Un Maudit Amour escrita por Laurus Nobilis


Capítulo 1
Três de abril de 1731


Notas iniciais do capítulo

Olá, seja muito bem-vinda (o) à "Un Maudit Amour"! Essa ideia me veio inteirinha na madrugada de ontem durante uma insônia abençoada. É a primeira vez que escrevo algo que seja em forma de diário e que se passe nessa época, nesse lugar. Escrevo também uma história medieval, ou seja, algo ainda mais antigo, mas por alguma razão, esse romance de época me parece bem mais desafiador. Por isso, seria muito importante pra mim receber as opiniões de vocês. Se eu estiver fazendo algo meio errado, gostaria muito de melhorar.

De vez em quando vou colocar um glossário aqui nas notas iniciais porque uso um termo em francês ou outro.

"Mon petit ange" = meu pequeno anjo.

É isso, espero que goste da leitura!



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    Querida Emmeline,

 

 Está lembrada daquele pequeno retrato do meu futuro marido que me deram de presente aos 13 anos de idade? Com moldura e tudo o mais? Você já não estava aqui nessa época, eu sei, mas sempre me senti e ainda me sinto sob sua vigília, mon petit ange. No primeiro momento eu não queria, nem sob ameaça, pendurar aquele quadro em minha parede. Tive vontade de queimá-lo, mas é claro que não o fiz. Contentei-me apenas em guardá-lo bem no fundo do baú, de forma que nunca precisasse vê-lo. E assim foi, por alguns anos. Tentei ignorar tudo isso por um bom tempo.

 Porém, nos últimos dias, movida por algum estranho ímpeto, quis procurar por aquele retrato. Receava tê-lo perdido, mas ele felizmente ainda estava ali. Espanei a poeira até deixá-lo como novo e enfim decidi pendurá-lo em meu quarto. Agora o Antoine da pintura já pode me observar trocando de roupa diariamente. Sim, esse é o nome do meu noivo: Antoine. Eu gosto. Ao meu ver, transmite a impressão de um rapaz humilde e bem-educado. Talvez eu esteja sendo otimista demais. Melhor do que o oposto.

 Antoine não é feio, e a imagem, consideravelmente bem-pintada, parece representá-lo com precisão. O que mais se destaca são seus olhos castanhos com um vestígio de verde e seu sorriso impecável; um tanto arrogante. Ele tinha 20 anos naquela época e deve estar completando 24 agora. Fico grata por não estarem me forçando a casar com algum velho asqueroso e duvido que sua aparência esteja muito diferente hoje em dia.

 Eu, por outro lado, mudei bastante. Sei disso por causa dos comentários que mamãe e papai vivem fazendo. Eles observam, orgulhosos, o fato de que toda a puerilidade que me restava ficou para trás e já estou parecendo uma autêntica mulher. No íntimo, suspeito um pouco que digam isso apenas para tentar aliviar minha insegurança.

 E sei que você, no seu lar celestial, amada irmãzinha, deve estar me encarando com o cenho profundamente franzido neste exato momento. Peço perdão. Parece que me conformei com a maneira como o mundo funciona. Quando se é herdeira de uma família abastada, você já nasce carregando uma série de obrigações. Dentre elas, está não ter escolha sobre o futuro companheiro. Não me restrinjo às mulheres quando falo disso, tenho quase certeza de que Antoine está na mesma situação. Lamento ter de reconhecer como nós éramos crianças tolas quando prometíamos nos rebelar contra isso um dia. As únicas opções são bem claras: honrar sua família ou desgraçá-la. Ao pensar desta forma, percebo como o preço que devo pagar é, na verdade, pequeno.

 Penso que Antoine e eu nos daremos bem. Papai jamais me escolheria um mau pretendente. E confesso que já estou ansiosa para conhecer os rostinhos de nossos futuros filhos. Tudo o que espero é que ele goste de ter boas conversas. Deus me perdoe pelo que vou dizer, mas acho que eu preferiria o suicídio a passar o resto da vida ao lado de um desses homens broncos que não suportam ouvir a voz da esposa, a não ser quando a questionam.

 Se bem que nem tudo são lamentações, Emmeline. Estou muito animada! Nossa cidade vem recebendo a visita de um grupo de ciganos. Eles ocupam a grande praça e passam o dia inteiro dançando e cantando, vendendo objetos fascinantes em suas tendas e interagindo com as pessoas, cheios de promessas de magia e outras coisas fantásticas. Há quem ache que eles precisam ser enxotados, mas os juízes argumentam que os ciganos ainda não fizeram nenhum mal comprovado a ninguém e são um ótimo entretenimento. Concordo com isso. Desejo tanto ir conhecê-los… Sei que mamãe jamais aprovaria, então ela não precisa saber. Já elaborei todo um plano com minha amiga Marianne e amanhã de tarde estaremos escapulindo até a praça.

 Talvez um deles possa ler minha mão. Eu adoraria isso. Não sei se acredito… Mas gostaria bastante de acreditar.


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Notas finais do capítulo

Não posso prometer capítulos grandes porque entradas de diário são isso mesmo. Não é como se fosse uma narrativa. Mas sou adepta do lema "tamanho não é documento." Acho que um capítulo pequeno com bom conteúdo pode valer por um grande. O lado bom é que fica mais fácil de atualizar. Às vezes levo meses para escrever 3.000 palavras.

Amanhã, terça-feira, dia 23/01/18, estarei saindo em viagem e volto na sexta, dia 26/01. Talvez eu consiga escrever no tempo livre e volte com uma atualização.