Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 153
LEO - Melhor do que nada


Notas iniciais do capítulo

oláaaa.
olha o cap novo saindo.
desculpa se tiver alguma incosistência de texto, admito q escrevi e revisei morrendo de sono pq amanhã eu viajo então queria deixar vcs com o cap prontinho e não ter q esperar até eu voltar de viagem.
aproveitem

no momento, estão nas AMÉRICAS os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Kayla, Grover, Percy, Piper,
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter, Rachel e Zia
— Peru: Leo, Calipso,Magnus, Jacques, Alex, Festus, André (Brasileiro que tava na Nigéria e não sabe jogar futebol), Meg e Apolo
no momento, estão na AFRICA, os grupinhos:
— Nigéria : Olujime
no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— Indo para a Itália: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse, Reyna, Ciara
— Indo para Inglaterra: Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Mallory
— França : Sam, Anúbis, Sadie, Will, Nico
— Alemanha: Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo esganar)




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LEO

Claro que ficar como sendo parte de um churrasquinho para esse tal de Pishtaco não estava no meu top 5 coisas favoritas, mas ao menos era melhor eu do que Calipso. Enquanto eu fingia não ser tão à prova de fogo, eu ficava pensando num jeito de contornar a situação. 

Eu estava lá rodando, num galho flutuando, que rolava tentando inutilmente me fazer de churrasquinho, e pra completar o cenário apocalíptico, o céu estava escuro. Calipso estava ao lado de Angra, que estava congelada num bloco de gelo. Do outro lado, Cuca, Illapa, Supay e um cara que, pelo o que entendi, era o tal de Pishtaco. Em resumo, era uma combinação horrível e estávamos em menor número, mesmo considerando que conseguiríamos salvar Angra. Claro, eu acho que conseguiria descongelar um bloco enorme de gelo, mas Angra também conseguiria, então não sei se talvez teria algo mais acontecendo ali.

Pra completar, porque não estava ruim o suficiente, ainda tinha vários bichos esquisitissimos e muito feios dormindo ao nosso redor. Tinham corpos de lhamas, mas rostos horrendos de pessoas. Certeza que teria pesadelos depois com eles.

Minha mente tentava bolar o que deveríamos fazer antes que notassem que eu não estava virando churrasquinho como esperavam. Pensando no que eu poderia fazer, pensei na situação do Illapa. O cara tinha ajudado a gente mais cedo, poxa! E agora tava assim… Illapa não parecia estar tão do nosso lado quanto seria ideal. Bem, ele estava conversando muito amigavelmente com a Cuca, mas também ficava dando olhares estranhos para a gente. Como não estava muito afim de apostar minha vida em que lado ele queria ajudar, preferi não contar com ele.

Infelizmente, estávamos indiscutivelmente tarde demais. O pilar de luz roxa brilhava com força saindo daquele amontoado de pedras piramidal que deduzi ser a pirâmide de Caral. E olha, tenho que dizer que a pobre pirâmide não era grande coisa. Era muito fácil confundir ela com um mero amontoado de pedras qualquer. Dava até raiva ter chegado tarde demais pra algo tão sem graça. 

— Uma pena que vocês tentaram tanto… - disse a Cuca dando uma breve risada - Já conseguimos fazer três pirâmides. A sorte está do nosso lado. 

— Não tem mais nenhuma no continente americano. - completou Illapa. 

— Para de falar demais. - disse Cuca, dando um tapa no ombro de Illapa, interrompendo o discurso de vilão.

Comecei a ficar na vontade de apostar que Illapa estava ao menos parcialmente do nosso lado. Ficar falando demais claramente não parecia estar nos gostos da Cuca, assim como, pela cara dele, ele não gostou do tapa que ela deu nele.

Tentando desesperadamente bolar um plano, eu olhei para tudo quanto é lado em busca de alguma esperança. Estávamos em minoria não só em números, mas claramente de poder. Afinal, na melhor das hipóteses Illapa estava do nosso lado e ele nem ousava sair do disfarce para aumentar nosso número e nos ajudar contra Pishtaco e Cuca. Na pior das hipóteses, ele não estava do nosso lado.

Procurando ideias por todo lado, vi um pedaço de cabelo preto com detalhes verdes e rosas se escondendo rapidamente atrás de um aglomerado de pedras. Eu conhecia aquele cabelo colorido. Torcendo para outros cabelos estarem acompanhando aquele cabelo, e um dragão de metal, comecei a bolar meu plano. Assim, decidi usar uma das minhas melhores habilidades, ser irritante. 

