Academia de Heróis Apaixonados escrita por Yamashine


Capítulo 8
A verdade nua e crua


Notas iniciais do capítulo

Só digo uma coisa: vai rolar um drama lascado.



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Os ponteiros do relógio do refeitório pareceram ter se arrastado para Bakugou e Uraraka. A ansiedade e curiosidade os tomou por completo no exato momento em que combinaram de se falar depois. Ao voltarem para a sala, não conseguiram se concentrar nas lições, e quando o tão esperado sinal tocou, ambos tiveram que conter a pressa de sair.

"Eu não cheguei a demonstrar, mas fiquei bem curioso", o garoto pensou enquanto colocava uma das alças da mochila nas costas. "Quero muito saber o que ela tem pra me dizer. Merda, não é hora de ficar pensando nisso. Ainda não consegui encontrar uma forma aceitável de contar o que tá acontecendo comigo. Se eu não souber escolher as palavras, vou parecer um idiota na frente dela. Ela não tá mais aqui. Será que já foi? Talvez tenha ido fazer alguma coisa antes."

Ochako realmente precisou fazer algo antes.

"Por que eu tive que sentir vontade de usar o banheiro logo agora?!", indagou para si mesma em pensamento. "Bom, o lado positivo disso é que eu vou ter mais tempo pra inventar alguma história. Eu fui muito idiota em dizer que também queria falar com com ele. Ainda não sei exatamente o que estou sentindo, ou seja, ainda não estou pronta pra falar sobre isso também."

Katsuki foi o primeiro a chegar no local do encontro. Enquanto a esperava, observava os demais alunos indo embora, e entre eles estava um certo casal andando de mãos dadas.

"Então aquele idiota conseguiu a namorada dos sonhos dele... Bem, eu já imaginava que isso fosse acontecer um dia. A olhos de guaxinim sempre deu sinais de que tinha interesse nele."

Minutos depois, a menina da gravidade chegou.

"Desculpe a demora... Tive que dar uma passada no banheiro...", disse meio sem graça ao vê-lo.

"Eu não vim correndo pra cá, se é o que tá pensando", falou revirando os olhos para fingir indiferença. "Não faz muito tempo que cheguei."

"Bem..."

"Eu..."

Nenhum deles sabia como prosseguir.

"Merda! Eu não consegui pensar em nenhum jeito maneiro de contar!"

"O tempo que tive pra inventar alguma coisa não foi suficiente!"

Eles não tinham outra opção senão dizer a verdade nua e crua.

"Sabe, você poderia começar, já que foi quem tocou no assunto lá no refeitório", ela sugeriu.

"Esse é um bom motivo, mas eu não sou um cara egoísta. Pode falar primeiro. Sou todo ouvidos."

Ambos estavam fugindo, essa era a verdade.

"E-eu tive uma ideia... O que acha de falarmos tudo de uma maneira que seja direta e ao mesmo tempo?", a garota perguntou com certo receio.

"Tipo numa frase só?"

"Isso. Pode ser?"

"Tanto faz...", respondeu colocando as mãos nos bolsos da calça e virando o rosto.

"Tudo bem..."

"Ah, nem pense em me enganar."

"E-eu não faria isso!"

"Tá, vamos acabar com essa merda logo."

"Certo..."

Eles respiraram fundo e juntos finalmente disseram: "Eu não consigo parar de pensar em você!".

Após os dois estudantes enunciarem aquelas palavras, um breve silêncio surgiu. Eles não esperavam ouvir a mesma coisa um do outro. Processar aquilo levou alguns segundos. Uraraka foi quem reiniciou a conversa depois de se recuperar (ou quase).

"V-você disse o que eu disse..."

"Não, você disse o que eu disse."

"Isso não faz sentido... Você é o Bakugou... Por que estaria pensando em mim?", indagou ainda incrédula.

"Eu é que te pergunto. Não entendo muito de amor, mas sei que faria mais sentido você dizer que não consegue parar de pensar naquele nerd de merda. Pessoas apaixonadas sempre pensam em quem elas gostam."

"E-eu sempre penso nele... Digo, eu sempre pensava. É difícil de explicar... Quero dizer, ultimamente você tem tomado o lugar dele. D-digo, só comecei a pensar mais em você depois daquela noite. Ainda gosto do Deku-kun, eu acho..."

Nem ela sabia mais o que estava dizendo.

"Você não tá falando coisa com coisa. Eu tava me sentindo um idiota por ter dito aquilo, mas pelo visto você parece bem pior."

"É, eu sei que tô parecendo uma grande idiota, no entanto, eu tenho uma ideia do que pode tá acontecendo comigo. Você parece muito mais perdido do que eu. Bakugou, você já se apaixonou alguma vez na vida?"

Embora tivesse feito a pergunta com um tom de voz mais sério, ele teve a impressão de que a garota estava querendo tirar sarro dele.

"Qual é a sua, cara de panqueca?!"

"Eu imaginei que você fosse ficar bravo. Desculpe por isso... Bem, acho que a sua reação já me deu a resposta..."

