Parachute escrita por Charlie


Capítulo 2
2


Notas iniciais do capítulo

Reparti os capítulos - que até então seriam um único - em parte distintas no que diz respeito a intensidade, tanto das personagens quanto da história. Qualquer dúvida, críticas e solicitações, estarei a disposição nos comentários. Ainda no pov de Quinn, amores.
Obrigada!



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Diabos, o que vou fazer?
Talvez eu devesse juntar minhas coisas e sair correndo. Agora. Enquanto ela está tomando banho, junto minhas malas e volto a New Haven. Depois lhe aviso por sms que uma urgência ocorreu no campus, requerindo minha presença. Sim, é isso. 
Levanto da cama. 
O que? Não! Que tipo de pessoa faria isso? Insano. Ela ao menos merece saber, de mim, que não exatamente jogo para esse time. O time das garotas contra garotas, digo. Ou garotas com garotas. Eu gosto de homens. Homens, homens. Todavia, verdadeiramente preciso saber o que há com Santana. Toda essa glorificação que ela recebe. Ando para lá e para cá no cômodo, incerta sobre meus próprios pensamentos. 
Qual o problema, na real? Ela ser uma mulher ou ela ser Santana, Santana?
Deus, preciso de algo para beber. Meus lábios estão secos e atrofiados. Preciso perder um pouco esse nervosismo e relaxar diante do momento. 
Tomo umas respirações profundas. Em série e sequenciais. Abro uma das garrafinhas de água do frigobar e volto a sentar na cama, colocando a pequena estrutura transparente ao meu lado, na escrivaninha. Quando alcanço meu celular sobre a madeira do móvel, Santana sai do banheiro. 
— Por quanto tempo dormi? -Pergunto. Talvez não fosse a pergunta adequada a ser feita, mas faço. O visor de meu celular marca uma chama perdida de mamãe e duas mensagens no inbox. Ótimo. 
— Tempo bastante pra eu achar que estava morta.- Responde. Posso já sentir a umidade da fumaça do chuveiro marcar presença no ar. Tenho meus olhos fixos no visor, e só acompanho sua voz segundo minha adição. Por precaução, talvez. 
São seis e vinte e três da tarde. Da tarde. 
— Você não ia voltar para Kentucky pela manhã? - Digo. Santana usa um desses roupões grandes, grossos e brancos que os hotéis oferecem. Imune a qualquer temperatura ou tempestade, seu corpo é coberto por um desses, enquanto tem o cabelo enrolado, um turbante, numa toalha de coloração similar, acima da cabeça.  
— Está me expulsando?
— Claro que não. - Pigarreio. 
— Já disse a você. Não podia simplesmente deixa-la aí, morta, acreditando que dormimos juntas e eu ligeiramente sai pela manhã porque me dei conta de, após fazermos sexo, passei a ter sentimentos por você. - Diz, enquanto recolhe o vestido da noite passada.
— Então está aqui só para me avisar que não fizemos sexo e que não tem sentimentos por mim?
— Que não estou apaixonada por você, sim.
— Nós fizem
— Já disse que não.- Cortou. Vira-se a mim com aquele mesmo olhar. - Não por falta de tentativas suas
— O que quer dizer?
— Bem, você parecia bastante a fim de explorar o mundo lésbico ontem. Parecia até dizer que precisava usar o banheiro e cair no chão desse. Passar a dar ânsia, até eu ter que lhe dar um banho e você simplesmente apagar logo em seguida. 
Tapo o rosto com a palma das mãos para esconder a vergonha que subia em minhas bochechas. Quando retiro, tem um sorriso no rosto. 
— Tenho um gosto estranho na boca
— Pasta de dente. 
Deus. 
Uma agulhada em minha cabeça estoura, instantaneamente. 
— Você é um tanto quanto engraçada.- Diz.  
Levo uma das mãos a minha testa, circulo a têmpora com a ponta dos dedos. 
— Eu sei. 
Subitamente, retomamos aquela antiga posição que estávamos. Deslizo a mão de meu rosto quando sinto-a entre minhas pernas novamente, mas nunca precisamente me tocando. minha respiração pesa. Aperto a linha de meu maxilar. Desvio a atenção de seu corpo próximo do meu. 
— Então o problema é comigo? - Pergunta. 
— Não sei, Santana - Digo. Apoio ambas as mãos no colchão atrás de mim, fornecendo base para que me puxasse longe dela, afastando-me. Contudo, agarra meu antebraço me impossibilita de mover para qualquer outro lugar que fosse.- Nunca estive com outra mulher antes, estou com receio de, não sei, fazer algo errado? - Olho-a. 
— É esse seu problema? - Pergunta, a face levemente rebaixada para que seus olhos olhassem sobre os meus. Tem a face límpida. A linha de seus lábios é mais clara e certa. A íris parece oscilar numa cor entre o marrom e o castanho escuro, em si, é difícil de dizer. Não consigo fixar neles por muito tempo. Tem um olhar severo colado ali, como se entendesse e tivesse um apoio a me dar independente de qualquer coisa a ser dita. 
Consenti a ela, mesmo não sabendo se era essa mesmo a incógnita. Talvez fosse. 
Ela prende os lábios, aperta-os para dentro da boca e só os devolve a minha vista minutos após. Percebo que faz isso quando requer um tempo para pensar, enquanto a cabeça bola ideias, prende-os como mera distração. Ela quer me ajudar com isso. Santana quer me ajudar. 
— Tudo bem, se quer mesmo que isso aconteça, precisa responder ao que te pergunto, sim?- Aguarda. Tem a voz doce, harmoniosa, fácil de transportar o ouvinte a outra órbita. Balanço a cabeça em concordância.- Já, alguma vez na vida, se masturbou?
A temperatura de meu corpo se eleva. Tenho aquelas ondas de calor novamente. Não posso responder, é intimo demais. Lembro-me que não tem necessidades óbvias e claras para que estar passando por mim, estar me sujeitando a isso. Todavia, eu quero. Santana está a me oferecer ajuda e eu, em minha posição, aceito. 
— Sim.- Solto curto. Desvio os olhos. 
— Quinn - Solicita. Tem seus dedos sentados no embaixo de meu queixo novamente, como daquela última vez que estivemos nessa posição.- Está tudo bem, todo mundo faz isso.- Dá de ombros.- Quão frequente? 
— O que?
— Quão frequentemente você se masturba? 
— Como isso supostamente me ajudará em alguma coisa?- Saio de seu toque. 
— É tipo, comum? -Ignora-me. Vejo-a erguer uma das sobrancelhas, fazendo-me acreditar que não cumpro mais do que uma de suas fantasias sexuais. - Deve ser, digo, Yale não deve ter mais do que mauricinhos que brocham.- Franzo as sobrancelhas a ela. Sério? - Okay, já que você parece ter uma ataque cardíaco toda vez que se faz acreditar que fará sexo com outra mulher, ou com Santana Lopez, façamos algo que você sempre faz.- Alcança o final de minha camisa e, num único movimento, puxa-a por cima de minha cabeça. - Toque-se. 
— Perdão? 
— Masturbe-se.- Coloca ambas as mãos em meus ombros e me empurra deitada na cama. Cubro os seios com meus braços. 
— Não, não vou me masturbar na sua frente - Impulsiono-me para sentar novamente, mas suas mãos me impedem toda vez. 
— Não vou olhar - Diz. Sobe minhas pernas para a cama e, quando em cima, afasta-as. - Faça, Quinn, senão farei por você.- Remove meus braços de cima de meu peito. 
— Não
— Deus, por que tem de ser tão difícil? Apenas faça.- Resmunga. Tem as mãos pousadas em cima de meus joelhos.- Eu devia amarrar você na cabeceira e fazer o trabalho por mim mesma.- Diz e, em meio a conclusão da frase, da-se conta de quão sugestiva essa formava.- Podemos fazer isso, não?- Busca por minha camiseta e, quando em mãos, torce-a. Tem um sorriso malicioso nos lábios quando avança para cima de mim. Arrasto meu corpo para mais ao centro da cama, fugindo dela. 
— Okay, okay, farei.- Paro-a.- Farei. 
— Boa garota.- Sorri. Orelha a orelha, abre um sorriso. 
Devolvo minha cabeça ao colchão novamente, tomo um longa e necessária respiração. Diabos, Santana. Tento relaxar meus membros agora completamente deitados sobre a superfície macia. ignoro sua presença, embora difícil. Reparto minha sequência de respirações em pausas e contra tempos. Inspiro. Expiro. Devolvo os braços as laterais do corpo. Abaixo as pernas. Foco meus olhos no teto, branco e limpo. 
— Precisa de um estímulo?- Santana. Eu estava tão perto de fazer o que tinha de fazer. Assistindo toda minha calma a deixou inquieta. 
— Ajudaria.- Permaneço. Tenho em mente que ela agirá, de alguma forma. Beijará minhas pernas, retirará a única peça que cobre meu corpo, não sei. Algo momentâneo que, por fim, deixaria-me em paz. Mas não
— Ótimo, eu serei seu estímulo.- Diz. Ergo a cabeça do colchão e vejo-a contornar a cama, pretendendo ficar mais perto de onde eu agora estava. Alcança o outro lado do móvel, impulsiona-se para o colchão até que sua boca perfeitamente se aproximasse de meu ouvido direito. Não posso vê-la, o que já ajuda bastante. Contudo, se caísse o rosto para o lado correspondente, seria capaz de ver o seu. Então, permaneço. O olhar fixo no teto. 
— Santana
— Relaxe. - A primeira coisa dita. A voz tão clara e alcançável. Como se sussurrasse somente a mim. - Sou só uma amiga ajudando a outra amiga.- Impõe. O ríspido, rouco e áspero da voz tomando seu caminho por meu corpo. Isso não será um problema. - Tome respirações. Longas, profundas e calmas. Inspire - Inspiro.- Expire - Expiro. Eu tomava seus passos. Era esse o propósito, não? - Sei que, agora, deve estar pensando o quão errado isso soa. Quão errado é estar num quarto de hotel, seminua com sua ex melhor amiga sussurrando em seu ouvido palavras que te arrastarão para um clímax. Mas, deixe-me dizer, é errado mesmo.- Suprime um riso. - Então, dane-se. Feche os olhos.- Fecho-os.- Continue a distribuir suas respirações em intervalos bem pausados. Nunca perca esse ritmo, a não ser que verdadeiramente precise. Usualmente, sua respiração é o primeiro mediador a dizer como seu corpo está reagindo a pressão que o põe sob.- Inspiro. Expiro.- Tente desviar sua mente para outra coisa, a principio. Seus pensamentos certamente desviarão para as coisas que vêm a ocorrer em seu dia-a-dia, como suas piores preocupações e pessoas relacionadas a ela. E essas pessoas, você tende a pensar o quão má lhe acharão se uma vez soubessem disso que faz agora. Mas, eu digo, não os ouça. Tente guiar sua mente para as fantasias mais obscuras escondidas ao final dela, sabe? Aquelas estranhas, que você nunca, jamais chegará a compartilhar. Abra-a. Desenvolva-a em sua mente.- Ela soa tão seria, agora. Madurada e determinada. Ouço sua respiração marcar antes de desenvolver qualquer outro passo meu. Ela aguarda. Espera que eu tome meu tempo e que meus músculos exalem tranquilidade. E, quando fazem - Com sua mão esquerda, liberte seu cabelo preso no coque.- Impulsiono minha mão dita para meus cabelos. Cesso a respiração que já venho perdendo o ritmo só por ter seus lábios vez ou outra esbarrando em meu lóbulo.- Com sua direita, desça-a pelo seu peito até que alcance o seio do lado correspondente. Sinta-o. Quando terminar com a esquerda, desça-a também.- Pausa.- Como está sua respiração?
