O Sangue do Mestiço escrita por Júlio Oliveira


Capítulo 10
A voz do povo


Notas iniciais do capítulo

Galera, peço perdão pelo atraso. Acabei adoecendo e a faculdade também fechou o cerco. Mas estou de volta e espero que a espera tenha valido a pena. A história continua com suas postagens semanais :)

Boa leitura!



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Com a cabeça extremamente dolorida após as horas de bebedeira e fortes memórias, Edward Muller não sabia bem onde estava. Tinha uma sensação estranha, como se dias tivessem se passado desde a última vez em que estivera acordado. Mas não. Ele ainda se encontrava em seu velho quarto empoeirado com sua cama desarrumada e sua mão ferida, ainda que enfaixada. Vendo que um pouco de sangue havia se espalhado pelo curativo, Muller levantou-se e, a passos lentos, caminhou até o banheiro. Foram passos pesados, mas que fluíram aos poucos sem que ele tivesse o risco de queda. Finalmente encontrando a pia, pôde retirar a atadura e lavar o local ferido. Após secar bem a sua mão, voltou a pôr um novo curativo.

Vestindo-se adequadamente e indo até a janela, Edward viu que a noite já se fazia presente. O céu ganhava novas estrelas a cada minuto que se passava e, finalmente, o calor vespertino dava lugar ao frio noturno. Fechou as janelas e logo tratou de descer as escadas. Sua cabeça latejava, mas sua convicção de que estava fazendo a coisa certa era sua maior motivação. Lembrava de sua esposa e filha e simplesmente seguia seu caminho. Talvez, se não tivesse aquelas memórias como muleta, ele já estivesse morto. “Não seria impossível”, refletiu enquanto girava a maçaneta da porta.

Não sabia exatamente para onde estava indo, mas sentia-se guiado por algum tipo de força. E então olhou para o bar de Donald Green. Sim, aquele lugar movimentado durante a noite, cheio de jovens, velhos e visitantes inesperados. Que lugar melhor para espalhar pensamentos, sejam eles verdadeiros ou não? Edward sabia que qualquer palavra dita ali se espalharia como fogo em palha seca. “Sim, está na hora de começar um incêndio”, pensou enquanto caminhava rumo ao seu objetivo.

Nem precisou abrir a porta para ouvir todos os sons que ecoavam daquele lugar. A música, as conversas, os copos se chocando contra as mesas e o arrastar de cadeiras. Era definitivamente o lugar mais movimentado de Roanoke naquele horário. Abrindo a porta, pôde desvendar todas as fontes de sons: o magrelo Albert, aquele mesmo que encontrou o corpo de Jessica, tocava uma bela melodia em seu violão ao mesmo tempo em que não tinha tanto sucesso em sua cantoria. Melinda, filha de Donald, observava bem e sorria intensamente com a letra da música, ainda que o garoto não fosse tão afinado quanto deveria. O dono do bar servia grandes doses de variadas bebidas para pescadores da região, que conversavam em voz alta e contavam piadas sem graça. Próximo ao banheiro, Joseph e Muralha praticavam “queda de braço”, sendo que o gigante quase sempre saía vencedor, o que obrigava o seu colega a tomar sucessivas doses de rum. Até mesmo o Padre Marcus se fazia presente, ainda que apenas estivesse lendo sua Bíblia e fazendo anotações. “Lugar estranho para isso”, pensou Muller com desdém.

Entretanto, aos poucos as piadas foram desaparecendo, o arrastar de mesas parando e a bebedeira cessando. Em menos de um minuto, todos os olhos estavam virados para aquele homem de aparência dura, barba volumosa e cabelos grisalhos. Eram olhos curiosos, temerosos e até mesmo alguns de puro desprezo. Edward percebeu a ausência do xerife Arnold no bar, e isso o agradou imensamente.

— Como começar? — Muller pensava sobre o que dizer e sua voz saiu meio enrolada. — Vivemos tempos difíceis. Creio que todos aqui sabem disso. A morte do pobre Rico é recente demais para qualquer mente ter esquecido. A própria morte da minha filha é recente demais!

