Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 3
Two


Notas iniciais do capítulo

Quenhé que voltou depois de levar um bloqueio de um mês? Quem?
PS: Não pirem, atentem aos detalhes.
PS²: Capítulo pequeno porque eu to com preguiça (:
PS³: Citei Camila porque rainha que é rainha alcança o #1 com lançamento de álbum e #1 de ouvintes no Spotify

Erros conserto depois.

Aliás, queria dedicar esse capítulo às lindas-maravilhosas-deliciosas-coisadas Iara e Céline que recomendaram o livro 1. Amo vocês, delícias, e obrigada ♥



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Amar você foi juvenil, selvagem e livre. Amar voce foi legal, quente e doce. Te amar foi a luz do sol, foi estar sã e salva, em um lugar seguro para baixar minha guarda... Mas te amar teve consequências. 

 
 

O Depois

— Eu quero ir pra casa, Bells. — a voz manhosa e rabugenta da minha melhor amiga me despertou o suficiente para que me lembrasse de que ela estava ali. 

Ela apertou seus braços ao meu redor quando um vento gelado me invadiu, e eu praguejo por não saber onde diabos enfiei minha jaqueta. 

Lauren ainda me analisa, os olhos verdes tão profundos que meu peito se aperta. Por um segundo, até consigo ignorar o buraco de dor em meu coração.

Mas rapidamente eu empurro a sensação para longe, deixando que as rajadas de dor emocional me atinjam. Talvez eu tenha me tornado uma espécie de masoquista.

Lauren passa os braços em torno de mim novamente e aperta seu corpo contra o meu, sua bochecha colada contra a minha. Nossas respirações são os únicos sons presentes durantes os minutos que se seguem e apenas me concentro no cheiro forte de bebida que seu hálito exalava.

Furtar algumas garrafas do armário de bebidas dos pais de Lauren havia sido incrivelmente fácil.

Encaro o velho estacionamento — inicialmente vazio, agora razoavelmente cheio — e suspiro ao observar a decadência em que se encontravam os malditos adolescentes bêbados e drogados que faziam encontros ali.

O Ero's Motel não passava de um antigo motelzinho barato onde as pessoas de Phoenix iam para se distrair — isso incluía a maioria dos adolescentes perrapados que iam até lá pra beber e fumar. Eu mal me lembrava de como havia chegado aqui. Apenas me lembrava dos sons de risadas alteradas e do gosto forte de bebida. 

— Isabella... Hm... — Lauren resmungou no meu ouvido, quase gemendo, e se afastou o suficiente para fixar suas orbes de esmeraldas em uma garota que se aproximava de nós. 

Ela não era bonita, nem feia, pelas minhas classificações. O cabelo liso era loiro e com mechas cor-de-rosa, preso em um coque desleixado que deixava suas bochechas à mostra. O ar infantil, porém, era quebrado por suas roupas: uma calça boyfriend que parecia ser um tamanho maior e uma camisa de botões preta, casualmente jogada por cima de uma blusa de renda preta que não cobria nada — absolutamente nada — da parte frontal de seu corpo.

Não olhe para peitos, não olhe para peitos.

A loira sorriu inclinando a cabeça, provavelmente tentando ser simpática e Lauren me deu um discreto cutucão na cintura.

Nós trocamos aquele olhar enquanto a loira começava a falar.

— Hey, olá. Eu sou Hayley. — ela sorriu novamente, nunca desviando os olhos de mim.

— Sou Bella. Quero dizer, Isabella. — eu tossi, quase me chutando em frustração. — Essa é a Lauren.

Lauren acenou, inutilmente, pois a loira Hayley parecia ter toda a sua atenção direcionada a mim.

— Satisfação. — ela disse.

Eu ergui as sobrancelhas, perguntando-me se havia ouvido direito.

— Perdão. — será que a bebida havia afetado minha audição?

Hayley riu de forma educada. — Ah, você sabe. Satisfação em te conhecer, porque o prazer é na cama.

Uau.

Eu precisei de alguns segundos para absorver a informação e Lauren riu baixinho, capturando a atenção da intrusa pela primeira vez.

Hayley a mediu de cima à baixo com os olhos e torceu os lábios em desgosto para o que quer que tenha concluído.

Ela vestiu seu sorriso simpático novamente e se voltou para mim.

— Então, será que você não estaria afim de dar uma volta?

Ela apontou com o polegar por cima do ombro, em direção à escada que levava direto aos quartos imundos do motel.

Oh, droga.

Eu abri a boca para dizer, não sei, algo do tipo "seria legal" ou "estou ocupada" ou quem sabe até um "perdi minha carteira" quando Lauren se pronunciou.

