Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 117
SAM - O deus bom


Notas iniciais do capítulo

olá.
bem vindos ao cap novo. primeiramente, preciso dizer q decidi aumentar o tamanho dos caps de um pouco mais de 2k de palavras, pra um pouco mais de 3k. acho que assim talvez fique melhor para fazer a história andar mais no decorrer dos capítulos. mas tentarei não chegar em 4k de palavras.
beijinhos e bom cap



no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Zia, Kayla, Grover, Percy, Piper, Meg, Apolo
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter
no momento, estão voando, os grupinhos:
— Indo para Europa: Reyna

no momento, estão em alto mar, os grupinhos:
— Indo para Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— País de Gales: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse. Sam, Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Anúbis, Sadie, Will, Nico. // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo jogar na água).
— Contra vontade no País de Gales: Mallory



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SAM

A praia ali não chegava aos pés das praias do México. Era até triste de se ver. Tudo parecia cinza demais ali, especialmente porque estava com cara de que iria começar a chover logo, apesar do sol tímido no céu.  A única coisa minimamente interessante eram as ruínas de um castelo, ou torre, no alto de um morro perto da praia. Mas tudo bem. Não estávamos ali para aproveitar a praia mesmo, tínhamos um resgate para fazer que deveria ser feito o mais rapidamente possível. Eu, e aposto que os demais também, estávamos extremamente preocupados com o tempo que já havia passado.

Nós todos saímos do barco e fomos até a praia, onde as garotas estavam nos esperando ao lado de um cara enorme, parecia um mago, ou um druida para ser mais fiel a mitologia que estávamos começando a nos envolver dessa vez. Mas, julgando pelo o que Arawn tinha falado, minhas apostas eram que aquele era o tal Dagda. Não demorou muito para meu chute ser confirmado.

— Olha só que grupo grande! - exclamou o homem dando uma risada logo no final da fala - Acho que vocês estão com sorte então.

— Esse é Dagda. - disse Ártemis - Ele encontrou a área onde Mallory pode estar.

— Onde?! - perguntou Mestiço desesperadamente andando mais rápido e alcançando o deus antes de qualquer outro - Onde ela está!?

— Saindo dessa cidade há um caminho para as montanhas galesas numa floresta a nordeste daqui. Em algum ponto dessa floresta está a sua amiga. - explicou Dagda.

— Quão grande é essa floresta? - perguntei - Não teria uma localização mais exata?

— Infelizmente, não. - disse Dagda - Mas, no meio dessa floresta existe um lugar chamado Dinas Emrys que é importante para a história do País de Gales. Pode ser coincidência, ou talvez não. De toda forma, se eu fosse vocês, checaria esse lugar primeiro. Uma vez lá existiu um forte, não resta praticamente nada dele, mas foi lá onde dois dragões, um branco e um vermelho, lutaram séculos atrás. Um desses dragões, o vermelho, é o que está na bandeira do País de Gales. 

— Começaremos por lá então. - disse Ártemis.

— Temos que colocar uma provável luta com dragões em nossa lista de afazeres do dia? - perguntou Will.

— Espero que não. - resmungou Nico.

— Podemos conversar sobre esses detalhes no caminho, né? Mais prático. - pediu Mestiço e eu concordava com ele - Quão longe é esse Dinas Emrys?

— Meia hora deve ser suficiente. - disse Dagda indicando com o braço uma rampa para carros que ia até a praia.

Achei que ele só estava apontando para a rampa para indicar que era hora de sairmos da praia e irmos andando, mas no segundo seguinte ele bateu com seu cajado na areia e então um ônibus surgiu na rampa. As poucas pessoas mortais que andavam pela praia e pela orla não pareciam notar nada de extraordinário no surgimento repentino de um ônibus.

— Não tem um jeito mais rápido… e mágico? - perguntou Mestiço para Dagda.

