Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 20
Os Opostos se Atraem


Notas iniciais do capítulo

OI GENTEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE :V

Voltei! Tô viva! Não se desesperem comigo, calma, eu tô bem! Hueheuheue Me desculpem tamanha demora, mas minha vida ultimamente não tem sido fácil. Dá vontade de chorar, de arrancar os cabelos, gritar com todo mundo, se matar (brincadeira, não vamos incentivar o suicídio ;-;)... Mas eu consegui caprichar bastante nesse capítulo de hoje e tenho quase certeza que vocês vão adorar ♥ Huehueh

Lá embaixo nos falamos mais, vão logo ler esse capítulo porque ele tá MA-RA :) Boa leitura pessoal!

Capítulo postado dia 21/09/2018, ás 20:09.



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Adrien

Depois de uma situação bem embaraçosa para sairmos da casa do Diego eu cheguei acabado em casa. Não me entendam mal, mas eu prefiro mil vezes a minha caminha confortável com material importado do que o chão gelado e duro daquele closet minúsculo em que havia passado a noite. Encaro o teto do meu quarto e dou uma risada amarga. Minhas costas doíam por conta da friagem que tomara aquela madrugada e eu realmente ficaria resfriado mais tarde por conta daquela maluquice toda, porém... Passaria tudo aquilo de novo para ficar mais um pouco com a Cheng. Parece loucura eu sei, mas eu digo que aquela foi uma das melhores experiências que já passei. Pude compreender mais um pouco daquela garota que parecia impenetrável pelas minhas tentativas, ajudá-la a passar por uma crise de claustrofobia - algo que eu nunca imaginei que alguém como ela poderia sofrer, apesar de ser algo bem comum entre gente fechada assim - e sabe... Conversar normalmente com ela. Aquela morena tinha um jeito peculiar de atrair a minha atenção: era marrenta, grossa, independente de qualquer pessoa, insuportavelmente chata e um pouco ignorante com toda aquela ousadia e descaso que tinha por mim, e no mesmo tempo disso tudo conseguia ter o sorriso mais lindo do universo, uma risada contagiante, um corpo maravilhoso e aqueles estonteantes olhos azuis. Aquela imensidão azul intensa que me inundava cada vez que nossos olhares se cruzavam.

Ainda consigo sentir o seu perfume preso na minha roupa, fruto da nossa noite mal-dormida. Ah cara, daria tudo por mais alguns minutos com aquela garota nos meus braços...

— Parece que alguém aproveitou tanto a noite sem os amigos que preferiu dormir fora a enfrentar as broncas da dona Mandy, não é Adrikins? - ouço uma voz conhecida dizer e suspiro.

— Por favor Alex, todo mundo aqui sabe que eu jamais faria uma coisa dessas. - respondo enquanto vejo o meu segundo melhor amigo caminhando até as grandes janelas do meu quarto. Ele dá uma risada grave. - Na verdade, isso tá mais pra sua cara quando sai escondido com Chloé e só volta dias depois.- relembro, revirando os olhos e esfregando a mão na testa. - E sério cara, para de me chamar assim.

— Assim como Adrikins? - o loiro me indaga com um sorriso sarcástico. Por coincidência, era o mesmo que já havia cansado de ver no rosto da Bourgeios.

Olho para as horas no celular. Ainda tinha um tempo pra chegar na universidade e encontrar a Cheng. Posso sentir o cheiro de um possível café da manhã entrando pela porta aberta do meu quarto e meu estômago se revira. Imagino se meu primo e Nino já estão devorando a mesa como dois animais sem cérebro e vão deixar alguma coisa para que eu possa comer também.

— Sorte sua que a Mandy não tem que alimentar mais de duas bocas hoje. - Alex comenta como se soubesse o que estou pensando. - Nem o Nino nem aquele esquisito do seu primo apareceram por aqui até agora. Acho que curtiram a gandaia (?) além da conta deles.

— Não duvido muito, apesar dos dois serem muito moles quando precisam tomar uma atitude com alguma garota. - digo, balançando a cabeça indignado. - Tipo, qual a dificuldade de conseguir levar uma garota pra cama? Certo, algumas são mesmo difíceis, mas mesmo assim...