Albert estremeceu e segurou o violão com força. O garoto guardava bem na cabeça a imagem de Jessica Muller quase que retalhada. Era uma memória que tentava esquecer todos os dias, mas insistia em reaparecer. E, evidentemente, tornava-se ainda mais vívida ao ver toda a emoção que o pai da moça reproduzia naquelas palavras. Melinda reparou no desconforto do garoto e, aproximando-se dele, disse:

— Respire. Vou pegar um copo d’água.

Edward Muller prosseguiu:

— Caso não se lembrem, faço questão de resgatar a memória de todos vocês. Rico foi morto após ser atingido por uma flecha. Não foi azar, desentendimento ou algo parecido: a flecha estava envenenada. Digam-me, caríssimos moradores desta ilha: como algo envenenado pode não ser premeditado? O índio que fez isso, seja qual for, já estava com a intenção de ceifar vidas, essa é a mais pura verdade — dizia com emoção em sua voz ao mesmo tempo em que observava cada um dos olhares em sua direção. — Rico morreu sofrendo de uma maneira que eu nunca vi nenhum outro homem sofrer. E acreditem, já vi bastantes homens sofrerem. Já trabalhei com mineração, então acidentes irreparáveis eram comuns, infelizmente. Mas o que Rico passou foi completamente desumano, descivilizado, puramente selvagem! Eu não desejaria aquilo nem mesmo para o pior de meus inimigos, nem que ele fosse o próprio autor do disparo.

As pessoas estavam completamente atentas. Não havia qualquer sinal de conversa paralela, pedido por bebidas ou qualquer coisa do gênero. Elas simplesmente queriam escutar a voz de Edward Muller. No entanto, uma voz feminina logo se fez presente. Levantando-se em meio a multidão de olhares curiosos, a esposa de Rico apareceu perante o olhar de Muller.

— Que eu sirva de testemunha — ela começou. — Vi meu marido clamar pela própria morte. Vi a sua lenta caminhada para a morte e...

Ela começou a chorar. Edward, com os olhos lacrimejando, estendeu o braço e gesticulou para que a mulher se aproximasse. Estando ao lado do homem, ela foi abraçada calorosamente. Muller falou em seu ouvido:

— Resolveremos tudo isso. Eu prometo.

A moça agradeceu o afago do poderoso homem e, após enxugar as lágrimas, voltou a falar:

— Só nos restou chorar e lamentar. Rico deixou para trás esposa e filhos. E isso é algo que não desejo para mais ninguém. Então se existe algo que peço ao povo de Roanoke, esse pedido é: não deixem mais essas tragédias ocorrerem! — Muller estava espantado com as palavras da moça. Elas não eram só incrivelmente verdadeiras como estavam claramente impactando as pessoas presentes no bar. — Precisamos de justiça! Pelo meu Rico, pela Jessica e por todas as famílias que podem vir a sofrer nas mãos desses selvagens!

Aplausos. A maioria das pessoas se sentia representada pelas palavras da moça. O próprio Edward Muller aplaudiu toda aquela colocação. Sim, as pessoas estavam com medo. Os tempos eram sombrios, as mortes assustavam e o próprio clima de Roanoke parecia diferente naquele ano. Como discordar de cada palavra dita? Ainda assim, Melinda Green, Albert e outras pessoas permaneciam em silêncio. Havia algo de errado diante de tantas ditas “certezas”.

— E é por isso que digo, povo de Roanoke — a voz de Edward parecia mais potente e grave do que o usual. — Nós iremos à luta! Pegaremos em armas, enfrentaremos esses homens repugnantes que querem acabar com nossas vidas. Não nos curvaremos perante a selvageria!

Mais aplausos, mais gritos de apoio. Muralha levantava sua arma em sinal de aprovação incondicional, enquanto Joseph estava embriagado demais para qualquer reação mais chamativa. Mas, mais uma vez, uma voz feminina cortou o momento.