— Bells, posso conversar com você por um minuto?

Sua voz estava indiferente, mas eu a conhecia bem o suficiente para saber que a loira já havia esgotado a sua paciência. Ela não esperou resposta, apenas me puxou delicadamente para o canto de uma parede mais afastada, de onde podíamos ter uma visão ampla de todos no estacionamento — inclusive da garota que estava tentando me levar para a cama.

— Tudo bem, olha só. Você está bêbada, eu estou bêbada e aquela bonitinha de olhos puxados ali também não me parece muito sóbria. — Nós duas lançamos um olhar discreto em direção à loira que havia acendido um cigarro e encarava o céu despreocupadamente. — Já é madrugada, tem umas cinquenta mil ligações dos meus pais que eu não atendi e com certeza o Phil percebeu que o carro dele não está na garagem.

Dei de ombros diante de suas palavras.

Ela revirou os olhos e suspirou.

— Bells, eu te amo, mas você me irrita. Vamos pra casa. — Lauren deu um passo à frente, pronta para pegar as chaves do carro no bolso do meu jeans quando segurei suas mãos.

— Espera.

Ela me olhou com curiosidade, mas eu olhava em outra direção.

Hayley ainda estava com o cigarro, mas olhava em nossa direção agora com uma expressão que dançava entre dúvida e diversão.

— O que houve? — a garota de olhos verdes me fitou preocupada, não entendo a minha reação.

Na verdade, nem eu mesma estava me entendendo. Quero dizer, a Hayley era bonita e tudo mais, mas eu nunca fui uma pessoa chegada a... Sexo casual.

Mas porquê não?, pensei comigo mesma.

Há sempre uma primeira vez pra tudo.

Talvez eu não quisesse dormir em casa esta noite. Talvez eu não quisesse ter mais aqueles pesadelos onde ela me abandona, talvez eu não precise ser tão... Dependente dela.

Dou um passo em direção à garota loira que agora apaga o cigarro com o sapato.

Eu posso fazer, certo? Eu quero fazer isso.

— Ei, ei, ei. — a voz irritada de Lauren atrai minha atenção novamente. A morena me segura pelo ombro e eu paro de andar mediante suas palavras. — Eu não sei o que você está tentando provar...

— Eu não estou tentando provar nada! — eu me livro de seu toque e ela recua assustada.

Eu sinto meu rosto corar e meus olhos se enchem de lágrimas.

Merda.

— De novo não... — eu balbucio e esfrego os olhos com a mãos em uma tentativa de conter as malditas lágrimas.

Eu estava cansada de chorar.

Sinto minha amiga se aproximar e em poucos segundos ela me puxa em um abraço apertando onde eu posso me encolher contra ela e esconder meu rosto choroso em seu pescoço.

— Calma, querida... Shh...

As pontadas de dor voltam com força total em meu peito e eu sinto meu coração se despedaçar como semanas atrás.

— Eu não... Sou... Não posso viver sem ela, Lauren. Não posso... — eu me desmancho em soluços e a dor  é tão grande que já não consigo mais respirar.

Porquê tem que ser tão difícil?

— Você pode, ouça, você pode. — Lauren tenta me acalmar — Você viveu a vida inteira sem ela, e vai fazer isso novamente. Você está melhor agora, meu amor.

Será que eu poderia culpar a bebida?

Eu balanço a cabeça contra a pele de seu pescoço e deixo minhas lágrimas encharcarem seu casaco.

— Você não entende, Lauren. Sem ela... Eu não me sinto completa. Eu estou sorrindo por aí tentando fingir que estou bem, mas a verdade é que passo todos os dias tentando não me arrastar de volta pra ela. Eu pensei que algumas bebidas poderiam me ajudar a esquecê-la, mas depois dessas semanas eu sei que eu nunca vou conseguir.

A garota morena me abraçou mais apertado por um segundo, depois me empurrou até que estivéssemos de frente uma para a outra. Seus olhos verdes me fitavam com determinação. Era em momentos assim, quando éramos mais novas, em que eu estremecia só de olhá-la.

Se eu pudesse me apaixonar por ela, aconteceria em momentos como esse.

— Agora você vai me ouvir, Swan. — eu cerrei os lábios e contive os soluços enquanto ela limpava as lágrimas que banhavam meu rosto — Você não pode continuar com isso. Está nessa há semanas. Passou dias trancada no quarto por causa dessa garota, está bebendo desde que veio pra casa da Renée. Você sequer come nada há dois dias!

