Unguarded, In Silence — Reimagined New Moon escrita por Azrael Araújo


Capítulo 10
Eight


Notas iniciais do capítulo

cês pensaram que eu não ia voltar né? ahsuhaushua



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“Deve ser amor, ou isso não doeria tanto. E eu não pensaria demais e eu poderia simplesmente desistir de você. Deve ser amor.”

 

Os olhos escuros de Edythe estavam fechados enquanto ela permitia-se apenas sentir as sensações que o corpo quente colado ao seu lado lhe proporcionava. Seus sentidos extremamente aguçados estavam impregnados com a presença da outra garota.

Sua audição captava tudo que vinha do corpo de Bella Swan — as batidas aceleradas de seu coração, a respiração levemente alterada, a voz doce sussurrando-lhe palavras de afeto, a risada quase infantil que a vampira jurava ser o som mais importante de sua existência. Seu tato ocupava-se em apreciar aquele corpo que deixava a ruiva completamente sem controle; acariciava a pele quente e macia, sentindo-a arrepiar — tinha consciência que Bella não se sentia fisicamente da mesma forma, o frio poderia ser incômodo, a pele poderia machuca-la. Edythe podia sentir como cada poro do corpo da morena era estimulado por seu toque, tornando a pele arrepiada de frio, prazer, expectativa, talvez até ansiedade. Seu olfato deliciava-se com o cheiro da garota de olhos azuis; mesmo que causasse certa ardência em sua garganta, era como se a ruiva estivesse esbanjando-se em seu entorpecente favorita, porque, oh Deus, isso era exatamente o que sua garota era: sua cocaína favorita. Estava completamente viciada em Isabella, sempre buscando um pouco mais de qualquer migalha que ela pudesse lhe oferecer — mais um beijo, mais um abraço, mais uma pequena morte, apenas mais um olhar que transbordava amor e desejo.

Seu último sentido, o paladar, parecia entrar em um estado de choque sempre que era agraciado com o sabor de seu amor.

Edythe perdia-se completamente, totalmente, era puxada da realidade sempre que Bella proporcionava-lhe aquelas sensações.

Era impossível, sabia que era, mas acreditava que seu corpo descongelava-se quando ela e a morena encontravam-se em momentos assim. O corpo gelado detinha em si novamente tudo que fora perdido quando o veneno de Carine havia puxado-a para esta nova vida — principalmente aquele coração morto, lívido, apático, que parecia quase romper seu peito. Não batia, nunca voltaria a bater, apenas explodia em amor, adoração e veneração por aquela garota... Por aquela mulher.

Maldição, como podia amá-la tanto assim?

A risada de Bella rompeu a bolha na qual a ruiva se encontrava, trazendo de volta aquela pequena parte de sua mente que divagava sobre tudo o que sentia, tudo o que queria sentir.

Selou seus lábios mais uma vez e sentiu-se ser empurrada por Bella, tirando a ruiva de cima de si.

— Edy... Sua família está lá embaixo.

— E nós duas estamos aqui em cima e não estamos fazendo nada demais. — sua voz ofegante sussurrou em resposta.

— Acho que ouvi um “infelizmente” implícito na sua fala. — Bella revirou os olhos, desferindo leves tapinhas nas mãos da namorada que tentava agarrá-la novamente.

A humana precisava de um minuto para respirar.

Edythe não respondeu, mas sossegou ao deitar ao lado de Bella na grande cama — as duas ainda tentando normalizar suas respirações.

Depois de um minuto inteiro de silêncio, Bella rolou de lado apenas para sentar-se sob o corpo da ruiva, amava estar daquela maneira, e apoiou as mãos nos ombros de mármore da namorada.

Trocaram dois beijos, três, antes que a morena mudasse a direção de seus lábios, pousando-os na ponta do nariz pálido da vampira. Logo após, sob as bochechas, o queixo perfeitamente desenhado, a testa coberta por fios tão ruivos e desalinhados...

Estava venerando-a, Edythe afirmou para si mesma.