— Nada que uma boa conversa não conquiste. - meu melhor amigo completa e vou até meu armário trocar de roupa pra ir a aula. Opto por um velho moletom preto com umas orelhas de gatos "fofinhas" que Mandy havia me dado de presente há um tempo. Quem sabe assim conseguiria aliviar a minha barra quando chegasse a sala de jantar? - Se bem que tem uma certa morena que ultimamente tem quebrado esses paradigmas, não é Agreste? Uma que por acaso do destino minha loira não está nem um pouco contente de conviver na mesma universidade.

— Na verdade acho que esse foi o pior defeito que encontrei na Cheng - confesso amarrando meus tênis laranjas. - enfrentar a Rainha da Escola e depois a Jacqueline. - suspiro e olho na direção do loiro de olhos castanhos. - Mas o pior, é que essa garota tem muitos outros defeitos. Ela é ignorante, grossa, insuportável, irônica, ri das minhas tentativas de chegar nela e ainda por cima me considera o pior mau caráter que existe na face da Terra.

— Convenhamos que ela tem razão nessa parte. - Alex afirma me encarando com uma sobrancelha arqueada. Concordo com a cabeça. Não posso negar a verdade. - Mas, tipo, se ela é tão ruim assim, então porque você ainda não desistiu dela e foi pra outra?

— Eu não consigo tirar aquela infeliz da minha cabeça mais Zuberg! - exclamo, gesticulando com as mãos. - Ela é uma nível cinco cara, não tem como resistir a uma cinco. Você sabe disso.

— Bom, preciso concordar que é uma cinco. - ele diz balançando a cabeça e indo em direção a porta. - Mas eu não tenho nada a ver com a sua vida, pelo menos não quanto a isso. Se precisar de um conselho de quais são as fantasias mais picantes para dar de presente quando você finalmente capturar esse seu pássaro raro numa gaiola de ouro, eu te dou, agora ficar insistindo "cara a tapa" numa mina que não parece te dar a mínima eu tô caindo fora.

O observei até desaparecer no corredor e dei uma risada baixa. Pego meu material e organizo o máximo minhas coisas, quando meu celular começa a tocar. Minha felicidade quase acabou. Era incrível como ela não durava muito tempo na minha vida. Respiro fundo e atendo o telefone no terceiro toque.

— Oi Nathalie. - cumprimento um pouco sem jeito. Desde a morte da minha mãe ela meio que tinha tomado a frente do meu pai e cuidado de mim e do meu irmão até alguns anos atrás, quando conhecemos Mandy e ela continuou apenas como assistente do Gabriel Agreste.

"Seu pai marcou novas sessões de fotos para você nesse mês de Julho. Trata-se da nova coleção de Primavera/Verão que ele criou. Última tendência, consequentemente mais trabalho. "

— O mês inteiro ocupado, é isso mesmo? - pergunto, me virando para encarar as grandes janelas e o tempo lá fora. Estava sol, mas dava a entender que mais tarde iria chover. Nuvens grossas espalhavam-se pelo céu. Quando minha governanta afirma do outro lado da linha dou um suspiro. - E Félix? Ele está bem, não o vejo faz algum tempo. - minto, mas indago apenas para saber o que acontece na minha antiga casa.

"Continua aqui, como sempre esteve Adrien. Se irmão não vai simplesmente desaparecer sem dizer alguma coisa pra você antes. "

Dou uma risada fraca, imaginando se ele realmente faria isso caso decidisse desaparecer do mapa.

"Na verdade, tenho uma boa notícia. Vocês dois estarão nessa juntos. Seu pai foi bem claro em te comunicar que as sessões não serão aqui, mas no litoral. Praia Calanque D'En-Vau(*), pra ser mais exata. Cassis, sul da França."

— Então o senhor Agreste decidiu inovar nos levando para uma praia isolada no meio do nada de uma hora pra outra a trabalho? - questiono com tom de deboche. Reviro os olhos. - Por favor Nathalie, onde minhas férias ficam hum? Eu não tenho direito a descansar nessa praia também ao invés de só posar pra essas malditas fotos? Isso é ridículo!

