Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 37
O Baile de Outono


Notas iniciais do capítulo

Capítulo postado dia: 20/10/2019, às 22:07.



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Marinette

— Vamos Mari, seu namorado já está ficando impaciente! – ouço Kattie gritar do outro lado da porta do banheiro. Sinto meu rosto corar quando olho para o meu reflexo no espelho.

Era a noite do baile de outono e todos nós éramos obrigados a participar para a obtenção de nota de todos os cursos da François Dupont. Como se isso já não bastasse, ainda era um baile de máscaras. Analiso a minha roupa uma última vez para ver se estava tudo como havia planejado. As meninas e eu havíamos combinado que eu seria a responsável pelas fantasias de hoje, e nunca senti tanta responsabilidade nas minhas costas como nos últimos dias. Por sorte tudo saiu conforme eu planejei. Em certo ponto aquela pressão toda foi boa: consegui me distrair o suficiente da tensão do atentado das férias do meio do ano. Balanço a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos e encaro a máscara em minhas mãos.

Hojé é um dia de festa Marinette. Se concentre em aproveitar isso.

Respirando fundo, finalmente saio do meu quarto e caminho para a sala de estar lá embaixo onde todos já deveriam estar prontos para sair. Desço as escadas o mais silenciosa que consigo, mas falho miseravelmente quando ele me avista do sofá. Não contenho um sorriso. Eu e Adrien estávamos cada vez mais próximos, mas não chegamos a realmente criar um relacionamento sério. Se ele me considerava sua namorada, eu não sabia, mas na minha opinião estávamos chegando quase lá. Quando chego a base de minha escada vejo o resultado das minhas criações nas minhas amigas. Ficou simplesmente incrível. Kattie estava usando um conjunto azul marinho com adereços em verde-água que combinavam perfeitamente com a máscara em formato de pavão que havíamos criado juntas, destacando o cabelo ruivo preso num penteado elaborado para trás. Alya então, estava radiante – se era pelo fato dela e Nino estarem juntos ou por suas fantasias estarem combinando, eu já não sei. Eu criei um vestido laranja escuro com alguns detalhes aqui ou ali brancos até a altura dos joelhos, como ela queria. A máscara dela lembrava muito uma raposa, o que é um pouco irônico, já que é uma das pessoas que eu mais confio na minha vida. Os meninos estavam de certa forma combinando com as duas, o que aqueceu meu coração. Eles são tão lindos juntos.

— Ay me disse que você fez tudo isso. – a voz de Adrien comenta próxima de repente, e sinto um beijo repentino em meu pescoço. – Está de parabéns joaninha.

— Que galanteador... – rebato, me virando para encará-lo. Estava todo de preto, tipo uma versão masculina da mulher-gato. Não seguro uma risada. – Homem-gato. Roubou a fantasia da namorada do Batman só pro baile de outono?

— Claro que não. – o loiro retruca, sorridente. Deixo que me pegue pela cintura enquanto me encara. – Todo mundo sabe que a Mulher Maravilha é a namorada do Batman. A Mulher-Gato é só um affair do morcegão.

— Eu adoraria abrir uma discussão sobre isso, mas nós já estamos atrasados. – Nino brinca, encarando o relógio que está debaixo de sua fantasia. – O diretor Damocles disse que quem chegasse depois da 20:30 teria menos dois pontos na média e já são 20:15.

— Bora pessoal! – Kat diz, empolgada. Coloca sua máscara e começa a arrastar Louis na direção da porta. – Vamos, eu tô precisando dessa nota.

Todos nós a seguimos, conversando animados sobre o que vamos encontrar na Universidade daqui a pouco. Porém, assim que minhas amigas fecham a porta de casa empolgadas uma sensação ruim passa por todo o meu corpo. Sinto o mesmo calafrio do dia que quase fomos mortos na praia. O Agreste percebe o meu desconforto enquanto esperamos o elevador do prédio e aperta minha mão com força, entrelaçando nossos dedos.

— Vai dar tudo certo. – ele sussurra no meu ouvido, me obrigando a olhar em seus olhos. – Prometo não sair do seu lado.

