Sede de Poder escrita por Mermaid Queen


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

entendem o lado do evan? nao sei se ja alcancei esse nivel de maturidade



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Chris escancarou a porta do quarto. Katherine olhou para ele com um sobressalto.

— O sol já se pôs – ele anunciou, apressado. – Temos que ir.

Ela saltou da cama e o seguiu pelo corredor.

— A guarda particular de Staham está tentando segurar os manifestantes, mas não vão dar conta de mantê-los fora do prédio por muito tempo – disse Dionora, apontando para a televisão. A filmagem parecia estar sendo feita por um helicóptero. – Alguns já conseguiram invadir.

Katherine olhou em volta na sala, e se viu cercada por olhares ansiosos. Queriam que ela fizesse algo.

— Posso arrastar Serpente para longe dali – Katherine sugeriu, observando-o no meio da multidão furiosa que lutava com guardas e batia nas portas com pedaços de pau. Tacavam pedras nas vidraças e nos Agentes, tudo isso com Serpente incentivando-os com um megafone.

— Eles já foram convencidos – disse Evan, dando de ombros. – Vão se virar contra você, que já é a inimiga declarada deles.

Não dirija a palavra a mim, ela pensou com amargura. Assentiu ligeiramente com a cabeça e evitou o olhar de Evan.

Katherine não podia achar ruim o que ele dissera. Ela queria, mas não achava que tivesse o direito de achar ruim. Não podia obrigá-lo a gostar dela, e tudo realmente havia sido intenso demais porque estavam sob um pacto de sangue. Ela queria poder contar aquilo a Logan. Ele saberia o que dizer.

— Estão usando balas de borracha? – David exclamou, sobressaltado.

David tinha razão. Estavam disparando contra os manifestantes e havia se formado um caos generalizado. Mais gente invadia o prédio, como uma enxurrada.

— E a polícia? – Mary perguntou. Havia somente um fio de voz.

— A nossa polícia está tentando contê-los – Travis respondeu, indicando a imagem com a cabeça. – A sua polícia está ajudando a derrubar o prédio. A merda diplomática que isso vai dar…

— Diplomacia – Chris debochou. – E eu achei que isso só aconteceria quando eles revelassem que na verdade sabem tudo sobre os alienígenas. Mas os vampiros vieram antes.

Dionora lançou um olhar de censura a Chris por estar fazendo piada.

— Onde Jack está agora? – Katherine perguntou, sentindo o coração pesado de preocupação. Se pudesse sentir o coração, na verdade, ele estaria pesado.

— Nesse prédio aí – disse Chris, que era a resposta que ela temia. – Faz parte do Conselho de Staham.

Katherine cobriu o rosto com nervosismo. Precisava pensar. Jack saberia se proteger, não saberia? Ele poderia fugir. Mas, conhecendo Jack, talvez ele não fugisse. Ela levantou a cabeça.

— Preciso ir até lá – declarou. – Não vou abandoná-lo.

Chris parecia aliviado, mas Katherine podia ver que os olhos dele mostravam algo a mais. Angústia.

— Ele não me quer lá, né? – disse ela. – Ele te mandou me deixar bem longe da confusão.

— Bem, sim – Chris encolheu os ombros. – Ele acha que já nos arriscamos demais. Precisou de mim para ajudá-lo a descobrir os primeiros passos do plano de Serpente, quando ele se destacou do Conselho, levou Agentes consigo e supostamente escolheu jovens para criar super soldados. Agora… Jack só quer que eu te proteja. Já fiz o que podia por ele.

Katherine sorriu. Quando Jack a visse, ia querer matá-la. E ninguém jamais havia se importado tanto com ela quanto ele. Ela arriscaria tudo para mantê-lo seguro.

— O que eu faço, então? – ela perguntou, olhando de Dionora para Chris.

— Você protege Staham – disse Dionora com determinação. – Neutraliza Serpente, se possível.

Neutraliza quer dizer o quê? – David perguntou com urgência.

— Não sou uma assassina, David – Katherine respondeu, encarando-o com raiva, mesmo sabendo que ele estava evitando o olhar dela desde a discussão que tiveram mais cedo.

— Tem certeza disso? – David retrucou, encarando-a de volta.

Katherine respirou fundo.

— Você vai ficar aqui – ela sibilou. – Não quero ter que salvar a sua pele de novo.

— Você não me salvou de nada. Só me colocou em risco, até onde eu sei.

