Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 121
CLARISSE - Dentro do Castelo


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora. eu tava com visita em casa hehe



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CLARISSE

O caminho até o castelo medieval era até pequeno, mas, ele foi muito complicado. Se não fosse o trabalho em equipe, eu tenho certeza que teríamos falhado completamente a poucos metros da entrada. Pois foi bem perto do castelo que o nosso avanço diminuiu muito, já que muitos tentavam nos impedir de entrar. 

Tentamos não nos separar, afinal nossa operação dependia fortemente disso. Mas, mesmo assim, Mestiço ia na frente de todos, gritando a plenos pulmões e não deixando nada interromper o que parecia claramente uma busca por vingança. Ao menos eu acho, meu noruêgues é inexistente. 

O resto de nós praticamente tinha que focar em não se separar de Mestiço e não deixar o idiota ser morto. Até porque ele esquecia o mero detalhe de ali terem druidas com magias e costuma ser meio difícil parar uma magia com um machado ou uma espada.

Com uma lança que peguei no chão, pois tinha perdido a minha arma no meio da confusão, parei um ataque vindo de cima da espada de um dos guerreiros celtas. Esses guerreiros tinham, em maioria pelo o que pude perceber até agora, uma cara bem irritada, mostrando todos os dentes como se estivessem tentando me dar medo.

— Essa é a lança do meu irmão. - resmungou o cara entre dentes.

— E eu com isso? Agora é minha. - respondi fazendo pouco caso, o que ele não gostou - Tá com raivinha?

— Fedetalha arrogante! - reclamou o cara entre dentes ficando claramente com mais raiva, mas essa era a intenção.

— CUIDADO! - gritou Sam de repente de sei lá onde.

No milésimo de segundo seguinte, uma explosão vinda de trás nos empurrou para frente. Eu caí, ralei a mão que tentou me segurar na queda e um pouco o joelho. Meus tímpanos doíam pelo alto som da explosão, por uns segundos só consegui ouvir um zumbido. Minhas costas, que receberam grande parte do impacto, doíam e ardiam. 

Fiquei alguns segundos desorientada e olhei ao redor. Os mexicanos não estavam perto de nós já tinha alguns segundos provavelmente, pois não os vi entre os que agora estavam derrubados no chão. Me perguntei por um segundo onde eles estavam e torcia para estarem bem. 

Aparentemente, os danos só não tinham sido piores pois Nico conseguiu fazer um pequeno escudo, um tanto disforme e talvez desajeitado, feito de sombras. Ele e Will pegavam a maior parte da proteção do escudo, mas consegui me aproveitar um pouco também. Não só eu, mas também a garota ao meu lado que eu não sabia o nome e que aparentemente foi resgatada junto com a Mallory.

— AARON! - gritou a garota quando meu ouvido voltou a funcionar - ELE ESTAVA MAIS PRA TRÁS! PODE TER SIDO PEGO PELA EXPLOSÃO!

— QUEM? - perguntei perdida.

Eu não tinha tempo para prestar total atenção na conversa. A explosão pode até ter só me derrubado, mas também só derrubou meu adversário. Eu me levantei o mais rápido que pude e imediatamente tentei ficar minha lança roubada nele, prendendo-o contra o chão, mas ele rolou para o lado no último segundo. 

— O garoto que estava comigo na cela! - explicou Mallory se levantando junto com a garota e tentando ver na direção dele.

Meu adversário celta até tentou se levantar, mas eu já esperava que ele pudesse desviar, então estava muito pronta para dar um forte chute na boca dele e assim o fiz. Ele caiu para trás cuspindo sangue e até tentou levantar de novo, mas um outro cara, que recuava para trás numa luta contra Sam, tropeçou no meu adversário.

O momento mini dominó humano foi tudo o que eu e ela precisávamos para acabar com nossos respectivos adversários. O problema, era que derrotar um ou outro não era o suficiente. Foi talvez pensando nisso que Hearthstone fez o sei lá o que com as pedrinhas dele que fez grande parte dos guerreiros ao nosso redor congelarem. 

— AARON! - gritou a garota.

È troppo tardi!— alertou Nico.

— Vamos aproveitar que eles estão congelados! - pediu Blitzen enquanto Will atingia um dos poucos guerreiros no nosso caminho entre o castelo que não havia sido congelado.

