Não fazia muito tempo que Raziel estava todo feliz por poder colocar um sorriso no rosto de quem não saiu de seu lado naqueles últimos dias com presentes ou sorvetes, mas hoje a situação se inverteu.

Em um movimento tão súbito e brusco, as pequenas mãos de sua adorável amiga foram em direção do rosto do anjo colocando bem de frente aos olhos dele uma única flor. Uma margarida de plástico.

E ele não conseguia parar de sorrir (nem mesmo quando as lágrimas começaram a regar uma flor que não tinha a mínima necessidade de água). Alguns diriam que ele estava exagerando muito por um pedaço de plástico que não custava mais que uns 2 reais, mas ele não se importaria, na mão dele e aos olhos dele, ele tinha um pouquinho de puro amor bem ali.

Aquela margarida era tão imortal quanto ele e, mesmo quando ele tivesse que voltar lá para cima, ele guardaria ela eternamente junto do coração (a Praguinha lhe ensinou que o amor ficava naquele órgão estranho no meio do peito, ele duvidava um pouquinho, mas não contestaria em voz alta). Na verdade, ele temia esse tal dia que ele teria que voltar para o Paraíso, vivia se perguntando entre suspiros o que faria entre aqueles anjos tão inumanos que mal sabem sorrir. O que mais podia esperar de anjos?

Ele ouvia humanos reclamarem por serem o que são milhares de vezes desde sempre, mal sabiam eles a sorte que tinham por, simplesmente, poder ser.