Noite Vermelha escrita por MicheleBran


Capítulo 8
Capítulo 8




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8

Uma Descoberta Intrigante

 

Para quem conhecia bem aquele mundo, Sara achou ter demorado demais para descobrir a verdade sobre sua situação.

Pudera! Paixão sanguínea? Há quanto tempo não se tinha notícias de um caso desses?

A única coisa de que não se lembrava era se aquilo consistia na atração por qualquer pessoa de determinado tipo sanguíneo que fosse o preferido do vampiro em questão ou se era por uma pessoa específica, mas... Sinceramente? Não faria diferença nenhuma. Tinha que concentrar seus esforços em descobrir uma forma de sair dali.

E rápido!

Os minutos pareciam se arrastar, mesmo que ela não tivesse noção alguma do tempo, enquanto ouvia o falatório com sotaque do vampiro que a sequestrara. Descobrira, embora não conseguisse manter muitos detalhes, que seu sangue o despertara noites atrás e ele vinha se encontrando com ela sem que ela se lembrasse.

Gottfried conseguira hipnotizar alguém para furtar sua bolsa e levar seu amuleto e, assim, ganhara o tão sonhado acesso a ela e sua mente. Desde então, criara um vínculo de sangue entre os dois que o permitira saber onde ela estava. O fato apenas intensificara, como já era previsto, os sentimentos entre eles: o de desejo dele e o de repulsa por parte dela.

Agora, ela mal conseguia olhá-lo sem sentir um misto de vontade fugir para o mais longe possível e de destruí-lo sem deixar um pedaço para contar a história.

Se, ao menos, não estivesse tão fraca após a última vez que ele tomara seu sangue, minutos antes, poderia tentar encontrar uma arma. Agora, só restava esperar que a próxima “refeição” demorasse o bastante para que restabelecesse as forças e pudesse tomar uma providência.

Aquilo fez sua mente voar e ir parar bem longe dali. Como estaria Thiago ao descobrir o que tinha lhe acontecido? Certamente, movendo céus e terra e enchendo os ouvidos dos dirigentes da Sociedade para reencontrá-la, tal como ela faria se as posições estivessem trocadas.

Gottfried parou o monólogo sobre tudo o que fizera para encontrá-la no exato momento em que uma dúvida cortou as reflexões de Sara.

— Onde estamos?

Esforçou-se para parecer apenas curiosa, já que estava claro que quanto menos desesperada parecesse, melhor seria. Assim, talvez, ele descuidasse da vigilância e ela conseguisse espaço para fugir ou encontrar algo para se defender.

— Eu também gostarria de saber, meu bem. — Ele sorriu, sem olhá-la. — Não saímos da cidade, eu acho. É uma serra. Tudo o que sei. — Ele pôs os olhos sobre ela, que brilharam, se tornando vermelhos e o tom de voz, mais rouco: — Esperei tanto por você, se apenas soubesse...

Ele começou a matar a distância entre eles com passos largos e Sara precisou lutar contra seus instintos, que a mandavam correr e se esconder. Forçou-se a permanecer imóvel e controlar a respiração mesmo quando ele se sentou a seu lado em uma proximidade incômoda.

Seu estômago embrulhou ao senti-lo beijar sua face e procurar sua boca.

Ainda em sua resolução de não parecer assustada, por mais que aquilo lhe custasse, Sara exprimiu, para ganhar tempo:

— O que vou ter pra jantar?

De fato, estava faminta, embora duvidasse de que conseguiria fazer descer qualquer coisa. Era uma incógnita maior ainda como ele faria para alimentá-la. O ponto é que, se ele fosse para longe, mesmo que por alguns minutos, ela poderia se dedicar à tarefa de procurar uma saída.

Ele parou, pensando por longos minutos, e Sara ficou agradecida apenas pelo fato de ele ter parado de tocá-la. O que ele diria passou a inquietá-la. O que será que ele estava planejando? Teria planejado mesmo algo? Ou a ação fora um rompante, por medo de perder de vez a influência que ainda tinha sobre ela?

— Humm... Já sei!

Ele se levantou de um salto, com uma expressão satisfeita que a fez tremer na base. Sempre odiara aquele sentimento de estar completamente desprotegida. Seu estado naquele momento apenas piorava a sensação.

Foi com muito esforço que conseguiu segurar a mão que ele lhe estendia e se deixou levar até a saída da caverna. Lá fora, a noite já ia alta e ela duvidou de que conseguiria se localizar sem auxílio.

Aquele lugar não parecia com nenhum que já tivesse ido e ela se pegou pensando quão longe devia ser do centro da cidade ou mesmo dos outros locais que já visitara. Tentou captar algum detalhe que refrescasse sua memória, porém foi inútil, ainda por cima com a escuridão.

Andaram pelo que pareceu ser minutos sem conta, o vento da noite esfriando tudo naquela altitude, e pararam a certa altura. Sara tentou prosseguir sua busca por algo conhecido, novamente falhando. Viu apenas que estavam diante de uma casa simples e muito pequena, isolada entre muitas árvores.

Curiosa, pensou em perguntar o que ele pretendia fazer, por mais que estivesse óbvio que estava prestes a roubar alguma coisa. Mas não teve tempo de falar o que quer que fosse.

Ele usou suas habilidades sobrenaturais para se afastar rapidamente em direção à soleira da porta. Bateu algumas vezes e se pôs a esperar. Uma senhora de meia idade em suas roupas de dormir abriu e Gottfried tratou de colocá-la sob sua influência assim que pôs os olhos nela.

A mulher permitiu que entrasse e Sara avançou, na tentativa de se certificar que ninguém se machucasse na investida. No entanto, antes que pudesse alcançar a varanda, para seu terror, viu a mulher cair morta após Gottfried esmagar seu crânio no portal de madeira maciça.

Lutou contra o impulso de gritar, permanecendo imóvel, boquiaberta e com o coração revoltado batendo contra as costelas como se quisesse abrir espaço para ir embora dali o mais rápido possível.

Não teve tempo sequer para recuar e processar a situação. Gottfried apareceu do seu lado e a puxou pela mão para dentro da casa.

— Pronto, querida. Agorra podemos passar a noite com segurança.

Ela decidiu que não queria saber o que ele considerava “segurança”.

Sentou-se em silêncio em uma cadeira simples no que parecia ser a sala de estar e focou os olhos em um ponto qualquer tentando organizar os pensamentos, que se focavam em apenas duas coisas: precisava destruir Gottfried e voltar para casa.

O quanto antes.


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Notas finais do capítulo

*shocked reactions only*



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