— Você fica aqui, Dionora, por favor – Katherine falou, dando as costas para David. – E não deixa eles saírem. Só Travis e Chris vão comigo. Se quiserem.

Katherine estava tremendo. Parte disso porque David tinha razão nas acusações.

— Você não pode nos deixar aqui – Evan falou.

Ela virou a cabeça para ele quase com violência.

— Ah, eu posso – replicou. – Posso muito. E você pode cuidar delas em vez de ir se colocar em risco também.

Evan engoliu em seco e olhou para Mary com culpa nos olhos. Baixou os olhos para a atadura no dedo dela e não disse mais nada.

Diante do silêncio, Travis sacou um celular do bolso e o estendeu a Katherine.

— Você é capaz de se teletransportar usando uma foto?

Katherine deu de ombros e pegou o celular. Ela se sentia capaz.

Encarou a foto. Era uma sala vazia, com exceção de algumas caixas, e em cujas paredes havia azulejos formando um padrão de flores negras. Só de vê-las, Katherine já podia quase sentir o seu cheiro.

Ela fechou os olhos e se concentrou. Começou a tentar se imaginar encarando aquelas paredes, tocando-as, mas antes mesmo de sentir a eletricidade se espalhar pelo corpo, já sentiu um baque nos pés.

Abriu os olhos, e estava lá.

— Caramba – sussurrou. Estava realmente naquela sala. Ela se sentiu deliciosamente poderosa, sabendo que agora podia ir para qualquer lugar. Qualquer lugar.

Podia ouvir gente gritando, ao longe, e passos apressados fora da sala. Não demorou mais que meio minuto para que Chris e Travis surgissem.

— Você conseguiu – disse Travis, sorrindo. Não parecia surpreso, mas orgulhoso. Katherine ficou feliz.

— Parabéns, Kate – disse Chris, que também sorriu. – Vamos encontrar Staham. Essa era só uma sala segura para você chegar.

Katherine assentiu para os dois. A forma como falavam, agiam e sorriam era tão parecida…

— Vocês são gêmeos – ela observou, de repente.

Os dois pararam e sorriram para ela ao mesmo tempo.

— Não idênticos – disse Chris.

— E eu sou mais bonito – completou Travis.

Katherine riu, tentando aliviar um pouco da tensão. Mesmo assim, Chris baixou a maçaneta e abriu a porta da sala. Várias pessoas de rosto coberto passaram correndo por eles. Agentes.

— Jack, estou no prédio – disse Chris ao telefone. Fez sinal para que o seguissem, e Katherine e Travis correram atrás dele pelo corredor. – Ele o quê? Não! Não, você precisa impedir!

Depois de mais discussão, Chris desligou o celular com irritação. Subiram lances de escada correndo, sem que Katherine fizesse ideia do que estava acontecendo.

Parou diante de dois Agentes que guardavam uma porta. Quando viram Katherine, imediatamente levantaram as armas apontadas para ela.

— Deixem-me passar – Chris falou com autoridade.

— Renda-se agora – um deles falou, ignorando Chris. – Coloque as mãos atrás da cabeça e vire-se de costas.

— Não, eu estou com eles – Katherine tentou falar, mas, ao gesticular, o Agente recuou e gritou novamente para ela se render.

— Ela não… - Travis começou a dizer.

— Renda-se agora ou vamos atirar! – O outro gritou.

Katherine ergueu os braços no ar e se virou de costas.

— Mostrem as credenciais, se tiverem alguma – disse ela para os gêmeos. – Eu vou ficar bem.

— Vocês dois também – o outro Agente falou.

— Sou só eu – Katherine falou de volta, mantendo-se de costas. – Eles trabalham para Staham.

Ela ouviu o som de uma arma sendo engatilhada e se enrijeceu.

— Eu disse – o Agente sibilou – todos vocês.

Ninguém se mexeu e o outro Agente também engatilhou a arma. Katherine respirou fundo e girou no ar, saltando na direção de um deles. Ouviu um disparo, mas só o sentiu quando já havia derrubado o outro no chão.

Chutou as armas para longe e se sentou por alguns segundos, cobrindo a barriga com as mãos até a dor se amenizar. Ficou respirando devagar.

— Por que fez isso? – disse Travis, agachando-se ao lado dela.

Ele afastou a mão dela. Apesar do sangue, já estava cicatrizando. Já não doía mais também.

— Vocês estão feridos? – ela perguntou, colocando-se de pé.