Seu exaspero agora era visível, o que chamou a atenção da loira que estava um pouco mais a nossa frente.

Hayley meio correu, meio marchou em nossa direção, mas Lauren não notara sua movimentação, ainda concentrada em suas próprias palavras.

— Nós temos 17 anos, pelo amor de Cristo! — a garota de olhos verdes jogou os braços pra cima em sinal de frustração e se aproximou de mim. Seu rosto estava tão próximo que nossos narizes se tocavam. Ela concentrou seu olhar em mim, os olhos verdes faiscando nos meus azuis. — Você vai superar essa garota. Não importa o quanto doa, o quão difícil seja, você não vai mais derramar nenhuma lágrima por ela, entendeu? 

Eu apenas a fitei por um longo tempo enquanto nossas respirações se acalmavam. Em seguida, assenti, encontrando em seu olhar aquilo que nós sempre fomos uma para a outra: porto seguro. Era isso que ela me transmitia.

Não importa o que acontecer, sempre teríamos uma à outra.

 

— Então, como foi o fim de semana? — Charlie me questiona, quase animado, enquanto eu encaro minha tigela de cereal com leite. A coisa toda parecia como cola na minha boca.

— Foi divertido. — dei de ombros.

Meu pai realmente havia ficado bastante satisfeito com a minha viagem à Phoenix para comemorar o aniversário de Lauren. Ele não sabia, é claro, que nós começamos a "sessão bebedeira" na sexta à noite e eu só parei na segunda de madrugada.

Lauren nem mesmo me deixou chegar perto de um cigarro. Medo de que você entre em combustão, ela disse.

— E como está sua mãe? Com saudades de Jacksonville?

— Ah, você sabe como ela é. Reclama às vezes, mas Phil e eu concordamos que no fundo ela amou voltar pra casa. — minha mãe e seu marido, os quais eu praticamente não vi durante os dias em que estive lá. Talvez eu me sentisse um pouco culpada por isso, mas ela faria uma cena se percebesse a fossa na qual eu me encontrava.

— Certo. — ele mastigou seu bacon grosseiramente enquanto analisava minhas palavras — Então... Tem certeza que está tudo bem na escola?

Revirei os olhos.

— Minhas notas continuam ótimas se é isso que quer saber, Charlie.

— Uou, calma, garota. Não precisa me atacar. Isso é TPM? — ele disse, mantendo a voz descontraída, mas eu pude ver em seus olhos que ele havia ficado magoado com minha agressividade.

Suspirei, praguejando pela dor de cabeça persistente que me atacara.

— Desculpe, pai. Só estou meio... — dei de ombros, sem saber como continuar.

O que eu poderia dizer? O cara me viu literalmente na pior, sem comer, dormir ou sequer sair do meu quarto por dias.

Acho que não poderia culpá-lo por se preocupar com minha sanidade.

— Estou preocupado com você, querida. — foi a vez dele suspirar, apertando os olhos. — Só... Desde que você e a Cullen...

Levantei de forma abrupta, interrompendo qualquer tentativa que ele pudesse fazer de tocar nesse assunto.

— Eu não quero falar sobre isso, pai. — coloquei a tigela na pia, praguejando pelo maldito tempo frio em Forks e pela água gelada que saía da torneira.

Até mesmo a porra do sabão era frio.

— Eu estou bem. — continuei, esfregando a louça com uma força desnecessária — Estou tão bem que vou sair essa noite. Vou à Port Angeles.

Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso.

— Oh, é mesmo? Sozinha?

Revirei minha mente em busca de qualquer maldita atividade recreativa que fosse relativamente aceitável — além, é claro, de uma companhia.

Irrevogavelmente, a primeira pessoa que me veio à mente foi Biers.

— Vou... Ao cinema. Com a Riley. — gaguejei enquanto largava a louça lavada de qualquer jeito — Cinema com a Riley. Isso.

Meu pai piscou surpreso novamente e permaneceu em silêncio. Talvez estivesse pensando na problemática em questão: eu saindo com a garota Riley, à noite e sozinhas... Ou eu saindo sozinha para uma cidade razoavelmente maior do que Forks onde eu poderia me jogar na frente de um ônibus e ninguém me impediria.

— Bem, tudo bem, eu acho. Isso é ótimo. — ele sorriu verdadeiramente satisfeito.

Talvez isso o fizesse largar do meu pé por um tempo — ver que eu estava saindo, interagindo com pessoas novamente.

É realmente uma boa ideia, pensei. Sair com a garota Riley.

Agora eu só precisava que ela aceitasse sair comigo.


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Notas finais do capítulo

TT: @el.diablexx



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