descoberto o que havia acontecido. O pequeno jornalista cerrou o punho como num gesto de raiva, mas seus olhos encharcados de lágrimas entregavam a tristeza. Com os braços em volta daquela mãe que sofria, o padre falou com serenidade:

— Fui até a mansão de Edward Muller — as palavras saíam com dificuldade e ele sentia que poderia vomitar a qualquer momento. — Margaret, eu não sei como te dizer isso...

E nem precisava dizer. Encarando os escuros olhos do padre, Margaret Olsen começou a se desfazer em lágrimas por saber que seus piores pensamentos eram reais. Sua face se contorceu em dor e tristeza, e foi muito difícil para Marcus segurar o choro.

— Desculpe-me! — Ele dizia abraçando-a, pois desejava imensamente que pudesse ter feito mais para salvar Richard. — Ele não merecia isso, ninguém merecia!

David também estava em prantos. Tivera pouco tempo com Richard, mas apenas a cena de ver uma mãe em tamanho sofrimento já era o suficiente para comover o garoto. Mais do que isso, ele também sentia o medo que já o habitava crescer ainda mais. Como aquilo poderia ter acontecido? Não era para ocorrer daquele jeito, definitivamente não. Foi até os aposentos da igreja a fim de dar a Pat aquela péssima notícia. Enquanto isso, Margaret continuou vivendo o seu calvário.

— Padre, por quê? — Suas palavras eram interrompidas pela torrente de lágrimas e pelo soluçar de sofrimento. — Por que mataram o meu filho? Ele não faria mal a ninguém!

Marcus sabia que precisava ser forte. Se ele também fosse completamente abatido pelo luto, não poderia ajudar aquela mulher. “Deus, ajude-me!”, repetiu mentalmente o que dissera antes de entrar na igreja.

— Edward é um homem mau, Margaret — começou a falar com a voz trêmula, mas aos poucos tomou o controle do próprio corpo. — Acha que vingança é justiça e que isso de alguma forma agradará as mulheres que tanto amou.

— Ele precisa ser parado — a mãe disse de maneira sombria, como se um feixe de ódio atravessasse toda aquela barreira de tristeza. — Alguém precisa pará-lo!

— Sim — o padre não podia discordar. — Mas não é a hora. Agora é a hora de honrarmos o seu filho, Margaret. Mesmo sem o corpo, posso realizar uma missa. Fará bem a ele e a você, tenha certeza disso.

Com o rosto ruborizado de tanto chorar, ela apenas assentiu com a cabeça e abraçou ainda mais fortemente o padre. Ele iria fazer os preparativos para a despedida definitiva de Richard deste mundo. Enquanto isso, David estava em prantos enquanto Patwin tentava acalmá-lo.

— Ele foi morto, Pat! — O garoto estava sentado na cama ao lado da do mestiço. O homem, por outro lado, jazia deitado e tentava ao máximo transparecer força. — Edward Muller, Muralha, todos esses homens são uns demônios!

Era duro para Patwin ver o pequeno jornalista sofrer daquele jeito. Nunca vira David em tamanho desespero. Ele estava sempre sorridente ou com alguma tirada sarcástica bem guardada. Além disso, a convivência e a intensidade do tempo na ilha fizeram com que Pat sentisse uma relação quase paternal para com o menino.

— Esse homem... — o mestiço pensava nas palavras, mas aquele se mostrou um exercício desafiador. Sim, queria muito dizer algo que acalmasse David, mas ao mesmo tempo também sentia algo intenso dentro de seu peito. Edward Muller tirara muito dele e agora deixara uma mãe sem filho. — Ele terá o que merece, David. Acredite.

Raiva não era mais a palavra certa para denominar o que o homem cultivava dentro de si. Desde a morte de Wohali, a prisão, as torturas. Aquilo já era violência demais para se aceitar. Veio então o massacre da tribo e agora o assassinato a sangue frio de Richard Olsen. “Esse velho precisa morrer”, pensou com convicção. Mas aquela não era a hora: estava ferido demais para poder executar uma vingança. “O tempo fará a sua parte e eu a minha”, Patwin Winslow determinou.

Enquanto o sofrimento ocorria em segredo na igreja, a vila de Roanoke passava por suas transformações diante dos últimos eventos. A batalha contra a tribo gerou várias viúvas e órfãos. Uma das pessoas afetadas era Melinda Green, filha do dono do único bar da ilha. Albert, o garoto magricela que vira Jessica sem vida antes de todos, também perdera o pai diante daquele absurdo. Eles estavam no bar um tanto quanto vazio naquele momento.