— Isso não parece certo — era a voz de Melinda Green. — Quero dizer, será que não estamos levando isso longe demais? Claro que todos tivemos perdas. Mas será que elas justificam condenar todo um povo? Olha, eu não sei muito sobre os índios, mas para mim eles parecem tão humanos quanto nós. Com certeza existem muitos deles terríveis e maldosos. Mas também existem os bons e de coração puro. Deveríamos ter cautela.

Dessa vez, não houveram aplausos ou gritos de apoio. Apenas o silêncio fez companhia ao discurso da garota. Ela olhou, trêmula, para os olhos curiosos e assustados. Albert parou de beber o copo d’água que ela trouxera minutos atrás e tentava de alguma forma apoiá-la, mas não saía palavra alguma de sua boca. A grande verdade é que o pensamento coletivo era único: “o que diabos essa menina quer dizer com tudo isso?”. Como alguém ousava discordar de Edward Muller publicamente? Sim, as pessoas tinham suas diferenças em relação ao homem, mas ninguém ousava revelar isso na sua frente. Pior: perante mais olhares do que se podia contar.

Edward engoliu seco. Fervia por dentro, mas não estava preparado para algo do tipo. Ele simplesmente não sabia como reagir. Mas foi a fala de Donald Green, pai de Melinda, que alterou a situação.

— Devemos deixar então que matem você, minha filha? — Donald falou com genuína preocupação na voz. — Se isso tudo é uma questão de “eles ou nós”, eu com certeza prefiro ficar com o “nós”. Você não acha que eles pensem de maneira semelhante? Provavelmente também somos como monstros para eles. Mas e daí? No final, tudo é uma questão sobre quem sobrevive. E eu, minha filha, quero manter você segura acima de tudo.

E isso Melinda não soube como responder. Era seu próprio pai que falava. E, como esperado, ele foi aplaudido por Edward Muller e quase todas as outras pessoas presentes. O poderoso homem então começou a falar:

— Muitas vezes sou julgado erroneamente por parecer agressivo — sua voz estava trêmula. — Eu só quero defender da maneira que não consegui com minha esposa e nem com minha filha! Não quero que vocês sofram o mesmo. Então sim, é necessário ser duro. É pelo bem maior. Por isso repito: devemos nos unir contra o mal que vem dos bosques. Não vou obrigá-los. É um simples pedido. Estejam prontos para quando a guerra chegar. Sinto que ela não está tão distante quanto gostaria.

E, com um estrondoso aplauso, Edward viu que estava no caminho certo. “A voz do povo é voz de Deus”, repetiu mentalmente. Marcus acompanhou tudo com temor. Preferiu não reagir para evitar mais atritos do que já tinha com o poderoso homem.

Longe dali, David se encontrava sentado em um dos bancos de madeira da igreja. O lugar era um tanto escuro por dentro e não havia uma boa circulação se ar. Ainda assim, tudo parecia muito bem cuidado. “O padre provavelmente tem muito esmero pelo local”, refletiu o garoto. Deu uma volta à procura de Selvagem, a cadelinha de Padre Marcus, mas não a encontrou. “Deve estar com o dono”, pensou enquanto retornava para o seu banco.

Ele estava com alguns de seus preciosos objetos: seu caderno, livro e o inseparável lápis. Abrindo o caderno, começou a ler tudo que havia anotado até então. Eram apenas histórias sobre Roanoke e algumas informações que não eram mais novidade para ninguém: o poder de Edward Muller, a submissão do xerife, entre outros. A verdade é que uma espécie de desespero crescia dentro do pequeno garoto. Patwin realmente voltaria um dia? Como estaria o seu amigo na tribo? Mal tiveram tempo de falar, tudo aconteceu rápido demais. Deveria David sair da ilha assim que possível? Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas.

