Matsu escrita por Zatanna


Capítulo 3
Três — Oufuku


Notas iniciais do capítulo

Obrigada, LUE, pela recomendação. ♥



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Uma camada nevoenta pairava sobre os olhos de Chihiro. Ela piscou algumas vezes, tentando conseguir ver além daquela cortina que embaçava sua visão e, com um pouco de dificuldade e tempo, foi capaz de vislumbrar um teto de madeira escurecida acima de si.

Às suas costas, sentiu algo macio e percebeu, virando a cabeça para o lado, que estava deitada sobre um futon[1], branco e macio, que tinha consigo algumas almofadas fofas coloridas com desenhos delicados de flores de cerejeira.

As franjas nas pontas de uma das almofadas estavam enroscadas em seus dedos da mão e Chihiro as soltou, muito suavemente, esperando entender o que estava acontecendo. Não se levantou de imediato, pois tentava discernir em que lugar se encontrava antes de tomar qualquer atitude precipitada.

Sua cabeça ainda latejava um pouco quando resolveu se levantar, observando o ambiente em seu entorno. As paredes não eram pintadas fazia muitos anos, pelo que parecia, e a única forma que tinha algum tom exato era a porta de um verde-claro que lembrava uma folha orvalhada pela manhã.

A porta tinha os mesmos riscos, porém, não tinha galho ou caule que sustentasse, Chihiro pensou por algum tempo e chegou à conclusão que essa função pertencia a casa em que estava. Mas de quem era aquela casa?

Antes que pudesse verbalizar suas dúvidas, uma criatura surgiu ao seu lado. De modo sorrateiro, ou por estar outrora invisível, uma máscara apareceu diante de si. Listras lilases marcavam sua expressão vazia, acima dos buracos que pertenceriam aos olhos se existissem.

— Ah.

A figura sussurrou, acenando com a cabeça em afirmação. A moça piscou algumas vezes, tentada a gritar, mas não fez. Aquele noppera-bo[2] lhe era estranhamente familiar, como se já tivesse o desenhado muitas vezes antes.

E tinha. Recordou-se dos pequenos traços que fazia, desde pequena, de uma figura sombria que caminhava à direção da luz. Vestia-se totalmente de preto, ou sua forma era completamente negra, não sabia muito bem. Lembrou. Lembrou aos poucos, daquele que havia a acompanhado em uma viagem de trem. O nomeavam de Kaonashi.

Kaonashi.

Sua voz saiu frágil, como se pudesse quebrar em mil pedaços, juntamente ao seu emocional confuso e desolado. Em poucos segundos, sem que pudesse perceber qualquer movimentação daquelas mãos escuras, notou que a figura à sua frente lhe oferecia um copo d’água.

— Ah.

Podia interpretá-lo. Ela sabia que o Kaonashi gostaria que bebesse a água, porém, também se recordava que nada de bom poderia vir para quem aceitava os presentes daquela estranha e peculiar forma.

Antes que pudesse recusar, no entanto, outra pessoa apareceu no umbral da porta. Era baixa e arredondada, com uma grande cabeça sobre os ombros. Todos os traços eram enrugados e um óculos muito pequeno pendia sobre o gigantesco nariz. Acima, havia uma verruga proeminente que Chihiro parecia conhecer muito bem.

Yubaba; pensou por um tempo, sentindo seu corpo se retesar pelo medo, porém retirou a ideia da mente quase que de imediato. Ela não lhe traria conforto ou sentiria compaixão e, muito menos, faria por alguém que sabia que a menina nutria certo afeto como o Kaonashi. Era outra pessoa.

A irmã gêmea. A obaa-san[3]. Zeniba.

Obaa-san? — questionou Chihiro, ainda muito confusa.

Por algum momento, a senhora de longo vestido azul sorriu. Os lábios curvavam-se para cima, mas os dentes não apareciam. Era um sinal de que havia felicidade em seu retorno, mas não era pleno. No fundo, Chihiro tinha noção de que tinha feito algo que não deveria – mas que precisava fazer.