— Estável - Respondo. 
— Bom. Passe o dígito de ambos seus polegares pela parte sensível de ambos seus seios. Rapidamente, vá e volte. - Diz. Quando concluo, tenho de separar meus lábios para buscar uma nova respiração.- Novamente. E de novo. Deslize a direita pelo seu abdome.- Num impulso, desço a mão num só movimento.- Devagar - Interrompe o trajeto, prendendo-me no pulso.- Tome seu tempo, não tenho pressa.- As pontas de meus dedos arrastam pelo campo de minha barriga. Instantaneamente, sinto meus músculos cederem. Relaxarem sob meu próprio toque. Massageio meu seio esquerdo enquanto desço a direita. Minha respiração pesa, aos poucos. Meu corpo está finalmente cedendo. Umedeço os lábios e senti que Santana captou a ação como pura resposta aos toques que estou a receber. Meu sistema toma seu estado de êxtase, as ondas de excitação começam a nascer no final de meu estômago. Quando meus dedos tocam o inicio de minha calcinha, ela diz - Toque seu sexo por cima do material.- Toco. Meus dedos levemente umedecem com o toque, puxo o ar um pouco mais fortemente pela boca. Ela espera. Percebe meu impulso e desespero, e espera que eu tome meu tempo. Recomponha-me. Meu coração golpeia dentro de meu peito, elevando o batimento. Sei o que ela vai perguntar. Ela vai, e essa idealização faz com que meu batimento acelere.- Quão molhada você está, Quinn? - Pergunta. E, como se um balde de água escaldante fora jogado contra mim, um gemido escapa. Instantaneamente. Não posso aguentar a pressão. Não consigo. Tenho as sobrancelhas franzidas. Ela não está dizendo nada, o que me preocupa. Talvez esteja rindo de minha fraqueza e não capacidade de controlar qualquer som antes da hora. Não quero abrir meus olhos e me deparar com um sorriso em seu rosto. Todavia, ouço-a respirar. Sua respiração é trêmula e todos esses indícios dizem que ela, de alguma forma, tentava controlar-se. Há aquele barulho novamente, Santana umedece os lábios. Eu estou a tirando do comando e não há sentimento mais satisfatório do que esse. - Vá em frente, faça o que normalmente faz.- Aperto os olhos com força. Não posso. Isso tudo soa tão errado. Faço, embora. Meus pensamentos hesitantes já não obedecem meu consciente. Deslizo meus dois primeiros dedos por meu sexo sob o tecido. Desço, depois subo. Os lábios se partem. Puxo o ar mais um vez, com força. Santana permanece em silêncio, então prossigo. Toco a área superior, a parte mais sensível, e profiro movimentos circulares. Lentos e apertados. Não flexíveis, num único padrão. Perco minha respiração em grandes puxadas de ar e num jeito tremulo, acelerado. Prossigo numa velocidade mediada. Sinto toda a umidade dali ultrapassar o tecido e tocar meus dedos. Não controlo um próximo gemido.- Retire sua calcinha.- Ordena. Hesito, a princípio, mas executo seu pedido quando me dou conta de que meu receio não levaria a lugar algum. Toco as hastes da peça e as puxo para baixo, sentido-as deslizarem por minhas pernas. A sensação do tecido contra minha pele quente, irritada, é extraordinária. Abro meus olhos. Tudo permanece o mesmo. Ainda não posso ver Santana, mas sei que está ali, no mesmo lugar. Desço o olhar para entre minhas pernas e toda a bagunça de lá. A bagunça de sentimentos e necessidades que estou.- Toque-se, agora. - Diz. Descarto a peça para ao lado de meu corpo. Um sentimento de desespero bate e volta contra mim. 
— Santana
— Por mais que eu adore ouvi-la suspirar meu nome, vá em frente, Quinn. Você quer, não há sombra de dúvidas. Não há respostas maiores do que as quais seu próprio corpo está lhe dando. 
Inspiro. Expiro. Está tudo bem, não? Claro que está. A situação é comum e tudo que preciso fazer é me imaginar de volta no meu dormitório em Yale. Imaginar-me num daqueles períodos desesperadores quais minhas necessidades afloravam diante dum dia muito consumidor e eu ansiava por um alívio. Está tudo bem, Quinn. Tudo que preciso fazer é imaginar um dos estudantes de fisioterapia do último ano trabalhando sobre meu corpo, é isso. As suas mãos firmes e fortes deslizando sobre minha barriga e tocando meu sexo. Pressiono as pálpebras com força, forçando-me a imaginar, mas tudo que me vem em mente é a respiração de Santana batendo em meu lóbulo. É silenciosa, quase imperceptível, mas presente. As ligações de minha cabeça formam a imagem anterior de seus dedos escorregarem pela linha de meu maxilar e a visão de admiração presa em seus olhos. Seus lábios espelharem beijos abertos por meu pescoço. O formato simetricamente perfeito de seus seios. Estou ferrada. Contudo, meus dedos tocam minha vulva de temperatura elevada. Não tenho noção quantos minutos perdi focada em meu próprio mundo alternativo, mas desço os dedos pela bagunça úmida entre minhas pernas. O dígito de meu médio e indicador descem por meus lábios que queimam na temperatura. Prosseguem até a região de minha entrada e, quando lá, subo-os novamente. Um aspecto frio, congelante, cresce ao final de meu estômago e sei que não há maneiras, agora, de eu desistir disso tudo. Minha liberação de oxigênio já é forte demais para somente minhas narinas. O caminho de meus dedos é instantaneamente respondido por meus lábios partidos e respiração incerta, instável. Está acontecendo o que ela disse acontecer, meu corpo está respondendo. Circulo meu clitóris por cima da pele ali localizada a fim de não ter um contato direto, usando os dígitos dos mesmos dedos. Círculos apertados e não flexíveis no que tange a velocidade. Continuo, sinto ondas de calor quebrarem contra o vale entre meus seios quando a ponta de meu polegar de mão livre desliza sobre o mamilo correspondente. Outro gemido escapa de mim quando a sensação se funde ao meu movimento entre minhas pernas ainda devagar. Minhas sobrancelhas crescem rígidas acima de meus olhos fechados e minhas costas descolam do colchão, arqueadas em direção a meu toque. Ali, testemunho, guiada pela sensação, uma mão de temperatura baixa tocar minha nuca e a erguer da estrutura. Santana posiciona um travesseiro embaixo de minha cabeça e só assim relembro-me de seu presença no cômodo. Abro os olhos com a mudança de elevação e, agora, possuo uma melhor visão de meu corpo estirado na cama. Quero agradece-la pelo gesto, mas não consigo encontrar palavras naquele momento. Minhas pernas estão abertas, repartidas. Até o inicio de minha virilha, encontro sombreados avermelhados, como manchas na pele branca, mas presumo ser sutil resposta a elevação de temperatura corporal. Os lábios de meus sexo estão também vermelhos e inchados da irrigação sanguínea em adrenalina na região, e meus dedos em contato brilham diante da luz fraca, ensopados da umidade desprovida de mim. Meu peito sobe e desce, em desespero. Um par de lábios toca a pele atrás de minha orelha e o gesto é tudo que eu precisava para soltar um gemido e prosseguir com o movimento de meus dedos. Minhas bochechas queimam de calor quando elevo a velocidade, distribuindo gemidos e resmungo entre respirações. Não sinto mais Santana, tampouco ouço-a, mas a sensação de estar sendo observada, de alguma forma, contribui para meu desespero de excitação. 
Quando a primeira onda bate contra minhas paredes interiores, acelero ainda mais os círculos de meus dedos. Nessa altura, já sou uma bagunça emocional a procura dum alívio. Não consigo mais dizer o que é minha respiração dos lábios de minha boca, em si, que prendo-os para dentro quando a segunda onda me atinge sem avisos prévios. Não tenho certeza se devo prosseguir e, de verdade, quero abrir os olhos e perguntar a Santana sobre, mas não posso. Não consigo. Meu pulso e o músculo de meu antebraço direito queimam em conseguinte da movimentação repetitiva e forçada feita por tanto tempo, mas não consigo cessar os movimentos. Libero os lábios e solto um gemido quando a terceira vem. Arqueio as costas do colchão, estou tão, tão perto. Abro os olhos e levanto do travesseiro quando, num movimento distante, o orgasmo tende a explodir em meu sexo. Jogo o peso de meu corpo no meu cotovelo esquerdo quando a mão correspondente agarra o cobertor sobre a cama. 
Meu corpo cai de volta, contudo, sobre e estrutura novamente quando, a findar, um orgasmo me atinge. As costas arqueadas a meus dedos, os olhos fechados e sinto a vale entre meus seis escorrer gotículas de suor. Ao sumir todas as ondas dentro de mim, cesso a movimentação. Meus músculos tão fracos e frágeis que, por um momento, duvido ter algum. Permaneço com o corpo estirado na cama, até que minha respiração retome a seu normal ritmo. Não tenho forças para abrir os olhos e estar, consequentemente, ciente de meu atual estado. De minha atual localização e status. Abro-os, agora, porque, se uma vez não fizesse logo, eu adormeceria ali, daquele jeito em consequência duma sensação de exaustão dopar minha estrutura. Por fechados por muito tempo, o foco é embaçado ainda. A visão dos móveis do cenário em minha frente é escassa, mas não impossível. Acredito eu que, ao ver, tudo seria diferente. Eu estaria de volta em meu dormitório e, ao levantar, retomaria minhas atividades extracurriculares no campus. Mas não. A familiar a extensa porta de madeira, a poltrona, alguns pares de roupas, o frigobar e escrivaninha ainda ali. Ainda estou num quarto de hotel em Lima, Ohio. Uma ponta de ansiedade cresce em mim. Santana. Acabei de masturbar a mim mesma enquanto Santana estava no cômodo. Assistindo-me, ainda. Minha melhor amiga. Melhor amiga que, por meses, não a via. Ótimo. Tomo uma respiração profunda e a procuro em minha lateral, mas não a entro. Então, olho para atrás de minha cabeça. Está ali. A silhueta em pé, ainda revestida pelo mesmo roupão branco e grosso. Santana tem o corpo recostado na parede dali, próxima a enorme vidraça, as mãos escondidas atrás do corpo, como ontem esteve pressionada contra a porta. Não posso lê-la, para variar. Tem os olhos escuros, os lábios intactos e uma expressão nula na face. O cabelo cai em ondas ainda não tão secas sobre os ombros, agora sem nada sobre eles, destacando-se ainda mais em cima do tecido branco. Tem os olhos fixo em mim quando subo a cabeça para olha-os e não existe modo mais intimidado que eu, aquele instante, encaixo-me. É bastante para eu cair na posição inicial e tapar meu rosto com as palmas de minhas mãos, envergonhada.
