Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 75
HAZEL - Descanso merecido


Notas iniciais do capítulo

desculpe, perdi um pouco o ritmo por causa de um monte de coisas acontecendo. mas estou de volta o/



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HAZEL

A gente continuava a fugir de Teotihuacan. Minha cabeça estava pesada e sacodia de leve a cada passo que Sam dava. Por um breve segundo lembrei de Arion e me perguntei onde ele estaria agora. Com o sol se pondo, ficava cada vez mais difícil ver no céu a sombra da serpente com asas, Kukulcan, que ia em direção à Teotihuacan. Ou torcíamos para que estivesse ido em direção à Teotihuacan e não em nossa direção.

— Falta muito? - perguntei.

— Não. - respondeu Rosa olhando preocupado para trás - Mas temos que ser rápidos. Kukulcan não pode descobrir onde fica a Base Del Quinto Sol. Ao menos ele está indo para Teotihuacan e não notou a gente fugindo pelo o que parece.

Eu não sabia o que as poucas pessoas que ainda estavam nas ruas estavam vendo da nossa fuga. Será que os astecas e maias tem algo parecido com a névoa? Já entendi que os nórdicos tem. Ou será que todos esses termos são nomes diferentes para a mesma coisa?

No meio de nossa fuga desesperada, eu notava o olhar preocupado de Frank para mim enquanto eu concentrava o que me restava de forças em me manter acordada enquanto me segurava em Will que parecia também bem cansado. Além do olhar de Frank, eu notava também o de Nico que parecia preocupado não só com Will, mas comigo também.

No meio de tantas preocupações, alguns de nós já estávamos mais do que ofegantes. Fugir correndo não costumava ser uma coisa muito confortável depois de lutar. Eu, Will, Sadie e Nico podíamos até não estar correndo, mas Percy, Annabeth, Rosa e Alicia estavam ficando ofegantes.

— Gente, temos um problema. - disse Miguel olhando para trás  - Tem um cachorro preto seguindo a gente. E não parece um cachorro de rua qualquer.

Isso pareceu ter servido como um despertador pois Sadie se virou do nada para trás quase derrubando Nico no processo julgando pelo tanto que ele reclamou.

— Não é um cachorro. - respondeu ela suspirando aliviada - Tá tudo bem. É o Anúbis.

Claro que um cachorro… ou chacal… corria bem mais que um bando de ser humano. Ainda mais um daquele tamanho. Assim, não demorou muito para ele alcançar a gente. Até porque Sam e Frank não queriam se distanciar muito do resto do pessoal que estava indo à pé.

— Conseguiu derrotar aquele bicho? - perguntou Percy.

— Só atrasar por enquanto. - falou Anúbis ainda em chacal.

— E Kukulcan? - perguntou Rosa.

— Saí antes que ele chegasse. - respondeu Anúbis - Acho que ele fica para depois.

— Ele não te viu né? Por favor diz que não. - pediu Rosa.

— Não. - disse Anúbis - Ao menos creio que não. Já está ficando escuro, fica mais fácil sair sem ser notado.

Já estávamos conseguir ver a Base Del Quinto Sol na nossa frente. Faltavam apenas alguns metros para chegarmos ao nosso porto seguro que por algum motivo parecia uma agência de turismo como qualquer outra. Foi nesse mesmo momento, que sentíamos a nossa salvação bem pertinho de nós, que um rugido de raiva pareceu tomar conta de toda a cidade. 

Aquela parte da cidade não era o melhor lugar para ver de longe as ruínas de Teotihuacan, mas mesmo assim, quando olhamos na direção que pareceu vir o rugido, deu para ver muito bem a forma de uma serpente que se erguia para o céu deixando suas asas bem abertas. Não precisávamos de muito mais para adivinhar quem tinha soltado aquele rugido raivoso. 

— Espero que ao menos toda essa aventura tenha de fato estragado alguma parte dos planos deles - disse Annabeth - Por mais que a coisa mais relevante do dia tenha sido ver de perto aqueles versos.

— Versos? - perguntei - Dentro da pirâmide.

— Por favor me diz que não é mais uma profecia! - reclamou Nico.

— Não sabemos ainda. - respondeu Annabeth.

Chegando finalmente diante da Base Del Quinto Sol, entramos apressadamente. Aqueles de nós que estavam em formas animais trocaram para suas formas humanas e, depois que estávamos todos dentro, à salvo, Rosa e Miguel trancaram apressadamente as portas.

— Deberíamos haber ido antes. - disse um dos garotos que Miguel havia trago com ele.

— No me gusta esto. - comentou Rosa.

Enquanto nossos novos amigos mexicanos conversavam, alguns de nós já se largaram nos sofás de espera da agência de turismo. Dentre eles, Sam e Frank que com certeza estavam cansados depois de terem carregado a gente até ali.

— Só uns minutinhos. - disse Sam quando sentei do lado de Frank no sofá - É tudo que preciso para continuarmos.

— Você está bem? - perguntou Frank quando segurei a mão dele e abri um pequeno sorriso.

