Naygara acordou meio atordoado em uma sala onde estava amarrado pelos pulsos e tornozelos com correntes de ferro. Ele tentou se soltar, mas foi tudo em vão. Depois das tentativas frustradas olhou para o lado e não viu ninguém.

“Hina! Você tá ai?”

Não obteve nenhuma resposta. Estava ficando desesperado, onde ela poderia estar? Onde ele estava? Por que o levaram pra lá? Todas essas perguntas surgiram na cabeça do jovem príncipe que tentava se acalmar, mas quanto mais pensava ficava mais desesperado.

Hina acordou com uma dor forte na cabeça, olhou para os lados e percebeu que estava presa em uma espécie de gaiola que ficava presa em cima de um lugar parecido um vulcão.

Kathua estava na parte de baixo com Rylo. Ela observou os dois que não estavam na forma de animais.

“Por que vocês fizeram isso?” – Ela disse brava.

“A fadinha acordou!” – Rylo disse pra Kathua.

“Já estava mais que na hora. Wenniger quer vê-la!”

“Wenniger?” – Ela ficou meio assustada e um pensamento veio a sua mente.

*Então foi ele. A culpa de tudo isso é dele. O que ele quer? Naygara...*

A gaiola foi descida até chegar em uma plataforma que havia antes das lavas que haviam no pequeno vulcão. Kathua chegou perto da garota, mas não a soltou.

“Logo ele vira!”

“Cadê o Naygara?”

“Não tenha pressa ele também vira”

Naygara ainda tentava se soltar em vão quando uma pessoa se aproximou entre as sombras deixando-o alerta.

“Eu pensei que você estava morto, mas pelo visto você sobreviveu!”

“Era isso que você queria não era? Acabar com toda minha família pela sua ganância? Você é o rei agora, tudo o que você queria você tem. Por que você não me deixa em paz? Eu não quero esse trono maldito, eu só quero minha vingança”

“Sua vingança não é contra mim?” – Saindo das sombras.

Naygara ficou impressionado. Ele estava com a aparência igual a que tinha há cinco anos. Era impossível ele não ter envelhecido nem um pouco.

“Eu não to nem ai pra você. Eu quero acabar com aquele demônio!”

“Estranho” – cínico – “Você deveria ter ódio de mim! Eu mandei matar seus pais, eu acabei com sua vida, eu criei Kathua!”

“Criou?”

“Você não sabe nada da vida garoto. Eu criei todos os demônios que circulam por esse mundo, e eles não são poucos, logo todo o mundo será meu. Logo eu vou abrir o portal e ligar os três mundos e sabe o que vai acontecer?”

Naygara não respondeu apenas esperou a resposta.

“Esse mundo ficara em constante guerra e só sobreviveram os fortes e os fracos como você iram morrer. Eu nem vou precisar acabar com você príncipe Naygara!”

Naygara riu.

“E você acha que você vai sobreviver!”

“Com certeza não todos os humanos vão morrer!”

“E por que você esta fazendo isso?”

Os olhos de Wenniger mudaram de cor ficando vermelhos e sua fisionomia também passou de calma pra uma aterrorizante.

“Isso é só uma embalagem, logo eu terei meu corpo e esse humano não me servirá pra nada, assim como você e a fada!” - sua voz também havia se modificado.

 Wenniger saiu da sala onde Naygara estava ordenando que o levasse para onde havia o vulcão.

O príncipe agora entendia tudo. Wenniger nunca foi humano, era fora possuído ainda quando era jovem por um poderoso demônio, que sabia que a família real atrapalharia seus planos e por isso ordenou que houvesse o golpe que matou todos os representantes. A única coisa que ele não havia previsto era que logo o guerreiro que daria um fim a tudo havia sobrevivido e o pior seu guardião também.

Hina estava impaciente e se sentindo estranha. Kathua e Rylo conversavam em quanto esperavam Wenniger. De repente o vulcão começou a se agitar deixando Hina um pouco assustada, Rylo e Kathua se curvaram reverenciando o homem que acabara de entrar acompanhado por guardas que traziam Naygara.

Hina se sentiu mais estranha ainda e quando mais o homem se aproximava se sentia mais fraca e vulnerável. Uma tontura havia tomado conta dela. Aquele homem não era normal, não era humano, era exatamente o que ela sentia, não entendia como mais a cada passo ela ficava pior. Somente ela podia sentir o mal que emanava daquela alma, e aquele mal fazia com que suas forças se perdessem, não agüentaria ficar muito tempo na presença daquele homem repugnante.

Naygara também sentia aquilo de alguma forma, pois estava ligado a Hina, ele a olhava, mas não podia fazer nada estava ficando fraco e estava preso.

Wenniger foi até a gaiola e a abriu puxando Hina pelo braço. Quando Hina foi tocada por ele parecia que seu ar havia sumido, ela já não conseguia respirar direito e Naygara também começava a sentir seus pulmões fracos e cansados.

*O que tá acontecendo?* - Naygara pensava enquanto tentava se recuperar de sua repentina falta de ar.

Como se Wenniger pudesse ler o pensamento do príncipe ele se virou com Hina em seus braços e disse:

“Você está esta ligado a ela. Ela é sua guardiã. Tudo que ela sente te afeta de alguma forma...”

Hina não conseguia manter seus olhos abertos, estava sofrendo muito, mas tentava resistir, não podia deixar Naygara sofrer pro sua fraqueza.

“...Você deve estar se perguntando o por que a fada esta desse jeito?...”

Naygara estava completamente sem forças com uma dificuldade enorme de se manter de pé.

“... Fadas são fracas, elas não suportam o mal. Aqui esta a prova disso!” – jogando Hina aos pés de Naygara – “Aqui é a base de todo o mal, esse recinto exala tudo o que há de ruim nesse e nos outros dois mundos...” – Naygara se ajoelhou e pegou Hina em seus braços – “Logo eu estarei completo, mas pra que isso aconteça eu preciso acabar com vocês!”

“Nay o colar! Ele está aqui!” – Hina disse bem baixo ainda com dificuldades.

“Como?”

“As duas partes estão aqui, eu posso sentir!”

“Hina você tem que ser forte por nós dois!”

“Enquanto você não acreditar em mim eu não poderei te ajudar!”

“Mas eu acredito em você!”

“Não! A única coisa que você acredita é na sua vingança. Você é quem me da forças, eu preciso que você acredite em mim, em tudo!”

Naygara se levantou com dificuldades.

“HINA EU ACREDITO EM VOCÊ!” – gritando.

Wenniger achou aquela atitude patética. Ele olhava para os dois. A fada continuava ao chão sem forças e agora o príncipe gritava que acreditava nela, o que ele pretendia com isso?