Imagino que Mallory e a garota que me devia um nome queriam ir atrás do tal Aaron, mas sem ele a vista e inimigos demais, isso ficava complicado. Pra piorar, começamos a correr perigo de nos separar. Pois Mestiço seguiu em frente e isso fez Blitzen e Hearthstone o imitarem, mas receosos, com passos lentos e olhando para trás preocupados.

— Denne fyren ser viktig ut! - gritou Mestiço, mas adiante, apontando para um cara de terno totalmente diferente dos demais, na frente da porta do castelo, que ficou surpreso e correu em direção a porta. 

— Não podemos nos separar! - disse Sam firme para Mallory, que claramente pensava em voltar atrás do tal Aaron - Quando nos separamos do Aaron? Foi ao mesmo tempo que nos separamos dos mexicanos? Eles não podem estar juntos? Você sabe onde ele está?

Um outro guerreiro tentou atacar as duas, mas me meti no meio parando o golpe dele e dando um chute muito bem dado entre as pernas do cara. Ele caiu de joelhos no chão com cara de choro e rapidamente acabei com o sofrimento dele.

Aí, Mestiço, claramente sedento por uma boa briga, simplesmente lançou o machado dele adiante como se fosse um dardo giratório. O machado girava no ar até atingir em cheio as coisas de um cara de terno enquanto ele terminava de abrir a porta pesada de madeira do castelo. O homem caiu pra frente, terminando de abrir a porta, e os guerreiros restantes ao nosso redor não gostaram de ver o cara ser atingido assim.

— GRANDE OGMA! - gritou uma metade dos guerreiros.

— PROTEJAM O GRANDE OGMA! - gritou a outra metade.

E assim, viramos o alvo de todo mundo. Cada espaço ao nosso redor começava a ser preenchido por alguém querendo um pedaço nosso. Voltar para trás em busca do Aaron era impossível. Enfrentar todo mundo focado na gente também era bem difícil, especialmente com eles fechando cada vez mais o caminho. 

Então, meio que com o rabo entre as pernas, seguimos o meio-corredor de guerreiros congelados feito por Hearthstone em direção ao castelo. Mas não foi tão simples quanto pode parecer. 

Tivemos que lutar para abrir caminho até a porta do castelo, mesmo que os guerreiros congelados atrapalhasse a vida de quem tentava se colocar no caminho. Will acertou uma flecha mortal numa druida de manto vermelho que, até antes da flecha, tentava lançar um ataque mágico com água na gente. A garota sem nome e Mallory quase tentaram comprar briga com os vários celtas ao mesmo tempo para alcançar Aaron, o que parecia muito suicídio, então Blitzen, Nico e Sam as puxaram para seguir caminho com a gente.

Três pessoas a menos para conter a multidão raivosa, também complicou a vida de quem estava livre. Eu desesperadamente parava golpes vindo de todos os lados. Estava cansada, ofegante, acumulando machucados e um pouco confusa, mas agradecida por já não ter quase nenhum druida pelo menos. O cansaço deixava meus golpes mais desleixados. Então, por mais que eu tivesse conseguido fincar minha lança na barriga de um cara, ele também conseguiu me cortar feio na omoplata.

Doeu. Não consegui disfarçar. Felizmente Will notou, me puxou para dentro do castelo de uma vez, já que faltavam só alguns passos. A porta se fechou com dificuldade pela força conjunta de Sam, Hearthstone, a garota sem nome, Blitzen e Mallory que logo trancaram-na, mas ainda era possível ouvir o povo esmurrando ela tentando entrar. A porta, por mais pesada, robusta e etc e tal que fosse, não ia durar muito tempo. Nico e Mestiço, por outro lado, encaram o cara de terno caído no chão.

Dentro do castelo era sufocante, tenso e desconfortável. Era como se alguma coisa se caminhasse ou rastejasse dentro das paredes espalhando por ele um cheiro estranho que, sei lá porquê, me lembrava a morte. Eu, e imagino que todos ali, tentamos ignorar isso por uns segundos. Mas, um problema de cada vez.

