Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 4
ZIA - Problema em dobro


Notas iniciais do capítulo

mais um capítulo direto do forno! XD



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ZIA

Já fazia uma semana desde que Walt morrera. No meio disso tudo, hoje nos víamos no dia após o Natal mais triste que eu já tinha visto. O deus da morte não tinha voltado desde do dia que aparentemente levou Sadie para dar um adeus para Walt. Eu ainda me culpava por ter estado passando mal naquele dia e por isso não ter ido à escola. Talvez alguma coisa pudesse ser feita. Ou não. Ainda não sabíamos muitos sobre exatamente o que aconteceu naquele dia. Acho que o único que poderia dar melhores explicações seria Anúbis, mas ele não apareceu mais depois daquele dia. Enquanto isso, todos aproveitavam o feriado de Natal para... Não sei... Cada um estava com um humor diferente. Uns aproveitavam para esfriar a cabeça, outros tentavam realmente trazer o espírito do Natal, talvez pra esquecer-se de tudo o que aconteceu.

Graças ao Natal, muitos dos aprendizes foram passar as festas de fim de ano com a família, o que deixou a Casa do Brooklyn ainda mais vazia (e talvez até deprimente). De todos os aprendizes, só os que permaneceram para o Natal foram Sean, Cléo e Julian. Sean é um garoto irlandês que está sendo treinado no caminho de Khonsu, depois de muita indecisão de qual caminho seguiria. Já Cléo, é uma garota doce que nasceu no Rio de Janeiro, é completamente viciada em livros e segue o caminho de Thoth. Julian costuma treinar bastante com Carter já que ambos seguem o caminho de Hórus. Entretanto, eles não se parecem muito.

Eu estava jogada no sofá passando, não sem um suspiro, pelo quarto filme de Natal que tinha na televisão. Realmente não estava no humor para aquele tipo de filme no momento.

— Hey – disse Carter aparecendo do lado do sofá – Achou algo legal para ver?

— Incrível como tem tantos canais e mesmo assim nada que preste. – respondi para meu namorado que abriu um sorriso torto e resolveu sentar-se ao meu lado.

— Talvez esteja sendo um pouco exigente com a coitada da TV. – disse ele. Não sei se poderia dizer que sou exigente com a TV. Mesmo quando ainda morava no Egito, não era algo que eu gostasse de desperdiçar meu tempo assim.

— Talvez. – eu disse suspirando desanimada e deitando a cabeça no ombro de Carter. O que fez corar instantaneamente. Incrível como ele ainda ficava sem graça com coisas do tipo. Mas nada contra, ele até ficava... Erm... Fofo... Quando estava sem graça assim.

Acabamos então por deixar a TV passando “O Estranho Mundo de Jack”. Segundo Cléo me contou uma vez, aparentemente era um filme que passava direto tanto no Natal quanto no Halloween já que ele era um tanto... Multi-feriado. Embora a TV estivesse no filme, nossas atenções não estavam nele, mas um barulho que vinha das escadas nos chamou a atenção. Seguindo o barulho, não demorou muito para que víssemos Sadie correndo puxando Anúbis pelo pulso. Ainda acho incrível como ele nem parece se importar. Se fosse outro deus com certeza Sadie não seria mais nada além do que pó. Agora que ele estava fora do corpo de Walt, eu me sentia desconfortável quando ele estava presente. Pode me chamar de exagerada se quiser, mas não consigo confiar totalmente nele. Apesar disso, tenho que admitir, ele foi quem conseguiu tirar Sadie de dentro do quarto dela. Não que ela estivesse toda feliz, mas, pelo menos tinha voltado a comer.

— Olha só quem eu consegui trazer pra cá! – disse ela triunfante levantando o braço dele como um vencedor de uma luta de box enquanto ele, depois de olhar para ela com um leve sorriso, acenou levemente para mim e Carter como que dando um breve “oi”.

— Hey Anúbis – disse Carter. Eu só fiquei encarando e cruzei os braços. - É... Sem querer entrar em detalhes do tipo de novo... Mas... Walt...