Os olhos doces e idosos a encararam por algum tempo, enquanto se aproximava. A cada passo, a menina conseguia reconhecer ainda mais a figura que vinha para seu lado. Até mesmo a maquiagem lilás, a senhora permanecia usando. Os grandes brincos dourados em formato de pérola e a joia avermelhada e hexagonal próxima ao pescoço, até mesmo os anéis, um em cada falange, com exceção dos dois dedões.

Por um instante, os olhos de Chihiro se encheram de lágrimas.

Como tinha esquecido tudo aquilo que havia vivido ao lado de Kohaku e seus amigos?

— Sou eu sim, minha doce criança. — respondeu, um pouco feliz e também insatisfeita. — Mesmo sabendo que não deveria voltar, aqui está você. A teimosia deve ser coisa da idade, sabe.

Um risinho fraco e sutil espalhou-se pelo ar enquanto Zebina passava a mão pelos fios escuros do cabelo de Chihiro. As longas unhas vermelhas ainda permaneciam intactas, como se nada tivesse mudado no tempo em que esteve fora dali.

Obaa-san, como eu vim parar aqui?

A questão que saiu por seus lábios era, ao mesmo tempo, inquietante e reconfortante. Chihiro se recordava da ponte, lugar no qual havia visto Kohaku pela a última vez, porém, nada a mais que isso.

Sabia bem que a distância para a casa de Zeniba e a casa de banho de Yubaba era proposital, pois tinha o intuito de mantê-las afastadas uma da outra. Então, como tinha surgido do outro lado, seis paradas de trem depois?

Como se lembrava que eram seis paradas e tantas outras coisas permaneciam escondidas de si?

Sem responder com nenhuma palavra ainda, Zeniba tirou algo do bolso do vestido, que Chihiro não sabia nem sequer que existia. Ao colocá-lo na mão da menina, percebeu um suspiro espantado se formar em seus lábios, um pequeno objeto e extremamente familiar jazia ali.

— O elástico?

A cor roxa acetinada ainda brilhava, mas bem menos do que antes. Em uma fração de segundo, a memória veio à tona. Ele havia sido confeccionado por Zebina, Kaonashi, Boo[4] e Yu[5], feito especialmente para Chihiro.

— Ele continuou protegendo você, por todos esses anos, e, quantos mais forem necessários, protegerá você, pequena — respondeu a senhora de idade, um tanto cansada e um tanto contente. — Você achou que só por que você não se lembrava de nós, nós deixaríamos de lembrar de você?

Desprevenida, a garota sentiu que uma lágrima ou outra escapou de seus olhos perdidos em recordações. Uma culpa se formou em seu peito e um bolo, na garganta. Segurando o prendedor com mais força, finalmente, a resposta que tanto procurava estava ali, além da ponta de sua língua.

— Eu não queria ter esquecido de vocês. Eu nunca faria isso por vontade própria, obaa-san.

— Você não nos esqueceu, Chihiro. — Zebina pôs a mão na cintura, corrigindo suavemente a menina que tentava limpar as lágrimas dos olhos, mas em vão. — Você só não lembrava, isso é natural, os humanos não podem se lembrar do que viveram no mundo dos espíritos.

Por um momento, ela desejou ser exceção à regra. Contudo, isso poderia soar prepotente demais e, sendo assim, preferiu manter aquele desejo aceso em seu coração, sem verbalizá-lo.

— Como estão todos? — questionou, mudando de assunto. — Sabe algo sobre Kamaji? Ou Lin? Ou...

Rindo um pouco alto, Zebina pôs a mão na testa.

— Você não precisa enrolar para fazer a pergunta que tanto anseia, criança. — Pegando o copo d’água da mão do Kaonashi e entregando-o para Chihiro, que havia esquecido da pobre criatura estendendo-lhe o objeto, a velha bruxa continuou sua fala. — O seu namorado dragão é o que fez a vir até o mundo dos espíritos, não é verdade?

Chihiro, que finalmente cedia aos anseios de beber água, engoliu-a de mal jeito e começou a tossir. O rosto branco como a neve tornou-se avermelhado aos poucos. A alvura deu espaço para um borrão rubro, que parecia negar a si mesmo.

Obaa-san, eu realmente gostaria de saber de todos! — exclamou, com certa timidez correndo por suas veias, que levavam o sangue à sua face gradativamente mais rápido. — Eu realmente quero saber como estão Boo, Lin e Kamaji.