Minha camiseta estava empapada de sangue e meu ombro doía muito. Se fosse outra, menos preparada, meu corpo estaria cogitando desmaiar ali mesmo. Certeza que estaria doendo muito mais se não fosse a adrenalina, pois a cara feia que Sam fez para meu ombro dizia muito sobre a aparência dele. Will, por outro lado, estava impassível quando se aproximou.

— Eu vou te curar. Foi um pouco feio, mas vai ficar tudo bem. - explicou Will começando a me curar enquanto eu fitava a comoção ao redor do homem de terno que tinha o machado de Mestiço ainda fincado nas costas.

— Realmente acham que me matar é a solução? - perguntou o cara, Ogma, julgando pelos gritos do resto dos celtas - Não sabem a chance que perdem se me matarem. Eu conto o que vocês quiserem. Por favor, não me matem.

— Pode ser uma armadilha. - eu disse, respirando fundo, tentando me distrair da dor do ferimento, que ao menos diminuía enquanto, dentro de mim, a proposta dele me parecia tentadora mesmo que contra toda a minha lógica.

— Jeg vet ikke hvem du er, men jeg er i humør til å kjempe mot noen og varme opp til den store sjefen der oppe. - disse Mestiço e, obviamente, eu entendi vários nadas.

— Ah… sim… tem esse feitiço. Para confundir e desorganizar vocês. Naunet mencionou a variância de lugar de origem então achei que podia vir a ser útil. - disse o cara.

— Você não parece um druida, nem um dos guerreiros. - disse Sam impedindo, com a mão mesmo, Mestiço de acabar com a raça do cara ali mesmo.

O cara me parecia um completo inútil. Na pior das hipóteses, o jeito que ele falava me lembrava alguém, mas eu não tinha certeza de quem. Sam, por outro lado, parecia achar que ele valia de algo. Então quem sabe né? Podíamos conseguir algo. Até porque… seja lá o que tinha lá em cima, eu não estava ansiosa para ir ver. Tinha uma sensação horrível vindo de lá. Olhei para a escadaria por um segundo, e senti meus pelos se arrepiarem. Seja lá o que havia lá em cima, não era bom. 

— Sou Ogma. - respondeu ele - Deus celta da eloquência e do idioma.

— Que coisa bosta pra ser deus. - falei enquanto girava o braço testando minha cura finalizada.

Por um segundo ele pareceu que ia reclamar comigo, mas respirou fundo e praticamente murchou como um balão aceitando o insulto.

— Muitos dizem isso… - resmungou ele suspirando longamente.

— Se você é um deus cara, porque está tanto evitando que a gente te mate? - perguntou Will - Você é imortal, cara.

— Sou um deus quase esquecido… - admitiu Ogma enquanto Mestiço o rodeava e ficava no meio do caminho entre o deus e uma escadaria que com certeza nos levaria para o chefão - Não acho que volto, caso morra. Já tentou pesquisar “Ogma” no Google?

— Deuses usam o Google? - perguntou a menina sem nome.

— Aliás, você, menina. Qual seu nome? - perguntei pra ela, me irritava não saber o nome dela.

— Ciara. - respondeu a garota.

— Ci sta rallentando! - disse Nico - Dobbiamo cercare quello che c'è lassù.

— Mas porque vocês, ao invés de me matarem ou sei lá o que vão fazer agora, me deixam aqui quietinho ou vão lá pra fora ou lá pra cima? - perguntou Ogma.

Sem pensar muito, meu corpo sozinho deu um passo na direção da escada e o mesmo se repetiu com os demais. Uns para a escada, outros para a porta constantemente surrada e atacada. Com exceção de Hearthstone, que olhava para todos nós, completamente perdido. Mas quanto aos outros, uns até deram dois passos, mas logo todos notamos o que tinha de errado ali.

— ELE ESTÁ NOS ENROLANDO! - gritou Will de repente apontando para Ogma - TÁ DANDO UMA DE PIPER!

Isso com certeza nos deixou com raiva, prontos para partir para a porrada pra cima do Ogma, mas ele era esperto. Além disso, tudo começou a parecer estranho, era difícil de explicar. Era como se tudo virasse um constante dejá vu e eu estivesse um pouco tonta.

— Estou? - respondeu ele com um sorriso e, cara, devo dizer que fiquei em dúvida entre acreditar ou não, mas algo dentro de mim dizia que meu pensamento estava errado - Vocês que estarão perdendo uma grande oportunidade se me atacarem.