— Não. - respondeu o deus prontamente, tudo que eu consegui ver por causa do capuz dele foi o sorriso que não pareceu combinar com a leve rispidez da resposta, nem com a falta de cerimônia com que ele colocou magicamente e repentinamente na mão de Mestiço um caldeirão que apesar de parecer pesado, Mestiço levantou como se o peso real não combinasse com a aparência. 

Eu estava ao lado de Mestiço e fiquei imediatamente curiosa. O caldeirão tinha uma tampa escondendo e protegendo seu conteúdo, mas, por ela, saía um pouco de fumaça, o que significava que ele estava provavelmente quente. Levantei a tampa cuidadosamente pela proteção de madeira que ela tinha na alça e fiquei surpresa em ver que o caldeirão estava cheio com uma sopa fumegante com carne, cebola, batata, cenoura e várias ervas para tempero. Só o cheiro fez minha barriga roncar.

Ele deixou Mestiço e eu, que estava logo ao lado, confusos olhando para a sopa e foi na direção do ônibus chegando antes de todos os outros. Nos entreolhamos, ainda parados, por uns segundos, mas então, carregando o caldeirão, fomos atrás deles também enquanto ele balançava um molho de chaves na mão.

— Quem vai querer dirigir? - perguntou Dagda.

Artemis rapidamente tomou as chaves da mão dele sem dizer mais nada e entrou no ônibus, a primeira a subir. Thalia foi atrás dela, mas quando ela subiu, o deus colocou a mão na cabeça dela brevemente. Ela se sobressaltou e o encarou, estranhando o gesto, mas ele só sorriu e ela então terminou de subir no ônibus ainda o encarando.

Logo atrás veio Clarisse, que até tentou fugir da mão do deus quando ele deu indícios de tentar fazer o mesmo que fez com Thalia, mas não conseguiu. Dagda colocou a mão no topo da cabeça dela rapidamente e ela ficou o encarando, parecendo que queria soca-lo.

— Não vem junto, imagino. - disse Clarisse eventualmente para o deus.

— Não. - explicou ele. - Meu trabalho por enquanto é cuidar para que novas situações do tipo não surjam pelo Reino Unido e cuidar para que o Asag não consiga entrar e continuar a seguir vocês. Estou contando com vocês para resolverem esse problema.

Olhamos a cena por alguns segundos, mas logo Mestiço resolveu matar a curiosidade sobre a sopa enquanto o resto do pessoal continuava a entrar no ônibus e, para cada pessoa que passava ele colocava a mão na cabeça e a pessoa olhava para ele estranhando o gesto, com muita razão.

— Eu vou primeiro. - sussurrou Nico logo ao meu lado puxando Will para atrás dele na fila de pessoas subindo no ônibus.

— O que é isso? - perguntou Mestiço apontando para o caldeirão enquanto o pessoal entrava e eu ficava ao seu lado, também curiosa.

— O que parece? - perguntou Dagda repetindo uma cena com Nico muito parecida com a com Clarisse quando ele tentou tocar a cabeça de Nico.

— Não toque em mim. - ameaçou Nico.

Nico, assim como Clarisse, tentou desviar da mão de Dagda, mas o deus era claramente bem rápido e ágil, pois ele conseguiu cumprir seu objetivo e consequentemente fez Nico bufar irritado.

— Podia falar que só estava curando a gente ao invés de ser estranho assim. - resmungou Nico entrando no ônibus.

— É comida. - disse Dagda continuando a responder a pergunta de Mestiço sem parar de botar a mão na cabeça das pessoas que entravam - É um prato típico da região chamado Cawl. Vão com certeza terminar o confronto que os espera com muita fome. Espero que estejam bem até lá para poder saborear a comida. Vão durar enquanto estiverem em solo do Reino Unido. Eles também não derramam, nem estragam, nem esfriam.

— Só comida? Nenhuma magia no meio? - perguntou Mestiço.

— A energia que vem de um estômago satisfeito já não é magia o suficiente? - perguntou Dagda - Mas não exagerem. Indigestão causaria o efeito oposto.