— Mas três pirâmides não é nem metade! - gritei, tentando juntar minha habilidade de irritar com a encenação de que estava sendo assado - A gente vai conseguir impedir as outras. 

— Cara, mas vocês são muito burros… - continuei falando, decidindo apostar em Illapa estar do nosso lado.

— Não deem ouvidos para o humano… - disse Supay lentamente.

— Porque exatamente? - questionou a Cuca, mordendo a minha isca e não gostando do que eu disse, mas ainda não estando tão com raiva como eu gostaria. 

— Ué? - perguntei - Acha que eu falaria com tanta facilidade assim? Quando a burrice de vocês está me ajudando?

— Como é? - questionou Pishtaco ficando com raiva e se virando até mim - Muita coragem sua falar essas coisas quando está sendo preparado para virar meu jantar. 

— Não escute ele! - reclamou o Supay, revirando os olhos.

— Ah…. - resmungou a Cuca, parecendo notar algo. 

Com o papiro na mão, ela se aproximou de mim, o que admito que me deixou meio desconfortável, e então me olhou com calma, dos pés até a cabeça, mas eu não deixaria ela pensar direito.

— O que? Também está querendo um pedaço? - perguntei - Sei que sou bem gostoso, mas não dá assim pra todo mundo não pô! Um amigo meu me contou a bem pouquinho, antes de me trazerem pra cá, que você tem uma queda pelo Sobek. Tá tentando fazer o cara te notar fazendo tudo isso? Ele nem deve estar dando bola. 

— Ele vai me notar sim! Mas não é por isso não! Não sou tão superficial! Não preciso de aprovação de macho! - gritou ela, tirando o olhar por um segundo de mim e do fogo, perigosamente perto de notar que eu não estava queimando - E ele pode muito bem estar olhando de longe. 

— Cara… ficar iludida assim não faz bem não, tá? - alertei - O cara não é já casado não? Sei lá. Não sei muito de mitologia egípcia. Só sei que são velhos pra caramba, então já deve ter tido tempo o suficiente para achar uma garota mais interessante com… sei lá… cabeça de lagartixa. Lagartixas são mais fofas. 

— NÃO TEM DEUSA COM CABEÇA DE LAGARTIXA! - esbravejou a Cuca, me molhando de babá de jacaré. 

— Mas ele tem um ponto… Sobek é casado… não é? - perguntou Illapa.

— Não, não. Viúvo. - corrigiu Supay.

— Ele não está queimando! - exclamou Pishtaco repentinamente, apontando para mim - Não era pra um jantar estar tagarelando tanto assim! 

Na hora vi que a Cuca ficou com muito mais raiva de mim. Certamente eu estava agora no top 5 de pessoas que ela odiava mais. Talvez por isso que ela resolveu me derrubar da churrasqueira improvisada com magia me dando um chute poderoso e dolorido no meio da barriga. 

O galho voador que eu estava preso caiu e me levou junto. Eu quase vomitei com o chute e ainda por cima rolei pelo chão. Ouvi Calipso gritando meu nome, mas o chute na barriga tinha doido muito para conseguir responder. 

Mas tentei combater essa dor, pois ser derrubado da churrasqueira era exatamente o que eu queria. Por livre e espontânea vontade, comecei a pegar fogo. As cordas do meu punho começaram a pegar fogo. As lhamas feiosas começaram a gritar "Jar-Jar-Jar", o caos tinha começado.

A Cuca começou a gritar palavras que não entendi para o céu, e logo uma tempestade começou no meio daquele deserto. E era forte. Com muita água e muito vento. Uma baita tempestade tropical tentando apagar meu fogo. Me livrei das cordas que me prendiam, mas tudo ficou pior quando essa tempestade começou a me rodear como um ciclone, puxando meu ar pra fora. 

Para meu desespero, vi Pishtaco indo até Calipso e logo a tempestade ficou forte demais para eu conseguir ver algo. Sem oxigênio, eu comecei a ficar tonto e meu fogo começou a não querer acender mais tão bem assim. Tive uma mera ciência dos gritos do resto do pessoal entrando na bagunça e indo ao resgate de Calipso. 

