Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 7
Five


Notas iniciais do capítulo

Enfim, esse capítulo ta meio bleh pq ele é só uma ponte ~importante~ para os próximos.



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— Shh, querida. Eu estou aqui. — eu a acalmei enquanto afagava suas costas suadas.

Riley respirou fundo, uma, duas, três vezes antes de me olhar nos olhos. Suas orbes, tão brilhantes, estavam escurecidas — eu quase podia sentir seu medo transbordando.

— Me desculpe por isso. — ela sussurra. Parece envergonhada, ainda um pouco trêmula por acordar abruptamente de um pesadelo. — Eu sei que é um saco acordar no meio da madrugada com os meus gritos.

Ela ri amargamente.

Seus olhos caem em direção as suas mãos que apertam o edredom de forma rude. As articulações estavam rígidas, refletindo toda a sua linguagem corporal. Eu sabia no que ela estava pensando.

Era o aniversário de morte de seu pai, Sr. Biers. Charlie havia comentado comigo semanas atrás — eles eram amigos desde a época do colégio.

Charlie havia omitido os detalhes mais sórdidos, mas eu peguei o bastante — a forma como o Sr. e a Sra. Biers eram uma família exemplar até a morte do filho mais velho. Eliot Biers morreu aos 19 anos em um acidente de moto que ele mesmo provocou. Foi aí que tudo começou a desmoronar. O Sr. Biers se tornou um viciado em jogos de azar e largou de vez o trabalho — a oficina mecânica que era o negócio da família.

E então, a Sra. Biers começou a beber.

Então Riley começou a beber.

E não demorou muito para que o Sr. Biers cometesse suicídio, atirando contra a própria cabeça com uma espingarda de caça.

E era por isso que Riley acordava todas as noites, ofegante e gritando, implorando ao pai que não puxasse o gatilho. Porque ela viu. Porque ele puxara o gatilho na sua frente. Porque o sangue dele sujou os pés descalços dela.

— Qual é, Ry. Vem cá. — a puxei do chão, onde ela estava dormindo em um colchão puído ao lado.

A garota havia educadamente me oferecido sua cama, meu Deus.

Ela ainda respirava com dificuldade e sua pele estava pálida e fria.

Passei a mão pelo seu rosto suado, tirando alguns fios claros da frente e enxugando também algumas lágrimas silenciosas que eu não percebera que ela derramava. 

— Settle down with me — minha voz rouca cortou o silêncio — Cover me up, cuddle me in... Quer que eu cante pra você? Talvez isso te acalme.

Riley me avaliou por alguns segundos antes de deixar escapar um sorriso cansado. 

— Não sabia que você cantava.

Eu dei de ombros. 

Posso fazer esse sacrifício por você.

Ela suspirou de forma sofrida. Caramba, eu pensei. Será que eu havia dito algo que não gostou?

— Cante, por favor. — ela sussurrou, deitando sua cabeça em meu ombro.

— Lie down with me, and hold me in your arms — reprimi um sorriso ao sentir as grandes mãos de Riley me puxando para mais perto. Ela passou as pernas ao redor da minha cintura e afundou de vez o rosto em meu pescoço.

Eu suspirei, deixando a melodia me levar.

And your heart’s against my chest, your lips pressed to my neck. I’m falling for your eyes, but they don’t know me yet. — ela sorriu contra a pele do meu pescoço e um arrepio cobriu meu corpo inteiro. Suas mãos se afundaram ainda mais na base das minhas costas e eu cedi a vontade de abraçá-la.

And with a feeling I’ll forget, I’m in love now. — ela completou.

Eu suspirei de forma sofrida. Caramba.

— Kiss me like you wanna be loved. You wanna be loved, you wanna be loved. — meus olhos se fecharam e senti Riley me apertar mais em seus braços por alguns segundos, e logo se afastar.

Eu ainda podia sentir o calor de seu corpo tão próximo ao meu.

— This feels like falling in love. Falling in love... — eu corei ao abrir os olhos e me dar conta dos seus castanho-claros tão perto dos meus. Sua respiração ainda estava acelerada, mas de um jeito diferente.

Uma áurea sedutora a rodeava.

Minha garganta ficou seca e eu umedeci os lábios com a língua, movimento que foi acompanhado por seus olhos.

Meu coração batia feito louco.

