Dia 17 de janeiro

O sol está quase terminando de nascer nas montanhas enquanto alguns participantes dormem, Odete já de pé na cozinha preparando algo peculiar em uma bacia de barro desejando vibrações positivas para o seu desafio que será hoje a tarde, depois que termina de preparar, cobre o jarro com um pano e caminha para a praia.

Caminhando até a parte mais isolada onde as ondas são mais suaves, Tia Odete procura uma árvore próxima e anda em sua direção, então coloca a bacia ao lado da árvore retirando o pano e revelando um frango assado cercado de folhas na beirada, alguns ovos cozidos, uvas verdes com farofa, depois acende seis velas ao redor da bacia. Odete acende um charuto para fumar fechando os olhos e começa a gingar o corpo de forma pitoresca cantando:

— Paranauê, Paranauê Paraná... Paranauê, Paranauê Paraná…

Depois de terminar de cantar e dançar até cair no chão, Tia Odete se levanta:

— Já volto pra buscar o vinho. - Odete volta feliz para a pensão.

Homem-Aranha após combater o crime pela madrugada salvando as vítimas dos bandidos os envolvendo em teias, retorna à praia e observa se mais pessoas precisam da ajuda de um super-herói, como não é o caso retorna tecendo teias pelas árvores voltando para pensão, até ver de longe Odete sozinha na praia:

— Hum?

[…]

Meia hora depois com o vinho em mãos, Tia Odete volta para a mesma árvore onde estava e tem um ataque de fúria incontrolável ao ver o Homem-Aranha comendo o frango assado da bacia e segurando algumas uvas.

— Tá maluco moleque, tu comeu minha oferenda?

— Ah, qual foi Tia Odete, pensei que estivesse jogado fora. E eu ainda estou em fase de crescimento.

[…]

Ao lado do famoso e único hotel da ilha, diversas mesas posicionadas uma ao lado da outra  formando várias linhas horizontais acompanhadas de várias cadeiras não totalmente ocupadas, as pessoas aguardam o que prometeram ser a “boca livre mais divertida de todas”, os turistas conversam sentados tranquilamente enquanto são servidos por garçons com diversas comidas típicas como lulas empanadas, coquetéis coloridos, etc.

À frente da primeira mesa da fileira, uma outra mais alta e larga enfeitada de forma cerimonial contém diversos tipos de comidas e muitos refrigerantes de 2,5 litros, atrás dela se encontra Rokudo Mukuro admirando as pessoas se deliciarem com as saborosas comidas enquanto desfrutam de um clima bastante agradável.

— Meus cumprimentos caros convidados. Espero que esteja gostando da hospitalidade e de como estão sendo tratados, por isso não façam cerimônia em comer e beber. - Rokudo então escuta sussurros das pessoas desapontadas com muitas coisas na ilha como o mal humor dos funcionários, falta de manutenção nos chuveiros e muitos outros aborrecimentos, porém os desafios estão compensando a diversão, outras sussurram que o charme especial de Rokudo Mukuro é o que mantém o público tão interessado em desfrutar dos prazeres ao redor.

— Agora lhes mostrarei outros dois participantes para o desafio de hoje. Neste canto apresento uma senhora de meia idade que apesar de não parecer, é uma mulher batalhadora que passou por muitas coisas ruins na vida e ainda se mantém firme. - Rokudo aponta para o lado esquerdo. - Ela é… Tia Odete!

Ao ser recebida com vários aplausos carinhosos, Odete se aproxima com passos pesados demonstrando claramente que está furiosa para de frente encarando Rokudo. - Quem você está chamando de velha caquética idosa seu mal criado?

Depois de Mukuro sorrir sem graça com a chegada dela, aponta para o lado direito. - E no outro canto, uma incrível mulher que desde nova foi treinada na arte do Ninjutsu, na adolescência participou de uma importante guerra ninja onde suas habilidades salvaram muitas vidas inocentes. Ela é… Ino Yamanaka.

Os convidados aplaudem com bastante vontade dispostos a acompanharem o sucesso dela, então Ino se aproxima caminhando com seu olhar focado apenas em Rokudo Mukuro sorrindo embasbacada com as duas mãos juntas. - Rokudo, depois que ganhar essa prova, minha lista de pretendentes vai aumentar muito, daí não vou ter mais tempo pra você, se ainda quiser me convidar pra sair, essa é a hora.

— Hum, quem sabe. – Depois de receber Ino com um sorriso, Mukuro se vira para a plateia sentada. - Hoje a disputa é bem simples, aquela que conseguir ingerir a maior quantidade de alimentos começando pelos refrigerantes, será a vencedora.

— Quêeee?— Ino fica desesperada aos berros olhando para Mukuro. - Isso é covardia. Olha só o tamanho dela, não tem como ganhar, ela parece um Hipopótamo que come elefantes no café da manhã.