"Pare de drama Adrien. Tratarei com eles sobre esse assunto mais tarde... Talvez consiga aliviar esse fardo, mas não lhe garanto nada. Sabe como seu pai é imprevisível. Antes que eu me esqueça o motorista vai te pagar na universidade quando seu período da tarde acabar, para refazer suas medidas. Agora preciso desligar, você está atrasado e tenho outros compromissos para terminar."

— Tá, até outra hora. - digo encarando o chão, pensando o quanto aquela mulher é importante mesmo que não pareça.

Ela se despede de mim e logo a linha cai. Encaro sua tela preta alguns segundos enquanto o cheio de café chega até meus sentidos olfativos, ajudando a me acordar daquele transe infeliz que era a minha vida. Respiro fundo, enfio meu celular no bolso e jogo minha bolsa nas costas, indo em direção ao meu desjejum.

# # #

Alex acabou me dando uma carona e quando chegamos faltavam menos de vinte minutos para começar as aulas. Eu precisava ser rápido para pegar alguns livros para não ficar pra fora da sala quando a aula começasse. Até estava indo bem: peguei meus livros sobre a história da Moda no mundo, algumas anotações importantes que a Cheng havia me dado - e me obrigado a jurar que não perderia -, meus fones de ouvido pra fingir que estou prestando atenção na aula, mas na verdade tô é viajando na maionese (?)... Até o destino conspirar contra mim e esfregar na minha cara que aquele não seria um dos meus dias felizes.

— Tenho que admitir que você fez um ótimo trabalho arruinando a vida do Diego e expondo o quarto inteiro dele na web seu canalha de duas caras. - uma voz praticamente gritou nas minhas costas e rapidamente me virei, dando de cara com a própria chatice em pessoa. Marinette parecia querer me fuzilar com os olhos de tanta raiva. - O que ganhou com isso? Fama de bully de ouro da universidade além de enviar bilhetinhos misteriosos pras pessoas?

Estreitei as sobrancelhas, confuso.

— Como assim, do que você tá falando Marinette? - lhe pergunto, procurando entender a situação. Quase me arrependo de chamá-la pelo primeiro nome quando ela simplesmente esfrega a tela do seu celular no meu rosto com grosseria. Tomo o celular de sua mão e encaro a foto ali presente. Era uma brincadeira de mau gosto com uma frase bem pesada sobre aquelas bonequinhas esquisitas da prateleira dele - que acho melhor não repetir por educação. Volto meu olhar na direção da morena impaciente e balanço a cabeça. - Não fui eu que espalhei isso por ai.

— Claro Agreste, você é o anjinho que não tem nada a ver com essa história. Que gracinha. - ela retruca com sarcasmo e aponta para o aparelho em minhas mãos. - Vai me dizer que não tem nada a ver o fato de que foi o seu irmão que publicou essa foto, é isso? Que é apenas uma coincidência?

— Eu já disse que não tenho nada a ver com isso garota, você é surda ou o quê? - rebato irritado e lhe devolvendo o celular. - Pelo visto você já se esqueceu que eu não estava presente na hora que aquelas loucas invadiram o quarto do seu amiguinho. Pelo contrário: nessa mesma hora eu estava preso com você naquele closet. - a observo dividir o olhar entre o celular em suas mãos e minha cara, pensativa. - E mesmo que eu tivesse esse super-poder de estar em dois lugares ao mesmo tempo, eu jamais perderia meu tempo com perdedores como o Diego. - enfatizo, fechando meu armário com uma batida e encarando de cima a baixinha. Eu também tinha meu orgulho. Não ia deixar que alguém como ela me acusasse assim. - Aliás, eu tomaria cuidado. Não é lá muito confiável quando realmente se precisa dele.

Não abaixei a guarda quando ela se aproximou perigosamente de mim sem desviar o olhar fixo no meu.

— Presta atenção, porque eu só vou falar essa vez. - Cheng disse entredentes. Não esbocei nenhuma reação e apenas continuei a fitá-la. - Se você ou o seu irmãozinho imprestável resolverem fazer alguma coisa contra o Diego ou mexerem com ele, vão mexer comigo também. - dou um sorriso de canto.

— Que ameaçador. - ironizo, analisando o que fará a seguir. Abaixo alguns centímetros para alcançar sua altura. - Cuidado ao apostar suas fichas Cheng. - aconselho arqueando uma sobrancelha. - Talvez no final você possa se arrepender como eu me arrependi.