— Bom, Fabray, tenho de confessar que verdadeiramente não estava esperando isso. 
A voz levemente rouca e penetrante soa acima de minha cabeça e, junto de passos bem marcados, desloca-se por ali. Reparto os dedos sobre meu rosto para espiar seu paradeiro e, ao vê-la em minha frente, puxo o cobertor para sobre corpo num só movimento, protegendo-me do seu olhar. Parte um sorriso nos lábios diante de meu gesto. 
— Você se masturba mesmo com bastante frequência, não?
— Pare com isso - Rebato. Subo a tecido branco em meu peito e sento. Penetro meus dedos em meu cabelo a fim de calmar o ninho que certamente estariam, e percebo os olhos de Santana me seguirem em casa movimento. - O que?. - Pergunto. Santana senta na lateral da cama, em meus pés. 
— Nada - Desvia-os.- Só estou surpresa. 
— É tudo que tem a dizer?
— Sim. Digo, quem diria que Madre Tereza poderia ser tão baixa? -Sorri. 
Reviro os olhos. Aproveito a ausência dela sobre mim e passo a língua nos lábios a fim de umedece-los. Estão tão secos que o membro quase permanece grudado lá. 
Santana brinca com a faixa no roupão. 
— Era esse seu plano, qual lição tiro disso?
— Bom, era esse meu plano até antes da parte que você se arrastou a um próprio orgasmo.- Vira-se a mim novamente. 
— Por que não me impediu, então?
— Se tivesse visto a si mesma, me entenderia.- Cresce num outro sorriso de lábios fechados. 
Observo-a e, pela primeira vez naquele tempo, a ação é recíproca. Apesar de nossa não curta distância, posso ver sua pupila espelhar o reflexo de meu rosto de tão pretas. Completadas por luxúria e escárnio. Aperto o maxilar, seguramos nossos olhos por tempo demais.
Pigarreio. 
— E, hm, como se sente? - Interfiro. Não sou capaz de pensar em qualquer coisa que fosse, nem mesmo sobre perguntar as horas ou como anda o clima da cidade. Nada. Em minha cabeça, segundo minhas ações anteriores, fui capaz de acarretar algum sentimento nela. Santana é atraída por mulheres, a final de contas, não?
— Como assim? - Franze as sobrancelhas como se verdadeiramente não entendesse o que falava a respeito. 
— Não sei.- Dou de ombros.
— Como me sinto em função do que acabou de fazer, diz? - Umedece os lábios e sei que ela tinha entendido da primeira vez, só gostaria de me fazer falar em voz alta, porque Santana é assim. Tem aqueles mesmo olhos e aquela mesma expressão na face novamente. 
— Sim? - Gaguejo. Sim? Se sim mesmo, não sei. 
Acompanho-a quando senta-se um pouco mais próximo de mim, eu diria até um braço esticado de distancia. Olha-me por um instante e até duvido de suas intenções quando diz
— Dê-me sua mão.- Curto, simples. 
Calço um expressão de confusão, mas dou-a. 
— Confia em mim? - Pergunta. A voz serena. Sei que pergunta para que eu, no fim, não puxe-a de seu aperto. 
— Acredito que sim.- Respondo. 
Da-me um riso suprimido. 
Seus dedos tocam os meus, mas não por muito tempo. Logo escorregam para a palma de minha mão e sua temperatura é fria em contraste com a minha escaldante. Seus olhos caem para o nosso toque e, numa deixa, aproveito para fazer o mesmo. O toque é delicado e a pele de sua mão é fina e macia, por surpreendente. Vejo-a afastar a barra do roupão que tampa sua perna dobrada sobre a cama e sentar minha mão sobre seu joelho. Congelo. Congelo não sei se por razão da pele dali ser quente e confortadora ou por prever suas futuras ações. Meu coração volta a desperceber batidas e atropelar seu próprio ritmo. Nota que congelo e, com um sorrio fechado no lábios, posiciona sua mão sobre a minha. Movimenta-a e os dígitos de meus cinco dedos deslizam pela extensão macia de sua coxa. Ela é tão macia e confortável e duma temperatura tão reconfortante. Acabo perguntando-me se todas as garotas são assim. Meus dedos deslizam e, tenho de admitir, é uma sensação tão satisfatória. 
— Santana - Sussurro, meus olhos caem fechados. 
— Confie em mim - Sussurra de volta. 
Abro-os novamente quando sinto o osso de sua cintura tocar meus dedos. Tem seus olhos fixos em minha face, absorvendo o oscilar de reações que exibe. Aquela altura, sou capaz de testemunhar minha pele aquecer embaixo do cobertor, tornando o envolvimento desse quase insuportável. Sinto a tecido delicado de sua lingerie em meus dedos. Ela me faz descer para o interior de sua coxa mais próximo de seu sexo e ali já sinto a ponta de meus dedos umedecerem. Resmungo com a sensação, logo puxando minha mão da sua. A ponta de meus primeiros dedos brilham sob qualquer iluminação existente, não quero ter certeza. Posso senti-la por todo o quadro de minha região em contato, e não posso conter qualquer outro comentário quando a sensação é a mais incrível. Esfrego o polegar no indicador. Todavia, dentro duma transe num embaraço suficiente, volto-me a Santana com as bochechas coradas. As minhas, não as dela. Está olhando para mim. Olhando a mim, na realidade. Seu olhar passar por todo o interior de minha pele feita de vidro cristalino aquela hora. Sou transparente e Santana pode ler qualquer expressar que floresce nas laterais de meu peito e quebram a findar em ondas pela região mais inferior de meu abdome. Dá-me um sorriso tímido, pela primeira vez. 
— Tenho mesmo esse efeito em você? - Pergunto. Desço a mão a minha lateral novamente. 
— Estou certa de que tem esse efeito em qualquer outra pessoa.- Diz.
Há algo a respeito dela. A respeito da maneira que senta ali, numa paz de espírito, como se ninguém jamais pudesse alcançá-la. Sem preocupações algumas e o mundo que não ascende lá fora não acarreta algum problema para nós aqui dentro. Preciso confessar que, um dia, aspiro a estudar sua mente. Quero dizer a ela. Quero dizer a ela porque, agora numa pré formação numa profissão específica, pego-me perguntando o que vem a passar em sua mente. Sempre fora assim, nessa transe paradoxal de calmaria e revolução, embora. Quente que esfria. Azedo que amarga. Quero poder esticar meus dedos e tocar suas têmporas numa tentativa de sugar qualquer informação estocada em seu cérebro quando diz
— Posso te perguntar algo?. - Santana. 
Alguns severos minutos passaram por nós, porque tem a testa franzida e a ilusão incerta de ter passado esses todos a observando faz uma onda quente subir por meu peito, posso dizer. Balanço a cabeça e concordância e, quando faço, ela cai os olhos passa o espaço entre nós. 
— Fomos amigas uma vez, não? - Há esse mesmo tom em sua voz de incerteza e insegurança, como se, a qualquer instante, fosse estilhaçar diante de olhos ao vivo. É Santana, embora. Santana não quebra, não estilhaça, tampouco é insegura. 
— Claro que sim.- Digo. Pergunta a fim de ter certeza que eu, do outro lado, seria honesta haja o que houver. O timbre de minha voz alcançando sua mão sobre seu colo, apertando-a e entrelaçando seus dedos com os meus encorajando-a a dizer qualquer coisa que fosse. Serei, Santana. 
— Como se sentiu quando descobriu que Britt e eu estávamos juntas?. -Ergue os olhos e, numa ação inversamente proporcional, desço os meus. Preciso de um tempo para pensar a respeito tendo em vista a imensidão dum vazio que ficou anos atrás. Então, há anos, Brittany e Santana passaram a se namorar. Brittany e Santana. Brittany e Santana. 
— Bom, hm, não sei, S.- Digo. Desço os dedos pelo cabelo. 
— Éramos suas melhores amigas
— Sim. - É palpável os rumos que essa conversa chegaria. 
Duvido das intenções de Santana quando uma vez trouxe o tópico à tona. 
— Não sentiu nada a respeito? Digo, quando primeiro soube. 
— Bem, foi estranho a princípio.- Digo. Meus olhos pegam o chão do quarto. As roupas. Os móveis.- Digo, era perceptível que algo a mais corria entre vocês, mas minha obrigatória devoção a qualquer doutrina religiosa que reprimi a existência de “algo a mais” entre duas mulheres, forçava-me a acreditar que o que eu via era tolice. A maneira como interligavam o mindinho ou como viviam sempre sussurrando uma a outra. Ou até mesmo como seu corpo tomava um estado de relaxamento quando uma vez ela estava por perto. Todas essas coisas eram suprimidas pelo o que eu acreditava, deixei para lá. Mas então, recordo-me de Britt dizendo que vocês estavam namorando e que você, em particular, não era uma pessoa ruim como todos aclamavam, só precisava dum pouco mais de atenção.- Volto-me a ela e tem um sorrio de canto nos lábios. A íris de qualquer coloração escura reflete o envolvimento com o que tenho a dizer, refratando nostalgia. - E é verídico, não? Todos nós precisamos. Então, minha primeira reação foi pensar quão fantástico é ter alguém que pensa assim. Soube, desde quando conheci vocês, que Britt era alguma coisa especial pra você e, sabendo disso, sempre acreditei que algo, por mais absurdo que fosse, viria a acontecer entre ambas.  
— E como soube disso tudo?
— Mesmo?- Perguntei, incrédula.- Tudo a seu respeito grita que pertence a ela. A maneira como a olha, como age uma vez que ela está por perto. O modo como se veste, fala, como se movimenta e a cor do batom de seus lábios, S. Você pertence a ela.- Pauso. Tomo umas e outras respirações e observo o olhar vago de seus olhos. Inexpressivo.- Não a culpo, sobretudo.- Dou de ombros.- Está tudo bem quere-la, sabe? E - Pigarrei, o ar media sua densidade sobre nossos corpos. O meu, que as mãos seguravam o cobertor contra o peito. O dela, paralelo a mim, vestia-se duma onda repentina de lamentação e pseudo solidão. Bem, caramba.- está tudo bem procurar conforto em outra pessoa quando não a tem. 
— Quinn - Chama-me. Balança a cabeça em negação, como se eu não acabasse de ter exporto a ambas de nós qual fora sua fiel intenção por ter subido ao quarto comigo.- Não é por isso que
— S., está tudo bem.- Corto-a. Corto sua linha de palavras e pensamentos subindo minha mão a sua frente. 
