Clipe musical: "Companheiro" (Chiquititas) por Joaquim, Sandy, Samuca, Janete, Téo e Eleanora. 

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Joaquim e Samuca vinham brigando desde e o dia da trapaça na brincadeira de Salada Mista, mas as coisas tinham piorado depois que Samuca inventou de escolher as Chiquititas pro trabalho em grupo. Joaquim sentia que o irmão gêmeo o estava forçando a passar mais tempo com Sandy (o que, de certa forma, era verdade) e não estava gostando nem um pouco disso. Para Davi, estava impossível controlar as brigas dos meninos, sempre era por uma besteira diferente que eles brigavam: comida, estudos, músicas, jogos de videogame... Mas, obviamente, o pai percebeu que tinha um motivo real por trás de tudo aquilo e, certo dia, decidiu conversar com eles a respeito. Os gêmeos, então, não paravam de dizer que o outro era quem tinha começado, até que Téo contou que Joaquim não queria fazer o trabalho da escola com as Chiquititas, o que, de início, não fez o menor sentido para Davi; mas depois os meninos explicaram que Samuca havia escolhido o grupo sozinho e que Joaquim não estava à vontade com isso. Então, na verdade, tudo aquilo era porque Joaquim ainda não queria se aproximar de Sandy...

Sabendo que o filho estava farto de ouvi-lo falar que não era bom que ele ficasse longe da Chiquitita, Davi resolveu dizer:

— Joaquim, se é um trabalho de escola, você tem que fazer, não importa o grupo. Além disso, as Chiquititas são amigas de vocês.

— Exatamente! — Disse Samuca. — Foi por isso que eu escolhi elas, e também porque, assim como a gente, elas são irmãs e moram juntas, ou seja, só metade do grupo vai ter que se deslocar pra casa de outra pessoa pra fazer o trabalho, é muito mais conveniente.

— Você sempre fica do lado dele! — Disse Joaquim para Davi. — Mas você nem sabe da história toda! O Samuca quer controlar tudo! Ele tá forçando! Ele é manipulador! Sabe o que mais ele fez??? Ele... — Joaquim ia contar sobre a brincadeira de Salada Mista, mas acabou ficando com muita vergonha de lembrar da situação. 

— O quê? — Perguntou Davi, esperando que Joaquim prosseguisse.

— Ah, eu acho que ele tá falando do jogo de... — Disse Téo.

Mas Samuca, percebendo o constrangimento de Joaquim, tapou a boca do irmão mais novo e disse:

— Ele não tá falando de nada...

— Eu só quis dizer... — Continuou Joaquim. — Que ele tá me forçando a ficar perto da Sandy...

— Tá bom. — Disse Davi. — Samuca, não é legal obrigar as pessoas a estarem juntas quando elas não querem. E eu não tô do lado de ninguém, acho que os dois tão errados e deviam parar com essa briga. Por isso, estão de castigo e não vão sair do quarto até se resolverem. 

— O QUÊ?! — Os dois exclamaram.

— É isso mesmo. Vamos, Téo.

Apesar dos protestos dos gêmeos, Davi e Téo os deixaram lá dentro e saíram.

— Eu não gosto quando eles brigam... — Disse Téo, quando chegaram na sala.

— Nem eu — Davi concordou.

— Será que eles vão fazer as pazes logo?

— Espero que sim...

— Davi...

— Que foi?

— Você e a Clarinha também brigaram?

Davi ficou surpreso. Não havia comentado nada sobre a briga com os meninos.

— Por que você acha isso? — O homem perguntou.

— Ah, porque ela nunca mais apareceu aqui — Téo respondeu —, você parou de falar nela... E também porque você anda meio triste ultimamente e não tinha ficado assim desde que vocês começaram a namorar...

— É, você acertou... Teve uma briga, sim...

— Pelo quê?

— É complicado...

— Uhn... Já sei, "coisa de adulto".

— Isso mesmo.

— Por que vocês não fazem as pazes? A Clarinha é muito legal, e quanto menos gente brigando, melhor!

Téo tinha toda a razão! Clarinha já havia mandado umas mensagens pedindo desculpa e tentando concertar as coisas, mas Davi tinha medo que ela voltasse a querer que ele contasse aos filhos sobre seu passado ou se reconciliasse com os pais. Da mesma maneira que Joaquim sentia que Samuca o estava pressionando em relação a Sandy, Davi sentia que Clarinha estava fazendo isso com ele próprio. Mas o homem havia dito que queria dar um bom exemplo aos filhos. Seria muita hipocrisia querer que Joaquim e Samuca parassem de brigar enquanto ele mesmo estava brigado com alguém, não importava quem estava certo ou errado...