— Grande oportunidade? - perguntou Blitzen massageando as têmporas com Hearthstone o sacudindo e sinalizando algo com as mãos.

Minha cabeça doía. As pancadas dos celtas na porta tentando arrombá-la ressoavam na minha cabeça de um jeito meio abafado. Eu sentia como se estivesse em um sonho do qual não conseguia acordar. Sentia até meu cérebro ficando lerdo e preguiçoso. 

— É… É uma oportunidade… - disse Ciara lentamente parecendo meio em transe, eu também não estava muito melhor.

— É… não…. não é… tem algo errado… - resmungou Sam - Ou não… não tem…

— Tem muito mais lucro para vocês ficar aqui, esperando a porta ser quebrada. - disse Ogma como se fosse a coisa mais óbvia, e eu estranhamente me convencia disso.

— Tem razão… - concordou Blitzen.

Tudo ao meu redor girava, meus ouvidos pareciam estranhamente abafados. Me apoiei na parede de pedra e olhei para o sorriso que Ogma levava no rosto. Meu cérebro parecia rachar ao meio. Uma parte de mim gritava para eu não acreditar nele, para lutar contra as palavras dele… mas a outra parte acreditava cegamente em cada palavra dele.

— Grande opportunità in cosa? - exclamou Nico avançando contra o deus lentamente como se estivesse extremamente bêbado - Non hai niente di utile!

— Não querem saber como eu consegui traduzir o feitiço no Livro de Thoth que usamos nas pirâmides pelo mundo? - perguntou ele e fomos de novo meio hipnotizados pelas palavras dele.

Ok, isso realmente parecia extremamente interessante. Né? Ou era o feitiço da voz dele? Mas alguma coisa, talvez a galera forçando bruscamente a porta arrancando lascas dela, me dizia que ele estava só tentando nos enrolar (de novo). Só que eu não conseguia dizer isso. Minha cabeça estava confusa, meu corpo pesado, meu ouvido parecia entupido e doía como quando andava de avião quando criança…

A conversa, felizmente, parou por aí, pois rapidamente Hearthstone tomou das mãos de Will o arco e flecha dele (o que foi fácil já que Will, assim como o resto de nós, estava meio lerdo e em transe) e atirou no meio do peito de Ogma.

Ogma, ainda de joelhos, fraquejou balançando para um lado e para o outro, olhou para Hearthstone com raiva e com a mão no peito. Minha cabeça começou a doer menos imediatamente e, Mestiço, que estava mais perto de Ogma, com um visível esforço no rosto, apoiou o pé no ombro de Ogma pelas costas dele e, com um puxão, arrancou o machado das costas dele. O deus gritou de dor, o sangue jorrou, Mestiço logo deu uma bela machadada bem na direção topo da cabeça do deus, que girou o corpo desviando no último segundo. Como um puxão, tudo ao meu redor parou subitamente de girar e isso fez meu estômago se revirar.

O machado de Mestiço arranhou o chão, Ciara vomitou, Ogma sacou uma adaga de dentro de seu paletó e pulou para cima de Mestiço com a adaga mirando na sua garganta. Mestiço desviou e eu lancei minha lança contra Ogma, acertando-o bem na cintura, quase caí no processo já que me sentia meio tonta, mas acertei. O deus caiu de lado no chão e notei que sua imagem estava ficando transparente e trêmula. Mestiço caiu de joelhos no chão também, Ciara também e eu queria me juntar a eles.

Quanto a Ogma, ele tremia, parecia fraco, e o sangue se acumulava ao redor dele e mesmo assim, juntei forças, apesar dos joelhos bambos, fui até ele e arranquei a lança. Mesmo eu ainda estando com a cabeça meio aérea e com vontade de me jogar ao chão também, trocamos um olhar meio triste. Desviei o olhar e deixei a parede onde eu estava antes segurar meu peso.

— Ele não vai durar muito tempo mais. - disse Blitzen cutucando o ouvido parecendo cabisbaixo enquanto Mestiço respirava fundo e se levantava.

Mestiço se levantou  lentamente e deu dois tapinhas no ombro de Hearthstone, que diziam o bastante. Enquanto isso, Will checava se Ciara estava bem depois de Hearthstone ter lhe dado seu arco e flecha de volta.

