Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 109
PIPER - Conversa Importante


Notas iniciais do capítulo

demorou mas saiu ^^'
aproveitem o cap!

no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Em Las Vegas, indo para Nova Roma: Hazel, Annabeth, Zia, Kayla, Grover
— Em Phoenix: Percy, Piper, Meg, Apolo
— Indo para Europa: Reyna
— Nova Roma: Frank, Lavínia
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter

no momento, estão em alto mar, os grupinhos:
— Indo para País de Gales : Sam, Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Anúbis, Sadie, Will, Nico. // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo jogar na água).
— Indo para Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— Indo para País de Gales: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse
— Indo contra vontade para País de Gales: Mallory



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PIPER

Se tivesse algum resultado útil na internet sobre “Como contar pra sua namorada que você é filha de uma deusa grega”, eu sem dúvida teria pesquisado. Eu não sabia se pedir pra Shel ouvir tudo primeiro e perguntar depois foi a melhor ideia ou não, mas foi a que eu usei. Então.. eu tentei. Levei alguns segundos, ou minutos, para começar enquanto tentava montar o melhor diálogo na minha cabeça, mas tentei.

Nos sentamos em um banco na frente do hotel e, com vários pedidos de “por favor, não ache que estou doida ou mentindo para você”, eu contei sobre como, um dia, meu pai se apaixonou por uma mulher que não tinha revelado tudo sobre si e dessa relação, veio eu. Até aí era tudo normal, tirando a parte de que essa mulher era Afrodite. Não só uma mulher chamada Afrodite, mas sim realmente era a deusa Afrodite. 

— A deusa grega Afrodite? - perguntou Shel.

— É… Deusa do amor e coisa e tal. - eu disse suspirando pesadamente - Por favor não me chame de doida. Estou falando a verdade.

— Estou tentando processar e levar isso a sério. Me dê uns minutos por favor. - pediu Shel com a expressão séria no rosto.

Eu esperei essa quantidade de informação se ajeitar na mente dela. Ainda tinha muita coisa para falar, como respostas para perguntas que ela certamente tinha, mas não tinha perguntado ainda. Afinal, isso não explicava o comportamento do meu pai, ou meu sumiço dos últimos dias, nem minhas mentiras e muito menos quem exatamente eram Percy, Apolo e Meg.

Shel estava com uma expressão preocupante no rosto e parte de mim estava preocupada com o que ela pensava. Outra parte de mim pensava em como continuar a explicação sem que ela quisesse me mandar direto para o hospício. Mas todo meu pensamento foi interrompido por uma pergunta nada normal dela.

— Afrodite… é ela que tá pelada nascendo toda adulta já naquela pintura velha acho que italiana né? Saindo da concha.

— Ahm… acho que essa é Vênus… - respondi torcendo para não ter que entrar em toda a complicação da mitologia romana. Ficar só na grega já seria complicado o suficiente de explicar.

— Isso tudo ainda me parece muito sem lógica. - disse Shel - Mas… tenho até medo de perguntar. Tem mais coisa para falar antes de eu te bombardear de perguntas mais complicadas do que um quadro?

— Tenho… 

Continuei a explicação falando mais sobre como meu pai não sabia de nada. Falei brevemente que ele chegou a descobrir uma vez, mas foi muita informação para ele, então ele surtou, mas felizmente conseguimos apagar a memória dele. 

— Apagar a memória? - questionou Shel.

— É… - respondi sentindo então a necessidade de entrar no assunto sobre poderes e magia.

Simplesmente falar que os deuses passavam poderes para os filhos era um conceito fácil de entender… se você acreditar primeiramente em magia e poderes. E foi aí que não só eu notei que já muito tempo tinha se passado desde que os outros foram atrás do rio Gila, como também que eu já estava bem longe de tentar fingir estar calma. Afinal, se eu fosse, o Percy por exemplo, e falasse para um amigo que meu poder era controlar água, a reação seria muito diferente de eu falar que tenho poder de convencer as pessoas a fazerem coisas, ou me deixarem fazer coisas. Um poder desses certamente não é visto por bons olhos quando a pessoa que recebe a novidade me viu usando-o contra meu pai para escapar de uma bronca e sair da cidade numa aventura maluca.