— Eu não aguento mais esse lugar — disse um assustado Albert. A perda de seu pai era recente, além da morte de Jessica e toda aquela enxurrada de eventos estranhos e perturbadores. — Quero sair daqui o mais rápido que puder. E você?

O garoto estava com corpo reclinado sobre o balcão enquanto assistia Melinda arrumar algumas bebidas. A garota não derramara lágrimas em público ao saber da morte de seu pai, mas claramente fora afetada pela perda. Passava o dia arrumando o bar como se o lugar estivesse cheio de defeitos que simplesmente não existiam. Além disso, permanecia no balcão até em dias em que não haviam clientes, exatamente como aquele.

— Para onde eu iria, Albert? — Sua voz era triste e cansada. Suas pálpebras pesavam e sua respiração estava lenta. — Esse lugar é terrível, eu sei. Concordo com tudo que você disse. Mas o que posso fazer? E o que faria quando chegasse do outro lado do continente?

— Você não tem família lá fora? Um tio, avô, sei lá. Eu tenho uma prima distante. Tudo bem que ela tem idade para ser minha avó, mas ainda assim é uma prima. Acho que irei para lá com minha mãe — ele respondeu com certa insegurança na voz.

— Sim, eu tenho família. Mas de que adiantaria? O que me garante que o continente não é tão violento quanto esta ilha? Os homens são violentos por natureza, Albert. Tudo que querem é assegurar o poder, nada mais. Não sou mais uma criança, sei disso muito bem — por um momento, ela deixou claro que se esforçava para segurar as lágrimas. — O meu pai morreu por uma causa idiota. Uma causa errada! Eu sei que ele tinha boa intenção. Acreditava estar protegendo sua família, sua vila, sua ilha. Mas o inferno está cheio de boas intenções.

— Você acha que ele... — Albert mantinha sua eterna cara de susto. — Acha que ele foi para o inferno?

— Não — a garota respondeu enquanto pegava um copo de vidro e abria uma garrafa de rum. — O que quero dizer, é que não adianta ter boas intenções quando você está do lado errado. Não digo que os nativos são uns santos, mas são pessoas também. Você não enxerga?

O menino assustado encarava a bela Melinda despejando a bebida em seu copo e bebendo-a como se já fosse experiente naquilo, o que não era a verdade. Na realidade, Ronald nunca permitira que sua filha bebesse, ainda que ela já tivesse atingido a maioridade.

— Quer? — Ela estendeu mais um copo. — Por conta da casa.

Sem dizer uma só palavra, Albert pegou o corpo e permitiu que ela colocasse um pouco de rum. Com o copo cheio, tentou dar o primeiro gole, mas logo afastou-se da bebida. Não tinha o costume de consumir aquilo.

— Como que você consegue? — Perguntou tentando trazer um pouco de alegria para a sofrida órfã.

— Eu não consigo — Melinda disse com pesar. Pela primeira vez, Albert vira uma lágrima escorrer daqueles lindos olhos. — Eu só preciso. Quero esquecer tudo!

O esquecimento era algo que muitos buscavam. Não era uma procura existente apenas entre os moradores da vila, mas entre os índios também. Diante de tais eventos, uma amnésia coletiva não iria nada mal. Uns queriam acreditar que seus mortos não eram culpados por um ato violento e gratuito. Outros queriam simplesmente ignorar o ocorrido e a injustiça sofrida. Apesar de estarem de lados opostos, seus corações eram os mesmos e os sofrimentos iguais. Todos só queriam paz.

— Isso acabou — Albert tentava acalmar a garota, que já estava indo para a terceira dose. — Não há mais guerra. Ninguém mais irá morrer, Melinda. Estamos em paz agora.

A expressão no rosto de Melinga Green transfigurou-se em raiva e desgosto. Arremessou o copo para longe, que se espatifou ao atingir uma das paredes do bar. O garoto deu um salto com o susto e logo passou a encarar a órfã enfurecida.

— Paz?! — Ela estava quase gritando. — É muito fácil ter paz quando todos estão mortos, Albert! Você é idiota? Meu pai morreu, isso é horrível! Mas já pensou que ele pode ter matados outros pais também? Talvez filhos?! Isso me atormenta mais que tudo!

— Calma... — Albert tentou, mas foi logo interrompido.

— Não me diga para ter calma! — Seu rosto estava em chamas com todo aquele misto de tristeza e raiva. — Não tem como ficar calma sabendo tudo que aconteceu. Eu simplesmente não consigo!

Segurou a garrafa, mas antes que pudesse levá-la a sua boca, foi interrompida pelo garoto que prontamente segurou o objeto.

— Isso vai te fazer mal, Melinda — ele tentava manter a voz calma, mas estava muito nervoso com tudo aquilo. — Além disso, não irá resolver nada. Você sempre vai lembrar. Nós todos iremos. As memórias nunca irão nos abandonar.