— E do seu namorado não quer saber?

— Eu não disse isso — falou rápido, arrependendo-se em seguida enquanto colocava o copo no chão, com mais força que pretendia.

Um segundo depois, com as mãos nos lábios, Chihiro percebeu que não havia negado os sentimentos que nutria por Kohaku, nem uma vez. Como se nenhum dia tivesse passado, a menina que se tornava mulher queria ter a chance de vê-lo.

Somente revê-lo.

Mesmo que uma só vez.

— Bom, eu tenho uma péssima notícia para te dar, de todo jeito — disse-lhe, com um suspiro preso nos lábios. — O seu namorado não está mais nesse mundo, ele partiu faz uns dois anos para o mundo dos dragões.

— Ah.

Embora tenha sido Kaonashi que tenha se expressado, poderia ter sido a própria Chihiro. A menina pareceu desolada naquele instante em que a oportunidade poderia ter aparecido, mas escapou de suas mãos, como um passarinho afoito para voltar a voar no céu límpido.

— Ele não vai voltar?

Zeniba sabia que não era tão sentimental, mas a expressão da jovem Ogino era digna de compaixão. Os olhos da criança tinham ganhado um formato afeminado e os cílios se tornaram mais alongados. Poderia dizer que tudo em Chihiro pertencia a uma mulher, esperando o homem que amava.

Estendendo-lhe a mão, que a menina demorou alguns instantes para perceber, Zeniba respondeu a sua questão com mais pesar do que gostaria de demonstrar:

— Não, ele não vai voltar.

Mordendo os lábios, a garota percebeu que sua jornada até ali parecia ter sido em vão. Tudo o que conquistou até o momento, perdeu-se com aquela simples frase. As lágrimas que tanto prendia e evitava derramar, finalmente, tornaram-se rios que fluíam pela face de Chihiro.

Ele era o rio em que queria poder nadar; porém, recordou-se que a água havia sido drenada e Kohaku não tinha mais motivos para estar no mundo dos homens e, pelo que percebida, nem no mundo dos espíritos.

Mas havia sido em vão chegar até ali? Questionou a si mesma. Não era porque o homem que amava não estava que Zeniba ou o Kaonashi perderam a sua importância. Ela mesma tinha dito isso à bruxa.

Um pouco carente e com um pouco de saudade, Chihiro abraçou a idosa, que a esperava de braços preparados. Suas mãos encontraram uma a outra quando seus braços se enrolaram na senhora que tanto a ajudou e a acolheu.

— Pelo menos, eu tenho vocês de volta, obaa-san.

Era uma menina muito doce e frágil, Zebina se lembrou, ainda que tivesse força e vivacidade o suficiente para enfrentar perigos inúmeros por aqueles que amava. Se ela oferecesse uma oportunidade para Chihiro, tinha certeza que a Ogino seria capaz de não somente agarrá-la como também encontrar a felicidade.

— Você pode tê-lo também, eu nunca disse o contrário. — Zeniba, que passava a mão pelos cabelos de Chihiro, surpreendeu-se quando a menina se afastou subitamente para encará-la. — Ou você acredita mesmo que não sou uma bruxa forte o suficiente para ir ao mundo dos dragões?

Obaa-san!

A alegria do sorriso da menina, que outrora era de seu tamanho, foi contagiante. Um riso subiu por seu âmago à direção de seus lábios, que não conseguiram se manter grudados.

Pegando-a pelo ombro, encaminhou-a até a porta, que abriu em um estalar de dedos, sem precisar de qualquer força humana ou espiritual para exercê-la, somente mágica.

De pronto, Chihiro reconheceu o cômodo principal da humilde residência da idosa. A mesa no centro ainda era a mesma e as cadeiras largas dispostas uma de cada lado não pareciam ter envelhecido um só dia, a cozinha ficava bem à esquerda de onde havia acabado de sair. Tudo continuava igual, com exceção de Chihiro.

Até mesmo a fiadeira parecia intacta, as flores talhadas na madeira dos bancos. Os arranjados espalhados pela casa e os móveis delicados e bonitos, tão similares aos de uma casa de bonecas.