— Tem porco? A carne é halal? - perguntei.

— Ahm… É carne de cordeiro... e… ahm… não… . - respondeu Dagda pela primeira vez com o sorriso fraquejando diante da minha pergunta enquanto colocava a mão na cabeça de Victoria.

— O que é halal? - perguntou Sadie, que, depois de Victoria, seria a próxima a entrar.

— Comida Halal é aquela que segue a lei islâmica, conforme definido no Alcorão. - expliquei - Porco é completamente proibido e nunca será halal. Mas, para as outras carnes, depende do modo que o animal foi morto.

— Farei uma opção vegetariana então… um segundo. - disse Dagda parecendo sem graça, mas rapidamente ele voltou ao normal e repentinamente interrompeu a entrada de Sadie no ônibus  - Você.

— Eu. - respondeu Sadie.

— Tem magia em você, e no elfo que subiu antes. - disse Dagda colocando a mão dentro da grande manga e tirando de lá uma pequena pedra rosa bem clara, quase branco, acho que um quartzo rosa, mas que uma luz parecia dançar dentro - Talvez isso seja útil. Talvez não. Mas é melhor prevenir do que remediar. Vocês dois, você e o elfo, juntos, devem conseguir usar.

— O que é? - perguntou Sadie pegando a pedra.

— Uma pedra com um feitiço muito poderoso dentro. - explicou Dagda - Um feitiço, feito por mim, capaz de voltar o tempo em 1 minuto. 

— Só um minuto? - questionei.

— Numa batalha, cada segundo conta. - explicou Dagda - Feitiços com tempo são raros, geralmente cheios de consequência e perigosos. 1 minuto pode não parecer muito, mas garanto que é um feitiço poderoso. Mas espero que vocês não precisem usar.

— Como que usa? - perguntou Sadie.

— Só concentrar sua magia nela e jogá-la no chão. - explicou Dagda - A pedra então irá quebrar-se e o feitiço será liberado.

— Porque nos ajuda tanto? - perguntou Thalia aparecendo pela janela do ônibus tendo claramente ouvido a conversa toda.

— Estão precisando de ajuda, por que não ajudar? E quero ser receptivo. - respondeu Dagda - E também, me sinto responsável por não ter ficado de olho devidamente em Balor e Hafgan, o que consequentemente causou o sequestro de sua amiga.

— Não sabia que deuses sentiam culpa. - criticou Clarisse, embora ela não tenha levantado e ficado na janela como Thalia fez, mas provavelmente estava logo ao lado de Thalia e ouviu tudo pela janela aberta.

— Realmente não é um traço que se vê muito… - disse Dagda meio baixo abrindo o caminho para Sadie e colocando a mão na cabeça dela enquanto ela analisava a delicada pedra.

O seguinte, e último que faltava entrar sem contar comigo e Mestiço, era Anúbis. Por instinto, devido a repetição do gesto até então, Dagda quase colocou a mão na cabeça dele também. Mas logo parou e recolheu a mão apressadamente soltando duas tosses falsas enquanto tudo que Anúbis fez foi o encarar ao subir no ônibus.

Dagda então virou-se para mim e da mão dele então surgiu um segundo caldeirão, um pouco menor que o primeiro. Ele me entregou o caldeirão, que não pesava mais que uma garrafa d’água apesar de isso não fazer sentido, e abaixou a cabeça levemente.

— Desculpe não ter levado em consideração as variantes formas de alimentação. - disse ele - Aqui uma versão vegetariana de um prato irlandês. Deve resolver o problema da carne halal, que não consigo arranjar, certo?

— Sim. Obrigada. - respondi.

Ele então botou a mão na minha cabeça, tal como havia feito com todos, com exceção de Ártemis e Anúbis, e imediatamente eu me senti muito bem. Sem sono, nem fome, nem cansaço. Foi uma sensação muito gostosa. Não a aproveitei muito, logo entrei no ônibus seguida de Mestiço.