Acreditando que, afinal, o garoto estava certo, Melinda Green pôs-se a chorar descontroladamente. Largou a garrafa e simplesmente deixou que as lágrimas fluíssem sem impedimento algum sobre seu rosto. Albert deu a volta no balcão e deu um amigável e tenro abraço na moça.

— Chore, Melinda. Fará bem — sua voz agora era calma e doce. — Mas lembre-se que a vida continua. Com dureza, talvez. Mas continua. E você é muito forte, acredite. Ronald criou uma mulher incrível, isso todos sabemos.

Em meio às lágrimas, Melinda chegou a dar um sorriso. Apesar de todo aquele emaranhado de emoções, sentia um pouco de alívio por extravasar diante de uma pessoa, e não uma garrafa cheia de álcool. Sentia-se querida e podia enxergar uma pequena luz branca em meio a todo aquele vale escuro em que se encontrava. “Vai passar, vai passar”, repetia mentalmente para si mesma.

As horas passaram rapidamente e Padre Marcus já tinha ministrado uma pequena missa pelo falecido Richard Olsen. Sua mãe chorara durante todo o processo, mas pôde sentir algum alívio.

— Deus não nos abandona — o homem de fé garantiu, ainda que se sentisse abandonado nos últimos momentos. A fé dele era inabalável e ele sabia que era na maior das provações que ele poderia se mostrar um homem digno de sua missão. — Richard está melhor que nós, Margaret.

Após dizer aquilo, a mulher agradeceu e se retirou da igreja. Precisava voltar para casa, rever sua vida, os objetos de seu filho, suas obras de arte. Ao menos ele havia deixado algo para trás, algo que ela poderia sempre olhar e lembrar de sua presença. “Um artista nunca morre”, ela buscava conforto em seus pensamentos. “Nunca estarei sem o meu filho”.

Após aquilo, o silêncio tomou conta da igreja. David não estava nem um pouco produtivo: havia chegado num ponto em que não tinha mais nada para pesquisar. Estudou os mapas, os textos criptografados e os já conhecidos. Nada de novo aparecia com clareza.

— Mapas cheios de marcações estranhas, textos cheios de números e sem muito sentido — ele reclamava para o mestiço que, apesar da raiva, aproveitava aquele momento com seu grande amigo. — Esse John Dee era um louco.

Patwin deu uma rara risada diante daquilo. Os dois estavam no dormitório da igreja enquanto o padre realizava suas preces diante do sacrário. O mestiço estava curioso com as descobertas do pequeno jornalista, e o oposto também era verdade.

— Mas então, como é esse negócio de o padre ter um compartimento secreto? — O homem ferido não entendia muito bem como aquilo era possível. — Isso não é meio errado? Quer dizer, pelo que você me falou esse John Dee era meio...

— Oculto? — David completou e soltou um riso discreto. — Ele era louco, sei que disse isso. Mas também era um gênio. Alquimista, matemático e mais uma porção de coisas. Acreditava que o místico era só mais uma forma de manifestação do natural. Então ele realmente poderia viajar bastante em suas ideias e teorias, mas sempre buscava alguma base científica. Quer dizer, o velho tinha a maior biblioteca de Londres. Dá para acreditar? Além disso, era conselheiro da Elizabeth I e também um espião especial. Até eu gostaria de ter um compartimento oculto de um gênio como esse.

O mestiço se impressionou com aquelas informações. Aquela ilha realmente não era um lugar ordinário. “Não basta uma vila comandada por um louco, uma tribo com problemas de liderança, temos ainda um gênio de séculos atrás interferindo em tudo? Pelos céus”, pensou com uma certa preocupação.

— E por que ele veio para cá? E por que ele é importante hoje? — Pat queria saber mais e mais.

— Bem, primeiramente, creio que qualquer monarca minimamente inteligente enviaria um espião de confiança para conferir suas novíssimas terras do outro lado do mundo — falou com um sorriso sorrateiro. Ele se sentia estranho por estar se divertindo contando aquele tipo de coisa, mas era um verdadeiro momento de alívio para o pequeno jornalista. Seu coração sentia um pouco de conforto quando estava com seu grande amigo, ainda mais levando em consideração todas as informações que receberam naquele dia. — Bem, eu faria isso. A importância? Bem, existe uma historinha interessante nos textos dele e ela envolve diretamente os índios. Ah, detalhe importante: envolve índios com motivos para querer se vingar dos colonos. Ou, no nosso caso, moradores e visitantes da vila.

Aquilo incutiu algum medo no mestiço, mas ele acreditava que aquilo não fosse possível: ele viu o povo secotan ser massacrado. Não havia chance para uma vingança, ou ao menos era assim que ele acreditava.