Então, obviamente, lá estava eu surtando antes mesmo de Shel surtar com toda a quantidade de informação que joguei nela e com esse mero detalhe do Charme.

— Eu juro que eu nunca usei em você! - falei tentando encarar ela nos olhos, por mais difícil que fosse - Odiei também usar em meu pai! Mas não pude evitar! Eu tenho que ir ajudar o pessoal! As coisas estão feias. Muito feias.

— Calma… eu não te acusei de usar nada contra mim… - disse Shel - Ainda nem sei se acredito em tudo isso apesar de parecer loucura demais pra ser inventado.

— Eu certamente não teria criatividade pra inventar tanta coisa.

— Mas… Como assim feias? - perguntou Shel - No que você, teoricamente, se meteu que parece tão importante e preocupante ao mesmo tempo?

— Não é que eu me meto nas coisas. - me defendi - Os problemas que ficam perseguindo a gente.

— Você foi de livre e espontânea vontade pra Las Vegas. - lembrou ela arqueando a sobrancelha.

— Verdade. - respondi e acidentalmente deixei escapar uma risada, o que me deu um certo alívio no meio daquela situação toda.

Respirei fundo tentando fazer aquele pequeno alívio durar mais um pouco. Foi também nesse momento que olhei ao redor para tentar me relaxar e notei, num canto meio escondido, a Maserati de Apolo se aproximando mas parando meio escondida em um muro bem baixo. Ele, Percy e Meg estavam meio escondidos claramente olhando para mim e se esconderam mais, se abaixando dentro do carro, ao notarem que olhei para eles de volta.

— Não tem graça. - disse Shel quanto a minha leve risada.

— Não. Não tem. Desculpe. - concordei tentando ignorar os três patetas escondidos no carro não tão escondido e focar na conversa.

— Então, não estou dizendo ainda que acredito no que você falou mas, no que você se meteu? - perguntou Shel.

— Nessa bagunça toda de deuses gregos, também tem monstros e deuses não muito legais então… aconteceram umas coisas em Las Vegas. - expliquei - Uma deusa grega Nyx, estava lá fazendo parte de um plano maior ainda e por acaso eu encontrei meus amigos lá, que estavam tentando resolver esse problemão. Pelo o que entendi até agora é um plano que é bem mundial e envolve água, dilúvios, e magia e provavelmente matar meio mundo de gente no processo. Parece que querem ficar importantes de novo ou algo do tipo.

— E quando eu achava que sua história não conseguia ficar mais absurda ainda… - resmungou Shel suspirando.

— Estou falando sério! - insisti - Não é exatamente tão novidade assim para a gente lidar com alguma tentativa de apocalipse ou algum deus criando confusão. Por isso eu senti que precisava olhar o que estava acontecendo em Las Vegas. Soa meio egocêntrico falar que sobra pra gente salvar o mundo, mas é por aí. 

— Você sabe que os Estados Unidos tem um exército bem grande né?

— Armas normais não funcionam com deuses. - expliquei - São seres imortais que só podem ser feridos por coisas muito específicas.

— Ah, claro, porque faz muito sentido quatro pessoas num carro chique dirigindo pelo país conseguirem impedir o que você parece descrever como o apocalipse. - disse Shel.

— Você ficaria surpresa mas… não somos só nós. Tem outros.

— Olha… toda essa história é bem absurda.  Mas também é uma explicação complicada demais para as coisas. Seria bem mais fácil você só seguir com a história de que estava doidona numa festa, embora não justifique porquê do nada seu pai ficou de boa com você saindo depois de toda a bronca que ele deu lá no quarto do hotel. Estou imaginando que esse jeito estranho que seu pai se comportou é o tal “poder que você herdou da sua mãe”? - disse Shel fazendo aspas no ar com os dedos com um tom de descrença.

 - Vem cá. - disse levantando do banco onde estávamos.

Fui andando até onde Meg, Percy e Apolo estavam ridiculamente escondidos. Uma Maserati vermelha já é bem óbvia, eles tentarem se esconder dentro do carro não ajudou muito a tentativa deles. Shel me seguiu o caminho todo até o terrível esconderijo e parou logo atrás de mim quando cruzei os braços ao lado da janela do passageiro da frente.

— Hey Piper… - disse Percy abaixando o vidro - Acabamos de chegar lá da reserva.

