Noite Vermelha escrita por MicheleBran


Capítulo 7
Capítulo 7




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7

Um Acontecimento Muito Estranho

 

— Como é?! — perguntou Thiago, assustado. — Um vampiro se alimentando de você? Mas... Como ele entraria lá em casa?

— Boa pergunta, Thi — Sara concordou sem entusiasmo. — Não sei o que está acontecendo.

— Calma, Sarinha. — Pedro afagou seus cabelos e tentou confortá-la. — Você está segura. Vamos ficar aqui com você e estão adiantando seu caso. Estará protegida novamente muito em breve. Até lá, eu e o Thi vamos cuidar de você e tudo vai ficar bem.

Ela se permitiu respirar fundo. Não havia muito o que pudesse fazer, mesmo. Melhor aceitar toda a ajuda possível enquanto ainda não podia se defender por si mesma.

Sorriu para o cunhado e agradeceu com a voz baixa.

— Não podemos ficar aqui parados esperando que esse monstro venha te fazer mal, Sara. — Thiago parecia mesmo furioso. Olhou para o namorado: — Pedro, a gente precisa ir caçar esse cara e destruir ele de uma vez por todas.

— Thiago, pelo amor de Deus! — ralhou ele. — Isso é exatamente o que ele quer: que a gente saia e deixe a Sara sozinha. Foi assim que ele agiu esses dias todos, por acaso você não percebe? Não vamos deixar essa brecha, não vamos facilitar as coisas.

Thiago se rendeu, por fim, ao perceber a lucidez nas palavras de Pedro.

Fazia sentido mesmo, pensou Sara. Quem quer que fosse ele, era um vampiro esperto a ponto de saber observar os horários em que Sara estaria sozinha, registrar sua rotina e encontrar uma forma de se infiltrar em sua mente, apagando as memórias depois.

Ela despertou de suas conjecturas ao ver o irmão sentar em uma das cadeiras de plástico e passar as mãos no rosto.

— Tudo bem, mas já que a gente vai ficar aqui, pelo menos vou pegar algo pra nossa defesa. Volto logo.

Beijou o topo da cabeça de Sara e o rosto de Pedro e saiu, batendo a porta.

— Relaxa — Pedro voltou a tranquilizá-la. — Ele tá preocupado, mas não é burro. Não vai fazer nenhuma bobagem.

— Eu sei, Pê. Confio nele. — Ela sorriu de novo. — Em vocês dois.

Sua voz estava meio pastosa, dando mostras que mesmo com os remédios, vitaminas e soro direto na veia, seu corpo estava fraco e às portas de dormir mais uma vez.

— Durma, Sarinha — Pedro a exortou. — Vou pegar algo pra comer e já volto, pode ficar tranquila que, depois disso, não saio mais de perto de você.

Ela se esforçou para dizer qualquer coisa em concordância, porém apenas ouviu o som da porta se fechando antes de sucumbir ao cansaço que parecia fazê-la se arrastar nos últimos dias.

Por algum tempo, sua mente ficou em branco. Nada, nem mesmo um sonho sequer. Era impossível dizer se o tempo passara mesmo e, em caso afirmativo, quanto.

Então viu aqueles olhos vermelhos acima de seu rosto, a face pálida e os cabelos loiros e longos tocando suas bochechas. A boca de lábios finos se curvou em um sorriso indecifrável e as presas pontudas apareceram de leve.

— Veja só quem acorrdou, se não é minha pequena Sara... — Aquele homem tinha um sotaque estranho, aqui e ali puxando os erres, no entanto todo o resto da pronúncia estava correto.

Sara tentou se levantar, porém estava ainda fraca e a rapidez do movimento contribuiu para fazer sua cabeça girar. Fechou os olhos para não cair ao chão de novo e o sentiu segurá-la, aninhando-a junto ao corpo morno de vestes esfarrapadas.

A mente dela gritou em alerta. Algo estava errado. Muito errado.

— Eu devo estar tendo um pesadelo — sussurrou para si mesma. — Vou acordar logo.

— É real, meu amorr. Você está aqui, comigo. Finalmente.

O pânico cresceu até quase levá-la às lágrimas quando ela se deu conta de que estava em um local escuro e isolado, ainda sem saber como fora transportada para lá. A única luz vinha de uma fogueira um pouco mais atrás deles.

Sara quase gritou ao ver que estava em uma caverna e tudo o que havia lá fora eram árvores e mais árvores, a muitas centenas de metros de qualquer pessoa viva além dela.

Ali em sua frente estava ele: a ameaça que devia ter eliminado. Estava vivo e caminhando, intimamente ela sabia, apenas por causa dela. Ele viera pelo seu sangue. Apenas não fazia ideia, não sabia como era possível ele tê-la raptado de um hospital em um centro urbano.

Foi com o coração disparado e a boca seca que ela percebeu: a menos que alguém o tivesse visto e pudesse contar à polícia ou ao irmão, ela estaria com sérios problemas e não seria encontrada tão cedo.

Ao menos, não com vida.


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