Ela apenas se mantém quieta, absorvendo o que lhe disse. Não perco mais o meu tempo e, assim que o sinal toca começo meu caminho para o quarto andar sem esperar a mestiça. Como tinham ficado tão amigos de uma hora pra outra? Porque raios que aquela idiota defendia aquele maldito mexicano com unhas e dentes? Porque ela se importava tanto em gastar seus neurônios para me culpar de tudo que acontecesse de ruim no universo? Quer saber? Eu realmente não sei o que vi nessa mulher. Talvez Alex esteja certo. Talvez eu realmente devesse partir para outra. Seria melhor do que ter que aguentar todo esse inferninho ridículo que essa miserável fazia na minha cabeça sempre que pisava no Françoise Dupont. As pessoas passam por mim apressadas e no meio do caminho enfio meus fones no ouvido no volume máximo, coloco meu capuz do moletom sobre a cabeça e acelero o passo. Entretanto não chego sou parado no terceiro andar por uma mão que me agarra pelo braço e me arranca das escadas.

Quando meus olhos encontram a responsável por me tirar do meu caminho ergo minhas sobrancelhas.

— O que foi? Se esquceu de me xingar lá embaixo, é isso? - indago, frio e irritado com sua presença me seguindo. Ela apenas bufa.

— Eu adoraria fazer isso, mas a educação que meus pais me deram não me permite fazer isso. - Marinette me responde, cruzando os braços e me olhando de soslaio. Reviro os olhos e tento seguir para a sala de aula de novo, mas ela se coloca no meu caminho. - Escuta aqui, eu não sou uma garota que gosta de confusão, mas estou sempre metida em uma pelo incrível que pareça. Se não foi você quem fez isso então quem pode ter sido? Seu irmão seria tão ruim pra fazer uma idiotice dessas sozinho?

— E eu vou saber? Porque você mesma não descobre? - retruco, amargo e lhe balanço os braços com ironia. - Afinal você sempre quer sair como heroína do dia, porque não dá uma de detetive e resolve essa tamanha injustiça? - lhe questiono com um sorriso sarcástico.

O segundo sinal toca, indicando que agora já era impossível de entrar para dentro da sala e que provavelmente viera pra universidade à toa naquele dia sendo que naquele exato eu poderia ter ficado dormindo em casa o dia inteiro depois daquela "festa" maluca. Esfrego o rosto me lembrando do que Nathalie havia dito. Gorila viria no fim do período para me levar a uma longa e entediante sessão de fotos, ou seja, eu ainda tinha um tempo antes do fim da tarde.

— Satisfeita agora Cheng? Agora nenhum de nós dois vamos participar da aula por sua culpa. - acuso me virando e descendo os andares que há pouco havia corrido, frustrado.

Minha culpa? - a mestiça repete incrédula e eu suspiro, cansado. - A culpa é sua! - apresso o passo passando por mais um lance de escadas, ignorando sua presença me seguindo. Escuto o som de seu salto-alto correndo atrás de mim e enfio minhas mãos nos bolsos. - Espera garoto, eu não consigo correr com essas coisas no pé! Eu ainda não terminei!

— Que pena, isso não é problema meu garota. - retruco com um sorrisinho breve no rosto. - E eu já disse o que precisava dizer pra você. - De repente ela simplesmente consegue ser rápida o suficiente para me alcançar e para com um pisão na minha frente. - Você não desiste mesmo né?

Analiso a Dupain-Cheng parada a minha frente e subitamente vejo algo de errado em seus olhos. Parecia perturbada com alguma coisa. Enquanto pega algo em sua bolsa não consigo evitar olhar como sua nuca ficava perfeitamente a mostra quando a mesma prendia seu cabelo em um coque acima da cabeça... Merda. Já estava pensando novamente na perfeição da natureza que aquela baixinha insuportável era. De novo.

— Só me responde uma coisa. - meu impressiono com a educação do seu pedido e espero alguma reação contrária a toda aquela gentileza. Sua expressão hesita por alguns minutos e ela desvia o olhar. - Você... Por acaso você não seria estúpido o suficiente para pregar uma peça de mal gosto nos outros, seria?...