***

Depois de os gêmeos muito reclamarem do castigo e discutirem um com o outro pelo mesmo motivo de antes, Samuca, por fim, resolveu acabar com tudo:

— Tá bom, já chega! Eu confesso. Eu queria, sim, que você e a Sandy voltassem a se falar direito, em parte porque, mesmo que vocês vivessem brigando, eu sei que gostavam muito um do outro; e em parte porque o afastamento de vocês de certa forma tá atrapalhando a amizade de todos nós com as Chiquititas e até os ensaios e shows das bandas. Então... desculpa se eu fiz você se sentir pressionado por causa disso...

— O que você disse?

— Eu pedi desculpa.

— Eu acho que não ouvi direito, será que você pode repetir um pouquinho mais alto?

— Joaquim!

— Espera, eu vou pegar o gravador!

— Joaquim, eu não vou repetir nada, você ouviu muito bem o que eu disse, para de ser engraçadinho!

Joaquim começou a rir e disse:

— Tá bom, você tá desculpado. Agora será que dá pra gente sair daqui? Eu tô morrendo de fome!

— Mas você não tem nada pra me dizer?

— Ahn... não.

— Tá, mas eu não era o único errado aqui, nós dois estávamos brigando!

— Aff, como você é chato! Tá... eu sei que você não fez essas coisas só porque é mandão, você tava tentando ajudar. E se você não tivesse formado aquele grupo pro trabalho eu podia estar em outro grupo que também tivesse gente chata, então até que não é tão ruim assim... Ah, eu também achei legal você não ter deixado o Téo contar sobre a Salada Mista... Tá bom pra você?

Davi ficou surpreso quando os meninos saíram do quarto e disseram que já tinham resolvido seus problemas. Inicialmente, o pai até pensou que eles pudessem estar fingindo que tinham feito as pazes só pra sair do castigo, mas percebeu que estavam sendo sinceros. Pois é, afinal, não era tão difícil se reconciliar com alguém...

Téo havia ficado muito feliz, mas então se lembrou de uma coisa que estava na sua cabeça desde o dia em que Samuca escolhera o grupo. Este havia dito que queria tentar descobrir o tal segredo das Chiquititas, mas será que, depois dessas brigas todas, ainda continuava com essa ideia? Mais tarde, o irmão mais novo descobriu que sim quando Samuca, sem que Joaquim e Davi estivessem por perto, confessou:

— Na verdade esse foi um dos motivos pra eu escolher esse grupo. Eu pensei na gente marcar de se reunir com elas em algum momento que o Davi não esteja em casa, aí a gente pode conversar sobre o tal segredo. 

— Ah, então esse é o plano! Mas será que a gente não devia contar pro Joaquim? Afinal, ele foi o primeiro a querer descobrir o segredo das Chiquititas.

— Eu sei, mas acho melhor não. Ele ficou muito preocupado depois que a Sandy desmaiou, nunca vai concordar! Quando a gente for falar com as meninas ele vai ficar tão surpreso quanto elas, mas também não vai poder nos impedir...

— Nossa! Parece que um alienígena trocou os cérebros de vocês dois! Hahaha.

— Seria uma ótima teoria, mas as minhas notas continuam boas, então eu tenho certeza de que não tô com o cérebro do Joaquim!

Os dois riram, então Samuca falou:

— Mas falando sério, o que aconteceu foi que nós dois mudamos de opinião, mesmo. Antes ele achava que a gente tinha que descobrir o que tava acontecendo com as Chiquititas elas quisessem ou não porque podia ser alguma coisa muito séria, mas eu achava que era melhor respeitar a privacidade delas e que se elas quisessem ajuda iam pedir. Agora é o contrário.

— Entendi...

— Mas e você? Concorda que a gente deve usar o momento do trabalho pra isso ou não?

— Eu acho que vai ser o momento perfeito!

***

O dia marcado para os Cuecas e as Chiquititas fazerem o trabalho era uma sexta-feira à tarde. Davi não gostou muito da ideia, pois teria que trabalhar na gravadora e as crianças ficariam sozinhas em casa, então ele preferia que fosse no fim de semana. Porém, Téo e Samuca conseguiram convencê-lo, dizendo que era só ele pedir para a vizinha da casa da frente ficar de olho neles, assim, ninguém colocaria fogo na casa nem nada do tipo (além disso, eles poderiam conversar sobre o que estava acontecendo com as meninas sem que ninguém mais ouvisse).

Quando a referida tarde chegou, as Chiquititas estavam apreensivas, pois, nos últimos dias, na escola, haviam começado a desconfiar que Samuca parecia estar querendo descobrir o segredo delas. Porém, depois que chegaram na casa dos meninos, viram que ele parecia estar muito empenhado em fazer o trabalho de Geografia, então ficaram mais tranquilas. O grupo decidiu que a primeira coisa que fariam seria a paródia, já que seria mais fácil aprender o conteúdo que iriam apresentar se tivesse uma música sobre o assunto. Escolher a música para a paródia é que era difícil, pois cada um queria uma diferente. Isso acabou demorando mais do que escrever a letra... Por fim, decidiram que a melodia seria de Stayin' Alive, em homenagem ao show de talentos em que tinham cantado a versão Esteja no Ar, de Sandy e Junior.