— Cala essa boca sua Galinha da Angola! - Odete fica ainda mais irritada que antes. - Que tipo de Ninja Nutella você é? Por acaso foi criada ao leite com pêra?

Goku sentado em uma das mesas com o público fica decepcionado debruçado com o queixo em uma das mãos mastigando um pedaço de frango. - Se tem uma coisa que sou bom além de artes marciais é comer, deveriam ter me chamado pra participar dessa.

Rokudo Mukuro de olhos fechados aguarda elas pararem de se ofenderem. - Acho que fui bem claro que o desafio de hoje não é um campeonato de xingamentos. - E então levanta seu braço. - Preparadas ou não… Comecem.

Ino Yamanaka já começa pegando o Grapete para beber enquanto Tia Odete pega o Jesus Cola direto da garrafa. Após terminarem de beber, Tia Odete pega em seguida Fanta Laranja e Ino pega Pepsi, porém quem se diverte mais é o público que parou de comer para acompanhar a guerra de bebidas das mulheres gritando e incentivando as duas participantes.

Depois de beber seis garrafas, Ino sente que seu limite chegou quando fecha a boca para não colocar pra fora tudo que bebeu, pois não deseja ser eliminada tão facilmente. Sem perceber, se flagra avistando a Tia Odete bebendo cada vez mais refrigerantes sem problemas. “É impossível, essa velha não tem um estômago, ela tem é um buraco negro espacial”.

— Muito bem, vamos encerrar a fase dos refrigerantes. - Rokudo Mukuro ergue a mão interrompendo a atividade das duas. - A partir de agora deixarão de beber para apenas comer.

Rokudo ao apontar para a imensa variedade exagerada de comidas como carne de javali indígena, picanha, um gigantesco bife indiano e muitas outras carnes, Ino e Odete ficam apavoradas com a quantidade inimaginável de comidas  diante delas.

— Na verdade você escolheu começar com as bebidas porque líquidos enchem mais rápido o bucho fazendo as pessoas se sentirem satisfeitas só para não conseguirem comer comidas sólidas. - Tia Odete olha para Mukuro segurando a barriga respirando bem fundo resistindo a vontade de desmaiar. - Você é um homenzinho bem cruel sabia?

— Será mesmo?

“É isso aí! Percam tempo discutindo. Continuem falando”. Ino Yamanaka realiza uns movimentos velozes com as mãos fazendo diversas posições exóticas com os dedos. “Enquanto isso eu uso meu chakra pra queimar calorias secando os líquidos e o açúcar de meu corpo. Assim quando começar terei alguma vantagem pra vencer".

Nessa hora a plateia fica ainda mais animada torcendo para as duas. Já que o desafio está perto do fim. - Sem mais demoras, comecem. - Rokudo inicia a segunda parte do desafio.

Ino avança para uma grande carne de churrasco para comer enquanto Odete pega uma suculenta picanha devorando sem deixar nenhum pedacinho cair.

“Eu vou explodir a qualquer momento”. Odete sentindo que pode desistir rapidamente deixando as lágrimas escaparem enquanto termina sua picanha. “Só mais um pouco”.

Toda a comida e bebida que Ino ingeriu acabou escapando por sua boca como se fosse detentos fugindo de uma prisão e cai de joelhos passando mal. “O chakra que gastei pra queimar calorias não foi suficiente”, e então deixa seu corpo se encontrar com o chão.

— E a vencedora é Tia Odete! - Rokudo Mukuro demonstrando bastante orgulho ao anunciar a vitória dela. Todos na mesa aplaudem a senhora guerreira que resistiu ao máximo. - Parece que todos simpatizaram com sua resistência, gostaria de dizer algumas palavras para os espectadores?

— Sim. Onde fica o banheiro?

[…]

 Com a noite ainda presente, Elsa sem sono resolve ir no banheiro para tentar se refrescar com intenção de escapar do calor infernal que virá no dia seguinte, porém escuta batidas repentinas vindo do banheiro. Como ainda é de madrugada todas as luzes da pensão estão apagadas, ao ficar de frente ao banheiro não encontra ninguém, seu coração começa a bater forte como se estivesse sendo perseguida por algo muito sombrio que lhe acompanha, suor começa a escorrer de seu rosto não pelo calor mas sim de medo. “Então não é só em Escuridown que existem criaturas das sombras?”

 Quando menos espera, algo atrás de Elsa Frozen se ilumina, ao se virar acaba vendo a parede pegando fogo de forma medonha. Antes de sair correndo repara que existem palavras escritas em chamas e resolve ler tentando se manter corajosa.

 (Amanhã a noite irá encarar o Homem-Aranha)