— É claro que não Cheng. - respondo devagar, encarando sua estranha atitude. - Porque uma pergunta esquisita dessas assim, do nada?

— Por nada. - ela diz rápido, mexendo na bolsa e começando a caminhar. A sigo com uma pulga atrás da orelha (?). - Apenas uma curiosidade.

— Sei. - falo estalando a língua e balançando a cabeça. - Claro. Curiosidade mais estranha, não?

Ambos nos trombamos quando ela para a minha frente e quase a faço tropeçar com aqueles monstros vermelhos de dez centímetros. Lhe agarro pelo pulso e evito um tombo vergonhoso da mesma. O coque se desmancha, fazendo as perfeitas mechas do seu cabelo caírem sob o seu rosto vermelho envergonhado. Só então noto o quanto seu cabelo curto na altura dos ombros era lindíssimo. Simplesmente uma musa.

Pronto, lá estava eu babando nos seus pés de novo após uma discussão. Parabéns Adrien, você está se comportando exatamente com um cãozinho carente aos pés de uma mulher gostosa que nem liga pra você.

— Sei que uma garota como você deve ter muito o que fazer quando mata aula, algo que com certeza é muito difícil. - começo, balançando a cabeça já arrependido pelo que vou dizer. - Mas a senhorita me daria a honra da sua companhia para dar uma volta por ai até a hora do almoço? - convido, enquanto a mesma arqueava uma sobrancelha incrédula para mim. Dou ombros. - Se quiser. Só não queria desperdiçar meu tempo livre sem fazer nada antes da sessão de fotos que vou fazer hoje.

O silêncio se instala entre nós dois por cinco minutos ou mais, quando ela finalmente dá um longo suspiro. Sua expressão era indecifrável, porém um fio de esperança cresce em mim quando ela dá um pequeno esboço de sorriso.

— Não posso andar muito com essas belezinhas então trate de não inventar nenhuma brincadeira. - a mestiça diz balançando a cabeça, se rendendo.

Sorrio e apanho sua mão, dando um pequeno beijo.

— Prometo não fazer nada além do que desejar milady. - digo lhe lançando uma piscadela.

***

Kattie

— E essa é a diferença na evolução desde a vegetação rasteira até as angiospermas no nosso ecossistema mundial. - concluo agradecendo aos céus que finalmente aquela tortura acabara.

A sala toda bate palmas um pouco desanimada quanto cansada pelo seminário extenso que todos haviam sido obrigado a ouvir desde o primeiro período. Graças a Deus aquela era a última aula e o seminário o último - e lógico o melhor. Eu e Louis voltamos para os nossos lugares felizes por finalmente aquela tortura ter acabado e caímos esgotados nas carteiras. Eu estava com tanto sono ainda que poderia apagar ali mesmo e virar a noite toda que nem iria perceber. Não acho que o moreno seria gentil mais uma vez como tinha sido em sua casa quando eu simplesmente apaguei lá também e acordei em sua cama. Sinto meu rosto esquentar ao me lembrar do conforto, do calor... Do cheiro do shampoo na fronha de seu travesseiro, do perfume amadeirado que ficara impregnado nas minhas roupas quando me levantei hoje de manhã.

"Eu estava um pouco atrasada como sempre e meu despertador estava tocando que nem um louco quando eu finalmente abri meus olhos e dei de cara com o primo de Adrien dormindo na cama anexa a que estava, bem abaixo de mim, com um sono mais profundo que o meu. Tive de morder meu lábio inferior para não começar a rir ali mesmo. Acho que ele ainda ficara mais tempo do que eu acordado: seria justo acordá-lo em plena 06:00 horas da manhã? Enquanto me decidia se o despertava ou não apanho meu celular e desligo o despertador, quase automaticamente. Quando vejo meu reflexo na tela arregalo os olhos. Parecia que eu tinha sido atropelada por um caminhão. Encaro o moreno mais uma vez e tento me consolar que sua aparência também não é uma das melhores. Esfrego meu rosto e respiro fundo, guardando bem na memória o perfume de Louis em todo aquele quarto - e agora em mim também. Me ajoelho em sua cama, balançando devagar um dos seus ombros largos, numa tentativa menos envergonhada de fazê-lo acordar.