Os dois balançaram a cabeça. Katherine suspirou. Era isso que importava.

Chris abriu a porta da sala.

Do lado de dentro, outros dois Agentes já estavam apontando as armas para a porta. Provavelmente ouviram o que se passara do lado de fora, e estavam prontos para enfrentar a ameaça.

— São vocês! – Jack gritou, do fundo da sala. – Podem baixar as armas, por favor.

Katherine correu para ele e o abraçou antes mesmo dos Agentes na porta reagirem. Segurou-o com força contra si, sentindo vontade de dizer mil coisas que ficaram presas na garganta.

— Eu sinto muito – sussurrou com a voz trêmula. – Por tudo.

Jack a apertou mais forte no abraço antes de soltá-la.

— Só me importa que você esteja bem – disse ele. Tinha os olhos marejados. Arregalou-os quando olhou para o rosto dela de perto. – O que aconteceu com você? Os seus olhos… E esse sangue todo na sua roupa! Katherine, o qu…

— Calma, Jack – ela falou, sorrindo. – Várias coisas aconteceram, na verdade. Eu tive uma transformação completa, se é que isso faz sentido. Faz sentido?

Jack olhou para ela dos pés à cabeça e sorriu, parecendo orgulhoso.

— Faz sentido, sim – então ele olhou para Chris com desaprovação. – Mas o que ela está fazendo aqui?

Chris encolheu os ombros.

— Eu sei que você é o meu padrasto e quer me proteger… - disse Katherine.

— Ex-padrasto – Jack corrigiu com uma careta.

— Ex-padrasto – Katherine concordou, querendo se desculpar. – Mas não importa. Eu posso aguentar mais porrada que todos vocês agora. Sou eu quem deveria te proteger. E estou aqui para isso. Proteger você e Staham.

Jack olhou para ela com as sobrancelhas erguidas, admirado.

— Boa sorte com isso. Acabei de dizer a Chris. Staham está abandonando o posto, fugindo para o buraco mais próximo que ele encontrar para se esconder.

— E isso é ruim? – Katherine perguntou, sem entender. – Ele está seguro se estiver longe daqui. Não é bom assim?

— Não se o cargo de presidente estiver vago – disse Travis. – E agora?

— O próximo na linha de sucessão é o presidente do Conselho – Jack falou, soando cansado. – Que está bem protegido com asilo político em Israel nesse exato momento.

— Você pediu ajuda às outras sedes? – Chris quis saber, parecendo se desesperar cada vez mais.

— Pedi, liguei para todos os estados – Jack encolheu os ombros. – Quem estava disposto a mandar reforços, mandou. Mas sabem que estarão vulneráveis se tiverem ajudado o lado perdedor. E precisamos admitir, garotos. Somos o lado perdedor. O cargo de presidente está vago, não temos força suficiente e o governo está caindo.

— E por que está aqui ainda, Jack? – Travis questionou com ousadia. – Estamos levando um golpe de Estado.

Jack deu um sorriso triste.

Por que ele não tem nada mais pelo que lutar, Katherine pensou.

— Se você acredita nessa causa, Jack, vou ajudar – disse ela com um suspiro. – Se está aqui para se matar, eu te arrasto daqui agora.

— Katherine – Chris falou, sério. – Não podemos.

— Não podemos abandonar tudo – Travis concordou.

Katherine trincou os dentes.

— Vocês cuidam dos Agentes dele, e mantenham os humanos afastados, então. Mas Serpente é meu.

Quando Jack abriu a boca para questionar, uma explosão nos andares de baixo fez tudo tremer.

— Ele é perigoso – Katherine insistiu. – Está tomando a Substância também. É muito forte. Não quero nenhum de vocês perto dele. E pelo amor de Deus, Jack, se você vir Olivia, saiba que ela trabalha para ele desde o começo.

Jack respirou fundo e colocou as mãos na cintura.

— Eu já desconfiava dela há um tempo, mas… ainda assim é uma traição difícil.

Mais uma traição difícil, Katherine pensou.

Outra bomba explodiu nos andares de baixo, fazendo cair poeira do teto e das paredes.

Katherine começou a correr, sem saber o que encontraria. Conforme descia as escadas, uma fumaça começou a subir, cegando-a por alguns segundos, mas a visão dela rapidamente se acostumou. Havia um brilho no canto, e ela logo identificou que eram cortinas em chamas. E então ela viu.