— Altas coisas pra contar. - disse Meg.

— Eu vi vocês aí escondidos já tem alguns minutos. - falei.

— Estávamos te esperando. Não queríamos atrapalhar. - justificou Apolo.

— Cadê o outro cara? - perguntou Shel - O loiro.

Eu, Meg e Percy olhamos ao mesmo tempo para Apolo. Eu pensei por um segundo “Ele está bem aí”, mas logo em seguida percebi o problema. Shel só conhecia o Apolo-Apolo, e ali estava apenas o Apolo-Lester.

— Oh… Então… - respondeu Apolo vagamente olhando para mim, provavelmente em dúvida se era para inventar uma mentira ou não.

— Isso é perfeito na verdade. - eu disse e olhei para Shel e para Apolo - É uma ótima prova visual de que o que estou falando é provavelmente verdade. Só peço para que não grite, nem entre em desespero ou algo do tipo. Só, por favor, respire fundo e acredite em mim quando digo que o mundo não virou de ponta cabeça.

— Tem certeza que quer fazer isso, Piper? - perguntou Percy - Você pode tentar contar com a névoa também.

— Cansei de esconder dela e do meu pai essa parte da minha vida. - expliquei - Do meu pai não tenho como fugir, ele não aguenta. Mas… se eu conseguir compartilhar com ela… já ficaria tão mais fácil.

— Então…Você quer que eu… - disse Apolo.

— Calma. - pedi estendendo a palma da mão para ele mas olhando para Shel - Vai parecer loucura mas, o homem loiro que você viu da outra vez é o mesmo que aquele garoto ali no volante. Você conheceu ele por acaso aquele dia em Tahlequah na forma mais adulta e loira, então, para você não estranhar e surtar, eu pedi mais cedo para ele ficar na mesma forma adulta e tudo mais e ele claramente esqueceu disso.

— Mais ou menos. - respondeu Apolo mas eu ignorei-o completamente.

Eu olhei para ela séria e ela me olhou de volta claramente julgando a minha sanidade mental. Tentando parecer mais confiante e segura do que eu realmente estava me sentindo por dentro, eu fiz um pequeno floreio com as mãos, como um mestre de circo apresentando sua próxima atração, e apontei as mãos para Apolo.

Apolo, que obviamente gosta de ser o centro das atenções, saiu do carro com menos pompa do que eu esperava dele. Ele olhou para mim, para Shel e então para mim novamente antes de, num piscar de olhos, trocar de Apolo-Lester para Apolo-Apolo.

— Ta-rá…  - disse tenso como se fosse um mágico.

Eu olhei para Shel esperando a reação dela. Ela esfregou os olhos duas vezes, apertou-os como se precisasse de óculos e então ficou completamente tensa, com olhos arregalados e meio pálida por alguns segundos que entraram no “top 3 mais longos segundos da minha vida”. Depois de um tempo ela começou a reagir tentando formar alguma palavra ou frase, mas só falava sílabas que eu não conseguia juntar em uma palavra entendível sequer.

— Nã-- tentei falar mas ela imediatamente estendeu a mão pra minha cara me cortando.

— Me dá uns segundos… - pediu ela respirando bem fundo bem devagar.

Eu esperei, os outros também esperaram, o que com certeza foi até mesmo alguns minutos. Olhando para Shel, eu quase conseguia ver as peças de um quebra cabeça se encaixando dentro da mente dela enquanto ela nervosamente mexia as mãos, esfregando uma mão na outra, e olhava ao redor, para as pessoas, naquela parte da cidade, poucas, que continuavam a andar como se nada tivesse acontecido.

— Ninguém viu…  - resmungou Shel - Ninguém viu?

— A magia tem jeitos de esconder das pessoas certas coisas… de certa forma. - respondi.

— Ela distorce a visão de um mortal substituindo certas coisas por outras coisas mais fáceis de compreender. - disse Apolo tentando ajudar - Provavelmente me viram simplesmente trocando de roupa ou algo do tipo.

— Isso explica tudo meio confuso no começo, mas… então… muito do que eu vi na vida pode ter sido uma grande mentira? - questionou Shel assustada e eu olhei para Apolo irritada com sua ‘ajuda’. 