Além de pensar sobre seu amigo, ele também temia pela própria segurança. E se fosse descoberto? E se Edward Muller resolvesse torturá-lo a fim de descobrir o paradeiro do trio fugitivo? Aquilo era algo que não parecia nada improvável, tendo em vista todo o medo que pairava na cidade a respeito do homem, além dos próprios ferimentos que o garoto observou em seu amigo e aliados. “Não existe ninguém para combater essa droga nessa cidade?”, pensou com tremendo pesar. Encarou o Cristo na cruz e estremeceu só de pensar no que os próximos dias guardavam.

Sendo atormentado pelo tédio, não aguentando mais ficar sentado, levantou-se e atreveu-se a explorar uma das portas fechadas da igreja. Após atravessá-la, viu que havia se deparado com o alojamento do padre. Além de um simples beliche, o quarto também contava com uma almofada no chão, provavelmente pertencente à Selvagem. Havia ainda uma mesinha com um Terço e uma Bíblia em cima. Vendo mais uma porta adiante, David acreditou se tratar do banheiro, não indo explorar o lugar. Foi até a Bíblia e abriu em uma página aleatória.

— “Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos” — leu em voz alta. — Eu estava esperando alguma citação milagrosa que resolvesse a minha vida, mas tudo bem.

Retornou para o banco de onde havia saído enquanto refletia sobre como tinha a capacidade de se intrometer onde não era chamado. “Faz parte de mim”, chegou a conclusão e sentou-se. Logo após isso, finalmente ouviu o som que tanto ansiava: a porta da igreja fora aberta. Olhando em direção da brisa que chegava, David encarou a silhueta do Padre Marcus acompanhado da sempre alegre Selvagem. O padre fez uma expressão mista de estranheza e surpresa, mas logo reconheceu o garoto ali sentado.

— David! — Falou com alegria. — Que bom vê-lo aqui.

Selvagem correu em direção do menino e logo começou a lambê-lo e a suplicar por carinho, algo que David prontamente forneceu.

— Padre Marcus — levantou-se da cadeira após acariciar a cachorrinha. — Estava esperando o senhor.

— Interessante — Marcus coçou sua densa barba cheia de fios prateados. — Como posso ajudá-lo? Envolve o seu amigo Patwin? Eu soube que ele conseguiu fugir.

David conseguiu perceber um quê de alegria nas palavras do padre ao falar da fuga de seu amigo. Isso aliviou o garoto e o deixou mais apto a se abrir nos minutos seguintes. Começou:

— É uma longa história. Eu vi que você não é muito chegado no Edward, certo?

— De forma alguma — David pensou que poderia começar a falar, mas o padre começou uma longa explanação. — Ele já foi um bom homem, David. Edward Muller era poderoso, mas contribuía com o crescimento da vila, tinha senso de justiça. Ele servia como uma liderança muito mais por escolha das pessoas do que por sua própria decisão. Era um homem calmo, feliz e bastante tranquilo.

Tranquilo? Calmo? Feliz? Nada disso casava com o que o pequeno jornalista sabia daquele homem.

— Como assim? — David praticamente esqueceu do que iria falar. Ansiava por descobrir mais.

— Vou lhe contar a história. Muller tinha uma esposa e sua filha. Um dia, sua mulher adoeceu. Algo misterioso e aparentemente incurável. Ele a levou para os melhores médicos no continente, mas nada adiantava. Dizem que os sintomas eram dolorosos e ela sofria muito. Ele até mesmo renegou sua fé católica. E então apelou para um plano desesperado: os índios — Marcus quase que sussurrava, como se tivesse medo que alguém o visse contando aquilo.

— Eu pensei que ele odiasse os índios desde sempre.

— Não. Antes, eles tinham uma relação boa com a vila. Trocávamos produtos como pele de animais, etc. Era uma convivência pacífica. Entretanto, isso mudou. Confiando aos índios a cura da sua esposa, Muller viu algo pior ainda. Eu não estava lá, mas dizem que fizeram uma espécie de ritual e tudo saiu do controle. Ela acabou tendo uma morte lenta e sofreu mais do que já sofrera em qualquer outro momento da vida. Edward declarou então ódio total aos índios, um verdadeiro nojo, raiva e asco juntos.

