As semanas passaram sem que eu confrontasse mais ninguém. Acabei aproveitando um pouco do tempo livre que tinha e fiz algumas pesquisas sobre minha mãe e seus irmãos, descobri que Alberth havia sido o capitão do time de quadribol por três anos e que minha mãe era realmente a bruxa mais inteligente de sua classe, Percy também destacou-se no meio acadêmico.

De certa forma eu já estava cansada, eu ouvi o que Percy me disse, eu ouvi o que Andrômeda me disse, mas eu queria ouvir a história dela e foi com esse pensamento que escrevi uma carta para meu recém descoberto tio Percy.

Após enviar a carta, esperei por dias pela resposta, foi só em uma manhã que eu e Susan estávamos conversando no pátio que minha resposta chegou. Susan me olhou desconfiada:

—Algum admirador secreto Hermione?

Fui rápida em dizer que não, ela deu de ombros e eu guardei a carta para poder ler mais tarde quando estivesse sozinha. Lembrei-me então de como estavam indo as coisas com sua mãe:

—Então você escreveu aquela carta para sua mãe? –Minha amiga ruiva assentiu:

—Temos mantido contato por cartas, obrigada pelo conselho Mione. –Eu assenti e então ela prosseguiu –O que me lembra... Se você não for passar o feriado de Páscoa com Harry e Ron, você pode passar com a gente, minha mãe não se importa, ela quase nunca está em casa mesmo.

—Obrigada pelo convite Susan, talvez eu visite sua casa.

Ela sorriu e foi quando Malfoy e seus amigos nos encontraram.

—Olha se não é a sangue ruim amiga do Potter e sua amiga Wesley. –Foi Pansy Parkinson quem disse, observei o grupo composto por ela, Malfoy, Crabbe e Goyle.

—Estudamos juntos a tempo suficiente para você saber que é Bones, Parkinson. –Susan disse encarando Pansy, que deu uma risadinha.

—Você é tão ruiva quanto um Wesley, tem certeza que a senhorita Bones não lhe resgatou dos Wesleys?

Vi Susan dá um passo adiante, mas eu a deti:

—Susan não vale a pena.

Pansy riu:

—Escute sua amiga sangue ruim Susi...

Antes que algo mais pudesse ocorrer, Madame Sprout apareceu e nos fez “circular”.

A noite eu finalmente consegui ler a carta.

Minha doce Hermione,

Fico feliz com sua decisão, você irá gostar dela.

A data que você nos deu está boa, mas apenas mude o local para o Cabeça de Javali.

Um abraço,

PWMD.

Queimei a carta assim que acabei de ler e já comecei a ficar nervosa com o encontro. Estaria eu fazendo o certo? Era seguro entrar em contato com a infame Arabella Black, née Dumbledore? Agora não era hora de voltar atrás, só me resta aguardar o dia da visita a Hogsmead.

Os dias passaram e fui chamada a sala do diretor Dumbledore ou melhor, meu vovô Albus. Isso era estranho. Entrei em sua sala um tanto insegura.

—Não se acanhe Hermione, sente-se.

Fiz o que ele pediu e o encarei, ele parecia estar mais abatido, a guerra estava cobrando seu peso. Ele então começou calmamente:

—Minerva me disse sobre sua recente descoberta.

Eu assenti

—Vejo que você ainda não revelou sua verdadeira aparência, é sábio você sabe... ao menos você terá mais algum tempo em longe dos holofotes de Hogwarts. Você contou a alguém?

Fiz que não com a cabeça e ele riu:

—Pelo amor de Merlim Hermione, diga algo.

Eu cocei a garganta:

—Eu só não sei o que dizer, o que fazer.... Eu nem ao menos sei quem eu sou.

Ele me encarou por breves segundos antes de dizer:

—Hermione, nada mudou.

Eu o olhei perplexa:

—Tudo mudou! Minha vida toda foi uma mentira.

Ele suspirou:

—Seus pais te amavam Hermione, o amor deles não foi mentira, o amor de seus amigos não é mentira.

—Meus pais? Qual deles? Os Blacks ou os Granges? Os Granges me amaram com base de um feitiço.

—Hermione....

—Não professor, eu vivi uma mentira. Todo esse tempo em Hogwarts acreditando que eu era um prodígio, mas na verdade estou apenas atrás de uma enorme fila de grandes bruxos. Por muito tempo odiei os sangue puro, quando na verdade eu sou uma deles. E meu irmão? Tentei fazê-lo fugir, mas ele se recusou e ele não é mal.