A cadeira de balanço ainda estava lá tanto quanto a tapeçaria rosada com pinheiros azulados e detalhes amarelados. Lembrou-se que, quando esteve ali pela primeira vez, ficou a mirá-los por algum tempo, curiosa com as linhas que iam e vinham. Até que desistiu e pôs-se em culpa, por estar longe de Kohaku e de seus pais, que tinham sido – finalmente se lembrava – transformados em porcos.

— Só me dê um segundo, preciso achar o seu caminho de ida.

A jovem não a interrompeu um segundo sequer, rememorando o passado como se tivesse ocorrido no dia anterior e não, oito anos antes. As memórias começaram a fluir, aos poucos, equivalente a uma fornalha que esquenta tudo que se encontra nela até borbulhar e cozer.

Zeniba continuava a remexer em um dos armários que Chihiro pouco dava atenção, era menor que os demais, próximo a área em que a idosa fiava. Desligando-se das ações da bruxa, a menina voltou a encarar os pratos ornamentados que se espalhavam por todas as janelas, portas e espaços vazios.

Sentiu-se como se estivesse em casa. A sensação agridoce de estar feliz, mas ainda não o suficiente invadiu seu âmago. Como na morada que dividia com seus pais, a residência de Zeniba trazia aconchego o bastante para querer estar ali para sempre.

— Achei!

A voz longeva a alcançou de imediato enquanto a anciã balançava, em uma de suas mãos, um pequeno espelho com uma moldura muito singular. Os ornamentos eram estranhos, como pequenas linhas que se embolavam e, mais uma vez, afastavam-se. Em cada ponta do objeto, a garota pôde ver duas figuras que olhavam em direções opostas.

Aumente.

Com gravidade e exigência, a velha murmurou. Chihiro pensou em questioná-la a razão, porém, não precisou dizer nada. De um segundo para o outro, o pequeno espelho que cabia na mão da idosa, cresceu. Cresceu o suficiente para ter o tamanho do Kaonashi, atrás delas.

— Ah.

A figura batia palmas vagarosamente, de tal forma que parecia ter acabado de assistir um espetáculo. Zeniba, no entanto, estava muito concentrada em olhar o espelho, como se buscasse por rachaduras ou danos.

— Essa é sua porta de entrada, criança. — Pôs a mão na cintura, mostrando com a outra o objeto. — É um espelho mágico que é capaz de fazê-la atravessar entre todos os mundos que existem.

— Todos?

— Sim, sim! — Acenou com a cabeça. — Você poderá, por ele, ir até o mundo dos dragões. Entre todos os lugares, é um dos mais difíceis de alcançar, até porque é bem alto.

Chihiro parou um tempo, refletindo a informação que recebia.

— Mas como vou chegar lá, obaa-san? — questionou, pensativa. — Se são tantos mundos...

A senhora sorriu, esperava que a menina fosse esperta o suficiente para perguntá-la a respeito daquilo. Muito embora acreditasse que a Ogino passaria naquela etapa com êxito, era sempre bom alertá-la.

— Você precisa pensar no seu namorado dragão, só assim poderá alcançá-lo do outro lado que ele estiver. Independente do lugar, se vocês estiverem conectados, você será capaz de encontrá-lo.

Engolindo em seco, Chihiro voltou a falar.

— Mas minhas memórias ainda não estão completas — murmurou, mordendo o lábio com ansiedade. — E se elas não forem o suficiente para encontrar Kohaku? Ele poderia estar do meu lado e eu não iria reconhecê-lo.

Por um segundo, parou. Será que seria incapaz de reconhecer as formas sinuosas do rapaz? Mesmo quando não sabia que ele era um dragão, sabia quem ele era. Antes de ter ciência de toda a verdade por trás, Chihiro conhecia a sua figura melhor do que qualquer outra pessoa.

A sua insegurança a deixava tremendo e cheia de receios, mas a verdade era que nunca tinha sido uma dificuldade reconhecê-lo, em qualquer instância e em qualquer lugar.

— Se vocês estão conectados, como eu acredito que estejam — confortou-a com as palavras mais doces que poderia proferir, acariciando o rosto confuso em pensamentos. — Eu tenho certeza que o akai ito[6] irá conectá-los.