— Mesmo? – sussurro de volta, o observando dar um pequeno beijo em minha mão.

— Mesmo mesmo My Lady. – Adrien responde, me dando um sorriso de canto exatamente quando nosso elevador se abre.

Tento manter a animação lá encima como minhas melhores amigas, mas é difícil esquecer o que aconteceu quando não ouvi minha intuição. Ou talvez seja apenas o meu estresse acumulado sendo afetado pelo medo de tudo o que aconteceu. Talvez esteja apenas exagerando. Afinal, o que poderia acontecer demais numa festa da universidade, rodeada de seguranças?

***

Achille

— Você tem certeza que quer participar dessa festa Laurinha? – pergunto pela quinta vez a minha sobrinha de consideração quando estaciono na rua da Françoise Dupont. – Sabe que não precisa fazer isso, que posso te levar de volta pra casa se quiser.

— Tio, pela milésima vez, eu tenho certeza. – a mesma responde, já parecendo irritada com a minha insistência. Suspiro quando ela cruza os braços depois de tirar o cinto. – Essa é a única oportunidade de eu esquecer um pouco do caos que tá virando a minha vida. – ela bufa, me encarando a espera que eu a libere para sair. – Já podemos ir?

— Tudo bem. – digo, por fim. – Se precisar de qualquer coisa, ligue. Qualquer coisa.

A escuto murmurar um “Tá bom” e sair da viatura antes que eu possa dizer mais alguma coisa. Olho para Jacques no banco de trás pelo retrovisor e ouço um suspiro vindo do mesmo. Desligo o carro e apoio as mãos no volante. Já tinha passado da hora de ter essa conversa com ele.

— O que acontece entre vocês dois, filho? – lhe questiono, sem tirar os olhos da sua cabeleira tão familiar. – Eu percebi vocês distantes um dos outro ultimamente, antes do pai da Laura ser preso no Brasil.

— Eu não sei pai. – responde, jogando a cabeça entre os dois bancos. – Quer dizer, você sabe... Sobre a Alya.

— Que ela te deu um fora? – retruco, me virando no banco do motorista. - Sim, a delegacia toda sabe. – brinco, vendo como ele rapidamente morre de vergonha, virando um tomate. Igualzinho à sua mãe. Rio e logo acrescento. – Estou brincando. Mas o que essa garota tem a ver com a nossa Laurinha? Achei que já tivesse superado filho.

— É que... Sei lá... – ele começa, meio perdido. – Antes eu não conseguia enxergar ninguém além dela. Depois que a Alya me deu esse fora e eu vi com meus próprios olhos que ela estava namorando sério com o Nino, eu desisti de insistir nela. Mas agora, eu meio que descobri que a Laura era apaixonada por mim até um tempo atrás e não faço ideia do que fazer pai. – desabafa, gesticulando quase desesperado demais pra mim. – O que eu faço?

— Ué, dá uma chance. – digo, simplesmente.

— Pai! – ele exclama, e eu não consigo deixar de balançar as mãos. – A Laura é a minha melhor amiga de infância, seria muito estranho. Eu não consigo nem pensar em machucar ela com minhas atitudes. Não, eu nunca me perdoaria se magoasse ou ferisse os sentimentos da Lau. – observo Jacques ficar distante e dou um sorriso. – Ela é uma garota incrível pai. Linda, talentosa, dança muito, tem uma voz maravilhosa... Ela é simplesmente perfeita, sempre com aquele sorriso de anjo na cara, mesmo com tudo desmoronando ao seu redor.

— E o que você acha que é todo esse carinho por ela? Apenas amizade? – lhe questiono, arquenado uma sobrancelha. Ele fica sem palavras. Como eu pensei. – Não, filho, isso é algo maior que só amizade. Você sabe disso, só não quer admitir. – aproveito o seu silêncio e me estico para apertar seu ombro. – Porque você não dá uma chance a esses sentimentos e vê o que acontece? Você está machucando ela mais longe, ignorando essa tensão entre vocês dois, do que machucaria se você de fato, tentasse.

Atenção todas as viaturas, assalto acontecendo agora no Banco Central de Paris. Se dirigam até aqui agora, o mais rápido possível. Precisamos de reforços!