O saguão do prédio inundado de pessoas, tanta gente se empurrando e destruindo tudo que ela nem sabia para onde olhar. Estavam acuando e linchando os Agentes contra as paredes. Katherine queria gritar que eles fugissem, salvá-los, não sabia o que fazer.

Voltou subindo as escadas como um raio, e deu de cara com eles.

— Não podem descer lá – falou com urgência. – Precisam se proteger.

— O que quer dizer? – perguntou Travis.

— Tem muita gente, e mais gente ainda está entrando – Katherine contou, com nervosismo. – Eles estão armados com pedras e pedaços de madeira. Os Agentes estão sendo cercados, e com certeza vários foram pisoteados. Não podem descer.

— E você? – disse Jack, relutante.

— Vou ficar bem. Eu prometo.

Jack ainda a olhou por mais alguns segundos antes de ceder e subir as escadas.

Quando os perdeu de vista, ela voltou a descer até o ponto onde podia observar o salão novamente. Havia Agentes na base da escada, forçando a multidão para baixo, mas não durariam muito tempo.

E Katherine finalmente o viu.

Serpente estava no meio da multidão, incitando-a com um megafone. Chamava por Staham, desafiando-o a aparecer; gritava por Jack.

— Onde está a garota agora, Staham? Onde está a minha filha? – ele gritou. – Entregue-a para o povo ter justiça! Venha mostrar a sua cara!

Sem tempo para pensar, Katherine correu até os Agentes.

— Procurem um lugar seguro – gritou. – Esqueçam as escadas. Esqueçam tudo. Salvem suas vidas!

E então, ela se teletransportou para as costas de Serpente. Encaixou uma gravata nele antes que ele tivesse tempo de terminar a frase, e ele arquejou no megafone, atraindo a atenção da multidão. Encaixou as pernas na cintura dele e usou o peso do corpo para enforcá-lo.

Katherine começou a sentir mãos puxando-a e arranhando-a. Alguém jogou uma pedra na cabeça dela, e começaram a gritar enlouquecidamente, mas ela não soltou. Apenas apertou mais.

— Mande-os recuar – falou na orelha dele. – Faça com que saiam do prédio. Pisque duas vezes se entendeu.

Os olhos dele exibiam divertimento, embora Katherine pudesse ver medo neles. No entanto, ele piscou. Duas vezes. Ela relaxou o aperto.

— Minha garotinha apareceu para brincar! – Ele anunciou no megafone. – Ainda bem que eu também trouxe companhia para ela!

Aterrorizada, Katherine começou a olhar em volta, e congelou quando viu alguns Agentes dele trazendo Carla e Josh presos. Mais atrás, pensou ter avistado Logan e alguém que poderia ser Kristen.

— Não – ela sussurrou. – Não.

— Você morreria pelos outros, Katherine, e isso a torna fraca. – ele falou para ela com desprezo. – E suas ameaças são vazias. Não é capaz de matar.

Katherine tentou se concentrar, enquanto o mundo ao seu redor parecia girar. Invadiu a mente de Carla e de Josh com a maior brutalidade que conseguiu, e soube que havia dado certo quando os dois olharam para ela completamente chocados.

Teletransportem-se para qualquer lugar seguro que puderem pensar, gritou na mente deles. Não fiquem aqui.

Carla olhou para trás e gritou algo, e os outros dois assentiram de relance. Ia funcionar. Josh fechou os olhos, tentando se concentrar.

— Podemos entrar em um acordo – Katherine falou, tentando ganhar tempo para eles.

Serpente riu.

— Esse seu braço no meu pescoço me faz cócegas – rosnou. – O que você tem a me oferecer?

Katherine apertou o mata leão até fazê-lo sibilar de novo, mas o sibilo virou uma gargalhada.

— Faça com que Staham assine uma declaração de abdicação da vaga, e me indique como sucessor – disse ele. – E, em troca, mando a multidão recuar. Ninguém mais se machuca, e seus amigos saem vivos.

Não era o que Jack ou Chris queriam, mas Katherine se obrigou a pensar. Havia muito mais gente morrendo além dos amigos dela. Jack tinha razão. Chegara o momento de admitir a derrota. As pessoas ao redor dela esperavam, olhando fixo para Serpente como uma horda de zumbis.

— Pode subir sozinho – Katherine falou, soltando o pescoço dele. Saltou para o chão.

Quando as pessoas começaram a gritar e a agarrá-la, Serpente ergueu a mão, e eles silenciaram.

— O governo é nosso!


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Notas finais do capítulo

é o fim??



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