Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 107
PERCY - Encenação


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora!
com esse cap o Percy se junta ao Anúbis como os únicos q narraram 7 capítulos o/



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PERCY

Aquela deve ter sido a luta mais rápida da minha vida, e olha que eu tenho uma lista generosa de batalhas. Com o canto do olho, notei que Meg, com suas duas espadas na mão, até tinha invocado pêssego. Do lado dela, Apolo estava com o arco e flecha na mão. Mas nenhuma luta começava, pois, na minha frente, estava a naiade, que não parecia querer lutar. Eu a segurava pelo pulso e eu juro que eu tentei falar normalmente com ela antes, mas ela parecia estar usando toda a sua força para não começar a chorar ali mesmo.

A naiade, apesar da cara de choro, parecia ansiosa e preocupada. Ficava olhando para todos os lados como se procurasse algo. Eu não ousava tirar os olhos dela por muito tempo para entender o que ela estava procurando, afinal tirar os olhos do adversário não costuma ser uma tática muito boa. Então, tinha que contar com os demais.

— Vocês estão vendo algo por aí? - perguntei.

— Não. - respondeu Meg.

— Pêeeeesego! Pêssego! Pêssego! - exclamou.. bem, obviamente Pêssego.

— Pêssego disse que quer uma luta. - traduziu Meg.

— Bem, nossa provável adversária parece meio em dúvida quanto ao que quer. - respondi.

— Não é que eu prefira luta… - sussurrou a naiade - É que eu não tenho escolha.

— Oi? - disse Apolo - Explica isso direito.

A naiade usou a mão livre para segurar no meu braço, o que eu usava pra segurar ela, mas me olhou de um jeito que… sei lá… parecia dizer “por favor confia em mim só um pouquinho”. Era uma opção arriscada? Com certeza era. Mas escolhi confiar na naiade quando ela me puxou pra debaixo d’água. 

Felizmente, nós dois podíamos respirar lá embaixo, então não tinha nenhum perigo em alguém se afogar. Mas, claramente Apolo e Meg não sabiam o que estava acontecendo ali embaixo, pois, do nada, uma flecha passou. Provavelmente era difícil acertar uma náiade, que praticamente se misturava com a água, e ainda assim não me acertar. Mas claro que Apolo acertou em cheio o ombro dela.

Obviamente a naiade resmungou e se contorceu de dor e uma grande parte de mim sentia que não era hora de partir pra batalha. Mesmo quando ela se segurou firme em meu ombro e me olhou séria.

— Vamos fingir lutar. - sussurrou ela - E te conto o que sei.

Não era uma proposta que se ouvia todo dia mas, julgando pelo comportamento da naiade, acho que fazia sentido. Mas só tenho 76% de certeza desse achismo. Notando que ela parecia querer ser discreta e talvez, já que tinha falado bem baixinho e estava até alguns minutos antes olhando ao redor, tinha medo de estar sendo observada, só afirmei brevemente com a cabeça.

 Ela não parecia estar tão bem assim por causa da flechada de Apolo, mas mesmo assim abriu um pequeno sorriso. Como os outros não sabiam do nosso mais recente acordo ainda, eu empurrei a naiade pra longe no último segundo antes de uma flecha de Apolo passar sem grandes dificuldades pela água. Não sei se sou um bom ator, mas eu precisava ao menos avisar Apolo e Meg da mentira que iríamos encenar ali. 

Eu usei a água do rio para me impulsionar para a superfície e rapidamente cheguei onde Apolo, Meg e Pêssego estavam prontos para uma batalha. Eu olhei ao redor para ver se tinha alguém por perto, mas apesar das preocupações da naiade, não consegui ver mais ninguém.

— Você está bem? - perguntou Apolo - Fiquei com medo de uma das flechas acabar te acertando.

— Errem os ataques. - sussurrei.

— Quê?! - exclamou Meg.