— Quinn - Santana. Pega-a da frente de seu rosto e a senta no colchão novamente. Seus dedos finos e frios cobrem as costas de minha mão pálida e fria, e quente, e roxa, e tremula. Caio os olhos no toque e o gesto é o bastante para fazê-la retirar. - Olhe para mim.- Obedeço-a.- Não é por isso que estou aqui. Não é porque minha alma sente falta de Brittany que estou aqui, agora, contigo. Estou aqui porque quero estar com você. Aqui, com você, é difícil de acreditar?
Parcialmente, sim. 
Desvio os olhos. 
— Pensei que tivesse pedido para que não envolvêssemos emoções.- Digo. 
Lança um riso soprado. Irônico. 
Observa-me. Santana continua a me observar e, quando me volto a ela, sou capaz de ler o reflexo que tem na íris. Em hipótese, talvez seja porque o refletido, na verdade, seja eu. A imagem de meu busto esboçado na coloração escura da pupila e do restante. Tenho medo. Ali, não só. Sinto medo das perguntas que Santana trouxera a tona e os significados implícitos por trás dessas. Ou, talvez, sentisse medo do que seria de mim quando uma vez deixasse o quarto, aconteça o que acontecer. Em obstante, vejo-me pedi-la permissão. Permissão ou licença para que prossigamos seja lá o que havíamos iniciado, porque, a princípio, fazia-me esquecer de tudo que eu agora penso. Em contrapartida, ela só me devolve o olhar. Nulo, ilegível. 
Eu preciso dum cigarro. E talvez duma dose de whisky. 
Quebro olhares para locomover-me, mas, antes de qualquer movimento que fizesse, ela pula da cama. Sai, pula, levanta-se. Meus ouvidos se enganam quando ouçam-na sussurrar um não vai escapar dessa vez. Locomove-se para uma das laterais da cama, o roupão branco dançando entre suas pernas cobertas e, quando põe-se ali, diz
— Sente-se aqui.- A voz diz. Viro-me e vejo seu indicador mostrar a cabeceira da cama. Grande, larga e amadeirada, com toda sua graça quatro estrelas. Hesito em um. Dois. Três. Quatro. Cinco. Mas, no seis, atendo-a. Atendo-a porque meu corpo simplesmente pede para que eu fizesse. Eu estava com medo, cansada e com frio. Talvez, se eu somente cedesse, tudo ficaria bem quando caminhássemos pela mesma porta maciça que entramos. 
Arrasto-me para cima, puxando o tecido fofo e branco e frio contra meu peito, ainda. Ao recostar minhas costas contra a madeira, o material puxando toda a temperatura corporal de mim, deixo uma respiração sussurrada. Quando vejo Santana ameaçando se sentar paralelo a mim, minhas pernas se cruzam sob o cobertor. Permito-a. Assisto-a. 
Absorvo-a. 
Perco uma de suas mãos dentro dos cabelos negros e secos como as noites de outono em New Haven. Umedece os lábios. Inspira. Olha-me. Expira. Está nervosa. 
— Por que está tão nervosa? - A princípio, temo-a no ter escutado. As palavras saíram como sussurros entre duas crianças numa brincadeira de esconder, evitando serem encontradas. Similar, parece. 
— Você.- Responde. 
Seguramos alguns segundos, mas vem
— Não posso “fazer amor” com você, Quinn.- Diz. Primeiro, zomba da utilização duma expressão tão antiquada e não preciso lê-la para saber que acredita que as pessoas de hoje não “fazem amor”, aí o porquê de tirar sarro.  
— Não pedi para que fizesse. 
— Mas é difícil, sabe? - Ignora-me. Vejo-a inspirar e expirar antes que falasse novamente.- É difícil quando você é você e eu conheço todas as experiências horríveis que já passou. Como, sexo. Sei que, até agora, só se envolveu com idiotas egoístas que não sabem diferenciar o branco do azul e que, de alguma forma, tiraram de você toda confiança e segurança que um dia teve. Como, seu corpo. Tenho conhecimento que é insegura a respeito disso e eu, em minha posição, olhando pra você agora e revivendo tudo isso em minha memória, só tendo a ascender minha vontade de mostra-la que não é assim. Que as coisas não funcionam dessa maneira, sabe?  
Aperto os lábios em função de qualquer sensação que me viesse domar. 
— É apenas difícil fingir que você é mais uma garota aleatória de Kentucky, e simplesmente fode-la contra essa cabeceira, quando não é. Você e todo esse jeito é uma dessas pessoas que não merecem ser fodidas, sim?- Pigarreia.- Ou qualquer baboseira dessa tipo.- Desvia os olhos. Volta-os. Desvia-os. 
Volta-os. 
Dentro de quarenta passados minutos, 
estou sentada de frente a cabeceira. Tenho ambas minhas pernas embaixo de meu corpo, sentada sobre elas. Frente a madeira clara e quatro estrelas. Minha respiração é estável, mas a idealização de Santana atrás de mim a torna desregulada. Tenho as costas para Santana. Santana. Não posso vê-la, tampouco senti-la. A brisa do ambiente ou talvez fosse as ondas de nervosismo ascender por meus membros rebatem contra esses. Não tenho um cobertor sobre meu peito. Não tenho tecidos ou proteções que inibissem os olhos dela. Ou os meus. Permaneço com as palmas das mãos abertas sobre minhas coxas, frias, minha vista arde por aquela fixação por tempo excessivo. As pontas dos fios de meus cabelos chegam a incomodar agora, coçando o início de meus ombros. Eu aguardo. Aguardo e, se não me equivoco, estamos nessa posição há uns quinze minutos. Meus tornozelos ardem pela permanência naquele jeito, forçando-os a suportarem todo o pelo de meu corpo morto. 
Santana afasta meu cabelo para somente um lado de meu corpo e, subitamente, apareço neutra. Não sou capaz de sentir algo além de, por um breve momento, seus dedos perfurarem a grade de meus fios e os puxarem para meu ombro direito. Ela demorou a fazer. A fazer algo, talvez estivesse engolindo a seco e tomando coragem para me tocar. O digito de seus cinco deslizam por meu ombro e, quando descem pelo exterior de meu bíceps, já os sinto inteiros. As unhas curtas de meus dedos cravam sobre minhas coxas, formando meias luas pouco trabalhadas. Estou tremendo. Aperto as mãos a fim de me conter, mas tremo. Tremo de nervosismo. Meu cérebro continua a me lembrar que essa não só é minha primeira vez com uma mulher, mas com, de todas as pessoas, minha ex melhor amiga. Santana Lopez, acima de tudo. 
— Conte-me sobre Yale - Ouço-a. Sua voz não é trêmula ou assustada, mas é mais ríspida do que a última vez que nos falamos. Solicita-me uma vez diante de meu nervosismo ou covardia. Ela quer que isso funcione, seja lá o significado que “isso” segure consigo.- Digo, algo que não me contou ontem à noite. - Explica-se. Conversamos bastante ontem, durante a recepção. E a cerimônia. E a festa. E, quando minha cabeça desvia do que fazíamos a fim de vasculhar algo que eu ainda não havia dito a ela, percebo suas intenções. É difícil de encontrar, embora. Quando nos reunimos com nossa ex melhor amiga numa festa de reunião, aleatória ou não, quase sempre tendemos a falar sobre coisas cotidianas que realmente nos irritam. Namorados, companheiras de dormitórios, grade de aulas ou o péssimo café da cantina. - E então?
— Estou pensando 
— Claro que está - Ouço-a deixar um riso satírico, mas fraco, pouco marcante. Intento olhar por cima do ombro a fim de comprovar qualquer teoria da expressão pregada em seu rosto, mas, quando faço, seus dedos me tocam a bochecha, empurrando-me para frente novamente.- Não pode ser tão difícil assim, Ms. Ivy League. 
Eu devo falar então a respeito das coisas não irritantes de Yale. Ou do cotidiano. 
É isso. 
— Estávamos planejando a contratação de uma dessa bandas Indie Rock para a festa de formatura. - É um início, acima de tudo. A ausência de sinais ou toques ou respirações me dão a impressão de estar falando sozinha em meio ao cômodo semi vivido. 
Mas, ela está aqui. 
— Estávamos? - Ela está ali. Dessa vez, parece exausta de futuros jogos. A pele de sua palma, inteira aberta duma mão, toca-me as costas. Em movimentos calculados, desliza-a pelo tecido de minha pele. Não posso relatar a temperatura dessa. 
Minha ou dela. 
— Sim - Respondo. Sim para seu toque em minha traseira. Sua pele é tão macia e confortante, como se nunca tivesse experimentado algum outro trabalho manual.- Muitas pessoas tendem a não conhecer esse tipo de banda, então estamos desconsiderando a opção. - Digo numa respiração. Quando sua outra toca minha cintura, meus olhos caem fechados. Ela está tomando seu tempo. 
Santana gosta de tocar seu tempo. 
— Qual banda tinham em mente?
Engulo a seco. 
— Cigarettes after sex? The Kooks? - Resmungo. O peso do assento da superfície altera e, assim, sinto seus lábios tocarem a ponta de meu ombro direito. Seus lábios. Seus lábios tocam minha pele como se eu fosse uma escultura a ser cuidada e velada. Têm temperatura neutra; não quentes ou frios. Nulos, agora, e a sensação causa efeitos quase completamente distintos dos que havia criado antes em meu pescoço. É um beijo único, aberto, como fez. Minha cabeça tomba para baixo, subitamente expandindo seu espaçamento sobre minha pele. 
Espero por sua fala. 
— Cigarettes after sex, está brincando? - Umedece os lábios porque, quando os senta em mim numa segunda vez, seguram a frieza duma saliva em contato com a carne. Os meus se partem. Seguro a respiração.- Por favor, eles são os melhores de todos, tem de contrata-los. E me convidar, também.- Em contato comigo, sinto seus lábios esticarem num sorriso sobre minha pele e, em conseguinte a isso, dou-me conta que:
Sou implicitamente atraía por Santana Lopez. 
Digo, ela é uma mulher. Uma mulher, agora. Tem dezenove, mas os traçados que sua atitude formam bordados dentro de falas e expressões corporais fazem nada além de transluzir o quão bem a maturidade caiu sobre ela. Talvez seja isso. Talvez seja esse o porquê de eu sentir uma forte necessidade de ser tocada por seus dedos. Seus lábios. Eu não sou gay, todavia. Não sou, disso tenho cem por cento de certeza. Não me sentia emocionalmente atraída por Santana enquanto nos trocávamos juntas no vestiário após os treinos. Sexualmente, talvez, porque, convenhamos, ela foi uma das meninas mais atraentes que McKinley jamais teve. Mas não é como se esse almejo fosso intenso a ponto de me fazer pressiona-la contra um dos armários de lá. Almejo não, desejo. Agora não sei o que estou sentindo além dessa grande necessidade que floresce e me faz querer tê-la mais proximamente. Só isso. 