Firmou os dedos em suas coxas cobertas pelo jeans, sentindo seu coração derreter-se completamente. Estava entregue àquela garota, aquela doce, aquela amável e adorável garota. Sempre achara que perdera sua alma no instante em que Carine havia lhe salvado, que o preço pela eternidade é que nunca tocaria o céu, mas, por apenas um segundo, teve a completa certeza de que estivera enganada durante todo esse tempo. Ela tinha uma alma, só não sabia onde procura-la. Bella encontrou sua alma, suja e despedaçada, e deu-lhe amor para que se tornasse algo puro como a própria humana era.

Ela não precisava tocar o céu, não mesmo, pois tinha um pedaço do paraíso ao seu lado.

 

Quando a fraca luz do sol venceu a batalha contra as densas nuvens e iluminou o céu de Forks, eu rolei de lado e cobri o rosto com o cobertor, ignorando os números que piscavam em meu despertador e anunciavam que eu me atrasaria para a aula.

Um suave toque na porta do quarto fez com que eu fechasse os olhos com força, oh droga, estavam vermelhos e provavelmente inchados devido a uma madrugada de lágrimas silenciosas.

— Querida, você está doente? — A voz de Charlie soou preocupada enquanto ele entrava no quarto de forma hesitante.

Permaneci em silêncio, pouco me importando se ele me visse encolhida como uma criança assustada. Deixei a apatia, não a dor, dominar-me desde a madrugada — fora pega de surpresa, invadida por lembranças maravilhosas, mas que eu não permitia e não me preparara para receber de volta.

— Bem... — Meu pai começou após um longo minuto de silêncio. Mesmo de olhos fechados, sabia que ele havia encontrado, que havia recolhido do chão ao lado da cama o álbum de fotos que largara lá como se estivesse queimado minhas mãos. — Acho que já entendi agora.

Com um suspiro, Charlie sentou-se às minhas costas, o colchão afundando com seu peso.

— Lembra-se da conversa que tivemos meses atrás?

Bufo.

— Sim, pai. Eu devo aprender a amar o que é bom pra mim. — respondi, sentindo as palavras rasparem minha garganta. Possivelmente minha voz soou rude e uma pequena parte de mim sentiu-se mal por isso, estive propensa a pedir que me desculpasse.

Ao invés disso, puxei o cobertor do rosto e virei-me para encarar os olhos angustiados de meu pai.

— Eu estive pensando, sabe, sobre você e Riley Biers.

Gemi em reprovação ao ouvir aquele nome. Eu já tinha problemas o suficiente com uma garota — que não era mais a minha garota —, com certeza não precisava pensar na garota Riley nesse momento e me sentir ainda pior.

— Pai, eu realmente não quero falar sobre isso agora.

Charlie riu, corando levemente.

— Então não quer conversar com seu velho sobre as suas garotas?

Eu cobri o rosto entre as mãos, corando violentamente.

— Pai!

O homem riu e senti o peso de seu corpo abandonar o colchão. Eu continuei deitada com o rosto escondido pelo travesseiro, imaginando se ele havia deixado o quarto, mas, após um longo momento de silêncio, sua voz assumiu um tom sério.

— Você merece ser amada, Bella. Sabe disso, certo? — ele não parecia querer uma resposta, e eu pude ouvir apenas o som de seus pesados passos afastando-se pelo corredor.

— Talvez eu não queira ser amada.

Suspirei, encarando o álbum que Charlie deixara ao meu lado.

Levantei da cama, sentindo cada músculo do meu corpo protestar. Seria maravilhoso me afundar entre esses lençóis durante todo o dia e deixar que a fossa total e completa me dominasse... Mas é claro que eu me sentiria culpada por matar aula.

Assenti para mim mesma enquanto pisava no chão gelado, prendendo o cabelo em um coque. Um longo banho gelado era o que eu precisava, É isto.

— Você parece uma ninfeta stripper com essa coisa, mas até que é legal.

Uma voz irrompeu o silêncio que ecoava pelas paredes da casa. Virei-me assustada à procura do dono da voz, que pisava calmamente nos últimos degraus da escada.

Eleanor.

O longo cabelo estava impecável como sempre, jogado sobre os ombros de forma charmosa, brilhando.

— O que você... Por que... Como eu...?

Praguejei por não conseguir concluir meus pensamentos.

A vampira ainda me encarava divertida, o sorriso de covinhas nunca abandonando seus lábios, os olhos dourados brincalhões como sempre.