De repente ele me olhou com um olhar melancólico e abriu a gaveta de sua mesa. De lá ele retirou um livro velho e me entregou, franzindo o cenho eu abri e vi que era um livro de fotografias antigas.

A primeira fotografia era dois bebês em preto e branco, por breves segundos pensei ser eu e Áries, mas então percebi o coelho de pelúcia, era minha mãe e seu irmão gêmeo. Passei para a próxima página e havia os bebês maiores, fui passando as folhas até aparecer um novo bebê, tio Percy, no meio dos gêmeos provavelmente com uns três ou quatro anos. A medida que as páginas passavam, eles estavam maiores. Havia minha mãe e Percy com livros, meu outro tio em cima de uma pequena vassoura. Sentados embaixo de uma árvore de natal rodeados por presentes de natal, na estação 9 ¾, até mesmo em Hogwarts.

—Esses eram tempos mais fáceis Hermione, não digo que ela é má, mas já não é quem foi. –Eu o encarei seriamente. –O que quero pedir a você é que fique longe dela, fique longe de seu irmão, pelo menos até que a guerra acabe. Os Black corrompem tudo o que tocam, sua mãe não foi exceção e não quero isso para você Hermione.

—Eu também sou uma Black, professor. –Pela primeira vez admiti em voz alta.

—Você pode ter nascido uma Black Hermione, mas você não é em nada como eles. Você é doce e gentil, você é uma grifinoria, você não é nada como eles. –Ele disse amargamente.

Fechei o álbum de fotos e o coloquei em cima da mesa, me levantei e então disse:

—Obrigada por compartilhar as fotografias comigo professor.

Ao sair do escritório dele eu caminhava a passos largos em direção do salão comunal, quando cheguei em frente ao quadro da mulher gorda, respirei fundo e arranquei meu colar encantado, a mulher gorda me encarava desconfiada, mas eu disse a senha e entrei.

Susan, Ron, Harry, Ginny, Dean e Neville estavam lá quando eu entrei e todos pareciam me encarar estranhamente, os meninos principalmente. Foi Dean quem perguntou:

—Ei quem é você?

Rolei os olhos

—Sou eu Dean, Hermione.

Ele me olhou boquiaberto:

—Hermione? Uau, você tá bem gata.

Neville deu um tapa na cabeça dele e instantaneamente Ron veio em minha direção:

—Hermione o que aconteceu com você? Temos que ir até a professora McGonagall, para descobrir que feitiço lançaram em você...

—Ron –Tentei acalma-lo –Essa é minha verdadeira aparência.

Ele me olhou confuso:

—Mas como? Você sempre teve o cabelo castanho crespo e olhos castanhos, você está tão diferente...

 Suspirei

—Havia um feitiço de ocultação em mim, quando eu fiz dezessete anos ele se quebrou e revelou minha aparência.

—Como você tem tanta certeza?

—Meu tio que lançou o feitiço me contou.

—Desde quando você tem um tio? Seus pais não são trouxas?

—Eles não eram meus pais reais e eu não estou respondendo mais perguntas sobre minha família Ron.

Ele me encarava perplexo.

Olhei meus outros colegas e nem um deles parecia saber o que dizer, Susan foi quem me deu um sorriso tranquilizador, antes de se levantar e anunciar:

—Se quisermos ir a Hogsmeade é melhor irmos lá para fora agora. –E puxou Ginny e eu para fora dali.

Não mais que dez minutos após nos reunimos no pátio e a professora McGonagall começou a fazer a chamada, quando ela chamou por Granger, aqueles que me encaravam se surpreenderam quando eu respondi “Aqui”, não preciso dizer que todos me encaravam agora.

Com muita dificuldade consegui fugir de meus amigos e dos olhares curiosos, talvez eu devesse ter tirado o colar em outro momento. Quando cheguei ao Cabeça de Javali percebi a falha em meu plano, como eu iria reconhece-la? Mas para minha sorte, quem estava sentado em uma mesa perto da porta era tio Percy que se aproximou de mim com o cenho franzido:

—Hermione? –Eu assenti. –Faz muito tempo que não vejo esses cachos dourados.

Eu sorri e ele me guiou até a porta dos fundos. Quando chegamos ao que podemos chamar de quintal, ele disse:

—Estarei lá dentro, divirtam-se.

Eu assenti e finalmente encarei a mulher com capuz

—Hermione –Foi o que a mulher de olhos azuis disse, foi o que minha mãe disse.