"Ficou tão óbvio assim?", perguntou desviando o olhar e fazendo sua carranca de sempre.

"Eu já tinha quase certeza. Não foi só a sua reação, o que você disse antes sobre não entender muito de amor me fez acreditar na possibilidade de..."

"Ah, cala a boca! Parece até o Deku falando!", ele exclamou a interrompendo. "Tá, eu nunca me apaixonei por ninguém! E daí? Isso é algo até bom pra mim. Não quero nenhuma garota enchendo o meu saco enquanto eu estiver treinando pra ser um herói!"

"E-entendo... Por um instante eu cheguei a pensar que você estivesse começando a se apaixonar por mim, já que você mesmo disse que pessoas apaixonadas sempre pensam em quem elas gostam...", disse ela abaixando o olhar.

"Como você é burra. Isso não se aplica a mim. É verdade que fiquei pensando em você o tempo todo nos últimos dias, mas isso pode ter acontecido por vários motivos. Foi muita burrice da sua parte ter generalizado. De qualquer forma, só te falei porque guardar aquilo só pra mim tava me irritando, e também porque o merda do Kirishima iria rir da minha cara se eu contasse pra ele."

"Eu estava errada sobre você... Espero estar errada sobre mim também."

Assim que disse aquilo, a garota se virou para ir embora, porém, suas últimas palavras chamaram a atenção de Bakugou. Para garantir que a manipuladora da gravidade permanecesse ali, ele a segurou pelo braço e a puxou de volta, mas sem virá-la.

"O que você quis dizer com a última frase? É o que eu tô pensando?", em tom de sussurro, o garoto perguntou com a boca bem próxima ao ouvido dela.

"N-não... Não é...", respondeu com uma voz trêmula.

O que Uraraka sentia naquele momento era uma mistura de medo com vergonha. A voz sussurrada do loiro a fez arrepiar da cabeça aos pés, e as perguntas a assustaram de tal forma que a mesma mal conseguiu responder.

"Eu não sou idiota", sussurrou novamente. "Sua resposta não me convenceu."

"E se for o que você tá pensando?", perguntou virando-se para ele. "Você acha que eu quero isso? Bakugou, você não tem ideia do quanto eu estive me esforçando pra esquecer o Deku-kun. Por mais que nós sejamos próximos e eu pareça ter alguma chance, eu sei que não tenho. Ele nunca olhou pra mim como olha pra ela."

"De quem ela tá falando?", perguntou em pensamento enquanto a ouvia falar.

"Quando eu te disse que gostava de outra pessoa naquele dia, eu já tinha desistido de conquistá-la. Pra vê-lo feliz, abri mão dele e lutei contra os meus sentimentos, mas antes que eu pudesse superar, você chegou e..."

"Ela tá chorando..."

"Não é justo. Isso dói..."

"Ei, pare de chorar...", disse soltando o braço dela.

"Bakugou, se eu estiver mesmo apaixonada por você, eu vou sofrer ainda mais, porque com você as minhas chances estão abaixo de zero."

"Já falei pra parar de chorar!"

"Caso isso faça você se sentir melhor, saiba que nesse aspecto o Deku-kun com certeza perde pra você."

"Como isso poderia fazer eu me sentir melhor? Ele é meu rival, mas não tem como eu me sentir bem vendo você chorando assim!"

"Seu coração é muito mais fechado que o dele..."

"Não fale como se soubesse tudo sobre mim, sua desinformada idiota!"

"Acho que nenhuma garota vai ser capaz de fazê-lo bater mais forte."

Para Ochako, o garoto de pavio curto estava apenas ouvindo, entretanto, a mente dele estava gritando e rosnando.

"Você tá fazendo meu coração bater mais forte agora mesmo, sua tapada! Se chegar mais perto e tocar no meu peito vai notar o quanto ele tá acelerado! Merda... Te ver chorando assim me faz querer te abraçar, ou até mais do que isso... Talvez eu realmente esteja apaixonado por você."

"Me desculpe por não ter conseguido segurar as lágrimas e por falar tudo isso. Deve ter sido tão entendiante que você nem quis comentar...", disse a menina forçando um pequeno sorriso.

"Te ver nesse estado tá fazendo a minha cabeça esquentar de raiva e o meu coração... É como se estivesse derretendo... Isso é o que chamam de amor? Droga, eu ainda não entendo isso direito, só sei que não tô aguentando olhar pra você e não fazer nada. E o sorriso que você acabou de abrir com tanto esforço foi a gota d'água."

Àquela altura, ele já não conseguia mais se segurar.

"Tá ficando meio tarde, então é melhor a gente ir pra ca... Hm?"

Os lábios dele estavam nos seus. Foi tão súbito que ela só se deu conta de que estava sendo beijada três segundos depois.


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Notas finais do capítulo

Sem brincadeira, tô cansadona. Fazer enredos dramáticos é bem cansativo, pelo menos pra mim, kk! Espero que tenham curtido isso. | Até o próximo capítulo, se eu puder e quiser postar.



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