Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 11
Nine




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O Purgatório

O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida. Ele passa desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa. Mesmo pra mim.

 

Eu não tinha certeza do que diabos eu estava fazendo lá.

Será que eu estava tentando me jogar de volta naquele torpor de zumbi? Eu virei masoquista – desenvolvi um gosto pela tortura? Eu deveria ter ido direto pra casa onde eu poderia me afundar nos estudos ou em qualquer porcaria que Charlie estivesse assistindo – sem dúvidas, seria mais saudável do que aquilo. Essa não era uma coisa saudável a fazer. Mas eu continuei a dirigir lentamente pela rua coberta de vegetação, virando entre as árvores que se contorciam por cima de mim como um túnel verde, vivo. Minhas mãos estavam tremendo, então eu apertei-as no volante.

Eu sabia que parte da razão para eu estar fazendo isso era o pesadelo – agora que eu estava realmente acordada, o nada do sonho roía meus nervos, como um cão roendo um osso. Havia uma coisa pra procurar. Inacessível e impossível... Mas ela estava lá, em algum lugar. Eu tinha que acreditar nisso. Então eu estava indo para a casa dela, um lugar onde eu não tinha ido desde antes do meu último aniversário catastrófico, há tantos meses atrás.

A floresta crescia e passava pelas minhas janelas. A viagem continuou e continuou. Eu comecei a ir mais rápido, ficando nervosa. Por quanto tempo eu estive dirigindo? Eu já não devia ter chegado à casa? A rua estava tão coberta de vegetação que quase não me parecia familiar.

E se eu não conseguisse achar? Eu tremi.

Então, lá estava a entrada entre as árvores que eu estava procurando, só que ela já não se pronunciava tanto como antes. A flora aqui não demorava muito pra reclamar qualquer terreno que estivesse sem cuidados. As altas samambaias haviam infestado a clareira que cercava a casa, se aglomerando nas árvores, mesmo na grande varanda. Era como se a grama estivesse fluindo – na altura da cintura – com ondas verdes, flutuantes.

E havia uma casa lá, mas ela não era a mesma.

Apesar de nada ter mudado do lado de fora, o vazio gritava pelas janelas brancas. Era arrepiante. Pela primeira vez desde que eu vi a linda casa, ela me pareceu um local apropriado para vampiros.

Eu pisei no freio, desviando o olhar. Estava com medo de ir mais em frente. Então eu deixei o motor ligado e pulei pra fora no mar de grama. Aproximei-me da entrada estéril e vaga lentamente, o Tracker tremendo num barulho reconfortante atrás de mim. Eu parei quando cheguei às escadas da entrada, porque não havia nada aqui. Nenhum senso demorado de presença... Da presença dela.

Eu não cheguei mais perto. Eu não queria olhar pela janela.

Não tinha certeza do que seria mais difícil de ver. Se os quartos estivessem vazios, ecoando o vazio do chão até o teto, isso certamente ia doer. Como no enterro da minha avó, quando minha mãe insistiu que eu ficasse do lado de fora durante a cerimônia. Ela disse que eu não precisava ver vovó daquele jeito, me lembrar dela daquele jeito, era melhor quando ela estava viva. Mas será que não seria pior se não houvessem mudanças? Se os sofás estivessem lá como da última vez que eu os havia visto, as pinturas nas paredes – pior ainda, o piano na baixa plataforma? Era melhor ver a casa desaparecendo por inteiro, do que ver que não havia nenhuma possessão física que os ligava de qualquer forma.

Que tudo havia permanecido, intocado e esquecido, pra trás deles. Assim como eu.

Eu virei as costas para a brecha vazia, e me apressei para o Tracker. Eu quase corri. Estava ansiosa pra ir embora, pra voltar para o meu mundo humano, me sentindo terrivelmente vazia.