Senti minha consciência falhar devido a falta de oxigênio, caí no chão e o ciclone ao meu redor parou. Meio tonto, a primeira coisa que eu vi foi Cuca brigando contra Alex, Jacques e Pêssego. O garrote de Alex estava ao redor do pescoço da Cuca, mas a bruxa jacaré tinha conseguido colocar a mão entre o pescoço e a linha cortante. Jacques e Pêssego tentavam distrair ela, atacando sem parar, mas claramente isso não duraria muito tempo. 

Mas esse não era o único caos não. Apolo atirava sem parar flechas brilhantes, acertando as lhamas feiosas antes que elas decidissem se voltar contra ele. André e Festus lidavam com o Pishtaco, o levando para longe de Calipso enquanto Magnus corria para tentar soltar Calipso, Meg parecia pronta para encarar Illapa enquanto os dois se encaravam e Iara ia para cima de Supay e gritava para mim:

— VÁ SOLTAR ANGRA! E NÃO OLHE PRAS LHAMAS E FIQUE LONGE DELAS!

— Combinação meio complicada… - resmunguei para mim mesmo.

Claramente estávamos em desvantagem numérica. Mas, enquanto a batalha se desenrolava ao meu redor, lutei para recuperar o fôlego e reunir minhas forças. Me ergui apressadamente, corri para desesperadamente tentar soltar Angra pois precisávamos de mais ajuda. No meio de minha breve corrida desesperada, um raio atingiu Supay e atraiu minha atenção. Não olhei por tempo suficiente para entender de onde vinha o raio, logo fui colocando as mãos no gelo que envolvia Angra.

O gelo começou a derreter lentamente sob minhas mãos enquanto o caos continuava ao meu redor. Mas infelizmente, o gelo derretia mais lento do que eu queria não importava o tanto de fogo que eu usava. Repentinamente, uma explosão de água lamacenta vinda da direção da Cuca jogou Alex, Pêssego e Jacques no meio do caminho até a Cuca. E aparentemente Magnus tinha conseguido terminar de desamarrar Calipso, pois ela foi correndo lutar contra a Cuca antes que ela inventasse outra coisa. Já Magnus, ele foi correndo se juntar a Jacques para lutar contra a Cuca.

— TOMA CUIDADO! - gritei inutilmente sentindo uma gota escorrer pelo meu rosto devido ao esforço que eu fazia em usar todo o meu fogo contra o gelo.

Com minhas mãos ocupadas tentando descongelar Angra, prestei atenção no que acontecia. Illapa estava claramente do nosso lado, pois lutava com Supay jogando vários raios contra ele. Sem ter Illapa para lutar, Meg se juntou na luta contra Supay e Pêssego foi atrás dela. 

Quanto a André e Festus, eles pareciam estar num combate bem acirrado com o Pishtaco, já que nenhum dos dois parecia ter começado muito bem. No entanto, ao menos felizmente parecia uma competição de força e velocidade, ao invés de poderes mágicos. Ainda assim, as coisas com a Cuca estavam complicadas e Apolo estava ocupado se livrando das lhamas feiosas… DE OLHOS FECHADOS! O que era muito perigoso e também significava que ele estava errando bastante, especialmente considerando a média dele normal de 0% de erros. Elas gritavam bastante, então provavelmente era até razoavelmente ok encontrá-las.

Só que então, repentinamente não conseguíamos mais ouvir os gritos irritantes das lhamas assustadoras. Arrisquei olhar ao redor e não vi mais nenhuma lhama horrenda viva. Olhei para Apolo, e ele claramente havia pensado a mesma coisa que eu e arriscou checar. Ele suspirou aliviado no segundo que um grito de Calipso, Alex, Jacques e Pêssego cortou nosso alívio. 

Uma grande área circular ao redor de onde a Cuca estava se tornou um lago raso e lamacento cheio de jacarés. Alex escorregou, mas imediatamente se transformou numa onça e agilmente saiu correndo para caçar os jacarés que começavam a ir atrás de todos. No meio dessa bagunça toda, Apolo preparou uma flecha que brilhava fortemente e atirou bem na cara da Cuca. 

Ela tentou se defender no último instante com um escudo feito de um pequeno redemoinho de água lamacenta, mas a flecha o cortou mesmo assim e a atingiu bem no meio da testa. Ela caiu, os jacarés e o lago sumiram, e Angra ficou incandescente. Claramente havia algo mais segurando ela ali, pois agora, sem a Cuca acordada, o gelo começou a queimar de dentro pra fora também.