— Quê?! Eu estava tentando ajudar! - disse Apolo.

— Acho que eu preciso bem mais do que uns minutos…  - disse Shel suspirando pesadamente.

— Acredita em mim agora? - perguntei.

— E tem como não acreditar depois dessa?! - questionou ela - Eu vi esse cara aí envelhecendo em questão de segundos! Isso foi absurdo o suficiente para acreditar em todas as outras coisas absurdas que você me contou.

— Não menciona nada para meu pai, por favor. - pedi - Ele realmente não conseguiu lidar com toda essa bomba. Apesar de tudo, você está reagindo melhor que ele.

Shel deu uma risada nervosa enquanto passava a mão pelo cabelo ainda não aparentando estar muito bem. Eu tinha certeza que ficar ali esperando horas e horas não iria deixar ela mais calma. Eu queria esperar o que fosse necessário, mas Percy e Meg conversando baixinho no carro constantemente olhando para a direção de onde vieram estava me deixando preocupada.

— Então.. - disse Shel começando o processo de confirmar suas conclusões - Vocês também são filhos de algum deus grego?

— Sim. - respondi prontamente antes que Apolo respondesse demais e encarei ele séria. 

Já era informação demais para lidar e não deixava de ser verdade que Apolo também era filho de um deus grego. Ele é filho de Zeus, afinal de contas, não? Era só ela não lembrar o nome dele que tudo poderia acabar logo e eu poderia explicar mais num momento melhor. Ela já tinha muito para processar. 

Enquanto ela tentava processar toda aquela informação, olhei para onde Percy e Meg olhavam. Não vi nada. Mas Apolo também parecia preocupado. Ele olhou rapidamente para a mesma direção que Percy e Meg e aproveitou o tempo que Shel levava para processar tudo para entrar novamente dentro do carro voltando para sua forma Lester no meio do caminho.

Depois de um tempo, mesmo no meio de toda sua preocupação com a recente revelação, Shel conseguiu notar que os três pareciam preocupados com algo.

— Está tudo bem? - perguntou Shel.

— Talvez. Espero. - respondeu Meg.

— O que aconteceu? - perguntei não aguentando mais o mistério.

— Então… a gente meio que saiu de lá quando um monte de monstros estava chegando perto. - explicou Apolo - Não vimos ninguém nos seguindo mas sei lá né?

— Você está ocupada com coisas importantes… - disse Shel olhando para mim e deixando um suspiro escapar - Vai lá resolver suas coisas. Nos falamos direito depois.

— Nós… estamos bem então? - perguntei - Você acredita em mim?

— Ainda não sei. - respondeu Shel - Eu preciso de um tempo e você precisa ir mesmo então… 

— Quando quiser conversar mais, me avisa. - pedi segurando a mão dela - Manda mensagem ou sei lá. Não sei quando eu vou voltar mas, assim que voltar eu venho para você. Por favor não desista de mim.

— Não vou…. eu só… preciso organizar a cabeça. - garantiu ela, embora eu não sentisse tanta firmeza assim nela.

Eu não senti confiança de lhe dar um beijo de despedida antes de ir. Então soltei a mão dela e fui em direção a porta do banco de trás, mas Shel segurou apressadamente minha mão e meu rosto e me deu o selinho que fiquei receosa em lhe dar.

— Toma cuidado, tá? - pediu ela.

— Você também. - pedi também.

Eu entrei no banco de trás do carro depois de alguns segundos de hesitação sentindo os olhares dos outros sob mim enquanto eu olhava para Shel. Ela abriu um sorriso pequeno apesar de eu notar que ela ainda estava com a cabeça cheia de informação. 

— Posso ir? - perguntou Apolo.

— Pode. - respondi.

Apolo ligou o carro e eu e Shel ficamos acenando fracamente uma para outra conforme a distância entre nós aumentava.

— Acho que foi até tudo bem… na medida do possível… - disse Percy.

— É… espero que continue “tudo bem” quando nos falarmos de novo. - falei.


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Notas finais do capítulo

aproveitando, fazendo novamente uma auto-propaganda, caso queiram, tem também a fic do Anúbis, A Morte das Areias do Saara :3 é lá no Egito Antigo e tal e ela tem uns easter-eggs aqui.
enfim, até prox semana !



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