Há um silêncio não desesperador como os demais foram, até aqui. Há nenhuma outra superfície sua sobre mim agora e ela, propositalmente, deixa que caiemos numa ausência de intertextualidade. Não sinto a obrigação de correr; não sinto o anseio de deixa-la. O nervosismo é expelido de meu corpo em ondas fracionadas dos segundos que sinto sua respiração bater em minhas costas e voltar contra seu rosto. Ela pode sentir-me. Sentir a essência que corre em meu corpo ali. Meu cheiro, se tiver algum. O aroma do perfume que sucumbi ontem à noite que agora o nome não me vem à cabeça. Ou a loção corporal da banheira de água fermente, quase insuportável.  Talvez, a pausa, indique um desses surtos seus. Ela queira, hipoteticamente, sair correndo. Isso tudo parece demais e além do que suas barreiras e paredes emocionais possam aguentar. Entretanto, morro sem acreditar ter esse pode sobre ela. Ela é apenas Santana e beija-me num dos nódulos da espinha. 
— Há uma música deles que gosto bastante. É uma de minhas preferidas, então não direi o nome porque você certamente a roubará de mim.
— Como você fez com todos meus namorados do colégio?
— Como fiz com todos seus namorados do colégio.- Confirma na companhia de um riso sutilmente soprado. Passo a sentir seus dedos sobre ambas minhas escápulas traçarem caminhos circulares e extensos por todo o comprimento dos ossos. Deixo uma respiração pesada. Ela percebe.- Gosta disso? - Pergunta, mas há nada malicioso em sua voz, o que me assusta a ponto de esticar os olhos abertos novamente. Santana não existe sem comentários satíricos ou maliciosos. Ela notou o pesar de minha respiração através de nosso contato e, subitamente, sinto-me envergonhada.-Digo, eu ainda pensava que você tinha um pouco de sensibilidade nessa região por conta do acidente e tudo, posso ver algumas cicatrizes ainda. Algumas pessoas dizem que a pele costuma formigar bastante mesmo anos após.- Santana. 
Instantaneamente, viro-me. Viro-me sentada na cama já com o cobertor sobre meu meu corpo, escondendo-me. Está a me olhar com uma expressão confusa no rosto; as sobrancelhas juntas e os olhos cerrados, seu corpo se afastando um pouco do meu a fim de provir espaço para que me sente totalmente contra a cabeceira. 
— O que? - Pergunta, sua face inexpressiva agora. Espera por uma explicação em função de minha terrível regressão de personagem, embora já saiba a resposta. Sou transparente como um vidro virgem e aberta como um livro antigo. - Não sei ler mentes, Q. A não ser que me diga o que está pensando, não sei o que falei de errado. 
— Nada, é só…- Esquivo-me da órbita que seus olhos tentam me jogar dentro. 
— Seu corpo? As cicatrizes?- Joga como óbvias alternativas. 
— As estrias - Quando meus olhos batem na porta maciça do banheiro, adiciono. Era o melhor a se fazer, não? Ela esteve sendo tão honesta comigo até então. Ela entenderia, não? Como fazíamos no colegial. Corríamos uma atrás da outra com insultos e brigas; roubávamos os namorados uma da outra; não confiávamos em nós mesmas, mas ela tinha minha personalidade. Entendia-me. Todavia, em contrapartida, algo dentro de mim sentia medo de, agora, ela vir com um comentário que me diminuísse ainda mais. É Santana, a final de contas. 
— Isso tem alguma importância? Digo, sim, é um chute no saco, mas, importa? - Santana não me oferece conforto e, por um instante, agradeço-a por isso. O olhar de pena que as pessoas costumavam me dar era o que mais destruía-me. Não há ali. Pena, digo. Ela não me olha como se sentisse dó do estado que me encontro. Físico ou psicologicamente. - É essa a razão por trás de toda essa insegurança sua?- Diz, neutralmente.- Quinn? - Dado minha esquiva de seus olhos e sua expressão e o assunto que entraríamos, solicita-me.- Olhe para mim. Algum cara já te disse algo em relação a isso? Em relação as marcas que tem no corpo?
— E precisam? Eles precisam dizer algo para que me sinta assim? - Seus olhos são marrons quando volto, o que é novidade. Por todo o tempo que estivemos aqui; ontem à noite e horas atrás, tomaram uma coloração entre as casas do preto e castanho bem escuro. Agora são marrons. Marrons como as folhas secas de outono e, de alguma forma, o branco felpudo do roupão e o preto do cabelo fazem deles ainda mais destacados no rosto. Ela umedece os lábios e os aperta dentro da boca. Os dois pequenos furos em ambos os lados de suas bochechas vêm, depois vão. 
— Olha, isso é um assunto bastante pesado para conversar - Bufa antes de colocar. 
— Não, está tudo bem - Corto-a. 
— Não, não está. Isso não é certo.- Pausa.- Okay - Desvia os olhos como se colhesse pensamentos. Pensamentos e vias que não nos levariam a ter uma dessas conversas que Mercedes e eu tivemos lá atrás quando ela decidiu entrar para o time de torcida e desmaiou de hipoglicemia. - Deixe-me tentar assim: eu não sou Mr. Shue, não dou conversas e conselhos incentivadores. Não vou dizer que você é bonita e que não existirá caras que não comentarão sobre suas cicatrizes ou suas estrias ou qualquer outra coisa que lhe faça insegura sobre seu corpo, porque terão. Milhares, na realidade. Contudo, o que posso dizer em minha posição como alguém que foi sua melhor amiga e te conheceu mais do que você conhece a si mesma, é que você não pediu por isso. Você não pediu pelo acidente, tampouco por uma gravidez espontânea. Mas, mesmo assim, mesmo com toda essa carreta em cima de você, decidiu fazer a coisa certa. Decidiu ter o bebê e da-la a uma família que, sabe, sente prazer em tê-la. E, em relação ao acidente, não há a se dizer, não? Olhe aonde está agora. - Dá de ombros.- Não especificamente numa cama comigo, mas na altura de sua vida. E, se me perguntar, isso é bastante incrível. - Sorri de lábios fechados. 
Santana compreende, sim.- Há essa música que eu gosto bastante.- Adiciona. Quando devolvo o sorriso. - É uma de minhas preferidas, Nothing’s Gonna Hurt You Baby por Cigarettes After Sex - Ergue uma das sobrancelhas, sinalizando o que conversávamos a algum tempo antes desse. - É bastante incrível, escute-a quando estiver sozinha, embora. Ela tem esse baixo super sexual que provoca umas coisas dentro de você, sabe? Fantástica. Se sentirá melhor. 
— E por que é sua favorita? - Nascente de mera curiosidade. Santana não é de simpatizar com muitas coisas aí fora. 
— Por conta do baixo, não sei quantas vezes me masturbei ouvindo essa musica. 
Reviro meus olhos. Se ela diz, porque é. 
— Mesmo? - Bufo, incrédula.- Além do baixo, digo?
— Bem, costumávamos escuta-la enquanto nos drogávamos no campus de Kentucky, então é bastante especial.- Dá de ombros, fruto de mera importância. 
Sorri aberto, agora, sem impedimentos e não testemunhos que as coisas ditas eram mais do que típica de se escutar deixar sua boca. Sorrio de volta e, quando deixo-me um tempo sobre seu rosto a relacionar a troca que tivemos nesses minutos, digo
— Você é realmente uma boa amiga, Santana.- E ela percebe a não malícia ou ironia presente em meu veredito. 
— Boa, boa mesmo. Sou muito boa. 
Dadas não sei quantas horas, desperto. 
Desperto talvez pelo singelo alarme de meus olhos não suportarem mais permanecerem fechados, mas sem campainhas ou vibrações de celulares. Acordo com o movimento de minhas pálpebras flexionando sozinhas, o que é ato incomum vindo de mim. Há essa sensação leve que senta em meu peito e um gosto adocicado pregado na língua, como se eu tivesse encostado lábios com um algodão doce. A variação de sabores em minha boca há de haver algo relacionado com a própria oscilação de espírito que vivo desde então, mas não deixo de me perguntar se Santana tem esse gosto. Ela tem sabor de algodão doce? Porque é isso que sinto ao final de meu céu da boca, mas não me recordo de ter a beijado ontem enquanto conversávamos. Conversamos por um tempo após o cessar de seus toques em minha pele e nunca me senti em tamanha paz de espírito desde que embarquei nessa nova vida em New Haven. Foi bom tê-la numa conversa sem álcool envolvido ou tentativa de pele com pele e assunto não firmemente relacionado a corações partidos ou vidas amarguradas. Foi bom ter uma conversa de melhor ciclo de antigas amizades, digamos. Ela não perguntou como eu regia minha vida, tampouco o que fazia dessa e eu não relacionei os estereótipos de sua personalidade com um total desinteresse, somente encarei como um ato de conforto. As pessoas costumam perguntar muito sobre o que fazemos da vida, como vivemos e o quão errado fazemos de tudo. Ela só sentou ao meu lado na cabeceira, cruzou as pernas como índios fazem e me escutou contar sobre coisas que geravam um sentimento similar àquele de, no nada, encontrar um boa música perdida no Youtube. Claro que, após os assuntos penderem para onde não deveriam, ofereceu-me uma taça dum dos vinhos em garrafinhas no frigobar; tinha tanto tempo que eu não tomava o tinto que até acabei esquecendo do sabor, mas assisti-la umedecer o lábios mais rosados pelo líquido vezes antes dos goles já bastava. Não bebi. Deviam ter sabor de algodão doce. Há uma matéria na psicologia que levanta a hipótese de o anseio por algo ser de tamanha intensidade a ponto de fazer com que o indivíduo passe a sentir o sabor, textura ou cor do objeto almejado.  
Há nenhum outro som no quarto. Nenhum evasivo, digo, mal posso escutar ruídos exteriores. Pauso minha respiração para que possa ouvir a de Santana. Conversamos, tocamo-nos, revivemos partes perdidas de nossa amizade, sim, mas nada corrompe minha grade de pensamento que ela, em qualquer oportunidade, possa simplesmente deixar meu quarto de hotel como fez com ficantes aleatórias. Gosto de permanecer na idealização que não sou uma pessoa aleatória a ela, até que prove ao contrário. Apenas me viro para seu lado da cama e a encontro adormecida, dessa vez ao menos; o suspiro de um resmungo pesado em sua respiração. Tem as costas para mim, suas costas nuas, como tive a minha para ela. A extensão do cobertor desceu para pouco antes de seu osso da cintura, bordando e revelando a carne bronzeada do campo de suas costas que desce e sobe regendo o perfeito traçado da respiração. Similar a qualquer outro ser vivo, sou sufocada pela vontade de deslizar uma das mãos por essa sua região. Os nódulos de sua coluna que iniciam no pescoço bordando a pele e, como se a tivesse cutucado ou chamado por seu nome, vira-se para mim de olhos fechados e sobrancelhas franzidas, quase como estivesse tendo um pesadelo. A cama não é extensa o bastante para não me fazer sentir sua respiração ventar quente contra o nível mais baixo de meu rosto. Ela cheira como algodão doce. 
Sua respiração. 