— Ele foi para Sekhet-Aaru se é o que quer saber – respondeu o deus. O que significava que Walt tinha ido para o mais perto da ideia de “paraíso” que a mitologia egípcia tinha. O que também explicava porque Sadie parecia um pouco mais feliz.

Carter sorriu e afirmou com a cabeça enquanto Sadie foi puxando Anúbis e então o empurrando para se sentar no outro o sofá que ficava ao lado do que eu e Carter estávamos.

— Então, consegui trazer ele até aqui – disse Sadie - não foi fácil quando não se tem celular. Você deveria arrumar um celular Anúbis! Porque demorou tanto para vir?

— Não acho que tenha sinal no Duat. – disse ele em tom de desculpas. Realmente, também não acreditava que o submundo egípcio tivesse um sinal muito bom – E... Erm... Estava fazendo umas coisas...

Não sei se Carter sentiu o mesmo, sei que Sadie não, mas achei que tinha algo mais por trás dessas tais “coisas”.  Mas resolvi deixar isso pra lá por enquanto, tínhamos assuntos mais importantes a resolver no momento.

— Bem... Ainda estávamos tentando entender tudo que aconteceu aquele dia e uma ajudinha sua seria muito bem vinda – disse Carter.

— Sadie comentou – respondeu Anúbis soltando um suspiro – De fato, o que aconteceu naquele dia me deixou bem intrigado.

— Quem eram exatamente aqueles que nos atacaram? – começou Sadie - O cara com o nome de baba, o dragão e aquela coisa estranha q... – ela parou, a voz travou ao lembrar-se do monstro responsável por tirar a vida de Walt.

— O cara com o nome de baba – disse Anúbis com um pequeno sorriso parecendo achar o novo apelido do homem em questão um pouco engraçado – é um dos que me deixa mais preocupado. Ele era Zababa. É o deus hitita da guerra.

Todos ficamos obviamente surpresos que aquele cara era um Deus, mas além de surpresa, uma expressão de desconhecimento passou pelo rosto de Sadie.

— Hitita? – perguntou Sadie.

— Os Hititas foram um dos inimigos favoritos do Antigo Egito – explicou Carter – Foi entre esses dois que ocorreu a Batalha de Kadesh. Batalha que deu origem ao primeiro Tratado de Paz que se tem registro na história e a primeira batalha na história registrada para a qual são conhecidos detalhes de táticas e formações.

— Nerd – disse Sadie.

— Sério? É só até aí que vocês sabem hoje em dia? – perguntou Anúbis um tanto surpreso.

— Bem... Até onde eu sei, é... – disse Carter meio desconfortável.

— Você lembra quantos anos você tinha nessa tal batalha? – perguntou Sadie olhando para o namorado.

— Não exatamente – disse Anúbis suspirando e com cara de concentração como se estivesse contando os séculos – Certeza que já tinha mais de mil. Talvez quase 1900. Não sei direito.

— Velhote – disse Sadie rindo. O que fez ele revirar os olhos.

— Enfim, - continuou Anúbis – acho que hoje em dia eles são mais ou menos os turcos e os sírios.

— Então... Pelo que me contaram do dia. Esse Zababa é hitita, o monstro que Ninazu tirou e o próprio Ninazu são sumérios. Temos já duas mitologias que não conhecíamos juntas. – eu mesma disse – E o dragão?

— O dragão era Illuyanka. – respondeu Anúbis - Hitita também. É na verdade um dragão muito poderoso que já lutou e quase matou um deus hitita. Ele também é bem preocupante por ser tão poderoso.

— Enquanto isso, você parece ter pulverizado o tal Zababa até facilmente. Ou mais ou menos isso. – disse Carter.

— O poder de um deus é muito influenciado por o tanto que ele é conhecido no mundo. – explicou Anúbis – Não exatamente adorado, apenas conhecido. Os deuses hititas são um tanto esquecidos pelo mundo.