Me esforcei para me juntar aos esforços da Angra, e ignorei a gritaria que parecia vir principalmente da luta contra Pishtaco e contra Supay. Quando o gelo ficou suficientemente fino, Angra praticamente explodiu se libertando e me empurrando para trás. Caí nada elegantemente de bunda no chão (se é que tem um jeito elegante de cair de bunda). Ela olhou pra mim por um milésimo de segundo mas, vendo que eu estava bem, saiu voando, com chamas pra todo lado, direto para a Cuca.

Considerando que com tudo acontecendo, André e Festus ainda estavam lutando contra o Pishtaco, eu me levantei e fui correndo até ele para ajudá-los, feliz por me juntar novamente a Festus. Mas eu também já estava exausto. Estávamos praticamente sem parar direito para descansar desde do Brasil. Mas ainda tinha que achar forças. André provavelmente também não estava na melhor das situações. Até porque tinha ficado bem ferido anteriormente lá no Brasil graças ao Chullachaqui, então já estava claramente mais pendendo pro lado perdedor da luta contra o Pishtaco. E Festus claramente precisava de reparos novamente.

A boca do Pishtaco estava suja de sangue e pedaços de carne redondos estavam faltando no braço de André, que suava e ofegava demais. Eu entendi a conexão entre a boca do Pishtaco e os ferimentos de André, mas não quis completar essa conexão definitivamente pois parecia nojenta demais. Assim, antes que eu pudesse pensar mais sobre o assunto, joguei uma bola de fogo contra o Pishtaco, pegando-o de surpresa e o queimando um pouco no ombro.

— Mexe com alguém do seu tamanho! - falei, mas logo resmunguei- Sempre quis dizer isso…

— Veio ajudar seu amiguinho, é? - perguntou Pishtaco me olhando com cara de mais puro ódio mas misturado com me imaginando como jantar.

— Pô, vim sim! - falei - Acha que é justo cara? Ele quase morreu umas horas atrás e tava com cara de zumbi a menos tempo ainda.

— Valeu pela ajuda… - disse André exausto. 

— Então vou ter certeza de deixar vocês definitivamente mortos. - ameaçou o Pishtaco.

O Pishtaco avançou na minha direção com um grande e longo pulo cuja longa distância me surpreendeu um pouco e a boca aberta escancarada num tamanho que seria humanamente impossível. Eu rolei para o lado, para longe dele, e quando me virei para atacar novamente, vi que André tinha chegado mais rápido que eu, apesar da coleção de ferimentos feios que ele tinha. Ele tentou usar sua espada para cortar fora a cabeça do Pishtaco, mas o cara se abaixou no último segundo e, mesmo estando de lado para André, conseguiu dar um chute na barriga dele, derrubando-o no chão.

No milésimo de segundo em que André ainda estava caindo, ele segurou o braço dele e abriu aquela bocarra nojenta, lambendos os beiços perturbadoramente. Não ia deixar ele fazer o que queria e André estava perto demais, Festus pensou o mesmo e rodopiou tentando acertar as pernas de Pishtaco com sua calda. Mas o Pishtaco pulou por cima delas, mesmo que aterrissando desengonçadamente. Esse foi o tempo que precisei para correr para mais perto e para lançar um jato de fogo exclusivo para o rosto de Pishtaco. Ele gritou e largou André, que caiu no chão. O rosto do Pishtaco queimava e ele logo caiu no chão também. Eu parei de o queimar, e Festus rugiu na cara dele.

Foi nesse momento que ouvi o grito de Calipso falando:

— A CUCA FUGIU! 

— Como? - perguntei.

Esse momento de distração foi tudo que Pishtaco precisou parar, mesmo com o rosto horrivel e queimado, pular em cima de mim, me agarrando pelo ombro e ficando os dentes no meu pescoço. Eu gritei de dor. Mas ele certamente se arrependeu da decisão, pois eu continuei a o queimar, da maneira que podia e, pra completar, André fincou a espada dele nas costas do Pishtaco, mas com cuidado para ela não chegar até mim e Festus mordeu o Pishtaco pelo pé, o puxando para longe de mim. Então era muita coisa acontecendo, mas o Pishtaco estava pior.