Quando parece recuperar uma nova fase do sono, sussurro
— Obrigada
E confesso ter sentido uma ponta de arrependimento por não tê-la agradecido quando veio a dizer todas aquelas coisas sobre minhas inseguranças e relacionados. Ela não é desse jeito; não diz esse tipo de coisa, e, no colegial, quando veio a acontecer, lembro de tê-la apreciado como iludida tentativa de conseguir fazê-la deixar de lado todo o ódio e rancor que expressava. Ainda não posso dizer se ainda possui tudo isso consigo, mas, como uma criança embalsamada pela luxúria duma infância repleta de proveito e sensações, enfio meu rosto na rachadura entre eu pescoço e clavícula. 
— Obrigada - Murmuro pela primeira vez em contato com sua pele. 
Há nada que eu possa dizer além disso. 
— Sempre um prazer, Ms. Ivy League. - Responde. Sua voz é ríspida, quase fúnebre. 
Sinto seus braços esticarem por cima de meu torso, envolvendo-me num abraço chulo. Adoto a ação como um incentivo para que traga meu corpo para mais próximo do seu, não só a cabeça. Trago, trago, traga. Ergo o cobertor de cima de meu peito e deslizo pelo lençol do colchão até que um de meus braços caia em sua cintura e meus seios apertem contra os seus. Ela cheira a um desses perfumes masculinos ríspidos e secos que tão condizem com sua personalidade. Se eu encostasse o nariz um pouco mais perto de onde passa sua jugular, poderia notar se era o mesmo que usou desde quando nos conhecemos no primário. Mas também, bem lá no fundo, possui a mesma essência de loção corporal que tinha em mim; sua pele tão lisa como se acabasse de sair do chuveiro. Caminho meus dedos abertos, minha mão, por toda linha lateral de seu corpo e todo o desenho que formava. Deslizo. A princípio, toco a região lateral de seu seio e deslizo por suas costelas até o osso de sua cintura. Não posso dizer se ainda está com os olhos fechados, se ainda adormece ou se sente dada minha posição embaixo de seu queixo. Se sua respiração parece instável, não posso notar. Só sei dela quando as mãos passam escorregar por minhas costas em caminhos de ir e voltar. Subir e descer como anises fazer minutos atrás. Numa dessas idas, traça o digito dum dos dedos pela extensa vertical cicatriz colada à vertebral. A pele embaixo formiga o bastante para que eu estremeça. Ela puxa meu corpo para cima, meus olhos nos seus. 
— Dói? - E sua respiração cheira a algodão doce, subitamente encontro a fonte. Nossos seios não estão mais pressionados, mas tenho a lateral do rosto prensada na conexão entre meu travesseiro e o seu. Minha mão cai de sua cintura e senta no colchão coberto pelos tecidos; as suas perdem o toque, um de seus antebraços fica preso entre meu ombro e pescoço. Seus olhos são pretos. Negros, negros, estando aí o que há de ser estudado; não me lembro duma área psicológica que cobre oscilações de tons na íris. Santana Lopez é mesmo algo peculiar. 
— Não, só é estranho.- Murmuro a fim, de algum modo, não afastar a expressão de sono que tem pregada no rosto. - Uma sensação estranha, como um formigamento.- Coloco, segundos antes se mexer um pouco e fechar os olhos. 
Perco alguns minutos a observando. Por que você é assim, Santana?
— San?
— Hm-mhm
— Eu queria sentir o que Brittany sentiu.- Digo. Ela abre os olhos. Olhos que examinam cada centímetro de meu rosto e depois vão e voltam como um pêndulo dum relógio entre um e outro meu. Franze as sobrancelhas adiante do fático. - Você perguntou como me sentia quando descobri sobre vocês duas. Eu queria sentir o que Brittany sentia. 
Espero por sua fala, mas não vem. Santana prende os lábios na boca e seu antebraço mexe vez ou outra contra meu pescoço. Contudo, não ergo-me. Seguro-a ali, pelo menos essa parte de seu corpo em contato comigo para enxaguar essa sinceridade de minha boca e nervosismo que ela traz em toda uma orquestra. 
— Quinn - Há hesitação em seu tom. Pura hesitação como seu medo de relacionamentos interpessoais ou falar a respeito de sentimentos que não sejam ira e rancor. É o suficiente para lhe parar.
— Está tudo bem, não precisa falar nada.- E o meu sai do alcance dum murmuro. Ela já está acordada.- Não precisa dar suas palavras de “não-incentivo”, só estava respondendo a sua pergunta de ontem, de qualquer for-
Joga a mão livre sobre minha boca, 
— Quieta. Vai me deixar falar? - mas não como numa pressionada. Só a encosta, o que me faz parece beijar a palma de sua mão.- Você resmunga demais sobre coisas desnecessárias.- Posso senti-la embaixo de meu nariz, e meus lábios aquecerem diante do toque de sua pele. Mesmo na palma de sua mão.
— Então eu responder sua pergunta é desnecessário? - Abafado, ainda levanto. 
Segura uma vez. Segura alguns segundos.
— Até que eu pergunte uma outra coisa relacionada à sua resposta, é.- Impõe. - Posso, Berry?
— Como quiser - Sorrio contra ela pela referencia. O relacionamento de Santana e Rachel é bem mais complexo do que o nosso, em si. Mas nada, mesmo em outro mundo, tira-me da cabeça que Santana, sempre que pode, impulsiona-se a protejer a pequena miss Broadway diva. 
— Você quis, alguma vez, sentir o que eu sentia?- Pergunta num carrego de sinceridade. Na voz, na expressão do rosto que me faz querer alcança-lo e raspar de sua cara. Bam, pega-me de surpresa. 
— É difícil de responder.- Gaguejo uma ou duas vezes em sua mão. A fim de desviar o foco, desço meus olhos quase impossivelmente para seu membro ainda contra mim. Ela não o remove, sobretudo.- Mas, hm, não sei, nunca cruzou minha cabeça pensar sobre sentir o que você sentia quando estava com ela. Não sei, já olhou para si mesma? Quando descobri que Puck e você trocavam mensagens sexuais, eles veio a dizer que não havia como resistir a você porque é como um sexo ambulante. Serei a última pessoa a estourar seu ego, mas tudo sobre você é tão sexual e atraente. Então acho que eu só queria descobrir o quão
— Irresistível eles me dizem ser? - Termina. 
Como se aguardasse minha resposta, olha-me serena. Não serena, digo. Mas sim nesse olhar completamente sexual que tem. E como seus lábios esticam nesse maldito sorriso fechado como costumava fazer quando descobria ter me vencido em algo no colegial. Talvez assim fosse. Isso, talvez, ela tivesse me vencido e me feito admitir que precisava dela. Sexualmente. Que precisava sentir o sabor de seus lábios nos meus ou entre minhas pernas. Ela venceu. 
— O gato comeu sua língua?- E ela acredita eu não ter notado como seu tom caiu umas quinhentas oitavas quando, agora, dirige-se a mim. Num tom como se ansiasse fazer minha cabeça admitir seja lá o que tivesse de ser admitido. Há esse ríspido e degradado novamente, como muito ouvi em alguns de seus solos. Ouvimos, digo. Seus olhos parecem parados e pisca entre pausas, como se fizesse funcionar algum charme seu desconhecido por mim. Nesse ínterim, desliza a mão de minha boca e o dígito de alguns três de seus primeiros dedos param em meus lábios. O peso desses é o bastante para que, singelamente, parta-os. Parta-me. Assisto às suas ações através do reflexo rebatido em seus olhos escuros; ergue uma das sobrancelhas adiante de minha insistência em permanecer calada. Sua pele é tão, tão macia e, quando o médio toca já a parte úmida de meu inferior, expiro em seus dedos. Senta os demais por diversas partes baixas de meu rosto. Seus olhos caem para a movimentação dos próprios dedos. - Sabe o que é, Q? É que eu sei como tratar uma pessoa decentemente. Sei como fazê-la esquecer de todos os horríveis encontros que já teve com outras pessoas. Sei como fazê-la focar-se em mim.- É nulo seu sabor quando o digito toca minha língua. A sensação é fria de sua parte e, de algum outro lado da história, faz com que ela puxe o dedo um pouco mais para dentro. Contudo, puxa-o numa velocidade tão agonizantemente devagar, tão devagar. Posso sentir a extensão do membro arrastar por minha língua e, no meio tempo, meus olhos caem fechados. 
Uma familiar sensação congelante floresce no final de meu estômago segundo o breve movimentar da estrutura dentro de mim. É o bastante, estou pulsando. Estou pulsando e, a certa altura, temo que ela possa sentir a alteração de meu respirar ou como, por baixo do cobertor, cautelosamente raspo uma perna na outra. Dado alguns minutos, extrai-o e, ao impulsiona-lo novamente, adiciona o indicador. Resmungo. Meu batimento intenciona-se. Subitamente, sinto uma onda de umidade domar meu sexo, realçando a ainda ausência de vestimentas ou peças. - Está calma, já? - Usa a mesma voz que teve enquanto sussurrava em meu ouvido movimentos guias sobre o que fazer em meu corpo. Abro os olhos e, instantaneamente, remove os dedos. Remove-os na mesma velocidade que os colocou, embora. Meus lábios respondem permanecendo partidos, incrédulos. Os seus, em contrapartida, agora param numa linha fina e única. Ela sabe que, a qualquer toque, subo nervosa. - Se estiver, foque-se em mim, okay? - Murmura, como se as outras pessoas do quarto não pudessem escutar o quão gentil e acolhedora Santana Lopez estava sendo comigo. Com Quinn Fabray, de todas as pessoas. Essas não somos nós; nosso relacionamento não é desse tipo. - Ajudará numa distração improvisada.- Quando seu antebraço mexe embaixo de meu aperto, sei que se aproximava de mim. Seu corpo no meu novamente. Contudo, não estica os braços sobre meu torso e me toca nas costas, só permanece com o rosto bem próximo do meu. Próximo o bastante para que eu possa sentir o algodão doce preso em sua respiração. Dê-me, Santana.- Coisas como minha respiração ou o movimento de meus dedos. Pode sempre conversar comigo também. Só…tentemos isso mais uma vez, sim?- Diz. E sou pega entre o escárnio da noite a os violetas dum sol saturado. 
Espera por meu consentimento. 
— Sim. 
— Okay - Okay? Não. - Só se acalme, não estamos casando ou coisa do tipo.- Sorri. Sorri um desses poucos sorrisos abertos, brancos e esplêndidos que veio a fazer ontem à noite. Daquele tipo de franzir os olhos pelo contraste. Sorrio de volta, mas temo o meu não ter uma fração do que o seu tem.- Vou te beijar agora, okay? Vai ser rápido.- Murmura. Ela não estava perguntando. 