— Pense nisso, filho. – digo, bagunçando seu cabelo. – Agora eu preciso ir. Cuide da nossa garota e juízo.

— Tá bom, pai. – diz, arrumando o cabelo e saindo da viatura. Assim que ele sai ligo a sirene. – O que foi?

— Eu não ouvi o meu “Eu te amo, pai”. – brinco, com o vidro baixo. Ele morria de vergonha disos.

— Pai, para, tá todo mundo olhando. – ele reclama, olhando pros lados. Arqueio as sobrancelhas e faço dois sinais de sirene. Ele bufa e eu rio de sua cara. – Eu te amo pai, agora pode ir embora.

— Oh, que filho adorável que eu tenho. – zombo, e ele revira os olhos, se afastando. – Eu também te amo.

Ligo o carro e avanço para o Banco Central para atender aquela ocorrência. O rádio continua ligado, passando as mais variadas passagens de outros policiais, outras viaturas, outras ocorrências. É uma loucura como conseguimos identificar os crimes nessa bagunça que é a comunicação entre viaturas e delegacias via comunicador. Com a sirene ligada, vou ultrapassando os carros com facilidade enquanto outros abrem o caminho e me dão passagem. Não demora muito e consigo avistar ao longe o Banco Central rodeado de viaturas, com milhares de policiais armados e prontos para atirar. Assim que reconheço o furgão preto estacionado na entrada de trás do banco paro a viatura e rapidamente me junto ao delegado Roger com arma em mãos.

Você nunca vai nos pegar vivos
Juramos até que a morte nos separe
Eles vão chamar os nossos crimes uma obra de arte

— É o que eu estou pensando mesmo? – lhe questiono, entrando no meio da troca de tiros pronto para atirar nos bandidos. O delegado grunhe ao meu lado.

— Sim. – ele responde, mirando em um ponto lá dentro e atirando. – Fui informado que agentes da Surveillance estão aqui, em Paris. Muito provavelmente esse ataque ao banco é obra deles.

— Quem está aqui? – pergunto, entredentes. Os tiros começam a diminuir quando os assaltantes abastecem as armas. – Drygut? Peu Tressages? Presque Rien?

— Nossas fontes informaram que os três estão aqui. – o Raincomprix revela e meu coração dispara. Bingo.

— Eu vou entrar. – digo, chamando alguns policiais amigos para me acompanharem. Escuto as reclamações do delegado, mas as ignoro e avanço por entre os tiros para dentro do Banco Central. – Vamos homens!

Você nunca vai nos pegar vivos
Vamos viver como a realeza mimada, amantes e parceiros

Avanço atirando nos assaltantes que consigo, sendo seguido pelos meus homens de confiança e indo cada vez mais fundo nas dependências do banco. Enquanto passava vi vários outros policiais no chão, muitos sangrando com alguma bala ao corpo e outros completamente imóveis. Me repreendo ao pensar em quantos tive o prazer de conhecer, quantos eram meus colegas de trabalho, quantos nunca mais voltariam para a família. Respiro fundo, correndo mais rápido. Somos pegos por uma metralhada de balas e forçados a nos esconder no que restou da porta do cofre, explodida por algum tipo de explosivos ou mesmo por dinamite. Grito ordens para alguns dos que me seguiam, mas é quase certo que não me escutam.

Quando minhas balas acabam e volto para recarregar minha arma o tiroteio cessa de repente. Antes que possa me virar para ver o que está acontecendo sinto algo frio na minha cabeça. O gelo sobe pela minha espinha e não me mexo.

— Ora, ora, ora. – uma voz que não ouvia há muito tempo diz, fazendo a adrenalina gelar meu coração. - Olha só quem resolveu aparecer por aqui.

— Drygut. – falo, ousando virar o rosto para encará-lo. – Quanto tempo. Como vai a cicatriz que te dei?

Sua risada corta o ar e me atinge como uma faca afiada. O analiso por um longo momento. Está usando roupas pretas exatamente iguais as que usava quando invadiram a casa daquele senhor chinês, Niakamo-Fu, e levaram um vaso valioso. O rosto ainda tem a cicatriz sobre um dos olhos que atravessa seu rosto em contraste com os olhos ferventes de ódio e a barba aparada com cuidado. No fim, até que combinou com ele.