— Isso é impossível — Pat começou. — Os índios não têm números para isso. Edward Muller e seus homens não perdoaram nem crianças e mulheres, David.

Lembrar daquilo enchia o mestiço mais uma vez de ódio. No entanto, controlou-se para ouvir tudo que o pequeno jornalista tinha para dizer.

— Isso é horrível, Pat — o garoto sentiu mais uma pontada de tristeza, mas manteve-se forte e colocou mais uma vez a máscara do sorriso. — Mas pode piorar. John diz que os nativos têm acesso a uma força ancestral. Ou ao menos era assim que eles acreditavam ser. Um monstro, um ser demoníaco. É difícil de descrever, mas diz-se que ele devora até os ossos de seus algozes. E aí chegamos na lenda de Roanoke: o sumiço da colônia. Foram exterminados, Patwin. Foi uma vingança dos nativos! Isso há séculos. O que nos garante que não ocorrerá novamente?

O mestiço sabia bem do que David estava falando: o deus protetor. Não, não poderia ser. Aquelas eram só fábulas, lendas e histórias para que os índios pudessem se sentir seguros. Nunca acreditou verdadeiramente naquilo, correto? Ele próprio tinha suas dúvidas, mas preferiu passar uma imagem cética.

— Isso é apenas uma lenda, David. Não existe nada disso. Eu estive lá, eles são apenas um povo cheio de histórias como qualquer outro. O deus protetor não é real.

— Pat, eu também quero que não seja — David agora abandonara a máscara da felicidade e adotara uma expressão de urgência. — Mas e se for? O que faremos? O que o povo da vila fará? Sei que existem muitas pessoas aqui que merecem sofrer, não discordo disso. Mas também há muita gente que é boa de verdade. A Margaret, a Melinda, o padre! E tem mais, tenho certeza. Não podemos correr esse risco.

— David, isso não é... — Patwin fora interrompido. Margaret apareceu mais uma vez na porta do dormitório. Suas lágrimas já haviam secado e ela trazia consigo uma pequena bolsa de couro. — Margaret? Aconteceu algo?

David engoliu em seco com aquela imagem e a tristeza voltou a atacar-lhe com mais força. A mulher disse:

— Patwin, será que podemos conversar a sós?

O jornalista olhou para o garoto, que apenas acenou com a cabeça e se retirou do local.

— Ainda resolveremos esse assunto, David — Pat disse antes do pequeno jornalista sair do dormitório. — O que houve, Margaret? Há algo que posso fazer por você?

Sem dizer uma palavra, a senhora Olsen fechou a porta do dormitório e a trancou. O mestiço viu aquilo com estranheza, mas manteve-se calado. Ela caminhou lentamente até a sua cama e, abaixando-se lentamente, aproximou a sua boca do ouvido do homem.

— Edward Muller e Muralha devem morrer — disse com uma frieza mortal. — Eu soube que o outro homem dele já bateu as botas. E sei que você pode fazer isso, Patwin.

O mestiço teria saltado da cama caso não estivesse tão fragilizado. Não esperava ouvir um pedido daqueles. Antes mesmo que pudesse responder, Margaret continuou:

— Nesta bolsa você encontrará uma antiga chave que tenho da mansão de Muller. Ela serve para a porta dos fundos, dando acesso direto a cozinha. Eu a usava anos atrás quando ia deixar alguns jantares especiais que ele tinha com a filha — ela deixara a bolsa embaixo da cama de Patwin. — Tem outra coisa também: um revólver. Nunca precisei usá-lo, graças a Deus, mas você me parece capaz.

— Margaret, o que você está me pedindo é... — O jornalista não sabia como completar sua frase. Nunca havia atentado contra a vida um homem. O mais próximo que chegou, distraiu-se e quase fora morto, sendo salvo pela desaparecida Eyanosa. — Eu não sei como fazer. Não tenho nem mesmo condições para isso.

— Uma hora você terá — a mulher havia personificado a própria morte. — Sei que o que peço não é nada fácil. Mas sei que você tem tantos motivos quanto eu para fazer isso. Pense, Patwin. Eles tiraram tudo que te ligava a essa ilha. Eles são uns demônios. Você acha que é certo deixá-los viver? Eles nunca irão parar.

O mestiço sentira na pele aquela violência. Horas atrás, ele mesmo havia prometido a si mesmo que faria algo. Aquele era o sinal.

— Irei me recuperar e acabarei com a vida desses dois monstros — Patwin Winslow falou de maneira convicta. — Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

Que promessa, hein?

O que estão achando da história? Como pensam que as coisas irão se suceder?

Até o próximo capítulo :D



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