Exatamente por estar pior, ele eventualmente acabou tendo que me soltar. Quando o fez, ele cuspiu sangue. Provavelmente meu sangue e dele também. Mas ele continuava em cima de mim, meu pescoço doía, mas continuei a queimá-lo mesmo ele ficando cada vez menos agitado. Da mesma forma, André continuou a atacá-lo e Festus decidiu que era hora de morder a perna do Pishtaco, já que o puxar poderia acidentalmente dar certo e aí as espadadas de André iriam me atingir. 

Ainda bem que André prestava atenção, pois teve que parar seus ataques repentinamente quando o Pishtaco começou a se despedaçar. Um a menos.

Coloquei a mão no meu pescoço ensanguentado e dolorido e olhei para André. Ambos precisávamos de cura, rápido. Especialmente André. O sangue saia sem parar dos ferimentos e isso era preocupante. 

— Valeu… - resmungou André.

— Nada. Vamos arrumar alguém pra nos curar pois você está quase passando dessa pra melhor de novo. - falei enquanto me levantava sem tirar a mão do ferimento.

André quase desmaiou quando eu me levantei, mas o segurei na hora e Festus me ajudou. Considerando que a Cuca tinha fugido, depois de segurar André, eu me virei para onde esperava ver Apolo ou Magnus. Apolo não só estava livre, como também já estava correndo na nossa direção. Contudo, repentinamente, num passe de mágica, a Cuca apareceu na frente dele segurando uma das lhamas feias bem na cara dele.

— Mostre sua forma verdadeira, Apolo… - resmungou a Cuca.

— Ah não vai não! - exclamou Alex, ao lado da Cuca, que em algum ponto tinha voltado a sua forma normal.

Ela lançou seu garrote enquanto Apolo começava a brilhar, André ficou mais pesado no meu ombro e notei que ele tinha desmaiado. O garrote de Alex se prendeu na cabeça da lhama e a decepou. Apolo parou de brilhar ao mesmo tempo que Angra surgiu repentinamente e deu um chute poderoso e flamejante na cara da Cuca. A Cuca caiu dolorosamente no chão e o papiro brilhante, que estava na sua mão o tempo todo, saiu voando para longe, parando de brilhar no meio do caminho. Calipso rapidamente o agarrou, enquanto Apolo saiu correndo na nossa direção.

— Vocês dois já perderam muito sangue, principalmente você! - disse ele, olhando para André e apressadamente começando a curá-lo.

— Pode botar ele no chão? - perguntei, pois estava pesado.

— Devagar. - respondeu ele enquanto o caos ao nosso redor recomeçava.

Me abaixei devagar até que André estava deitado no chão e só aí levantei o olhar para entender o que acontecia. Angra e Iara haviam trocado de lugar. Agora Angra estava lutando com o Supay junto com Illapa, Meg e Iara estava com o resto do pessoal lidando com o surto da Cuca.

Antes aquilo era um deserto, mas do nada parecia que Percy tinha passado por ali. Redemoinhos e tentáculos d’água atacavam para todo lado, uma tempestade deixava todos encharcados e o chão lamacento, escamas de jacaré eram lançadas como flechas bem cortantes, tudo direcionado à Calipso, que estava com o papiro na mão. Iara tentava lidar com a água da Cuca, mas não era fácil. A Cuca estava claramente desesperada ou com muita raiva e impedir os ataques dela de chegarem até Calipso, Magnus e Alex, não era fácil e a Cuca não deixava as duas fugirem.

— Festus! Tira a Calipso daqui! - falei apressadamente.

— Leva ela pra o mais longe possível! - disse Apolo apressadamente enquanto continuava a curar André - Aquele é o Livro de Thoth, me parece ser! Não podemos deixar que eles fiquem com ele, é muito perigoso. Podemos não ter conseguido impedir que mexam na pirâmide, mas o Livro de Thoth vai nos ajudar MUITO.

— Vai lá Festus! Leva os três pra longe logo! Para ajudarem a proteger o livro. - falei.

Festus imediatamente saiu voando e pousou logo atrás de Calipso, Alex e Magnus.

— Fujam vocês! - gritei - Protejam o livro!

— M-Mas… - gaguejou Calipso, olhando para mim.

— Vai logo! - gritei enquanto Apolo começava agora a curar eu e André ao mesmo tempo.