 

Após o jantar-interrogatório de Charlie e uma ligação para Renée, eu finalmente caí na cama. A chuva não havia dado trégua, mas eu já havia me acostumado a dormir sem ter que enfiar a cabeça entre os travesseiros. Provavelmente no meio da madrugada eu tivera que levantar – ainda totalmente grogue — para fechar a janela, mas o ponto positivo é que fora uma noite sem pesadelos. Quando o despertador tocou, eu já estava terminando a minha tigela de cereal. Precisava chegar cedo à Forks High School – eu precisava evitar ficar sozinha por muito tempo. Isso abria espaço para que eu começasse a pensar demais, e consequentemente, as lembranças vinham à tona. As fotografias que Eleanor havia deixado naquela fatídica madrugada permaneciam intocadas desde então. Bem, quase totalmente intocadas. Em algumas noites, quando era difícil respirar e eu sentia como se meu peito estivesse sendo aberto à machadadas, eu caía em tentação e observava cada momento que fora eternamente congelado ali.

Eu chorava copiosamente, engolindo os soluços de forma silenciosa e me encolhia em uma bola entre os cobertores.

Mas, eu dizia a mim mesma, eu não poderia me dar ao luxo de me deixar afundar quando deveria parecer bem. Não agora que Charlie parou de me inspecionar durante cada segundo que passávamos juntos. Esses meses de merda quase o fizeram me mandar de volta para Renée, e eu definitivamente não queria deixar Forks. Eu voltara a comer, a ter amigos, sair e falar quase como uma adolescente normal, e o velho xerife até mesmo me incentivava a passar um tempo de qualidade com a garota Biers e eu não faria o zumbi voltar agora.

Na escola, o tempo voou. Angela saíra mais cedo das aulas para visitar Ben que acordara doente, algo passageiro, mas que deixava a pessoa meio derrubada.

— Então, o que você fez nesse fim de semana, Bella? – Taylor perguntou, curiosa, quando eu me sentei na nossa mesa do almoço.

— No sábado eu me dediquei àquele trabalho de Biologia, e passei grande parte do domingo na oficina da Riley.

Alguns pares de olhos tornaram-se mais atentos quando eu falei, mas a grande maioria já havia desistido de fofocar sobre Riley e eu. É, nós havíamos nos aproximado bastante, e eu adorava sentar em sua oficina enquanto ela mexia em alguns carros – fazíamos o dever de casa juntas e essas coisas, mas não passamos disso. Desde a primeira vez em que saímos, o cinema em Port Angeles, a situação havia ficado... Amena. Ela era como um raio de sol em um dia chuvoso, mas eu não poderia colocá-la dentro de outro contexto.

Pelo menos não agora.

— Viram alguma coisa? O quê? – as sobrancelhas de Jeremy estavam grudadas. O assunto me puxou de volta para a realidade, onde todos da mesa pareciam atentos à conversa.

— Eu não sei. – Erica disse – Nós achamos que era um urso. De qualquer jeito, ele era preto, mas pareceu... Grande demais.

Jeremy bufou.

— Oh, não você também! – Os olhos dele ficaram zombeteiros – Taylor tentou me vender essa na semana passada.

— Você não vai ver ursos assim tão perto da reserva. – Allen disse dando de ombros. Ele não parecia tão interessado na discussão.

— Sério. – Erica disse com uma voz baixa, olhando para a mesa. – Nós vimos mesmo.

— Espera, eu trabalhei na loja da minha família ontem e houve um cara que disse que viu um enorme urso preto bem perto da trilha e que era maior que um pardo. –  Mike interviu. Ergui as sobrancelhas pela forma convicta com a qual ele pareceu defendê-la.

Eu estava perdendo algo?

— Bobagem. – Jéssica se virou, com os ombros rígidos, e mudou de assunto.

 

— Charlie ligou, ele disse que você já estava vindo – Riley explicou com um sorriso leve enquanto me puxava para dentro da minúscula oficina. A chuva gelada pingava em suas bochechas fazendo com que a fuligem negra escorresse lentamente até seu queixo. A jaqueta jeans surrada fora substituída por um macacão azul marinho do qual a parte superior – que deveria ser a camisa – pendia de forma desleixada por sua cintura. Uma camiseta branca com mangas repuxadas até os cotovelos e as botas de operário eram o conjunto que formavam o conjunto da obra da garota-Biers-em-sua-forma-mais-pura.