Assim que entramos, Artemis ligou o ônibus. O pouco de informações que Dagda forneceu pareciam suficientes para ela saber qual direção ir. Ou quem sabe eles tinham conversado mais antes de chegarmos e ele deu mais referências para ela. 

Se a situação fosse diferente, poderia ser um passeio de escola. Tanto que, enquanto eu percorria o corredor do ônibus até os últimos, para deixar os dois caldeirões guardados, eu ouvia as pessoas conversando entre si.

— O que planejava fazer se o que Dagda estivesse fazendo não fosse só encher a gente de energia e tal? - perguntava Will para Nico - Parecia pronto para brigar com ele. E não precisa me super-proteger desse jeito.

— Hm… - resmungou Nico sentado ao lado dele de braços cruzados.

“Quer trocar de banco?” - entendi Blitzen gesticular para Hearthstone e fiquei orgulhosa por um segundo de minhas habilidades com ESL estarem melhorando.

Luego averiguaremos cómo llegar.— dizia Micaela para Victoria, ao seu lado, e Eduardo, na fileira ao lado.

— Esses deuses folgados bem que podiam ajudar a gente… - reclamava Clarisse.

— Você notou que tem dois com a gente, né? - perguntou uma caçadora que eu não conhecia ao lado dela.

— Eu sou estranha? - perguntava Sadie para Anúbis, sentado ao seu lado - Seus amigos parecem me achar. E sei lá… pensando bem…

— Eles não são meus amigos e não, você não é. - respondeu Anúbis - Você não tá achando isso, está?

— Reyna não vai conseguir chegar para nos ajudar. - disse uma caçadora que eu não conhecia - Fomos muito para o norte e para o interior de Gales. Bristol está longe demais.

— Lady Ártemis com certeza dará um jeito de nos unirmos depois. - respondeu outra caçadora.

Eu e Mestiço deixamos os dois caldeirões firmemente presos com cintos de segurança nos últimos bancos do ônibus e então fomos para os nossos lugares. Eu escolhi sentar logo atrás de Sadie e Anúbis, já que o resto na frente deles estava ocupado. Mestiço sentou do outro lado, logo atrás de duas caçadoras que eu não conseguia. Ele era espaçoso o suficiente para querer dois bancos para si e parecia emburrado, então eu não reclamava de ter meu próprio espaço, por mais solitário que pudesse ser.

— Sadie, você sabe usar essa pedra que Dagda deu? - questionou Mestiço repentinamente.

— Eu não sei… Talvez… - respondeu ela - Eu sinto que tem de fato uma magia muito forte aqui dentro mas… é bem diferente de tudo que eu já usei.

— Talvez por isso Hearthstone então. - sugeri entrando na conversa - Afinal ele usa runas… não entendo de magia mas não deve ser um pulo tão grande.

Ela então se levantou e foi andando até Hearthstone, provavelmente para falar da pedra, o que motivou Mestiço a levantar também para aprender mais sobre a pedra que poderia nos ajudar a salvar Mallory. 

Consequentemente, como eu não conhecia as caçadoras que estavam ali ao lado e todos os demais estavam imersos em suas próprias conversas ou sentadas muito longe, o que meio me fez sentir-me largada sozinha com Anúbis, que eu já havia notado que não era muito bom em conversas, já que raramente as iniciava, ao menos se não fosse com Sadie, e parecia acostumado a ficar sozinho. Isso era triste e me lembrava um pouco das vezes, em algumas turmas da escola, que ninguém queria falar comigo por eu ser claramente muçulmana.

— Hey. - eu disse atraindo a atenção dele pra mim - Nem agradeci você, Sadie e Hearthstone por não deixarem o Asag me pegar.

— Tudo bem. - respondeu ele.