— Ah não vão mesmo! - gritou a Cuca criando uma esfera de água que girava rapidamente como um tufão ao redor deles. A água era tão turva que eu não conseguia ver mais nada. Fiquei tão preocupado que até me esqueci que ainda acontecia a batalha de Meg, Iara e Illapa contra Supay.

— APOLO! Temos que ir lá ajudar! - exclamei, começando a me levantar, mas ele me puxou pro chão de novo.

— Dá pra esperar eu ao menos conseguir fazer com que você não morra sem sangue se inventar de fazer isso? - perguntou ele.

Eu já estava ameaçando me levantar de novo quando a Cuca foi cuspida para fora da própria esfera de água e caiu no chão. A água do redemoinho subitamente caiu e, no meio dele, estava Iara. Exausta, sangrando, descabelada e extremamente ofegante. Era como se ela não só tivesse dado tudo de si, como também ficou de escudo humano para o resto do pessoal. Festus aproveitou a oportunidade para sair voando para longe enquanto Iara, bem a la Percy Jackson, começou a controlar o resto de água no chão lamacento.

Ela transformou a água em lâminas, e jogou contra a Cuca. Já melhor, eu me ergui enquanto Apolo continuou focando em André. As primeiras lâminas de água de Iara acertaram a Cuca, mas rapidamente a Cuca desviou das seguintes e correu na direção de Iara, já cansada. No meio do caminho, a Cuca se transformou num jacaré enorme que provavelmente era maior do que qualquer jacaré normal. 

A Cuca avançou rapidamente e abocanhou a cintura de Iara, que estava cansada demais para reagir mais rápido. Como se as mordidas sangrentas já não fossem dolorosas o suficiente, a Cuca-jacaré ainda girou o corpo, fazendo Iara bater dolorosamente no chão. Imediatamente eu e Apolo começamos a atirar na Cuca, enquanto ela chacoalhava a cabeça e o corpo, fazendo Iara ficar cada vez pior. 

— IARA! - gritou Angra.

— Não desvie sua atenção. - disse Supay, atacando Angra imediatamente. 

Uma explosão de eletricidade vinda de Illapa então empurrou todos nós para longe, e também arrancou Iara da boca da Cuca apesar de ter ficado com a barriga extremamente rasgada. Eu caí no chão, Apolo caiu em cima de mim e André ao meu lado. Supay também foi empurrado para longe e a Cuca também. Angra por pouco se segurou, e foi esse pouco que ela precisou para ir até Iara e tirá-la de perto da Cuca.

— Foi mal… - resmungou Apolo ao deixar de me esmagar.

Logo estava eu, Apolo, André, Iara desmaiada, Meg, Pêssego, Angra e Illapa, juntos enquanto Supay e Cuca nos encaravam. A Cuca voltou para sua forma normal, mas permanecendo com a boca cheia de sangue. Ela e Supay pareciam acabados. Inclusive, um braço de Supay estava inclusive bem queimado e largado ao lado de seu corpo. Não parecia que ele ainda conseguia mexer o corpo. Nos braços de Angra, Iara lentamente foi trocando de forma, ficando agora com uma linda calda de peixe, mas ainda desacordada.

— Seu dragão foi embora… - disse Cuca soltando uma risada - E agora?

— Illapa seu idiota traíra. - reclamou Supay.

— Ah por favor… - disse Illapa revirando o olhar - Acha mesmo que eu seria idiota como vocês a ponto de acreditar no que Naunet e Quetzacoalt disseram?

— De toda forma, vocês perderam. - disse Cuca.

— Estamos em maior número. - lembrei.

— E ainda não nos derrotaram. - disse Supay - Estão bem acabados. Já é tarde demais para salvar a pirâmide de Caral.

— Mas pegamos o Livro de Thoth de volta. - lembrou Apolo.

— Seus amigos não devem estar tão longe assim. - disse Supay.

— Exaustos como estão, não vão ser alvos difíceis. - disse Cuca.

E de fato, Illapa também estava branco como a neve, descabelado e tremendo. André ainda estava com uma cara horrível, apesar de sem ferimentos. Eu não deveria estar muito melhor. Apolo era o que estava mais inteiro ali, já que Angra também parecia meio cansada. O pessoal não devia estar muito melhor. Festus não estava. Não deveria conseguir voar mais muita coisa.

Nos braços de Angra, Iara se mexeu levemente. Ela levou os dedos aos lábios e assobiou com força num ritmo bem específico. Não precisava ser muito genial para reconhecer que aquilo era uma mensagem.