— Eu que queria perguntar isso. - respondi.

— Eles não conseguem entrar aqui não né? - perguntou Percy para Rosa.

— Não. - respondeu Rosa - Graças à proteção de Yacatecutli. Ninguém passa por essa porta sem ele deixar.

— Bom. - concordou Sadie.

— Mas… respondendo a sua pergunta… - disse ignorando as outras conversas e virando-me para Frank enquanto me aconchegava mais no sofá - Estou bem até mas não negaria uma boa noite de sono e uma visita à um médico, curandeiro ou qualquer coisa do tipo. Você?

— O mesmo. - respondeu ele com o rosto ficando rapidinho da cor de um tomate.

— Acho que todos precisamos disso. - falou Rosa.

— Vão vocês direto pra enfermaria. - sugeriu Miguel - Vou falar com Yac e pegar uns quartos para eles dormirem.

— Será que os outros estão bem? - perguntou Sam - Talvez até já tenham chegado.

— Não até a hora que eu saí ao menos. - respondeu Miguel.

— Você sentiria alguma coisa se tivesse acontecido algo com eles né? - perguntou Sadie jogada numa poltrona olhando para Anúbis que sentava no braço da mesma poltrona.

— Estão todos vivos. É o que posso dizer. - respondeu ele.

— Eu também não senti nada. - respondi e olhei para Nico para chegar se ele havia sentido alguma morte e, felizmente, ele negou com a cabeça.

Se os nossos amigos mexicanos acharam estranho ou talvez um pouco mórbido essa pequena habilidade (que também era bem útil), não disseram nada. Surrados, cansados e tudo mais, nos levantamos com muita preguiça de nossos sofás e poltronas e fomos para o elevador… que era uma sala também… para descer até o centro da Base Del Quinto Sol. 

Nico e Sam davam um suporte para Will (embora provavelmente precisassem eles mesmos de suportes também) que aparentemente havia usado demais seus poderes de cura. Percy e Annabeth estavam de mãos dadas sussurrando algo entre si. Eu e Frank ficamos encostados em uma mesa que tinha no sala-elevador para poupar as pernas que imploravam por uma cama. Sadie ficou encostada no ombro de Anúbis quase dormindo ali. Rosa e Alícia ficaram encostadas na mesma mesa que eu e Frank e Miguel e os amigos dele ficaram ao redor do botão escondido do elevador.

Chegamos na entrada que dava logo de cara para os sofás onde poucas horas antes havíamos discutido aquela aventura toda. O deus asteca Yac estava logo lá junto com algumas outras pessoas que não conhecíamos. Miguel foi imediatamente até ele pedir quartos e enfermaria para a gente e, felizmente, o deus asteca do comércio e dos viajantes não negou nenhum dos dois. 

Todos seguimos então para a enfermaria da Base Del Quinto Sol. O caminho consistia em seguirmos mais além da roda de sofás que sentamos quando havíamos chegado. Seguimos por um corredor que se abriu para algo incrível que com certeza seria mais incrível de noite. Os corredores da Base Del Quinto Sol eram levemente curvados formando um círculo. Agora que o corredor havia se aberto para a direita, era possível ver os vários andares de corredores que juntos formavam no centro desocupado um pequeno parque com árvores e bancos que, no momento, seja porque era noite ou porque ali morava bem menos gente do que o tamanho fazia parecer, estava vazio. 

O parapeito de cada andar, feito de pedra, era decorado com padrões retos mas em espirais e com outros detalhes como pássaros e cobras. Algo bem asteca acho. Com certeza queria passear por ali e ver o que mais a Base Del Quinto Sol tinha para oferecer, mas rapidamente chegamos na enfermaria. 

A enfermaria aparentemente tinha o próprio mini elevador, talvez para atender os outros andares da base ou talvez porquê tivesse outras unidades. Não sei dizer. O que eu sei dizer é que lá tinham algumas camas, tudo bem com cara de hospital. Mas os detalhes que se sobressaiam era uma pintura enorme de um deus (acho) de pele meio marrom e roupas verdes, vermelhas e amarelas feita num pedaço de pano pendurado na parede como uma tapeçaria e uma estante com vários líquidos de cores diferentes como se fosse uma sala de poções mágicas.

A enfermaria só estava calma porque os atuais pacientes dela estavam dormindo tranquilamente. Só haviam duas pessoas acordadas. Duas meninas que eram provavelmente às médicas do lugar. Uma delas continuou sentada e a outra, com cara de cansada, foi nos receber. 

Elas conversaram rapidamente em espanhol com Rosa e Miguel e em questão de segundos havíamos sido divididos entre as duas meninas que andavam rapidamente de um lado para o outro pegando algum curativo, remédio ou sei lá. Eu mal conseguia acompanhar o que acontecia comigo mesma, imagina com os outros.

— Hola. Cuál es tu nombre? - perguntou lentamente uma das meninas para mim.

— Ahm… Hazel? - respondi meio insegura da tradução meia boca que rolou na minha cabeça.