— Está no mesmo lugar que você deixou quando tentou atirar em mim e errou com sucesso. – ele responde, me dando uma coronhada e me levando ao chão, com um corte sangrando na testa. – Achou mesmo que iria tentar se livrar de mim e sair ileso Achille?

— Você quase matou minha irmã naquele assalto a academia. – o lembro dos meus motivos e ele me dá um chute no estômago. – Deveria ter atirado mais vezes para retribuir o favor.

Drygut ri mais uma vez, se agachando para ficar na minha altura. O clima entre nós é tão ácido e carregado de ódio que se torna até difícil respirar.

Parceiros de crime

— Eu poderia acabar com você aqui agora mesmo. – solta, quase rosnando. Não controlo uma risada sádica.

— Faça isso. – respondo, tentando lhe acertar um soco e levando outro golpe com o cabo de sua arma. – Me mate e perseguirei você todos os dias do resto da sua vida.

Ao invés de agir com violência mais uma vez – como eu já estava preparado para evitar – ele sorri. Um sorriso cruel, mostrando os dentes e que arrepia até mesmo a minha alma. Isso me assusta mais do que qualquer coisa que poderia imaginar.

— Não, querido Achille. Não vou entrar no seu joguinho. – ele diz, sem tirar aquele sorriso do rosto. Estreito os olhos, respirando com dificuldade por causa da agressão. – Aliás, os planos são outros pra você.

— O que quer dizer? – lhe questiono, estreitando os olhos e perdendo a paciência. – Fale!

— Não é comigo com quem você deve se preocupar agora. – Drygut responde, se levantando ainda com a mira de sua arma em mim. – Afinal, eu não sou o perigo. Não, por enquanto.

— Perdeu o cargo de superior? – zombo, cuspindo um pouco de sangue. – Quem é que está por trás de você agora?

Ouço mais sirenes se aproximando. Mais reforços haviam chegado. O Banco a essa altura já deveria estar completamente cercado. Não tinham nenhuma chance de escapar. Drygut e os seus capangas da Surveillance estavam sem escapatória. Porém, quando o mesmo gargalha da minha cara e olha a nova demanda de policiais que entrava, correndo na nossa direção, apenas diz:

— Uma facção é como um quadrado, um triângulo. Nunca tem apenas um lado.

De repente uma bomba de fumaça estoura perto de mais de mim, me obrigando a virar o rosto para outro lado; em seguida surgem tiros de todos os lados, destruindo todas as lâmpadas acesas dentro e fora do cofre, nos cobrindo com uma escuridão assustadora.

— Achille! – ouço o delegado Roger gritar, parecendo desesperado. – Achille!

— Aqui! – tento gritar, me arrastando de onde estava até as figuras negras se aproximavam. – Ele está fugindo! Peguem ele, esqueçam de mim, eu estou bem!

— Já mandamos viaturas atrás deles, mas temos coisa mais importante para nos preocuparmos agora. – ele diz, me ajudando a levantar com outro colega policial da ronda escolar. – Recebemos uma ocorrência urgente.

Parceiros de crime

— De onde? – pergunto, passando a mão no rosto e tentando estancar o ferimento da coronhada. Sinto o delegado hesitar e subitamente o pânico me atormenta. Não. — Onde é a ocorrência delegado?

— Na universidade Françoise Dupont. – ele diz enquanto disparamos para a viatura mais próxima, queimando o pneu ao sairmos em alta velocidade em direção ao baile que acabara de sair.

Foi tudo apenas uma distração e nós caímos como patinhos na armadilha. Maldição.

***

Félix

Eu tinha acabado de chegar no baile de outono. Consegui enrolar o segurança da Universidade com um pequeno suborno e entrei sem ser visto por ninguém da universidade. Não contei a ninguém viria, muito menos a Adrien. Depois de tudo o que acontecera eu me senti mais do que obrigado a proteger meu irmão em qualquer situação, não importasse o tamanho do perigo. Eu estava usando uma máscara branca pela metade, com uma fantasia inspirada no fantasma da ópera: ninguém me reconheceu.