Chihiro conhecia muito bem essa lenda, porém nunca tinha a levado tão a sério quanto naquele momento. Ela encarou o elástico, ainda em sua mão, por um breve segundo. Zeniba dizia-a que era real, quem era ela, tão jovem, para duvidar da experiência de uma senhora?

Acenando com a cabeça e respirando profundamente, Chihiro ficou de frente para o espelho, prendeu o elástico no pulso e cerrou os olhos. Imagens de um grande dragão branco e esverdeado repousaram em uma nuvem de pensamentos; um sorriso doce de alguém que a consola; as promessas sussurradas daqueles que se veriam de novo.

Ele disse que nos veríamos de novo; lembrou-se.

Sem abrir as pálpebras, a menina deu um passo à frente, acumulando toda a respiração que podia e prendeu-a. Depois, mais um. Mais outro. Ela não encontrou qualquer obstáculo, mesmo sabendo que já deveria ter chocado com o espelho.

Seus pés, que outrora encostavam em um ambiente plano, agora, encontravam-se pisando em algo fofo, tão macio que poderia pular como se estivesse em um trampolim. Estranhando a sensação, mesmo que temerosa, a moça abriu os olhos.

Soltou a respiração de uma só vez, perdida na imagem a frente; apaixonada pelo que os olhos podiam tocar. Chihiro estava, literalmente, no céu. Abaixo de si, as nuvens tinham formas inusitadas e eram ideais para apoiar as patas cansadas dos grandes dragões que dançavam à sua frente.

Das cores mais sinuosas e dos tamanhos mais exuberantes, Ogino pôde ver diversos dragões compridos. Os esverdeados, avermelhados e multicolores. Todos pareciam à vontade enquanto brincavam no céu ou se aconchegavam em uma nuvem para descansar.

A moça se questionou se tinha feito certo de ir até ali. Ela poderia ser apaixonada por Kohaku, mas isso não queria dizer que era recíproco. Quem trocaria aquele paraíso por uma mera mortal?

Sem que pudesse perceber, ao seu lado, um homem surgiu. Os seus longos cabelos arroxeados estavam presos em um rabo de cavalo, a sua barba rala parecia por fazer e a sua boca expressava um sorriso tranquilizador. Não deveria ser tão mais velho que Chihiro, porém não parecia ser tão novo quanto.

Antes que pudesse falar qualquer coisa, no entanto, observou-o soprar em seu rosto, algumas pétalas pareciam ter saído de seus lábios e todas as formas que tinha podido ver, tornaram-se embaçadas.

Ela piscou algumas vezes, tentando se manter de pé. Contudo, sentiu uma fraqueza alcançar seus joelhos e dobrou-se para frente. Um borrão, que poderia jurar que era o homem, apreendeu-a em seus braços e disse-lhe algo.

Mas Chihiro não entendeu.

 

 

[1] Cama no estilo oriental.

[2] Também conhecido como sem rosto, é um youkai, uma criatura lendária japonesa, que geralmente aparece na forma humanoide de mulher. Em Chihiro to Sem no Kamikakushi, a figura é chamada de Kaonashi.

[3] A forma japonesa para “avó”.

[4] O bebê de Zeniba, chama-se Boo, para quem não lembra.

[5] O nome literal é Yu-bird, mas preferi chamar somente de Yu nesse texto.

[6] Lenda de origem chinesa, muito famosa no Japão, que trata sobre um fio vermelho que conecta duas pessoas que estão predestinadas a ficarem juntas. Enquanto na lenda chinesa, o fio é amarrado no tornozelo; na japonesa, é amarrado no dedo mindinho. O nome inteiro da lenda, na perspectiva nipônica é Unmei no akai ito.


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Notas finais do capítulo

Espero que curtam.

"Oufuku" significa muitas coisas, entre as quais: fazer uma viagem de ida e volta; ir e retornar; vir e ir; bilhete, seja de ida e volta ou somente de volta; correspondência; trocar cartas; socializar, visitar alguém (um ao outro).

Dos muitos significados dessa palavra, diversos deles podem ser escolhidos para esse capítulo, porém, a ideia adotada é a de "fazer uma viagem, com um bilhete de retorno", embora, claro, eu tenha usado a forma substantiva, ao invés da verbal, com suru.



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