— Obrigada. - insisti - Também obrigada por me ajudar a treinar meu árabe lá no barco… ao menos até o Mestiço interromper. Conseguiu me distrair do problema um pouco… e com certeza meus avós vão ficar orgulhosos se eu ao menos voltar para casa com o árabe um pouco melhor. - brinquei.

— El Aafo. - respondeu ele dizendo “de nada” em árabe egípcio e a partir daí a conversa ficou toda em árabe - O que eles acham que você está fazendo nesses dias todos?

Não era exatamente automático para mim entender ele falando árabe, mas também não era necessariamente difícil. Era só que o árabe dele era diferente, afinal tem muitos dialetos no árabe. Não era também como se meu árabe fosse necessariamente ruim, mas certamente dava para melhorar, afinal eu usava mais com a minha família e, bem, pra ler o alcorão, que usa um árabe bem arcaico. Certeza que quem sabe mais de um idioma sabe como é conseguir entender ou ler bem, mas não conseguir falar ou escrever tão bem.

A novidade na conversa que eu queria experimentar com ele, era o dialeto egípcio. Segundo ele mesmo me explicou quando treinamos árabe no barco, o árabe egípcio tinha um toque de influência do inglês, do francês e do turco otomano, mas era mesmo muito influenciado pelo copta, a língua que nasceu depois do egípcio antigo e com influência do grego.

Competição de Matemática. — respondi em árabe suspirando e dando de ombros, não era minha coisa favorita mentir para meus avós.

— Atenção, - disse Thalia em alto e bom som parando todas as conversas - Lembrando que nós sabemos que os nossos alvos estão com um exército de mortos fugidos do submundo celta nossas maiores preocupações são Balor e Hafgan. Lembrando novamente, por favor, cuidado ao lutar com Hafgan! Ele só pode ser morto por um mortal. Um imortal tentando o matar vai só deixar a situação pior para nós.

— Defina mortal, por favor. - disse Will levantando a mão - Semideus conta?

— Mortos são mortais ainda? - perguntou Mestiço.

— Acredito que a definição dessa vez seja a de ser atualmente sujeito a morte natural. - comentou Artemis do volante - Temos uma quantidade considerável de pessoas dentro dessa categoria e prefiro não arriscar a definição confusa que é se você já estiver morto. Então melhor se preocupar com outro alvo.

— Droga! - reclamou Mestiço.

— Não deveríamos decidir quem vai lutar contra Balor? - perguntou Clarisse - Afinal ele é enorme e aquele laser idiota dele é muito perigoso. Artemis pode ter acertado o olho dele com uma flecha mas já deve ter se curado a essa altura.

E bem, passamos o caminho discutindo nossas estratégias, variantes, planos A, B, C, D, prós e contras. Era bom saber o que iríamos enfrentar apesar de considerarmos também a possibilidade de surpresas no meio do caminho. 

A ideia de primeiro ir para Dinas Emrys foi claramente a ideia certeira, pois eventualmente Artemis parou o ônibus numa bifurcação ao lado de um pequeno hotel de aparência medieval mas reformado, e talvez construído, a não tanto tempo assim. O caminho para onde deveríamos seguir na bifurcação estava fechado por uma placa escrita em dois idiomas, “Fffoard au gau” em cima, “Road closed” embaixo.

— Alguém mais com uma péssima sensação quanto ao que tem se continuarmos reto? - perguntou Ártemis.

— Sim. - responderam vários no ônibus.

— Um bom sinal então. -  concluiu Artemis atropelando a pobre placa para fora do caminho ao seguir adiante, dessa vez com mais cautela do que o caminho até ali.

A praia podia ser sem graça, mas o verde e os morros e montanhas baixas ali eram tão lindos que parecia injusto se ter uma péssima sensação por ali. Até a chuva que agora caía levemente parecia deixar tudo mais bonito. Ao menos por enquanto a chuva não estava forte.

Não muitos minutos depois, Ártemis parou o ônibus mais uma vez, e dessa vez ela até se levantou enquanto algumas pessoas, as mais pra frente no ônibus, se esticavam para ver melhor pela janela frontal.