A festa estava muito bem organizada. Luzes coloridas, nuvens de fumaça, decoração escura e mista. Tinha até mesmo um palco em um canto onde os alunos podiam se apresentar caso tivessem coragem – e alguns estavam até mesmo se arriscando quando entrei. Fui até a mesa que tinham preparado petiscos e bebidas sem álcool, me servindo com um copo e me encostando numa parede mais próxima. Não demorou muito para meu irmão e seus amigos chegarem. Os observo por um tempo até ter certeza de que estão bem e nenhum mal está por perto. O tempo parece voar e quando me dou conta estou no terceiro copo de um mix de conhaque “sem álcool” com frutas vermelhas.

— Você deveria parar de beber antes que tenha um troço. – uma voz conhecida me repreende pelas costas, e arqueio uma sobrancelha quando vejo quem é.

— Como deixaram você entrar aqui? – lhe questiono, bebericando minha bebida. – Apagou quem Dupain-Cheng?

— Saiba que não é subornando os outros que eu obtenho minhas vantagens. – Bridgette retruca, mostrando aquele maldito crachá do governo por baixo da fantasia longa e escura que estava usando.

— Claro, sempre me esqueço dos seus brinquedinhos as custas da população. – devolvo, virando meu copo e o jogando fora em seguida. – O que está fazendo aqui?

— O mesmo que você. – a morena responde, encarando a irmã dançando ao longe com as amigas. – Ou você achou que eu ia perder a oportunidade de aproveitar essa festa?

Antes que pudesse dizer algo grosseiro o suficiente para lhe calar somos interrompidos com a maioria das luzes se apagando, onde todos os canhões de luz se viraram para as duas pessoas paradas no palco improvisado do baile. Pelas fantasias combinando pareciam ser um garoto e uma garota, ambos vestidos com roupas muito bem elaboradas num tom bordô e com máscaras que cobriam totalmente seus rostos, deixando apenas os olhos e a boca visíveis. Estreito os olhos quando vejo vários vultos pretos que não estavam ali antes simplesmente aparecerem no meio dos outros estudantes. Instintivamente coloco minha mão sobre a antiga pistola que conseguira escondida na minha cintura. Aquilo tudo estava muito estranho.

Este, o conto de amor imprudente, vivendo uma vida de crime em fuga
Eu saco uma arma para pintar esses estados de verde e vermelho
Todo mundo parado, ninguém se mexe, coloquem o dinheiro no saco
Ou vamos atirar
Esvaziem o cofre e eu e minha boneca vamos vazar
Nossos cartazes inundam as ruas
E se o calor chegar perto o suficiente para queimar, então vamos brincar com fogo porque

Bridgette segue meu olhar, procurando na multidão nossos irmãos ou algum sinal dos outros. Procuro por Plagg, Tikki, qualquer um que deveria estar ali no meio. Aquela música estava tomando um ritmo e uma letra nem um pouco agradável.

— Vamos, isso não está cheirando bem. – murmuro para a mestiça, insinuando em avançar na direção do palco.

Você nunca vai nos pegar vivos
Juramos até que a morte nos separe
Eles vão chamar os nossos crimes uma obra de arte
Você nunca vai nos pegar vivos
Vamos viver como a realeza mimada, amantes e parceiros
Parceiros de crime

Somos surpreendidos por dois caras totalmente vestidos de preto e usando máscaras do filme “V de Vingança”. Talvez eu realmente devesse me preocupar agora que todos os meus sentidos estavam apitando que com certeza tinha algo errado ali.

Parceiros de crime

— Vão a algum lugar? – um deles pergunta, estralando os dedos. Era claro que ele queria me quebrar. Sorte a dele.

Também estava louco para uma boa briga ultimamente.

Quando ele avança pra cima de mim lhe dou um soco, desviando dos próximos golpes o máximo que consigo e tentando lhe acertar com um chute mirado errado. Ele rapidamente se aproveita do meu erro e agarra minha perna, me jogando na direção da mesa carregada de bebidas da festa. Sinto todo meu corpo dolorido quando me levanto para reagir contra o estranho que parecia muito interessado em me matar. Quando ouço o som do primeiro tiro sendo soado meu coração gela mais rápido do que congelaria se estivesse numa descida de montanha-russa da morte.

