Waves escrita por Charles Gabriel


Capítulo 7
Capítulo Sete


Notas iniciais do capítulo

Cá estou novamente.

Boa leitura!



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Ah, a segunda-feira, manhã do waffle na casa Everdeen. O cheiro que vinha da cozinha fez Katniss despertar antes mesmo do relógio apitar.

― Está melhor? – Johanna abriu a porta do quarto da filha de supetão.

― Sim, estou – respondeu, um tanto quanto assustada pela aparição repentina da mãe.

― Já está na hora de dar um basta nesse garoto, não acha? – Johanna sentou-se na beirada da cama, observando a filha ainda enrolada nos cobertores.

― Não sei como fazer isso... – Respondeu frustrada. No fim de semana, havia contado aos pais o que havia acontecido. A mãe, obviamente, detestou, disse que daria porradas no garoto. Diferente do pai, que a aconselhou dar tempo.

― É só dar um fim – a mulher gesticulou com as mãos de forma impaciente – você sabe bem o que fazer, só não descobriu isso, ainda.

― E se ele me pedir ajuda? – Perguntou, sentando-se na cama.

― Nesse caso, você o ajuda, mas enquanto isso não acontece, não faça nada. De nada adianta querer ajudar alguém que não quer ser ajudado – sorriu, levantando a sobrancelha e como um fantasma no silêncio, desaparece, deixando a filha pensativa.

 

― Por que você não me disse nada? – Madge bufou.

― Porque não foi absolutamente nada demais – Katniss explicou, enquanto caminhava ao lado da melhor amiga pelos corredores brancos do colégio.

― Ah, faça-me o favor – Undersee bufou – você sabe que eu poderia acabar com a marra dele em um instante.

― Deixe-o pra lá, Mad. Não vale a pena – Sussurrou.

― Vale sim! Ele vai levar um soco bem no meio do nariz pra largar de ser tão babaca – chiou ― você contou para seus pais?

― Contei sim – admitiu a morena enquanto franzia os lábios.

― Que bom que contou! Assim, posso chamar Tia Johanna pra bater nele.

Katniss suspirou. Sabia que nada do que dissesse a Madge poderia fazê-la mudar de ideia.

― Como foi seu fim de semana? – Decidiu mudar de assunto, antes que a garota tivesse mais ideias mirabolantes.

― Foi ótimo – sorriu – General veio me visitar.

― Oh, ele está de férias?

― Isso aí! – Objetou de forma animada – ele está pela cidade.

― Que maravilhoso! – sorriu a morena de forma genuína – Ficará por muito tempo?

― Ficará por um mês – deu pulinhos de animação – podemos sair com ele um dia desses, o que acha?

― Acho ótimo – sorriu, entrando na sala de aula vazia.

― Perfeito, vou conversar com o General – murmurou, sentando-se na cadeira, pegando o celular do bolso da calça e trocando mensagens com o pai. Katniss ouviu passos e decidiu olhar para a porta, porém, arrependeu-se, eram os gêmeos: Cato e Peeta.

Cato estava péssimo, olheiras absurdamente intensas, pálido e com as roupas levemente amassadas. Peeta, diferente do irmão, parecia sonolento, trajando as costumeiras roupas pretas e com fone de ouvido.

Katniss decidiu parar de dar atenção aos rapazes e passou a observar o quadro a sua frente, porém, sentiu quando alguém colocou os pés na cadeira onde estava sentada, que pelo forte impulso, arrastou-se alguns centímetros para frente. Olhou para trás e viu Cato a observando com deboche.

― Perdeu alguma coisa, Everdeen? — a voz era arrastada e ao mesmo tempo, denotava embriaguez.

― Dá pra tirar seus pés da minha cadeira? – tentou soar firme. Katniss sabia que os gêmeos eram repetentes, eles haviam desperdiçado um ano fora no fundamental e ninguém soube o porquê. Antes disso ocorrer, lembrava-se de Peeta ser um garoto tímido e dócil e, que Cato poderia ser imprudente quando quisesse, entretanto, não como nos dias atuais. Era como se ambos tivessem perdido uma parte deles.

O garoto aproximou-se, apoiando todo o seu peso sobre os braços na carteira, sorrindo de forma marota.

― Não – cantarolou.

― Ai, Cato, fala sério, enchendo o saco logo pela manhã? – Madge revirou os olhos.

― Cala a boca, garota! Você até que é gostosa, mas te acho irritante pra caralho.

― Que bom, porque eu não estou nem aí para o que você acha – deu um sorriso sarcástico.

― Então, Everdeen – Cato murmurou, ignorando Madge – você deveria vir mais vezes sem aquelas roupas hippies, você fica muito mais gatinha— O rapaz constatou, observando atentamente o corpo da garota a sua frente, que pelo clima frio, usava calça e jaqueta. Katniss sentiu-se enojada, pelo que sabia, não era a primeira vez que o garoto lançava esse tipo de comentário idiota, sempre dava um jeito de assediar alguma colega. Decidiu calar-se, de nada valeria tentar argumentar com o rapaz.