— We're falling in love. — eu sussurrei. Seus olhos queimavam os meus e, por um momento, eu quis mergulhar nessa chama.

 

Eu puxo a chave da ignição e abro a porta do Tracker.

As árvores ao meu redor possuíam um leve tom esbranquiçado, talvez ainda pela neve dos últimos dias, e formavam uma parede de madeira verde e nojenta.

Pulei pra fora da cabine sentindo minhas botas afundarem na lama. Olhei ao redor, enquanto meu instinto de preservação gritava para que eu saísse dali.

Droga, não poderia ser um lugar menos bizarro?

— Desculpe fazer você vir até aqui, tão tarde. — a voz baixa corta o ambiente e eu me viro em sua direção, colocando a mão sobre o peito. Coração acelerado devido ao susto.

Parado a cerca de quatro metros mim, ainda escondido sob a linha das árvores estava Archie Cullen.

Eu respiro fundo e dou alguns passos em sua direção. Ele parecia nervoso, estressado. Sua mão esquerda estava apoiada sob a árvore mais próxima, de onde ele tirava pequenos pedaços de madeira enlameada.

— O que você quer?

Archie franziu a testa, surpreso pela minha grosseria.

— Desculpe. — ele repetiu, dando um passo a frente. A luminosidade finalmente tocou seu rosto e eu fiquei um pouco sobressaltada pela maneira em que ele se encontrava.

Ele estava descalço, com uma calça social cinza puída, pendendo desajeitadamente sob sua cintura, e uma camisa de botões — que eu não conseguia distinguir a cor da sujeira — amassada e com manchas que eu me perguntei se eram de sangue seco. Seu rosto também estava sujo e sua expressão parecia angustiada — seus olhos estavam negros como eu nunca havia visto antes.

Um arrepio cruzou minha espinha e ele inclinou a cabeça para o lado, me avaliando.

— Está com medo de mim, Bella? — ele perguntou.

Permaneci em silêncio. Eu estava?

— Não vou machucar você. — ele balançou a cabeça, exasperado.

— Apenas... Só me diga o que você quer, Archie. — eu consegui gaguejar.

Ele deu mais um passo em minha direção, parecia irritado.

— O quê, você acha que vou te machucar? Porque meus olhos estão pretos? Eu nunca seria capaz de fazer isso, Bella, e pensei que você soubesse.

— Eu não conheço você, Archie Cullen. Achei que conhecia, mas você simplesmente me ignorou durante esses dois meses em que a idiota da sua irmã terminou comigo.

Algo brilhou em seus olhos, apenas por alguns segundos enquanto ele absorvia minhas palavras.

Ele esfregou o rosto com as mãos, com uma força inumana. Eu quase pensei em dizer algo do tipo "Não arranque seu nariz", mas ele logo voltou a falar.

— Estamos indo embora. — ele não me olhava.

Pisquei confusa. 

— Achei que E-Edythe já tivesse ido. — forcei seu nome a sair. Pareceu queimar minha língua como ácido.

Seus olhos me avaliaram de um jeito estranho. 

— Ela já foi. No dia seguinte ao...

— À noite em que ela me largou!

Ele me ignorou. — ...Ela foi para o Alaska, para ficar com alguns amigos da família. Não que isso importe muito pra você, não é? Já que você parece ter seguido em frente bem rápido.

Todas as suas palavras eram lançadas com uma pitada de veneno. Eu entendia onde ele queria chegar. Ele com certeza havia visto todos os meus momentos com Riley.

— Não se atreva a falar sobre isso. Você não tem nenhum direito.

Ele torceu o nariz. 

— O cheiro dela está em você. Impregnado. Urgh.

Algo em sua expressão partiu meu coração — de novo. Ele não era metade da pessoa que eu achava que conhecia, ele era só mais um babaca como a irmã. Eles haviam me enganado bem.

Balancei a cabeça, magoada demais pra tentar discutir.

— Apenas vá embora, se é isso que querem. Não é mais problema meu.

Por um segundo, dor manchou seu rosto — e tão rápido quanto veio, ele se tornou uma pedra de gelo novamente.

— Adeus, B.

A última coisa que vi foram as folhas enlameadas no chão balançando levemente enquanto ele desaparecia pela escuridão.


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Notas finais do capítulo

TT: @el.diablexx



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