Aqui encontramos nossos foras-da-lei atrás das grades esta noite
Deixados sem saber que o dono da loja solitário não vai desistir sem lutar
A multidão começa a correr desesperada e por um segundo distraído levo um soco no rosto, sentindo a dor latejar em meu maxilar. No meio da multidão enxergo Adrien correndo junto com Marinette e agarro aquele cara pelas roupas, aplicando-lhe um golpe de judô e o levando ao chão, me dando tempo o suficiente para dar um mata-leão no outro comparsa que estava tentando agarrar Bridgette pelas costas e tirar sua arma.

— Tire-os daqui, eu distraio eles! – berro por entre toda a gritaria da multidão e a mesma rapidamente some no meio dos outros alunos.

A Universidade havia sido tomada por ladrões, assaltantes, seja lá o que eram aqueles caras. Eu só sei que eles estavam no prédio inteiro, com balas pra todo lado. Naquela altura do campeonato eu já havia perdido todo o meu disfarce, mas não importava: tinha que achar Bridgette e meu irmão. Eles tinham que sair dali antes que alguma coisa pudesse acontecer. Agora eu estava correndo por entre os alunos e tentando chegar até o corredor por onde havia visto Plagg passar. Tento recarregar minha arma, mas sou surpreendido por uma rajada de balas vindas do banheiro. Me escondo atrás de uma coluna de sustentação do espaço de festas e troco tiros com aquele infeliz.

— Félix! – ouço a voz do meu irmão gritando de algum lugar e o avisto próximo de uma das saídas de carro do estacionamento. – Por aqui!

Onde vamos ir, ele nos encurralou
Querido, eu estou um pouco assustada
Agora, não desista

Ele soou o alarme, eu ouço as sirenes se aproximando
Nossos cartazes inundam as ruas
E se o calor chegar perto o suficiente para queimar, então vamos queimar este lugar

Consigo acertar o braço do meu oponente e me ponho a correr o mais rápido que consigo até onde onde Adrien está, sendo surpreendido com o barulho da polícia se aproximando dali. Com um pouco de sorte ninguém terá morrido ou se ferido gravemente nesse ataque em massa. Engulo em seco quando sinto um grande tremor me balançar e rapidamente o cheiro de fumaça começa a me incomodar. Eu e minha boca grande. Estavam tentando destruir a universidade? O que raios estava acontecendo afinal? Será que essa loucura toda teria algo a ver com a Rainha do Estilo?

Esse último pensamento me dá calafrios enquanto corro para fora do prédio. O fogo começava a se espalhar rapidamente lá dentro e se meu palpite estivesse certo nem mesmo os atiradores iriam aguentar lá dentro por muito tempo. Tossindo, avisto Marinette junto de Kattie, Louis e Alya, entre a maior parte dos alunos do Françoise Dupont, todos igualmente assustados e horrizados com o que estava acontecendo. Não reconheço nenhum dos feridos e tento não olhar para eles e ver meu irmão no meio deles. Encaro a azulada me aproximando com minha garganta ardendo. O pânico em seus olhos aumenta ainda mais o meu próprio pânico.

— Cadê o Adrien? – lhe questiono, quase desesperado pela situação. Sua expressão é a confirmação que precisava para ter certeza do quão fundo era aquele buraco que eu havia me metido. – Cadê ele Marinette?

— Eu... Eu não sei, ele simplesmente entrou lá dentro pra procurar você e a minha irmã e... E aí o prédio começou a pegar fogo. – ela responde, tomada pelo nervoso e olhando desesperada para o cenário caótico atrás de mim. – Félix você tem que fazer alguma coisa!

— A polícia já está vindo Mari, tente se acalmar! – a ruiva argumenta, tentando chamar sua atenção e sendo ignorada com um tapa.