— Meu pai é um intrometido. – fiz uma careta engraçada. Agarrei uma fatia da pizza que jazia em cima de uma das muitas caixas de ferramentas e dei uma bela mordida, sem me importar que estivesse quase gelada.

Riley respondeu com um risinho satisfeito enquanto se abaixava para voltar a trabalhar em uma Harley Sprint vermelha brilhante que estava parada no centro do local. Despreocupada e estúpida. Aquelas eram as palavras favoritas de Charlie ao se referir à motocicletas. O trabalho de Charlie não oferecia muita ação comparado aos oficiais de cidades maiores, mas ele era chamado em acidentes de trânsito. Ele me fez prometer antes que eu tivesse dez anos que eu nunca aceitaria uma carona numa moto – é claro que eu também aceitei um pequeno suborno de vinte dólares.

Mas mesmo com essa idade, eu não precisei pensar duas vezes antes de prometer. Quem ia querer andar de moto em Forks? Seria como um banho a sessenta quilômetros por hora.

Riley permanecia concentrada enquanto girava e encaixava sabe se lá o quê no que eu acreditava ser o motor daquela coisa. Não pude deixar de notar a forma habilidosa com a qual suas mãos trabalhavam, de forma rápida, como se ela realmente tivesse feito aquilo durante toda a vida.

— Não seja tão rude, o seu velho é legal.

Revirei os olhos, mas ela não pôde ver.

— Você só fala isso por que é a nova favorita dele. Não iria ficar surpresa se eu chegasse em casa algum dia e você tivesse se mudado pra lá.

Ela jogou a cabeça pra trás enquanto gargalhava e o som ecoou acima do barulho da chuva que caía lá fora. Levantando-se, limpou as mãos na calça do macacão e sentou ao meu lado para comer a última fatia da pizza gelada.

Apenas ficamos em silêncio, por incontáveis minutos, até a luz do sol ir embora.

Eu cheguei em casa mais tarde do que esperava e descobri que Charlie preferiu pedir uma pizza do que me esperar. Ele não permitiu que eu me desculpasse. 

— Eu não me importo – ele me garantiu. – De qualquer forma, você merecia uma folga da cozinha.

Eu sabia que ele só estava aliviado porque eu estava agindo como uma pessoa normal, e ele não queria afundar meu barco. Eu chequei meu e-mail antes de começar a fazer o dever de casa, e havia um bem longo de Renée. Ela tagarelava sobre cada detalhe do que eu tinha escrito da última vez pra ela – que incluía Riley Biers, os jogos do time de futebol da escola e como Charlie quase explodiu nosso micro-ondas –, então eu escrevi de volta outra exaustiva descrição do meu dia.

A escola na terça teve seus altos e baixos. Angela havia contraído a mesma doença de Ben, e parecia estar realmente mal. Jeremy ainda estava resistente e debochado sobre qualquer assunto relacionado aos ursos que pareciam rondas a cidade. Riley estava animada por finalmente ter finalizado o conserto da moto vermelha que renderia uns bons dólares... Apesar, ela confessou, de ter ficado algum tempo sem fazer os deveres e agora possuía uma pilha assustadora de matéria acumulada.

O que não era um problema tão grande, afinal.

Na noite seguinte, Charlie não pareceu nem um pouco surpreso de ver nós duas espalhadas na sala de estar com nossos livros espalhados ao nosso redor.

— Ei, crianças – ele disse, seus olhos se esticando para a cozinha.

O cheiro da lasanha que eu passei a tarde fazendo — enquanto Riley observava e ocasionalmente experimentava – espalhava-se pela sala; eu estava sendo boazinha, tentando me redimir de toda a pizza. Riley ficou para o jantar, onde um Charlie extremamente atencioso não deixava de sorrir discretamente enquanto tagarelava sobre eu ser uma boa cozinheira.

Na sexta, ficamos na oficina novamente e no sábado mais dever de casa.

Charlie já sentia-se seguro o suficiente da minha sanidade pra ir pescar. Quando ele voltou, nós já havíamos terminado – e Riley estava sentindo-se muito madura por isso.