— Vamos fazer uma lutinha de mentira e ela vai contar tudo. - expliquei ainda em voz baixa - Combinamos lá embaixo.

— Ela não está te enganando? - perguntou Meg.

— Se esse for o caso, a gente luta de verdade. - acrescentou Apolo.

Assim que Apolo terminou de falar, a naiade surgiu na margem do rio. No ombro atingido por Apolo não havia mais nenhuma flecha, mas ele sangrava. A naiade levantou magicamente, na frente dela, uma onda mais alta do que ela mas que não tinha mais do que 5 metros de comprimento… ou talvez 4. Uma mini-tsunami. Eu não trouxe uma fita métrica e não tive tempo de medir com o olhar, pois ela logo lançou essa onda contra nós. Eu corri na direção da onda e, quando cheguei perto o suficiente, briguei contra a naiade pelo controle da água.

Graças a mim, a onda se abriu ao meio, revelando a naiade por trás dela, e também perdeu a força. A naiade avançou na minha direção e uma flecha de Apolo raspou praticamente inofensiva na bochecha da naiade. Eu também lancei uns golpes bem dignos de exemplo de como NÃO se deve mirar e Meg lançou umas sementes entre ela e a naiade bem onde a ex-onda-não-tão-ameaçadora tinha ficado mais rasa e molhado a terra.

— Vocês não vão conseguir impedir. - disse a naiade erguendo outra mini-tsunami, levemente menor que a primeira.

A segunda mini-tsunami correu em nossa direção pronta para nos derrubar. Ela podia não ter nem dois metros, mas não subestime a força de uma tsunami que é maior que uma simples onda grande. Tem diferença entre onda grande e tsunami. Juro que tem. De toda forma, a naiade jogou sua mini-tsunami , e lançando contra nós, mas eu rapidamente fiz a mesma coisa que fiz com a primeira. Mas ali, praticamente dentro da onda... SURPRESA! A naiade.

Ela transformou a mão em água e claramente tentava agarrar meu pescoço. Eu não estava tão afim de literalmente dar meu pescoço nessa encenação, então rapidamente rodei um monte de água para as minhas costas e me lancei na direção dela junto com a água usando meu braço para forçar a garganta dela (o que fez eu me sentir meio hipócrita).

Derrubei a naiade no chão prensando a garganta dela contra o meu braço esquerdo com a contra corrente perigosamente perto do rosto dela. Foquei minha atenção na minha adversária de mentirinha quando ela começou a falar.

— Cada vez mais rios não tem escolha a não ser obedecer à Naunet e seus aliados. - disse a naiade disse ela fazendo aquilo soar como uma ameaça enquanto, atrás de mim, eu via árvores rapidamente brotando de onde Meg havia lançado as sementes.

— Não só o equivalente dos rios do submundo então? - perguntei.

— Não. - respondeu ela - Mas não durará muito tempo com eles se está tendo problemas comigo.

Eu não estava. Quer dizer, eu sinceramente não estava tentando tanto assim e, Apolo até errou a mira antes, Pêssego não veio pulando na cara da naiade e Meg continuava de retaguarda como se tivesse com medo de a naiade chegar muito perto de Apolo, que dependia de ataque de longa distância. Então… é… acho que posso dizer que nenhum de nós estávamos nos esforçando tanto e, pela fala da naiade, tive mais confiança que ela não estava passando o pé em nós com o pedido de um pequeno teatro.

— Vocês não serão os primeiros que derrotarei. - disse a naiade.

— Outros passaram por aqui? - perguntei.

— Mortais que sabem e veem muito. - disse ela - Alguns grupos de indígenas e seus shamans que sabem de nossa existência e muito mais. Minhas irmãs me contaram que estão até no norte do Canadá interferindo. Ouvi dizer também que impediram parte do exército de Nyx de chegar até ela até Las Vegas.