— Duele en alguna parte? - perguntou ela pegando o celular e abrindo o Google Tradutor me mostrando em inglês o que tinha acabado de perguntar.

Daquele jeito complicado de ter que usar o tradutor, eu expliquei o que tinha acontecido, ela explicava o que ia fazer. Ninguém parecia estar em estado muito urgente então não chamaram mais gente para ajudar as duas meninas. Me pergunto se tinha mais gente para ajudar elas para começo de conversa. Mas, mesmo sem aparentemente ter experiência alguma, Miguel e os amigos dele corriam de um lado para o outro ao menos pegando as coisas que as meninas pediam.

— Elas e mais duas pessoas cuidam daqui. - explicou Miguel quando eu já estava deitada na minha cama pronta para a próxima parte da cura que era simplesmente descansar - Estamos com séria falta de pessoal depois que alguns feridos chegaram aqui antes de vocês chegarem.

— Estamos com falta de pessoal para tudo mesmo sem os deuses… criando uma confusão nas ruínas astecas e maias. - reclamou Rosa - O espaço pode parecer grande, mas não tem tanta gente assim, muito menos treinada.

Miguel era um dos poucos que não estava recebendo nenhum tratamento. Ele ficava ao lado da irmã que já parecia pronta para dormir com os olhos pesados. Outro que não estava recebendo nenhum tratamento era Anúbis que simplesmente estava sentado ao lado de Sadie que já havia caído no sono embaixo do lençol com padrões geométricos astecas que havíamos recebido.

— Eu acho que vou dormir no meu quarto… - disse Rosa se forçando a ficar acordada e levantar da cama - Vai que os outros precisam dessas camas quando chegarem. Ocupamos quase todo esse andar da enfermaria.

Rosa começou então uma discussão com uma das enfermeiras sobre se estaria liberada ou não e eu me virei para Frank que estava na cama ao lado.

— Quando vai compartilhar com a gente tudo o que tinha naquela pirâmide? - perguntei para ele.

— Acho que depois que todo mundo estiver acordado e aqui vamos falar mais disso. - respondeu Frank.

— Temos que voltar logo para Nova Roma. Não podemos deixar tudo nos ombros da Reyna. - falei sentindo meus olhos pesados com o sono batendo agora que a adrenalina tinha descido talvez por completo - Ela tem que voltar para as caçadoras.

— Iremos. Mas por agora descanse… - respondeu Frank com voz baixa para não atrapalhar os demais que começavam a descansar - Todos precisamos. Aconteceu muita coisa hoje.

— Quando saí hoje da cama não achei que fosse virar uma senhorinha idosa. - respondi com um sorriso meio triste - Não foi muito legal.

De fato, não havia sido nada legal. Era desesperador sentir o corpo fraco daquele jeito. Sem falar em toda a dor. Eu estava tendo dificuldade para tirar aquele momento da cabeça agora que estávamos tranquilos aqui, sem ter que correr por nossas vidas.

— Não. - respondeu Nico entrando na conversa - Mas para você deve ter sido pior. Ficou mais velha.

— Foi horrível. - respondi passando a mão ansiosa pelo meu cotovelo como se pudesse sentir as juntas doendo tal como havia sentido naquela hora. Tentando distrair minha mente com outra coisa, me virei para o outro lado, onde uma cama depois, Sadie estava deitada e logo ao lado Anúbis se sentava ao seu lado simplesmente só vendo o tempo passar e se ela dormia bem - Imagino que virar uma múmia tenha sido pior ainda.

Notei quando ele pareceu notar que estava falando com ele e se virou para mim. Era incrível como aparência dele fazia parecer que ele não parecia ter sequer lutado mais do que alguns poucos minutos. 

— Não recomendo para ninguém. - respondeu ele - Sinceramente achei que ia desmontar.

— Isso seria no mínimo… - disse Nico parando para dar um grande bocejo - Meio nojento. Seus ferimentos já sararam todos.

— Já. - respondeu ele dando de ombros.

— Ei… - disse Nico - Porque seu sangue é prateado? Ele é feito de quê?

— O porque eu não sei responder. - disse Anúbis suspirando - Thoth que fica avaliando essas coisas. Ele diz que muito reflete o que os mortais acreditavam quando nascemos. Então provavelmente acreditavam que o nosso sangue era feito de prata e pronto.. nosso sangue é feito de prata.

— Prata, prata mesmo? - perguntou Frank e Anúbis afirmou com a cabeça.

— Não faz o menor sentido biologicamente falando. - comentou levianamente a médica que não havia cuidado de mim e que aparentemente falava inglês, ao contrário da outra.

— O cara é imortal… - respondeu Percy soltando um grande bocejo e sem sequer abrir os olhos ou sair do embrulho que havia feito com o lençol de estampa geométrica - Ter sangue de prata é o menos esquisito.

Como os outros já dormiam ou estavam quase dormindo, não demorou muito para fazermos o mesmo conforme o cansaço foi vencendo a gente e a conversa foi morrendo conforme um a um caímos no sono.

 


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