Naquela noite, o pesadelo mudou. Eu vaguei num mar de grama que se intercalava com enormes árvores de cicuta. Não havia nada mais lá, e eu estava perdida, e vagava à toa e sozinha, procurando por nada. Eu queria poder me chutar por aquela estúpida viagem na semana passada. Expulsei o sonho da minha mente consciente, esperando que ele ficasse preso em algum lugar e não escapasse de novo.

No domingo pela manhã, recebi um SMS de Riley. Uma hora depois, eu estava dirigindo para o sul da cidade. A estrada de terra passava por dentro e por fora da floresta – às vezes não havia nada além de árvores, e então haviam vistas de tirar o fôlego do oceano pacífico, alcançando o horizonte, cinza escuro por baixo das nuvens. Nós estávamos acima da costa, no topo dos penhascos que cercavam a praia aqui, e a vista parecia durar pra sempre. Eu estava dirigindo devagar, pra que assim eu pudesse olhar com segurança de vez em quando para o oceano, enquanto a estrada se aproximava dos penhascos do mar. Riley estava falando em terminar o conserto de uma caminhonete, mas as descrições dela estavam ficando técnicas, então eu não estava prestando um pingo de atenção.

Foi aí que eu vi quatro figuras na encosta de pedra, muito perto de precipício. Eu não podia dizer pela distância a idade deles, mas apesar do frio que estava fazendo hoje, todos pareciam estar usando apenas roupas curtas.

Enquanto eu observava a pessoa mais alta se aproximou do abismo.

Eu diminuí automaticamente, meu pé hesitante no pedal do freio. E então ela se atirou do precipício.

— Não! – eu gritei, pisando com tudo no freio.

— Qual é o problema? – Riley gritou de volta, alarmada enquanto espalmava as mãos no painel do carro.

— Uma pessoa pulou do penhasco! Porque eles não a pararam? Nós temos que chamar uma ambulância! – Eu abri minha porta e comecei a sair do carro, e isso não fazia o mínimo sentido. O jeito mais rápido de encontrar um telefone seria voltar dirigindo para a minha casa. Mas eu não conseguia acreditar no que eu havia acabado de ver. Talvez, subconscientemente, eu esperava que eu visse alguma coisa diferente sem o para-brisas no meu caminho.

Riley sorriu, e eu me virei pra ela de forma selvagem. Como era que ela podia ser tão cruel, tão sangue frio?

— Eles só estão praticando mergulho no penhasco, Bella. Recreação. –  Ela estava zombando, mas havia uma estranha nota de irritação em sua voz.

Mergulhando no penhasco? – eu repeti, confusa. Eu olhei sem acreditar enquanto uma segunda figura se aproximou da beira, pausou, e então muito graciosamente se atirou no espaço. Ela ficou caindo pelo que pareceu uma eternidade pra mim, finalmente caindo vagarosamente nas ondas cinza escuras abaixo.

— Uau. É tão alto. – eu sussurrei ainda olhando com os olhos esbugalhados para os outros dois restantes. – Devem ser mais de cem metros.

— Bem, é, a maioria das pessoas pula de um lugar mais baixo, aquela outra pedra ali junto no meio. – o lugar  que ela apontou parecia ser muito mais razoável – Aquelas garotas são insanas. Elas provavelmente querem mostrar o quanto são duronas. Quer dizer, fala sério, hoje está congelando. Aquela água não pode estar boa. – ela fez uma cara enfadada, como se aquela demonstração a ofendesse pessoalmente. Eu tinha pensado que Riley era o tipo de pessoa que era quase impossível de aborrecer.

Você pula do penhasco?

— Claro que não. – Ela levantou os ombros e riu. – Isso é adrenalina demais pra mim, mas eu conheço um pessoal em La Push. Samantha Uley é meio que minha parente.

Eu a encarei por um segundo, mas ela abanou com a mão deixando o assunto pra lá. Olhei de volta para os penhascos, onde a terceira figura estava se aproximando da beira. Eu nunca tinha presenciado uma coisa tão descuidada em toda a minha vida.

— Quem são essas pessoas?

Observei, estremecendo, enquanto a terceira figura fazia uma corrida de preparação e se atirava no ar num espaço ainda mais vazio que os outros dois. Ela se torcia e rodopiava no espaço enquanto caia como se estivesse pulando para quedas.