Garoto, você tem problema? – Madge exasperou-se.

― Não ’tô falando com você – repreendeu.

― Mas eu estou falando com você! Dá pra parar de ser chato?

― Virou guarda-costas, Undersee? – provocou – Sabe, Katniss, tenho até inveja da sua roupa – Madge revirou os olhos e Katniss somente suspirou. Não prestaria atenção no que o rapaz dissesse, ele era só mais um idiota que achava que poderia ter todas as garotas que quisesse – se você não fosse tão chatinha, provavelmente, te chamaria pra sair.

― Cato, chega! – Peeta obstruiu. Mesmo estando no fundo da sala, a voz era intensa. Madge voltou a olhar a tela do celular ignorando tudo a sua volta, enquanto Katniss assistia de forma aturdida.

― Qual é, maninho? Estou apenas me divertindo – respondeu rindo.

― Isso não é divertimento e não tem graça – retirou os fones de ouvido, observando o irmão com os olhos semicerrados.

― Entende agora o porquê de nunca falar com você? Estraga absolutamente todos os meus planos – a voz que antes era arrastada, passou a ficar aguda.

― Você é quem estraga todos seus planos, sozinho.

Cato nada respondeu, somente saiu, tropeçando nos próprios pés. Katniss aproveitou a deixa e virou-se para frente, não estava a fim de ter que encarar Peeta logo pela manhã, a começar pelo fato de que havia sentido tanta raiva do garoto no sábado, que acabou chorando no banheiro feminino do colégio. A morena ouviu uma movimentação pela sala, porém, não se importou.

― Katniss – A voz intensa despertou a atenção da garota – sinto muito pelo que meu irmão disse.

― Não se preocupe, não dou ouvidos ao que ele fala – respondeu finalmente, olhando na direção do garoto, encontrando-o sentado ao seu lado. Os olhos azuis eram profundos, sonolentos. Os cabelos loiros no típico estilo James Dean e uma camiseta preta da banda The Strokes. Poderia facilmente enquadrar-se nos anos 50 com seu estilo rockabilly. Logo, todos os outros alunos adentraram a sala e o rapaz voltou para os fundos em silêncio.

― O que foi isso aqui? – Madge sussurrou em total descrença.

― Não sei – deu de ombros.

― Ele bem que poderia pedir desculpas pelo que fez no sábado... – divagou a loira.

― Poderia, porém, acho que não fará isso – suspirou, lembrando-se do que sua mãe havia lhe dito logo pela manhã. Teria que tomar as rédeas da situação e daria um basta nisso tudo. Minutos depois, o professor de filosofia entra na sala, dando início as aulas. Após o término, Katniss observou o rapaz sair ao lado de Thresh esbanjando sorrisos.

― Eu estou morrendo de sono, fala sério. Odeio aula de filosofia – Madge tagarelou, colocando a mochila no ombro, entretanto, a morena parecia não dar a mínima para o que a melhor amiga dizia, iria confrontar Peeta e não havia momento melhor para isso. Afastou-se de Undersee e foi em direção a Mellark e Thresh, que conversavam com Messalla, um rapaz alto, alguns piercings no rosto e de cabeça raspada, encostados na parede. Ignorou os gritos da loira, que com certeza, estaria estranhando a atitude de Everdeen.

― Me odeia tanto assim? – Lançou a pergunta para o loiro sem se importar com os outros dois rapazes.

― Do que você está falando? – Franziu o cenho.

― Você sabe muito bem ao que me refiro e, se está nervosinho que Snow tenha te obrigado a melhorar suas notas, desconte sua raiva em outro alguém. Não tenho culpa alguma nisso – Ela o observou com ódio.

― Tá legal, eu sei que tenho pegado pesado contigo. Foi mal— Peeta levantou os braços em forma de rendição – Eu sei que não vem sendo legal minha atitude.

― E não vem mesmo – tombou a cabeça de lado.

― Eu estive conversando com Thresh e, que tal termos uma trégua? – sugeriu, dando de ombros.

― Trégua? – questionou confusa.

― É, você sabe... – coçou a nuca, as bochechas levemente ruborizadas – você me ajuda com as matérias e eu prometo não te perturbar.

― Tudo bem – anuiu com um resmungo.

― Então, é... Colegas?— estendeu a mão sem jeito.

― Colegas! – a morena respondeu, apertando a mão com força do rapaz a sua frente. O contato das mãos foi diferente. Não somente quente, mas intenso. Era como se Katniss, naquele momento, tivesse conhecido o pouco, do muito que Peeta ainda mantinha preso as sete chaves de seu coração.


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