— Não! – a Dupain-Cheng grita de volta, tentando se soltar das amigas. – Minha irmã e o Adrien estão lá dentro, no meio do fogo! Eu não vou esperar a polícia ou os bombeiros chegarem aqui, não vai dar tempo!

— Eu vou pra lá. – digo, me afastando rapidamente de onde estávamos, arrancando a máscara e carregando minhas balas. – Fiquem aí e esperem o socorro!

—Félix, não! – Louis tenta me impedir, mas eu o ignoro e adentro o fogo mais uma vez.

A fumaça rapidamente atinge meus pulmões, mas não paro, gritando o mais alto que posso o nome da mestiça que quebrou meu coração e do caçula da minha família. Não consigo ouvir nada além do meu coração pulsando em minhas orelhas.

Os céus estão negros com chuva cheia de chumbo
A pintura mórbida em exposição
Esta é a noite em que o jovem casal morreu
Enterrados lado a lado

Uma risada paira pelo ar, tão denso e pesado que consigo até mesmo apalpar com as mãos, e imediatamente me arrepio. Reconheceria aquela risada feminina em qualquer lugar do mundo. Uma silhueta feminina aparece no final do corredor, usando uma máscara dourada que combinava perfeitamente com a coroa – muito semelhante a ouro roubado, por sinal – em sua cabeça. Ainda está trajando o mesmo uniforme dos seus capangas: roupas escuras, onde eu facilmente poderia ter lhe confundido com qualquer outro atirador, assaltante, seja lá o que forem. A fumaça parece não incomodá-la enquanto eu estava me sentindo sufocado aos poucos. O ódio adormecido por Stella desperta rapidamente quando a mesma deixa com que eu me aproxime de si perigosamente, sendo pego no último minuto e imobilizado por um brutamontes com uma cicatriz profunda atravessando um dos olhos e marcando a face inteira. A mulher simplesmente ri mais uma vez.

— Oh, Félix... – começa, me lançando um de seus falsos tons de compaixão. – Achou mesmo que eu tinha me esquecido de vocês? Do que vocês fizeram?

— Eu não fiz absolutamente nada, você sabe disso. – retruco, tentando me livrar do aperto que me encontro e levando um chute nas costas. Arfo, já com falta de ar e agora pelo golpe recebido.  – Não fui eu que te traí.

— Eu sei. – a loira responde, me chocando rapidamente. Estremeço diante do seu sorriso feroz. – Eu sei de tudo o que aconteceu meu bem. Porém... Você achou mesmo que não teria nenhuma vingança da minha parte com você depois de trabalhar pra mim e simplesmente largar de mão, ficando na sua sem dizer nada sobre mim?

— Eu... Eu achei que...- balbucio, Mais uma vez ela parece se divertir com a situação.

Você nunca nos pegou vivos
Vivemos como fantasmas entre essas ruas

Amantes e parceiros de crime
Parceiros de crime

— Achou errado. – diz, subitamente fazendo seu tom passar de divertido para rancoroso. Sinto seus olhos azuis familiares queimarem minha pele – o que seria mais insuportável do que o fogo que realmente se aproximava de nós. – Agora irá sentir o preço do seu erro.

Acompanho seu olhar e arregalo os olhos quando vejo o preço que terei que pagar. O furgão preto - o mesmo que me assombrava todas as noites depois do dia em que trabalhei pela Rainha do Estilo – estava com as portas de trás abertas, escancarando a visão mais aterrorizante da minha vida. Um Adrien e uma Bridgette amordaçados e amarrados pelos mesmos cantores que há meia hora estavam no palco cantando aquela música assustadora que agora estava gravada no meu cérebro para sempre. O desespero no olhar de ambos faz meu mundo inteiro girar, como se meu chão tivesse desaparecido de repente.

Parceiros de crime

De certa forma, não estou enganado.

A última coisa que me lembro de ter visto foi as portas de trás do veículo se fechando e acelerando antes de levar uma pancada na nuca. Depois tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

https://www.letras.mus.br/set-it-off/partners-in-crime-feat-ash-costello/traducao.html (pra quem tiver curiosidade)

https://www.youtube.com/watch?v=rK5L8w-0jgo (pra quem tiver curiosidade #2)



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