— E então aparecem os boatos de sua filha estar tendo o caso com um índio — as peças começavam a se encaixar na cabeça de David. — Ela então morre de maneira brutal.

— Exato — agora Marcus exalava uma espécie de alívio por compartilhar aquela história com alguém. — O principal suspeito? Qualquer um da tribo indígena. E o que isso nos leva?

— Guerra total — David completou.

Sim, tudo aquilo fazia sentido. O ódio de Edward pelos índios era justificado de alguma forma e isso o tornava ainda mais perigoso. Ele não pararia por nada, pensou o garoto. Sendo David apenas mais uma peça entre o poderoso homem e seu objetivo, a grande verdade é que ele corria perigo. Sua expressão de medo era visível, algo que levou Marcus a questionar:

— Ele está atrás de você, certo? É por isso que está aqui.

— Eu vim para cá com Patwin — David começou a explicar. — E então toda essa confusão com a Jessica começou. Depois o meu amigo acabou se encontrando com as pessoas erradas, no lugar errado e na hora errada. Faria todo sentido eu ser um suspeito.

— Sim — o padre se levantou e foi até o seu quarto. Voltou com dois copos d’água. — E temo que ele esteja mais motivado do que nunca.

— Como assim?

— Eu estava no bar. De vez em quando passo por lá para me manter atualizado do que acontece na vila. Acontece que o nosso “amigo” apareceu e proferiu um discurso emocionante. Pior: a esposa do falecido falou algumas coisas também. As pessoas sentem-se ameaçadas, David. Elas sentem a essência do medo. E o que qualquer animal faz quando está com medo?

— Ele ataca — o garoto completou.

Marcus deu um longo gole enquanto David repetiu o movimento. O padre parecia pensativo, imaginando quais os próximos passos deveriam ser dados.

— Você fez algo que possa ter irritado Muller? — Marcus olhou para David.

O garoto quase se engasgou com a água enquanto se lembrava de seus feitos recentes.

— Bem — ele não sabia como explicar. — Sabe a fuga de Patwin e sua trupe? Eu ajudei. Embebedei o xerife Arnold.

E nesse momento David viu que estava confiando plenamente no padre. “Espero que eu esteja acertando com meus aliados”, pensou. Marcus fez uma careta e, após fazer o sinal da cruz, disse:

— Deus nos ajude. Que o álcool tenha apagado a memória do xerife.

— Conto com isso.

— Mas caso não tenha apagado, você sabe que ele virá atrás de você, certo? Tenho certeza que Edward o ameaçou ou fez algo do tipo.

David estava gelado de medo. Na sua cabeça, imagens horripilantes passavam sem interrupção. Ficava a pensar sobre como seria quando se encontrasse com Edward Muller.

— Você pode ficar por aqui. É seguro, Edward não frequenta mais a igreja — ofereceu Padre Marcus.

David olhou para Selvagem e acariciou-a mais uma vez.

— Olha, eu adoraria. Mas não quero trazer riscos para você, padre. Deve ter algo que eu possa fazer. Até mesmo o xerife guarda segredos ou desejos ocultos. Talvez tenha algo que eu possa falar para ele que o faça mudar de lado — o garoto deu mais um longo gole, esvaziando seu copo. — Ou que ele ao menos largue meu pé.

O padre também esvaziou o seu copo e, após pensar por alguns segundos, disse:

— O xerife tem um histórico de insubordinação. Hora ou outra ele quer mostrar que tem poder na vila, só para ser esmagado logo em seguida por Edward — Marcus olhou para David, que estava captando a mensagem. — Talvez ainda exista um lobo dentro dele.

— Vivemos tempos de tensão, padre — David começou a sorrir. — As feras costumam ficar mais agitadas.


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Notas finais do capítulo

Eu amo o David. E você?



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