— É só a Samantha e seus seguidores. –  Falou com certo desprezo – Ela meio que se acha a policial da reserva ou algo do tipo. 

— Pra mim soa como uma gangue.

Ela deu de ombros enquanto voltávamos ao carro. As portas bateram com um baque surdo.

— Elas são umas babacas cheias de nossa terra e orgulho da tribo... Se quer saber, é ridículo. – Ela balançou a cabeça, o rosto cheio de ressentimento – Se chamam de 'protetores' ou alguma coisa assim.

As mãos de Riley estavam cerradas nos punhos, como se ela estivesse pronta pra bater em alguma coisa. Eu nunca tinha visto esse outro lado dela.

— Você não gosta muito delas.

— Dá pra notar? – ela perguntou sarcasticamente.

— Bom... Não parece que estão fazendo nada de errado. – Eu tentei amaciá-la, pra deixá-la alegre de novo – Só um bando de chatos bonzinhos demais pra ser uma gangue.

— É. Chatas é uma boa palavra. Elas sempre estão se mostrando, como a coisa do penhasco. Elas agem como... Como, eu não sei. Eu estava numa loja de peças uma vez, repondo o estoque da oficina no semestre passado e Samantha veio até mim e começou com toda aquela baboseira querendo que eu frequentasse mais a reserva. Sabe, o meu pai era primo dela. – encarei-a de forma curiosa. – Por isso, ela acha que tem o direito de vir até mim e tentar me obrigar a conviver com aquele lado da família. Honrar suas raízes uma ova!

— Isso não é nada legal. – eu disse.

— É. Ela tinha que ter ido para a faculdade, mas ficou e ninguém implicou com ela também. Aqueles velhos do concelho criticaram quando o meu pai largou uma bolsa parcial e se casou. Mas, oh não, a maldita Samantha Uley não faz nada de errado.

O rosto dela possuía linhas não familiares de ultraje e outra coisa que eu não reconheci no começo.

De repente ela estava calma, olhando pra fora pela janela.

— Se quer saber, eu sei que não deveria me ressentir tanto, mas... O jeito que ela me trata é assustador às vezes. Ela me olha como se estivesse esperando alguma coisa... Como se algum dia eu fosse me juntar à estúpida gangue dela. Eu odeio isso.

— Você não tem que se juntar a nada. – minha voz estava enraivecida.

Isso realmente estava aborrecendo Riley, e isso me enfurecia. Quem essa babaca achava que era?

— É.– ela finalizou, os olhos voltando a encarar o penhasco.

Eu a olhei, mordendo meu lábio ansiosamente. Ela parecia realmente assustada, mas ela não olhou pra mim. Não me contive e joguei meus braços ao redor dela instintivamente, envolvendo-as na sua cintura e colocando meu rosto no seu peito.

— Oh, Ry, vai ficar tudo bem! – eu prometi – Se isso piorar, nós podemos falar com o Charlie pra que ele dê uma dura na maldita Uley. Não fique assustada, nós vamos pensar em alguma coisa!

Ela ficou congelada por um segundo, e então envolveu seus longos braços hesitantemente ao meu redor.

— Obrigado, Bella.

A voz dela estava mais rouca do que o normal.

Nós ficamos daquele jeito por um momento, e isso não me incomodou; na verdade, eu me sentia confortável com o contato. Isso não parecia nem um pouco com a última vez que eu havia sido abraçada por alguém.

Isso era amizade. E Riley era quentinha.

Era estranho pra mim, ficar perto assim – mais emocionalmente que fisicamente, apesar de o físico ser estranho pra mim também – de outro ser humano. Não era o meu estilo normal. Eu geralmente não me relacionava com as pessoas tão facilmente, num nível tão básico.

Não com seres humanos.

— Se é assim que você vai reagir, eu vou enlouquecer mais vezes. – a voz dela estava leve, normal de novo, e o sorriso dela estrondou nos meus ouvidos. Os dedos dela tocaram meus cabelos, leves e tentadores.

Bem, era amizade pra mim.


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Notas finais do capítulo

TT: @eldiablexx



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