Num susto, sua boca encosta na minha. Literalmente, pressiona. Pressiona como aqueles beijos escritos em roteiros chulos. Nossos lábios apenas tocam; os dela não se movem, tampouco os meus. Não posso sentir sabores ou texturas ou formatos. Mas meus olhos estão fechados e os dela também. Conto uns seis, sete segundos nessa posição até que ela recue. Recua de mim, mas, permanece com as pálpebras cerradas quando sussurra 
— Tudo bem? - Sussurra e posso sentir, sutilmente, o movimento que seus lábios proferem ao proclamarem a frase. Consenti firmemente o bastante para que a fizesse sentir que estava tudo bem. Digo, sim. Eu estava beijando Santana Lopez. Nem em um milhão de anos eu pensava que isso viria acontecer. Nos conhecemos no primário, vi-a com o primeiro namorado e ter o primeiro beijo. Vi-a ser estranha sobre assuntos pessoais e assisti a ser deseja por metade da es

cola. Fomos melhores amigas. Brigamos, discutimos, nesse nosso relacionamento gato e rato que todo mundo conhecia. Éramos conhecidas por tal, por todas as pessoas. Eu sou hétero e protestante, criada numa família conservadora. Então, ter Santana Lopez em minha cama é um diabo duma história a se desacreditar. Mas há nada a se desacreditar.
Quando os lábios retornam, sei qual a textura e o formato desses. Parte-os e envolve meu inferior entre ambos. O movimento é tão calmo e seguro. Os meus estão secos assim como os dela e, quando tenta os deslocar, temos aí uma pequena dificuldade no desgrudar. Envolve meu superior, agora. Perde um pouco mais tempo nesse, percebo. Talvez pelo conforto de ter seu inferior preso entre os meus. Repetimos esse subir e descer algumas outras vezes até que a ponta de sua língua trace um dos meus, implicitamente pedindo permissão para me penetrar. Penetrar, estranho. Mas a sensação é tão intoxicante que, domada pelo sentimento, até consenti com a cabeça levemente.
Numa respiração, sinto seu sabor. 
Sua língua tem esse gosto de vinho tinto bem lá no fundo, daquele tipo deixado para oxidação e transformado em puro açúcar. Algodão doce. Doce como algodão doce. Temo-a derreter quando minha língua toca na sua massageada. Ela é tão, tão macia. 
— Por que você é tão macia? - É retórica, mas abro o olhos ao sussurrar na textura. Seus dedos sentam em minha bochecha e puxam meu rosto para o seu novamente. Droga, Santana, por que tudo em você tem que ser tão melhor do que em mim? Por que seus lábios são tão macios e sua língua tem um gosto tão viciante? Estou tão exausta. Ela nos separa, eventualmente. Um beijo rápido, como ela mesma disse. Mas tenho essa dormência no meu lábio inferior que me faz acreditar sentir falta do contato. Não, eu não sinto falta da língua ou qualquer parte de Santana. Não. Contudo, Santana é tão diferente de todos os caras que já estive. Puck, Sam, Finn, Biff, todos, em uma determinada altura, faziam dos beijos tão forçados e superficiais e brutais que até chegava a doer os lábios; exalando pressa em me sentir. Mas isso, Santana, é tão distinto. O movimento que segue num ritmo lento e reconfortante; tão sensual e sexual que qualquer efeito está a corresponder na ardência entre minhas pernas. É como se existisse essa necessidade. É esse seu sabor. Santana. 
Num instante, até quase no mesmo que permanecemos separadas, pego-me perguntando se todas outras garotas são assim também, todas as outras mulheres. Macias e confortantes como. Meus olhos se abrem, eventualmente, e seu rosto ainda está bem próximo do meu, o travesseiro ainda ali, nossas faces conversando perto assim tão íntimas. Ela me assiste, acho que procura uma reação ou uma admissão do quão bom seus lábios são. Uma admissão que ela venceu, é melhor do que eu; e que, em minhas ideias dormentes, floresce a possibilidade de almejar prova-la, prova-la novamente como um segredo. Ou um pecado; que eu viesse a enviar todos meus pecados sobre ela. E arrependimentos. Os arrependimentos de tê-la aqui a sei lá que horas de sei lá que dia da semana. Estou me afastando, há essa onda de quentura contra minha face e não sei diferenciar sua respiração da minha, de tão próximas que estamos. Há essa quentura que rebate e bate e refrate num reflexo na pele da região da maças de meu rosto. Estou corando. Estou corando por excitação e me afastando, simultaneamente. Ela talvez possa sentir as ondas que irradiam de mim como um grande, imenso sol escaldante das três em pleno verão. Fecho os olhos, fecho-os em busca duma dispersão de sensação e profundamente espero que ela não beba a ação muito pessoalmente. Não considera, entretanto. É Santana e logo murmura palavras fora de meu alcance naquela mesma voz que ensopa sexualidade e aquele seu braço livre toca os dedos em meu estômago. Oro para não transbordar. Sugo numa respiração fina pela boca ao sentir o ministrar dos digitos pela curva inferior de meu seio não em contanto com o colchão. Digitos seguros, precisos e gelados por somente serem ou pela temperatura absurdamente quente de minha pele. Meus lábios aparecem secos e requerem um certo contato úmido, eu preciso dela, preciso de um maior contato entre nós não porque anseio, mas porque simplesmente necessito. Preciso. Enquanto seus dedos deslizam abaixo da região de meu umbigo, meus olhos pegam os seus. Acho que pede permissão ou só se certifica de minha estabilidade ou (ins). De qualquer forma, ao traçar em linha reta sobre a carne de minha virilha, sei que quer meu consentimento. Aqueles mesmo olhos intimidantes que tanto bati de frente até que, a findar, não mais ficasse. Tornassem-se apenas um olhar comum de característica intensa. Falho quando meu peito apita e corto nossa posição, alcançando seus dedos naquela região. 
— Não - Digo já numa boa segurada de seus dedos. Ela prossegue com a expressão intacta, inalcançável como se completamente entendesse. Talvez entenda. Ela costumava ser a primeira experiência dessas calouras universitárias, talvez estivesse acostumada a hesitação e medo. Não tenho medo, embora. - Deixe-me. - Sussurro nas juntas de seu rosto e quase na ponte de seu nariz, isso é o quão destemida sou. Assumo o barco, agora, deslizarei pelas águas que me favorecem ou acho necessárias. Ela está em meu controle agora. Santana segura os olhos primeiro, depois murmura algum consentimento que é cancelado por mim quando movimenta o corpo, deixando minha mão e estômago, deita com a costas completas sobre o colchão, a traseira da cabeça no travesseiro e o olhar firme ao teto. Como eu estive, quase. Com toda a agitação, o cobertor que protegia seu busto veio, agora, a cair para a linha da grade de suas costelas, pondo e vista o simétrico par de seis atacados no peito bronzeado. Santana sempre fora um objeto de desejo. Objeto, sim, porque se colocava a tal posição diante dos garotos que tanto a perseguiam. Mesmo antes da plástica dos silicones, seu corpo não era o do tipo de passar despercebido; o que sempre me invejou. Ela totalmente não precisou passar por dieta, bisturis ou médicos para que desse luz ao corpo perfeito, simplesmente nascera com um. Portanto, eu e outras duzentas outras garotas sentíamos a humilhação que era sempre te-la por perto quando possível nos chuveiros do vestiário. Os seios, os lábios, os ossos das bochechas e os da cintura; ela é uma maldita obra de arte e há nada que me deixe mais irritada do que isso. Então, torna seu rosto para meu lado e pega meu breve olhar para o par sobre o peito. O sorriso de lábio fechados nos seus. 
— Você pode toca-los, sabe.- Diz, e, assim que ouço sua voz, sou uma criancinha pega com a mão no pote de biscoitos de chocolate. Estivemos juntas, assim, por tantas vezes. Nos trocamos em vestiários, banheiros de hotéis nas cidades que viajávamos pela equipe de torcida, dividimos camas e chuveiros, mas eu nunca a toquei; nunca nos tocamos porque a ideia de ter outra mulher em contato era além de absurda. Éramos melhores amigas. Te-la dizendo que tenho permissão em tocar seus seios, como num ato sexual, apavora-me por dentro. Todavia, foi isso que disse, não? Pedi para que ela me deixasse, deixasse tomar a liderança. Eu devia ficar mais assustada por vê-la ceder-se a mim do que fazer qualquer outra coisa relacionada a sua silhueta estirada a pouco espaço de mim. Em virtude a isso, arrasto-me, ainda na lateral, para mais próximo dela. Uma de minhas coxas, no deslizar, toca a região da sua que me faz sentir o material que é feito sua calcinha, a sensação dançando em oscilações pelas demais partes de meu peito. Pairo, com o peso num dos cotovelos, ao lado de seu corpo e seus olhos nunca perdem um movimento meu quando elevo outra mão e ameaço alcança-la. Vejo-a, a princípio, seus olhos mais pretos e o reflexo de luxúria. Não posso dizer se de desejo também, nunca pude. Sobretudo, palmo seu seio direito sem segundos pensamentos. O movimento é delicado e, quando o abocanho na grade dos dedos, o partir de seus lábios faz uma sensação ansiosa passar pelo final de meu estômago, brevemente. Não toco seu mamilo, tampouco mexo os dedos. Só os tenho segurando a base de sua composição e tocando a pele quente e macia que o faz. Quente e macia. É um encaixe perfeito na palma de minha mão, mais um ponto para ela. O subir e descer de sua respiração elevando e degradando meu pulso em contato, sinto a respiração estavelmente ainda. É um auto controle pessoal, sinônimo de Santana. Seus olhos caem para baixo, no contato de minha mão com seu corpo, e tomo a ação como perfeita oportunidade para tê-lo completamente, pressiono a palma estirada sobre o seio. Deixo uma respiração bufada quando sinto o mamilo se fazer ereto em conseguinte de meu toque. Por própria experiência de anatomia feminina, sei que a sensação é indescritível e totalmente a compreendo quando cai de olhos fechados, agora. O impulso de me encostar em qualquer outra parte de seu corpo é grande, mas a dou um tempo com o contanto. Todavia, dada a tentação, afasto-me o suficiente para o dígito de algum de meus dedos possam deslizar sobre a superfície sensível. Em função de alguns movimentos, abre os olhos e geme quando tenho a ereção presa entre o polegar e o indicador. Geme, Santana geme. Ela abre os olhos e geme com os mesmos presos nos meus. Eu quero morrer, ou pelo menos essa é a sensação que me doma o corpo àquela altura. Ela é tão sexy e atrativa, eu a odeio. Eu odeio Santana. Inconscientemente, as hastes de meus lábios ascendem num sorriso fechado em resposta aos espasmos que seu corpo vem a mandar sob meu toque; suas micro expressões. Tipo como seus lábios secam e tem de deslizar a língua de vez em quando a fim de umedece-los ou como bufa respirações similares a falta de ar após sequências de exercícios. Ainda sob meus dedos, tenho-a trabalhando num todo sistema de excitação assim torturando a si própria. Contudo, vez ou outra, tenho de cessar o processamento para administrar meus pensamentos hormonais de como seu seio sente embaixo do ir e vir de meus dedos, quão macios e tentativos são. Estou acendendo novamente, as ondas de excitação pulsam contra meu sexo, fazendo-me apertar as pernas juntas, e tudo isso somente por toca-la. Agora eu entendo, entendo como se sentiu ou sente dentro dessas situações. Quando alguns dos dentes marcam seu lábio inferior em tentativa de suprimir um gemido de trégua, meu corpo parece não conseguir nadar contra a corrente de adrenalina que é arremessada contra esse, quando vejo, estou pairando sobre meu corpo, cada perna em uma respectiva lateral de suas coxas. Além da surpresa, estudo seu expressão, a princípio. Ainda tenho a palma aberta cobrindo seu seio e o nulo da feição me faz querer machuca-la com dentes e lábios. Talvez eu faça, só raspe meus dentes pela extensão de seu rosto até que suplique e demonstre alguma sensação. Digo, estou praticamente sentada sobre sua região pélvica e quase todo meu calor está sendo irradiado para seu corpo. Sinto-me envergonhada, ela não fala nada. Contudo, tudo parece piorar quando, dado a exposição e compromisso da posição, uma gota ou duas ou três da humidade acumulada entre minhas pernas, que até então só ali permanecia trancada, escorrega pelo interior de minha coxa até que atingisse a região em contato com o corpo de Santana, assim impedindo-a. É o quão molhada estou. É como meu sistema resolve reagir diante da situação de tê-la suplicando, em murmurinhos, por um maior contato; suplique em ser tocada e explorada. Santana Lopez, HBIC, de todas outras pessoas. Ela franze as sobrancelhas, testemunho o perfeito desenho rígido que ambas perfeitas figuras adotam acima das pálpebras que batem duas, três vezes cautelosamente devagar. Encara-me, por um instante. Encara-me como se perguntasse o que houve ou me fizesse aspirar por uma explicação. Santana sabe, todavia. Sabe quando desce os olhos para o espaço entre nossos corpos, o aberto de minhas pernas nas laterais do seu, a abarrotada exposição de meu sexo a ela e todos outras alusões a isso. Intercala, oscila a vista vez ou outra até que, num impulso originário do vazio, ascendesse na cama, pousa uma das mãos, aberta, no osso esquerdo de minha cintura que escorrega ao final de minhas costas quando a tenho sentada em minha frente, comigo no colo. As elevações e desvios de nossa posição faz sua altura bater exatamente aonde fica minha clavícula. Involuntariamente, meus braços vão diretamente para ambos seu ombros, fornecendo apoio a minha e a ela. Tem de elevar a cabeça para que me encontre novamente e, quando agora faz, meu dedos se laçam na grade grossa embora de textura macia que faz seus cabelos. Corto-me para dentro de si quando sinto ambas as mãos deslizarem pela pseudo curva de meu quadril até cessarem nos ossos dali. Em virtude de nossa proximidade, um movimentar aleatório faz meu lábio superior esbarrar no seu e, em virtude do quão toxico tudo isso parece, deixo um suspiro sem querer. Eu quero beija-la. Eu quero, de verdade. A tentação da textura e a temperatura covarde são imundas alegorias que vêm aferventar instintos que eu desconhecia da existência. Então, com toda minha graça de menininha, pergunto
— Posso…?