— O que pensa que está fazendo? - perguntou a Cuca.

— Checando uma coisa. - respondeu Iara fracamente.

— Eu pego os garotos. - disse Illapa colocando Pêssego nos braços de Meg, ganhando umas mordidas de Pêssego ao fazer isso - Pegue a garota, Apolo.

— Quê? - perguntou Apolo perdidissimo. 

Num piscar de olhos, foi como se uma tempestade de areia tivesse surgido repentinamente. O Boitatá surgiu derrubando tudo que tinha pelo caminho e levantando areia suficiente para nos esconder de Supay e da Cuca. A cobra flamejante gigante foi em nossa direção, e eu achei que fosse nos devorar, se não fosse Angra pulando nas costas dele carregando Iara, Illapa agarrando a mim e André de qualquer jeito para pular em cima da cobra também, e Apolo, perdido por meio segundo, imitando os outros carregando Meg junto. 

Eu caí de qualquer jeito no Boitatá com Illapa me segurando pelo braço e se não fosse isso, eu e André já teríamos caído a muito tempo. Illapa ficava em pé tranquilamente em cima da cobra que corria… rastejava… numa velocidade espetacular. Angra também estava pleníssima. Apolo, por outro lado, quase caiu e de fato rolou um pouco pelo corpo do Boitatá, mas conseguiu se segurar e também a Meg.

— QUE BOSTA DE TRANSPORTE É ESSE? - gritou Apolo.

— QUE BOSTA É ESSE SEU JEITO DE ME SEGURAR! - gritou Meg, abraçada à Pêssego.

— FAZ MELHOR ENTÃO! - gritou Apolo irritado segurando Meg como se ela fosse uma bolsa… mesma forma humilhante que eu também estava.

— Não dava pra ter falado mais cedo que tava do nosso lado não, cara? - perguntei para Illapa.

— É complicado… - respondeu ele.

— Depois vai ter que explicar qual é essa complicação toda. - disse Angra.

— DANE-SE QUE É COMPLICADO! VOCÊS DEIXARAM MEU CARRO PRA TRÁS! - gritou Apolo.

— Tá na boca do Boitatá. - avisou Iara fracamente.

— Oi? - questionou Apolo.

— Foi uma das coisas que assobiei para ele. - justificou ela, claramente cansada de responder perguntas.

— Angra, o Boitatá consegue achar onde Festus foi com os outros? - perguntei.

— Provavelmente, vamos tentar. - garantiu ela.

— Temos que tirar vocês do Peru. - disse Illapa - Não vou conseguir proteger ou ajudar muito vocês por aqui. Muitos estão do lado de Naunet e Quetzalcoatl. 

— Você certamente vai ter muitas coisas para explicar para a gente. - avisou Angra.

— ALI! Não é Festus ali!? - exclamou Apolo repentinamente para um pontinho dourado no céu que se aproximava rapidamente.

De fato era. Em alguns instantes estávamos parando no meio das montanhas e nos certificando que todos estavam bem, inclusive o carro, agora bicicleta, de Apolo… mesmo que cheia de baba. Exaustos, nos jogamos no chão sentados ou deitados mesmo. Dava pra fazer uma competição de quem estava com mais olheiras, ou mais descabelado ou pálido. 

Minha barriga roncou, e não foi a única. Ficamos uns segundos em silêncio, respirando, mas sem ousar ficar tão confortável já que sabíamos que tínhamos que sair dali o mais rápido possível.

— E o Chullachaqui? - perguntei - Não estava na boca do Boitatá?

— Erm… virou.. janta… - disse Iara sem graça.

— A-Ah… - falei.

— O que fazemos com isso? - perguntou Calipso parecendo que segurava uma bomba, mas era “só” o Livro de Thoth.

— Tirar de perto deles já seria uma grande coisa. - disse Apolo enquanto sua bicicleta babada virava um ônibus babado.

— Para onde vamos agora? - perguntou Magnus - Ainda mais com um treco desses… e com o céu ainda escuro.

— Qualquer lugar com uma cama que eu possa dormir tranquila já faz grande diferença. - disse Alex, afinal, todos ali estávamos numa competição de quem estava com a pior cara.

— Vamos para Pindorama e… no caminho… - disse Angra - você tem explicações para nos dar Illapa… 

— Parece justo. - respondeu Illapa, com um suspiro pesado.