— Louis? - chamo baixinho, com a voz ainda carregada de cansaço. Dou um bocejo e o sacudo mais uma vez. - Ei Louis acorda, tá na hora de ir pra universidade. Não podemos nos atrasar hoje.

Ele murmura alguma coisa e se cobre com o edredom, resmungando algo que não entendo. Dou um pequeno sorriso e desço da cama, ajoelhando a sua frente e encarando sua expressão fechada enquanto dorme. O toco novamente e então consigo escutar duas frases que deixam claro que não está tendo lá um sonho muito bom.

— Vão embora. - murmura remexendo a cabeça em outro travesseiro, como se tentasse evitar olhar alguma coisa mesmo com os olhos fechados. Observo seu punho se fechar perto de sua face. - Me deixem em paz.

Num impulso e com uma coragem que não sei de onde viera seguro seu pulso com cuidado e tiro os fios castanhos presos em seus olhos cerrados. No mesmo momento ele parece relaxar um pouco e seu rosto se torna mais leve. Me questiono porque reagira de tal modo e simplesmente ficou quieto de uma hora para outra.

— Louis? - tento mais uma vez, baixo. Prendo a respiração quando ele se remexe e abre os olhos, me encarando profundamente. Meu coração acelera e muito provavelmente meu rosto amassado e vermelho como meu cabelo deve assustá-lo. Me vi numa situação meio constrangedora e me afasto rapidamente, lhe dando espaço. - Nós... Hã, nós vamos nos atrasar se demorarmos muito... Já são mais de seis horas e... Desculpa se te assustei com o meu carão logo cedo encima de você, deve ter se assustado... - digo com uma risada nervosa enquanto ele se sentava no colchão. Quando ouço uma gargalhada grave abaixo a cabeça.

— Você nunca me assusta Ferrugem. - ele afirma esfregando os olhos e dando um pequeno bocejo. - Pelo contrário. - levanto meus olhos para encará-lo e nossos olhares se cruzam. - Você aqui me deixa mais tranquilo.

— Mesmo? - questiono, insegura e ainda um pouco sem graça pela situação que acontecera. Ele apenas dá um sorriso de canto.

— Mesmo mesmo. - confirma, me arrancando um mínimo sorriso enquanto volto a olhar para o chão. - Agora vamos ser rápidos, provavelmente você vai querer ir pra casa trocar de roupa e ir pra facul. Vou ver se o meu avô está em casa ou se já saiu para fazermos alguma coisa para tomar café da manhã."

Sorrio, me lembrando em como quase o moreno botou fogo na cozinha fazendo um café apressado para nós dois e contenho uma risada. Se fizera aquilo de propósito ou não jamais saberia, mas preparar um café da manhã com um garoto atrapalhado como Louis era foi muito divertido. Viro minha cabeça sobre os meus braços para tentar ouvir o que a professora Aline está tentando dizer, porém é quase impossível quando o garoto a minha frente se vira para trás e começa a mexer no meu cabelo. A sala inteira está meio dispersa então nem mesmo hesito em deixá-lo continuar com aquele cafuné (?) incrível.

— Assim eu vou acabar dormindo senhor Yaosaka. - minha reclamação sai como um sussurro para que só ele escute. Ele dá uma risada fraca.

— Mas essa é a ideia senhorita O'Green. - ele rebate e olho para sua cara boquiaberta.

— Isso é golpe baixo, não vale seu trapaceiro. - digo fingindo irritação. Ele ri e continua passando os dedos entre algumas mechas do meu cabelo, me fazendo fechar os olhos e apreciar tal carinho. - Injusto... Me aguarde, também vou achar um ponto fraco seu garoto... Aí tu vai ver...

— Já tô cheio de medo. - o escuto comentar com ironia e sem querer dou risada.

— Devia mesmo estar. - retruco, divertida apesar do cansaço que ameaça me dominar.