E ela
— Sim - retruca de olhos fechados, como se sentisse a futura presença da pergunta, e num tom que pinga excitação. Assim, beijo-a. Dessa vez, embora, sou eu quem toma o impulso; eu quem leva o rosto ao seu e sente o esfregar de meus lábios nos seus. É um beijo preguiçoso, uma vez em comparação com o primeiro. Eu literalmente esfrego meus lábios nos seus, a humidade quente que guarda na boca espalha pela minha sem pudor quando intercalamos direções, gestos e posição. A princípio, ouso penetrar seu espaço com a ponta de minha língua. Ela, em contrapartida, passa despercebida, opta por simplesmente ignorar. Então subo uma das mãos e agarro seu maxilar, levemente prensando meus digitos contra o osso e carne bronzeada. Penetro-a com a língua, assim, massageando a sua. A sensação é admirável. Dentro de segundos, estou em transe seguindo o perfeito movimento que seu membro logo domina o meu, agonizantemente devagar. Resmungo vez o outra, palmas inteiras acariciam a pele de minhas costas, subindo e descendo, deslizam por minha traseira e agarram minha bunda. Suspiro em seus lábios. Sinto-me como se fosse explodir, sou virgem a esse tipo de sentimento, a esse tipo de sensação e sinto que, a qualquer instante, meio corpo virá a ceder. E, num desses instantes, meu corpo cede. 
Santana me toca com dois dedos. Posso dizer porque também posso sentir cada digito  ser adaptado ao formato de minha carne, como se um dose injetável de hormônio fluísse imediatamente por onde sua pele possui contato com a minha. Eu suspiro em seus lábios depois de um bom tempo, mas não nos beijamos mais. Ela, levemente, bufa pela boca como se já tivéssemos proferido três posições sexuais diferentes e eu a tivesse feito gozar em todas delas. A respiração quente em qualquer parte inferior de minha face, eu a aspirando. Num universo alternativo, eu perguntaria se estava tudo bem com a situação, mas ela está começando a movimentar os dois dedos e sua boca foi rebaixada novamente para um pouco mais baixo de minha clavícula. Uma de suas mãos ainda está em minha cintura, fazendo de nosso envolvimento o mais sexual possível, atraentemente sexual. Ela circula o digito dos dedos na carne-região de onde esconde meu ponto mais sensível que outrora fora tocado e suplicado. Meus olhos caem fechados como numa adoração espiritual que veneram o estado desalento e extrema embriagues de meu consciente inconsciente. Laço meus dedos por seus cabelos e trago sua cabeça mais próximo de meu peito, impossivelmente. Ela faz os típicos movimentos que antes proferi, círculos calmos, regulares e apertados. É o suficiente para me fazer apertar as pálpebras fechadas com força e resmungar. Bufo, agora. Bufo em conseguinte da oscilação de movimentação de seus dedos atolados entre minhas pernas vergonhosamente abertas. Abertas e expostas a ela, a Santana. Eu pulso, suspiro, exclamo segundo todo movimento preguiçoso que seus dedos juntam umidade entre minhas pernas. Ensopados, ensopados dedos. Posso dizer por apenas sentir o fluído quente regar meus campos inferiores ou por ouvi-la, vez ou outra, murmurar o quão molhada estou com lábios pregados em minha clavícula. A ponta dos dedos de uma única mão minha formigam e eu procuro por eles a fim da certificação de estarem sendo pressionados ou presos a alguma extremidade, como às vezes acontece. Mas percebo que meu corpo vem a uma situação extrema de confronto entre duas sensações tão intensas que um mecanismo dispersivo foi enviado segundo minha recusa ao senti-los, quando vejo meus dedos livres ainda entrelaçados no tecido grosso de seus fios da cabeça. Ela nem mesmo está olhando para mim, seu rosto afundado no colo de meu peito e, ali, tenho um breve porém intenso receio de Santana poder testemunhar o compasso desesperado de meu batimento. Santana não pode perceber que como essas pequenas, frágeis e intocáveis linguagens corporais são implícitas alegações que sou dela. Eu mantenho aquela mesma postura mesquinha, adolescente, de nosso relacionamento, da pessoa que deu pra sujar seu nome, humilha-la, vingar-se a qualquer preço, adora-la pelo avesso só para mostrar que sou dela. Só para provar que ainda sou dela. 
Um murmuro de seus lábios, quentes e avermelhados do contato, arrancam-me desse pensamento repentino. Coisas aleatórias e insignificantes nunca fizeram meu tipo, nunca foram meu jogo. Talvez porque minha vida, até aqui, fora precisamente calculada e nada fora em vão. Eu sempre tenho um plano, sempre um movimento programado e as consequências desse anotadas. Tudo é significativo e relevante, talvez seja por isso que não consigo desconsiderar a suposição de ter Santana também segundo a maneira como seus dedos tocam meu corpo ou a dança enigmática que seus lábios fazem sobre minha pele. Seu jeito enigmático e como me deixa aflita o fato de não compreender as mensagens não verbais que seu rosto transmitem. Nunca consegui. Pergunto-me se sou assim também, já que parecemos tanto. Ela consegue ler minhas expressões? É por isso que suas ações aqui, agora, são tão eficientemente afetivas a mim, porque consegue ler-me? Ou só me encaixo num quadro de prazer feminino estereótipo de todas as outras garotas com quem dormiu? Sou tão comum e ordinária assim para ela? Por que me importo? Não é como se fosse chamar o caminhão de mudanças e se mudar para minha casa. Digo, não sei, mulheres são tão complicadas, sempre querem mais de uma coisa por vez. Duas coisas por vez. A superfície confortável de seus lábios beija minha bochecha e, em meio termo, sussurra
— No que está pensando?
Mais uma vez, sou divergida de meus pensamento inquietos. Volto ao real, ao que ocorria. 
— O que? - Faço-me de boba, ouvi-a de primeira. Mas não há como por em palavras pensamentos que, agora, eu não deveria estar tendo. Minha pele se torna irritadiça, sensível, pela movimentação de sua boca até bem próximo de meu ouvido, impondo que sua voz só sussurrava para mim. 
— Você está distante, no que está pensando? - Novamente. Concentro-me nas posições que tomamos, no contato que adotamos. Assim, não posso mais sentir seus dedos contra meu sexo ou a mão em minha cintura. Santana surge com o rosto perto do meu, seus olhos sem brilho, até meio translúcidos. - Quer parar? - Insegura, suas mãos voltam ao campo de meu próprio corpo, sentada na pequena parte das coxas que permito sem tapar com minha carne. Uma onda corre fria na boca de meu estômago ao notar o brilho descomunal de ambos seus primeiros dedos duma mão. A sensação é de posse, poder, que sempre veio a me encaixar mais do que bem. Como se, ali, meu nome tivesse sido tatuado na extensão daqueles seus membros. Sempre fora um sentimento que me fizera esfregar as pernas  a fim de afastar a excitação que toda a relação domador-submissa veio a acarretar. Eu sou um superior, aspiro ao poder. Então pego sua mão na minha e subo aqueles seus dedos para meus lábios, depois para o interior de minha boca. Mais num chulo dizer, provo-me. O sabor é duma oscilação e incerteza entre o doce e agridoce, não posso dizer. Contudo, doce é certamente a expressão que Santana põe no rosto assim que deslizo minha língua por seus digitos. Seus lábios se partem e as sobrancelhas enrijecem. Aperto meu aperto ainda mais em no pulso e por sua boca sai bufada de respirações excitadamente irritadas. Ela quer que eu toque-a, que prossiga. Que prossigamos. Deslizo a língua pela pele breve resfriada e permaneço anotando com os olhos cada reflexo que aquela minha ação transparece em seu rosto. Puxo ambos os dedos para fora permitindo que escorreguem pelo aperto falso de meus lábios, vagarosamente. 
— Não.- É quase um suspiro inaudível, perguntou-me se ela conseguiu pegar a formação das palavras ou os precários movimentos que meus lábios fizeram ao proferir.  
Eu não ia a lugar nenhum. Nunca. 


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