— Acho que é aqui que descemos. - declarou ela.

Mesmo com a chuva, começamos a descer e foi aí que eu consegui ver direito que, na frente de nós, estava uma densa névoa cinzenta muito estranha. Muito estranha pois ela estava totalmente concentrada apenas a partir de um ponto, quase como uma parede, à nossa frente. 

Ártemis foi a primeira a descer e ficar diante da névoa, mas todos nós estávamos logo atrás, lentamente ficando molhados. Ela esticou a mão e no exato segundo que seus dedos tocaram a névoa, a névoa resistiu ao toque como se não fosse apenas gás, mas sim algo mais resistente. Não resistente como uma parede, mas talvez resistente como uma gosma dura. Também foi nesse exato segundo que um trovão forte surgiu e, num piscar de olhos, estávamos no meio da tempestade.

— Acho que agora sabem que estamos aqui. - comentou Thalia.

— Vamos rápido então. - disse Mestiço pegando suas armas.

Cada um de nós se preparou e então nos jogamos contra a névoa, que realmente tentou nos empurrar para fora. Era uma sensação estranha. Não conseguia ver nada além da névoa, que era só gás afinal de contas, mas me sentia forçando meu corpo contra um colchão ou a amoeba mais dura do mundo e a chuva intensa certamente não ajudava. Me vi usando meu machado para abrir o caminho pois meu rosto estava doendo pela pressão.

A força era tanta que, quando repentinamente, a névoa acabou, eu caí no chão, e na lama, de joelhos como consequência de, de um segundo para outro, estar fazendo força contra absolutamente nada. Meu machado, caiu diante de mim também e felizmente não me matou, pois a lâmina estava para a lateral. Mas minha mão que segurava o cabo sofreu com a queda seguida do peso da arma. 

Ao meu redor, no meio da chuva forte, cenas parecidas se repetiram com todos apesar de nem todos terem caído tão deselegantemente de joelho na lama. Mas ao menos não fui a única. Estava óbvio que iríamos lutar sujos de lama.

Óloi kalá?— perguntou Ártemis e eu não entendi nada.

— Ahm… o quê? - perguntou Clarisse.

Domina Diana, quid est?— perguntou uma caçadora.

Det hun sa, er det en trolldom?— perguntou Mestiço olhando para mim sem fazer nenhum sentido.

— Que idioma você tá falando? Inglês por favor. - pedi e ele me olhou extremamente confuso também, o que fez meu pescoço se arrepiar e me avisar que algo tinha acontecido.

— Hey, tudo bem? - perguntou Will para Nico, que ao aparentemente ter a mesma ideia que eu de usar a arma para empurrar a névoa, acabou fincando a espada na grama ao tentar não cair (ou ser cortado pela própria espada).

Nico olhou para Will confuso por uns segundos, apesar de eu não ter visto nada de estranho no comportamento de Will, o que claramente não dava para ser dito quanto a Ártemis, a caçadora e Mestiço.

Perché non ti capisco?— perguntou Nico, e a tradução passou bem longe de mim também.

Chicos... algo no está bien. — disse Victoria e também não entendi nada.

Subiu uma estranha sensação em mim, sentindo todas as aulas de espanhol da escola irem embora. Eu sentia que ao menos uma palavra ali eu devia entender, e, ainda assim, não entendi nada.

También creo que algo anda mal. — falou Micaela— No entiendo a los demás.

Iw wenenet adjea.— disse Anúbis pra completar minha total confusão.

 

 


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Notas finais do capítulo

esse capítulo é dedicado ao google tradutor kk com exceção do árabe egípcio ali no meio e da fala final do Anúbis (em egípcio antigo). nenhum dos dois tem no google (q só tem o chamado árabe padrão).
e n, n vai ter tradução pq é pra vcs se sentirem tão perdidos quanto o narrador kkk (mas claramente temos uma vantagem nas línguas latinas)



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