Em um momento enquanto escreviam a letra da paródia, Samuca olhou para Téo e eles conversaram telepaticamente. Estava na hora de colocar o plano em ação. 

— Gente, alguém tá com fome? — Perguntou o mais novo dos irmãos Civil, que recebeu várias respostas afirmativas. — Que tal se a gente fizer uma pausa e comer umas bolachas?

Como todos concordaram, Téo foi buscar as bolachas. Depois que estavam comendo e ninguém falava mais sobre o trabalho de Geografia, Samuca disse:

— Meninas, a gente tem um assunto importante pra falar com vocês.

Joaquim estranhou, mas as meninas, que imaginavam o que poderia ser, voltaram a ficar apreensivas como no início da tarde. Percebendo a expressão delas, Samuca começou a ficar sem jeito:

— É... na verdade... é o Téo que vai falar!

— Eu?

— É... Você queria perguntar uma coisa pra elas... lembra?

— Ah... tá bom. É verdade... Meninas! A gente queria saber... tem alguma coisa acontecendo com vocês? É que... vocês andam meio... diferentes desde o começo do ano e...

As meninas, que estavam nervosas, já queriam inventar uma desculpa qualquer para mudar de assunto, mas Joaquim, que agora tinha entendido o plano dos irmãos, interveio:

— Vocês tão malucos??? A gente já tinha combinado que não ia perguntar nada pra elas e agora vocês mudam de ideia???

— É porque a gente tá preocupado! — Respondeu Téo.

— Eu sei que vocês podem achar que eu e o Téo estamos sendo inconvenientes — disse Samuca para as Chiquititas —, mas é verdade, estamos preocupados. E o Joaquim também, por isso ele não queria mais perguntar nada, porque não queria que vocês se sentissem mal se tivessem que contar uma coisa provavelmente muito séria pra gente...

— É, que fique bem claro que eu não tô envolvido em nada disso! — Disse Joaquim.

— A gente sabe que, seja o que for, vocês não querem nos contar — Samuca continuou. — E se quiserem ficar com raiva de mim e do Téo, tudo bem, mas...

— A gente só queria ajudar — Téo continuou o raciocínio do irmão. — Porque somos amigos. E amigos não escondem as coisas uns dos outros... Vocês confiam na gente?

As meninas ficaram comovidas. Dava pra ver que eles estavam sendo sinceros, que realmente queriam ajudar e estavam preocupados com elas, até mesmo Joaquim, que nem compactuara com o plano e que, principalmente para Sandy, era uma surpresa que o motivo para isso fosse tão sensível. Porém... elas não podiam contar o segredo pra ninguém. Então Janete teve uma ideia:

— Então, gente...  Vamos ter que contar, né?

Sandy e Eleanora arregalaram os olhos, mas a irmã piscou para elas. Em seguida, disse aos meninos, apontando para Eleanora:

— A Eleanora gosta do Téo!

As reações foram variadas: Eleanora fez uma cara de: "Sério mesmo? Com tanta coisa pra dizer, você foi dizer logo isso???"; Sandy fez uma cara de: "Se você queria mentir pra proteger o nosso segredo, não devia ter contado uma coisa que todo mundo sabe, né?"; Téo ficou morrendo de vergonha, mas, sem perceber, deu um sorrisinho; e Samuca e Joaquim acharam aquilo muito estranho, sabiam que as três meninas não estariam esquisitas daquele jeito desde o começo do ano só porque a Eleanora gostava do Téo...

Infelizmente, Janete tinha começado com a palhaçada, então as irmãs tinham que ir na onda:

— É verdade... — Confirmou Eleanora.

— Pois é... — Disse Sandy. — A gente até queria contar pro Téo, mas a Eleanora morria de vergonha e não deixava...

Eleanora deu um sorriso sem graça. Sabia que nem Téo cairia naquela, já que ela nunca tinha feito questão de esconder que gostava dele.

— Fala sério, a gente sabe que não é isso! — Disse Joaquim.

— É verdade — Samuca concordou. — Mas se vocês não quiserem contar, tudo bem, talvez fosse melhor a gente nem ter perguntado mesmo...

— Espera aí! — Disse Téo. — Então não é verdade que você gosta de mim? — Perguntou a Eleanora.

— Claro que é verdade... — Ela respondeu. — Você nunca tinha percebido?

Ele já desconfiava, sim, mas não deixou de ficar surpreso em ouvir aquilo. Pela primeira vez, Eleanora pareceu estar um pouquinho envergonhada, enquanto Téo sorria pra ela. Mas então o menino lembrou que provavelmente tinha alguma coisa muito séria acontecendo com ela e as irmãs e voltou a ficar preocupado.

Novamente, as Chiquititas perceberam que todos os Cuecas pareciam muito preocupados com elas. Estava sendo muito difícil guardar aquele segredo e ainda havia a possibilidade de perder a amizade dos meninos. E agora?... Contar ou não contar?