Era estupidez, eu tinha consciência, mas não pude evitar correr os olhos por toda a sua imagem a procura de mudanças inexistentes. Ela era diferente, mas era tão igual à Edythe...

— Você, sabe, ta meio roxa...

Ela deu dois passos em direção a mim, a medida em que eu me afastei exatos dois passos.

— O que faz aqui?

O sorriso desapareceu cedendo lugar a uma expressão adoravelmente confusa. Era como um anjo, a imagem da ingenuidade. Eu deveria estar acostumada com isso, mas nunca soube lidar exatamente com os efeitos que eles causavam em um simples humano.

Droga.

— Sente-se bem? Bellinha...

— Não me chame assim... — sussurrei.

Ela ainda exibia uma expressão confusa, mas manteve-se perto da escada. Evitei encarar seus olhos dourados temendo que se o fizesse, o poder contido neles me deixasse fraca, com menos raciocínio do que eu já estava no momento.

O silêncio permaneceu por longos segundos enquanto nós nos encontrávamos confusas demais para pronunciar qualquer palavra. Com um estalo, lembrei-me que usava nada mais do que um moletom extremamente curto que mal cobria a minha bunda completamente; corando, encarei a vampira novamente.

— Eu preciso... — indiquei o banheiro — Coisas humanas.

Eleanor assentiu e, por um segundo, pareceu constrangida — coisa rara de acontecer, já que ela sempre fora do tipo que não tem pudores. Silenciosamente eu entrei no banheiro, fechando a porta com força para me despir. Minha mente parecia meio entorpecida com aquele novo fato, o que resultou em um banho rápido e mecânico. Ao me encarar no espelho enquanto secava o cabelo, finalmente tive a certeza de que eu não estava sonhando ou alucinando e que aquilo realmente estava acontecendo. Após meses e meses de vazio e silêncio, uma parte do meu coração parecia prestes a voltar à vida novamente.

Não é pra tanto, lembrei a mim mesma. Era só Eleanor. Não é como se Edythe estivesse de volta, beijando-me debaixo de um maldito visgo e propondo casamento.

Era apenas Eleanor.

Mas também era o mais perto de Edythe que eu havia chegado em tanto tempo...

Depois de colocar um jeans e um moletom qualquer, respirei fundo indo de encontro a vampira que estava sentada de forma rígida em frente à TV — desligada. Ficou de pé quando me aproximei, agora mais calma e com um cheiro humanamente agradável.

— Não quis assustá-la, desculpe. — deu de ombros — Tentarei a campainha da próxima vez.

Ergui as sobrancelhas; próxima vez?

— Porque veio até aqui?

Eleanor suspirou.

Parecia hesitante, nunca fixando o olhar em mim por muito tempo. A repentina onda de angústia me dominou, seguida de imagens onde uma Edythe ferida e machucada preenchiam minha mente. E se ela, de alguma forma, estivesse machucada? Ou pior?

— Calma, Bellinha. Edy não está ferida, nem morta, apenas respire!

As mãos de Eleanor de repente estavam em meu rosto, como se checasse minha temperatura. Eu não percebera em que momento havia verbalizado meus pensamentos, minha óbvia e patética preocupação com a garota que eu amava — apesar dela ser basicamente indestrutível.

Eleanor continuou repetindo seus pedidos para que eu me acalmasse e foi o que tentei fazer, com a mão sob o peito para sentir meus batimentos acelerados.

— A ruiva tem razão quando diz que você é mesmo capaz de nos causar um ataque do miocárdio catastrófico.

Encarei-a com a minha melhor expressão de “que diabos você está falando?”, mas ela apenas deu de ombros e se afastou.

— Ouça, não me entenda mal... — comecei — Mas se não é nada com Edythe, não entendo porque veio até aqui.

— Você parece meio ressentida. — falou com graça.

Inflei as narinas, meu humor indo por água abaixo.

— Vocês foram embora sem sequer se despedir. O fato de que a sua irmã terminou comigo e se mandou já foi ruim o suficiente, mas vocês simplesmente a seguiram sem contestar. É, perdoe-me por achar isso uma grande filha da putagem.