Enquanto eu pensava quais seriam as próximas cenas de nosso teatro, a naiade se dissolveu em água me deixando encarando o chão úmido. Me virei rapidamente e vi a água que antes era a náiade se movendo em direção às árvores que praticamente formavam uma barreira entre nós dois, e Meg com Apolo do outro lado. 

Ok, água consegue passar por buracos pequenos como… troncos de árvores amontados… mas acho que se a naiade inventasse uma outra mini tsunami, aquelas árvores aguentariam a mini-tsunami se ela de fato fosse mini. Bem, não estávamos realmente tentando lutar pra valer. 

— PASSA POR AQUI E VOCÊ VIRA PICADINHO! - ameaçou Meg apontando com uma das suas espadas para a água que, desafiando todas as leis da física, se recolheu antes de tocar a base dos troncos que Meg criou.

— PÊSSEGO! PÊSSEGO! PÊSSEGO! - gritou Pêssego exibindo os punhos pra naiade.

— E LEVA UMA FLECHA NA CARA QUE NEM A NYX! - gritou Apolo também.

— Ela não segurou a que você lançou na cara dela? - perguntei me levantando.

— Detalhes. - respondeu Apolo - E na verdade ela deu um tapa na que eu atirei contra o peito dela naquela hora.

— Vocês lutaram contra Nyx? - perguntou o monte d’água, que era a náiade, se erguendo e virando a naiade mesmo, que logo se apoiou no tronco da árvore mais próxima.

— É! - gritou Meg - E MANDAMOS ELA DE VOLTA PRO SUBMUNDO!

— Isso muda pouco. - disse a naiade - Não derrotaram Quetzalcoatl né?

— Não… - respondi.

— Ela e Quetzalcoatl ficam de olho nas coisas aqui apesar de ela ficar mais com da fronteira do México pra cima e ele da fronteira do México pra baixo até a linha do Equador incluindo o Caribe. - explicou a naiade - Nunca derrotarão ele também. Tudo que acontece eles ficam sabendo, cedo ou tarde. Quer seja um monte de semideuses tentando atrapalhar os planos deles ou uma náiade que não concorda com os planos porque tem amigos em reservas indígenas por perto, mas também tem medo de desaparecer por estar secando cada vez mais. E também, estamos perto da fronteira do México. Não vai demorar muito para algum monstro sob o controle de Quetzalcoatl chegar aqui quando alguém notar que estão lutando contra mim tentando me impedir de esbanjar da magia que eles fizeram fluir pelo meu rio aumentando o fluxo de água dele com a intensão de fazê-lo transbordar.

A quantidade de informação na fala me pegou um tanto de surpresa. Me fez lembrar dos vilões de desenhos animados que costumam contar todo o plano maligno antes de terminar de executá-lo. Meg claramente foi mais rápida do que eu em ficar mais curiosa por mais informações, pois logo perguntou:

— Quem cuida então de depois da linha do Equador?

— Outros deuses. - respondeu ela - Não sei direito quem.

A naiade ameaçou pular na direção de Meg se espremendo entre as árvores como se por algum motivo tivesse esquecido que podia só virar água e passar tudo aquilo facilmente. Pêssego rapidamente voou na direção da naiade começando a arranhar a cara da coitada e Meg e Apolo na mesma hora ergueram mais suas armas e só aí a náiade ficou totalmente líquida novamente. Mostrando que não era burra, só estava encenando, ela usou essa chance para, ainda em estado líquido, atacar Meg e Apolo.

Apolo atirou, mas não sei dizer se a água espirrando foi só a física atuando ou a flecha dele realmente fazendo algum dano. As espadas de Meg e as flechas de Apolo, teoricamente, não podiam ferir o que era só água e eu tinha uma barreira de árvores para atravessar e não conseguia trocar para o estado líquido.

Enquanto eu dava a volta pelas árvores (parecia mais rápido do que tentar forçar espaço entre os troncos), a naiade atacou Meg, que estava mais perto que Apolo, com um jato d’água forte, derrubando-a no chão e passando sem problemas pelas espadas erguidas. A água que era a náiade envolveu Meg como uma bolha, mas Meg parecia estar segurando o ar dentro da boca.