— Boitatá consegue se esconder e chegar na Amazônia sem problemas… - disse Iara, parecendo lutar contra o sono - E pode despistar eles um pouco… 

Nos arrastamos para o ônibus de Apolo. Angra deitou Iara no banco dos fundos, como Calipso uma vez esteve. Boitatá sumiu de nossa vista antes mesmo de sairmos do chão. Apolo logo ligou o ônibus e saímos pelo ar enquanto Magnus foi para os fundos tentar curar Iara. O resto de nós ficamos largados das mais variadas formas pelo resto do ônibus, cansados e com sentimento de derrota. Claramente Illapa tinha que se explicar rápido, ou não teria mais ninguém acordado para ouvir o que ele disse. 

— Então… estou esperando… - disse Angra.

— Digamos que eu estava trabalhando como agente duplo. - disse Illapa - Fingi que iria ficar com o comando da América do Sul para conseguir ouvir mais dos planos e tentar impedir.

— Como sabemos que você não é um agente triplo e está na verdade contra a gente? - perguntei.

— Viu eu lutando contra Supay e a Cuca? - perguntou Illapa.

— Pode ter sido planejado. - falou Alex.

— Então peguem essas informações como prova de que estou do lado de vocês… - disse Illapa - Seus amigos conseguiram atrasar as coisas na Europa. Mas a intenção era juntar um exército para marchar para o Louvre. A última pirâmide que vai ser atacada é a de Gizé. As demais duas serão na Ásia, mas não sei dizer onde.

— Espero que esteja dizendo mesmo a verdade. - disse Jacques.

— Se as coisas se atrasaram na Europa… - disse Calipso lentamente, juntando as informações - E você não sabe onde na Ásia, só vamos ter realmente certeza de alguma coisa tarde demais quando de fato atacarem o Louvre.

— Só peço que não fiquem tanto tempo de olho unicamente no Louvre para não levantar suspeitas. - disse Illapa - Eles podem acabar trocando de ideia e agora que claramente os traí, não teria como eu pegar informações mais atualizadas.

— E porque decidiu ficar dos dois lados assim? - perguntou Angra indo até Apolo para começar a prestar atenção no caminho que teria que ensinar pra ele.

— Esse plano vai matar muita gente. - respondeu Illapa - Já temos poucos dos nossos graças a tantos anos de genocídio e mais diversos problemas. Não acredito tanto assim na promessa de que vão deixar alguns mortais vivos para nos adorarem… Podem até ser que deixem, mas duvido que vão ser os que nos interesse.

— Você falou em Naunet e Quetzalcoatl… - disse Calipso, sentada ao meu lado enquanto, na nossa frente, Meg já dormia e roncava - Os dois tão mandando em tudo?

— Sim… e Nyx também. Mas ela não era muito de falar com os líderes. - respondeu Illapa.

— Quem são os líderes? - perguntou Magnus, que já tinha terminado de curar Iara.

— Nyx, Naunet e Quetzalcoatl, óbvio. Eu era da América do Sul, imagino que a Cuca vai pegar esse posto agora. - disse Illapa - Hafgan era da Europa… agora esse posto está livre. Oxum está com o Leste da África e Nidar com o Oeste. A Ásia está sempre uma confusão, trocando entre três. e na Oceania tem o Whiro. Mas como não tem pirâmide na Oceania, não precisam se preocupar com ele. 

— Você contando tudo isso pra gente, não vão mudar tudo já que você claramente traiu os demais? - perguntou Alex.

— A maior parte disso eles não sabem que eu sei. - justificou Illapa - Principalmente que a pirâmide da Europa é a do Louvre. Só Nyx, Naunet e Quetzalcoatl sabem todas as pirâmides. Quanto à Ásia, eles precisam espalhar ao máximo ao redor do mundo as pirâmides… não fica muita opção sobrando além de fazer duas na Ásia…

— E ainda nada do céu voltar ao normal… - disse Apolo, suspirando do volante enquanto eu só ouvia o barulho da cabeça de Magnus batendo no vidro, quando ele caiu no sono também.

— Temos certamente muito para pensar e discutir. - disse Angra - Vamos lidar com Illapa quando chegar em Pindorama, vocês se preocupem em descansar e depois falaremos disso.


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Notas finais do capítulo

até o prox cap :3



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