A vampira soltou uma risada constrangida.

— Eu só deveria deixar as fotos, mas quis falar com você... Sinto sua falta. — confessou com os olhos de criança esbanjando sinceridade.

— Foi você que... Você trouxe aquela coisa?

— Você não gostou? — o sorriso em seu rosto foi rapidamente substituído por uma expressão que fez meu peito apertar-se, um misto de preocupação e decepção. Aquele olhar provavelmente seria capaz de partir milhares de corações.

— Ér... Eu...

Encontrei-me envergonhada de repente. Diabos, porque Eleanor tinha que ser tão adorável?

Desviei o olhar afastando-me. Recostei meu corpo na parte de trás do encosto do sofá, precisava de algum tipo de apoio — físico e emocional. Eleanor, movendo-se com extrema lentidão pôs-se ao meu lado e cruzou os braços musculosos sob o peito exatamente como eu.

— Como ela está? — sussurrei.

A vampira bufou.

— Sinceramente? Edythe é minha irmã há décadas, a irmã mais velha que eu nunca tive apesar de, tecnicamente, ela ser mais nova do que eu. Em todo esse tempo, eu nunca vi a nossa família destruída como agora.

Eleanor possuía a voz baixa e sem transparecer qualquer emoção, mas seus olhos transbordavam angústia.

— Você deixou um belo estrago, garota.

Eu ri, sem humor.

— Não posso dizer que estou cem por cento, mas... É como se eu estivesse me acostumando, sabe? A dor, a saudade. É como se estivessem abafadas.

Tão rápido quanto possível para um ser imortal, Eleanor puxou-me para me prender em um abraço apertado. Minha pele protestou pelo contato com o gelo de seu corpo de mármore, mas eu não me importei — sentira saudades de todos eles de uma forma que não poderia explicar.

— Eu coloquei a caixa em seu quarto. — respondeu à minha pergunta anterior.

— Urgh. Se eu pudesse, estaria vomitando agora.

A voz grave explodiu no silêncio. Eu pulei dos braços de Eleanor que permaneceu imóvel, e olhei ao redor. Ainda com o coração disparado flagrei o par de olhos negros como ônix encarando-me com o mais puro escárnio.

— Royal, pedi para me esperar no carro.

— Eu apenas cansei de ouvir todo esse melodrama, bear.

O vampiro aparentava tédio. Todo o meu corpo se retesou em busca de autopreservação quando ele me encarou novamente — não era novidade pra mim que Royal não me suportava, mas ver toda a sua repulsa tão de perto, cara a cara, fazia com que todos os meus pelos se eriçassem.

Agora eu entendia o motivo de Edythe sempre fazer questão de nos manter afastados.

Era assustador.

— Só um minuto, Roy.

O vampiro revirou os olhos negros, cercando-nos com passadas lentas e aparentemente despreocupadas.

— Apenas conte a ela, El.

Pisquei, encarando Eleanor.

— Contar o quê?

— Contar que Edythe finalmente abriu os olhos. — Royal citou, aproximando-se devagar — Está com alguém como ela, alguém como nós.

Eleanor moveu os lábios em palavras baixas demais para que eu pudesse compreender, mas o que quer que tenha dito, fez com que Royal se calasse.

Recuei em afastamento ao abraço de Eleanor que me encarava de forma estranha.

Deixei meu olhar cair para o chão embaixo dos meus pés cobertos apenas pelas meias brancas, franzindo a testa com força como se aquilo pudesse me ajudar a assimilar a nova informação.

Edythe...

Edythe estava com...

Uma vampira?

— Sim. — a voz do vampiro confirmou. Outra vez eu não percebera em que momento meus pensamentos foram verbalizados e isso era irritante, mas eu não poderia me importar menos no momento.

Eu só conseguia focar minha atenção em Royal e sua maldita expressão vitoriosa, sorrindo para mim em satisfação enquanto aquelas palavras pareciam girar em um loop perfeito e infinito em minha mente.


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Notas finais do capítulo

postei uma one nova, do universo de Heaven ~> https://fanfiction.com.br/historia/768590/Never_Be_The_Same/

qualquer coisa, tô sempre no twitter: @el.diablexx

prometo não demorar tanto ♥



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