— Então, se fosse num mano-a-mano, você como você, não se hospedam em alguém, contra o Zababa, você ganharia? – perguntou Sadie e Anúbis afirmou meio incerto com a cabeça.

— Bem... Não posso dizer com toda certeza. Mas é fato que o nome “Anúbis” é bem mais conhecido do que “Zababa” embora eu não tenha mais nenhum fiel sério – disse Anúbis dando de ombros – mas Zababa é muito ligado para o combate em luta, espadas, socos e coisas do tipo. Eu não sou muito do tipo guerreiro. Acho que se pode dizer que se fossem aqueles jogos de computador, eu seria mais do tipo mago.

— Um Necromancer talvez? – sugeriu Carter e Anúbis afirmou com a cabeça.

— Deixando esse papo de vídeo game de lado, - eu disse. Porque sério, não estava aguentando, deveríamos ir para o foco principal da conversa – o que esses três poderiam estar tramando?

— Aí é que tudo fica mais estranho – disse Anúbis – não é nada normal seres de mitologias diferentes se juntarem para lutarem contra outra mitologia.

— Mesmo dentre deuses e monstros tem as panelinhas como na escola? – perguntou Sadie.

— Mais ou menos isso. – disse Anúbis – Por isso a situação me deixa preocupado. Tentei investigar pelo submundo alguma informação a mais, mas realmente não achei muita coisa além de que outros compartilham a estranha sensação de que algo não está certo.

Todos levamos um tempo para digerir aquela informação. Posso não ter visto esses três que os atacaram, mas, levando em conta o que Carter me contou depois que eles voltaram e agora com essa breve conversa com Anúbis, eu não podia deixar de ficar preocupada. Quantos mais monstros os Sumérios e os Hititas poderiam ter e mandar para nos atacar? Quais outras mitologias poderiam se juntar? Porque a essa altura seria estupidez achar que só essas poucas existiam.

— Bem... Acho que podemos tirar umas férias de qualquer investigação e aproveitar o que nos resta de clima natalino não? – perguntou Sadie.

— Você quer comemorar o Natal com tudo isso acontecendo? – perguntei olhando para ela como se estivesse ficado maluca.

— Ora, Anúbis já andou investigando o submundo e não descobriu muita coisa. Não sei de onde poderíamos tirar mais conclusões. – disse Sadie - Na pior das hipóteses ligar para Percy e Annabeth para ver o que eles sabem do lado grego da mitologia?

— Faça isso então! É melhor do que nada. – reclamei levantando-me do sofá.

— Amanhã faço isso – disse Sadie.

— Nada disso. Hoje. – enfatizei. Acho que percebi Carter e Anúbis se entreolhando como se falassem silenciosamente “Você não vai tentar falar com sua namorada?”, “Eu não. Vai você cara”.

— Se quiser tanto assim falar com ela, ligue você – disse Sadie agarrando o braço de Anúbis e o puxando do sofá – Ah é! Sou eu quem tem o número dela. Nem o nerdizinho aí salvou o número dos dois.

E com essas palavras, ela se virou e foi com Anúbis para o quarto dela. Olhei-a com raiva e não me orgulho disso ou do tom de voz que usei. Visto que nada mais podia fazer, me joguei no sofá de braços cruzados para voltar ao filme enquanto Carter me olhava se perguntando o que seria seguro dizer ou fazer sem me deixar mais irritada. Não queria seguir o conselho de Sadie e tentar aproveitar o que restava de clima natalino. Uma sensação estranha se remoía no meu estômago desde que eu acordara. Não era uma sensação boa. Era uma sensação de que algo ia dar errado. Mas apesar de tudo, eu torcia para que o tal espírito natalino que Sadie falava fosse capaz de provar que meu estômago estava errado e que na verdade eu só tinha comido chocolate demais.


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Notas finais do capítulo

bem, até a proxima! não deixem de deixar sugestões de quem, o que ou sei lá vocês querem que apareça ou aconteça na fic que ai quem sabe eu consiga encaixar na históra? XD