— Não. - concordou Sam olhando preocupada para a porta e esfregando a mão ouvindo - E a porta também não vai. Vamos lidar com o cara problemático lá em cima antes que tenhamos que lidar com mais de uma coisa ao mesmo tempo.

E então, do nada, Mestiço olhou para ela chocado. Nico também fez o mesmo, mas o olhar foi de Sam para Ogma, ou melhor, para onde tinha estado Ogma e agora só havia uma poça de sangue.

— Quê? - perguntou ela, estranhando a reação.

— Eu te entendi. - respondeu Mestiço, finalmente em inglês.

— Finalmente… - resmungou Nico, revirando os olhos.

Blitzen e Hearthstone começavam uma discussão rápida de mãos que eu não conseguia de forma nenhuma entender ao menos uma coisa. Mas parecia que Hearthstone estava dando uma bronca em Blitzen.

— Deixem a conversa para depois! - exclamei olhando para a porta, onde já tinha um buraco grande o suficiente para ver parte do rosto de um dos celtas lá fora e outro onde eles enfiaram a mão, irritados - Essa porta não vai aguentar muito tempo e melhor não estarmos aqui para quando eles invadirem!

Até tinha uns corredores ali naquele salão principal do castelo, mas uma sensação terrivelmente incômoda vinha da escadaria de pedra. Então, foi para lá que nós fomos depois de nos entreolharmos por um segundo e depois de quem estava de joelhos se levantar.

 Cansados, corremos escada acima tentando não acreditar na sensação que ela passava de ser infinita. No mínimo, era fácil notar que o tamanho por dentro não combinava com a aparência do castelo vista por fora. 

Subimos a escada e paramos meio ofegantes diante de um corredor logo parcialmente envolto por sombras de um jeito que parecia tão infinito e fantasmagórico, que me incomodava. Era como se o fundo dele parecesse cada vez mais fundo e sussurrasse nos chamando, o que era arrepiante. Tudo também estava mais silencioso do que seria possível. Eu podia ouvir a respiração de todos e até o coração batendo, o que era muito agoniante. Tudo ali me incomodava.

— Só eu que estou incomodado com esse silêncio? - perguntou Will me fazendo sobressaltar devido ao som repentino da voz dele.

— Não. - respondeu Ciara olhando ao redor.

— Temos que continuar subindo. - declarou Nico.

E assim o fizemos. Continuamos subindo mesmo sentindo o coração cada vez mais prensado no peito. Primeiro correndo, mas cada vez mais nossos passos ficavam mais lentos, receosos, principalmente quando passamos por outros corredores iguais ao primeiro. Quanto mais subíamos, mais o ar ali ficava mais pesado e a escuridão piorava. 

Chegou um ponto que a escuridão ficou tão intensa que continuar subindo correndo era perigoso demais, e aí Will começou a brilhar como uma lanterna humana. Isso certamente renderia muitos comentários legais, mas o clima ali era tão sufocante e desconfortável, que ninguém tinha coragem de abrir a boca.

Então continuamos a subir. Andando, não mais correndo. Nos aglomeramos perto de Will em busca da luz e paramos mais uma vez quando vimos, à nossa frente, névoa delicadamente descendo escada abaixo como um tapete.

Usando a ponta da lança, toquei a névoa para certificar de que não tinha nada de muito anormal nela. A lança voltou inteira, o que era um bom sinal, mas ainda não me convencia totalmente já que a lança não era um ser vivo. Nos entreolhamos mais uma vez e alguns acenos de cabeça confirmaram que era melhor seguir em frente mesmo.

Seguimos com cautela, dava para ouvir os nossos corações batendo e a respiração pesada, a névoa ficava mais densa e mais alta. Olhei para o lado, me perguntando se Nico sentia algo de diferente por ali já que era filho de Hades e tudo mais. Quando abri a boca para perguntar exatamente isso para ele, um par de mãos brancas, esqueléticas, com longas unhas agarraram ele tampando a boca dele e segurando bem no seu corpo e repentinamente puxaram ele para dentro da névoa.

— NICO! - gritei ao mesmo tempo que Will.

Ambos avançamos na direção para onde ele tinha sumido, mas só encontramos uma parede de pedra.

 


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Notas finais do capítulo

por hoje é só e até o prox cap



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