— HEY! - gritou Apolo apontando a flecha para a naiade… e Meg… mas ele claramente logo notou o problema dessa ideia pois, por um segundo, parecia que a pele dele estava começando a brilhar - FECHA OS OLHOS VOCÊS DOIS!

 - APOLO, CALMA! - gritei enquanto ouvia a naiade dizer alguma coisa a Meg ao mesmo tempo, mas não consegui entender as palavras pois eu e Apolo falamos ao mesmo tempo.

Mas, antes que Apolo pudesse fazer algo que tinha o total potencial de fritar todos ali com exceção dele, a naiade largou Meg, deixando-a ensopada no chão e tossindo. E então, como uma estranha poça d’água gigante ambulante, a naiade foi voltando para o rio vagarosamente parecendo até tremer de leve.

— Oh, a luz mágica divina de Apolo… - disse a naiade como se tivesse sido atingida por um golpe fortíssimo - Ela queima!

— Mas eu ainda não fiz nada… - falou Apolo já sem qualquer brilho.

— Shiu! - reclamei dando-lhe uma cotovelada na cintura.

— AI! EI!

— Vocês ganharam… - chiou a naiade com uma voz falsa de dor e choro - Mas não há nada que possam fazer aqui. Sei que minha derrota terá vingança. Talvez quem sabe um dia por minhas próprias mãos, pois esse é o máximo que ouso lutar com vocês hoje. Vou deixar isso nas mãos de quem quer que Quetzalcoatl tenha mandado até aqui.

Mais uma vez eu olhei ao redor e, dessa vez, eu vi algo diferente. Lá longe no horizonte, vindo de onde provavelmente era o sul, algo parecia se aproximar. Ou vários algos. Estava longe demais para ver o que mas eu não duvidava que talvez fosse a tal ajuda de Quetzalcoatl que ela mencionou.

— Todos que veem, falam. - disse a naiade segundos antes de entrar no rio dela novamente - E vocês chamam atenção demais.

— Alguém por acaso quer ficar aqui e encarar a briga que tá indo até nós? - perguntei enquanto Apolo estendia a mão para Meg e ajudava ela a levantar.

— Espero que você esteja brincando. - disse Apolo - Vocês não disseram que o México tava um formigueiro de monstro? Aquela galera ali tá vindo do México!

— Eu tava brincando… - garanti indo para o carro - Foi proveitoso o suficiente de informação ou tentamos arrancar mais alguma coisa?

— Vamos voltar pra Piper. - disse Meg entrando no carro seguida de Apolo - Aquela naiade deu pra gente provavelmente o máximo que tem coragem de dar sem botar a vida a própria vida em rico.

— Foi impressão minha ou ela te disse algo naquela hora que tentou te afogar? - perguntou Apolo.

— Disse que gosta do pessoal da reserva e não quer que eles morram, que é o provável destino apesar de Naunet falar o contrário. - explicou Meg - Ela desejou boa sorte pra gente também.

— Então vamos sair daqui antes que aquele pessoal ali atrás chegue e transforme a gente em recheio de burrito. - disse Apolo fazendo o motor do carro roncar e logo acelerando. 

Provavelmente receoso de ir na direção da massa disforme que se aproximava para que pudesse pegar a rodovia principal novamente, Apolo seguiu pela estrada deserta que passava por cima do rio. Esperava que Piper tivesse terminado sua conversa, pois ficar tão perto da fronteira do México escada me parecendo muito perigoso considerando o tamanho e ameaça que Quetzalcoatl tinha quando vimos ele em Teotihuacan e o resto do pessoal enfrentou ele em Chichén Itza.


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Notas finais do capítulo

ps: eu fiquei vendo vídeo de arco-e-flecha embaixo d’água no youtube pra ver se os ataques do Apolo faziam sentido kkk



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