Os alunos começam a se levantar e pegar suas coisas, caindo fora da sala de aula antes que a professora mude de ideia e os mandem voltar para mais alguns períodos. Com um gemido me afasto dos dedos mágicos de Louis e começo a arrumar minhas coisas espalhadas pela carteira para enfim ser livre das tarefas daquele dia. Ele faz o mesmo, me esperando para sairmos juntos da sala de aula. Porém, assim que saímos nossos celulares apitam com um nova notificação. Assim que vejo ponho a mão sobre minha boca. Era uma montagem do Diego com aquele escudo dele de papelão em vários lugares como se estivesse REALMENTE lutando contra alguma coisa: na frente de um leão, na frente de um tsunami, liderando um exército egípicio numa guerra ancestral com uns borrões que eu não consegui identificar o que eram, lutando contra várias cópias dele mesmo e a mais engraçada era ele lutando contra uma legião de naves extraterrestres no espaço querendo invadir a terra. Não consegui conter uma leve risada com a última, mas... Cara, aquilo era muito errado. Que péssima amiga que eu sou.

Louis dá um assobio baixo ao meu lado.

— Uau, pegaram pesado mesmo com o Diego, hein? - ouço o moreno comentar com um tom preocupado. Lhe encaro e volto meu olhar para meu celular.

— Gente, coitado do menino... Como... Como foi que isso aconteceu? - pergunto ainda sem saber o que pensar sobre a "festa" que havia deixado para trás na noite passada. - Misericórdia, por favor Louis, o dia que eu for para uma festa dessas e você ver que vai dar merda me tire de lá pelos cabelos se for preciso. - imploro indignada com tal brincadeira de mau gosto.

— Como quiser senhorita, prometo que farei o que puder. - o moreno afirma batendo uma continência engraçada, tentando aliviar a tensão que se acumulara ainda mais em meus ombros. Como vê a preocupação ainda estampada em meus olhos resolve parar. - Ei, tenho certeza que ele não deve estar gostando nem um pouco dessa situação e que você quer fazer alguma coisa a respeito, mas sinceramente Kattie, eu acho melhor você deixar isso para uma outra hora. Estamos todos sobrecarregados. Não duvido que você forme um barraco rapidinho do jeito que está.

— Tá me chamando de barraqueira garoto? - indago, estreitando os olhos para o mesmo e faço um bico de irritação.

— Estou dizendo que é melhor você não se envolver nisso ainda. - ele continua, sério e passando um dos braços sobre os meus ombros para acompanhá-lo para fora da universidade. - Não acha melhor esperar para ver no que isso vai dar ao invés de enfiar os pés pelas mãos (?) nessa situação? - lhe encaro com uma sobrancelha arqueada, duvidosa. - Isso é uma zueira. O povo provavelmente vai esquecer depois de um tempo, confie em mim.

Abaixo meus olhos e concordo lentamente. Logo estávamos na entrada da universidade.

— Já que estamos livres no resto dessa manhã, o que acha que darmos uma volta por ai? - Louis sugere com um sorriso no rosto. Inclino a cabeça, brincalhona. - Sei lá... Poderíamos tomar um sorvete ou alguma coisa do tipo.

— Eu adoraria, mas hoje preciso trabalhar no restaurante dos meus pais. - respondo com um sorriso triste no rosto. - Sabe como é, poucos funcionários, então temos que agilizar com os peões que temos no tabuleiro. - Meu celular começa a vibrar no bolso e o pego rapidamente. Suspiro e mostro a tela do meu celular para o moreno escrito "Mamãe", como que confirmando o que acabara de dizer. - O dever me chama.

Ele ficou pensativo por alguns momentos e acenou com a cabeça.

— Bom, nos vemos mais tarde então. - disse e eu não pude deixar de fazer uma careta. Como assim "mais tarde"?

O celular toca mais uma vez e resolvo atender minha mãe. Observo Louis dar um aceno e me despeço do mesmo, virando as costas e seguindo meu caminho rumo ao centro de Paris e para a casa de meus pais.

# # #

Já passavam das duas da tarde e mesmo tendo acabado de almoçar já estava faminta novamente. Eu limpava as mesas o mais rápido que conseguia para poder dar uma fugidinha para dentro da cozinha e comer alguma coisa. Estava louca pra provar os doces que minha mãe estava ajudando a fazer na cozinha com Bridgette, outra cozinheira de mão cheia. Desde que ela começara a trabalhar aqui nossa clientela só havia aumentado e nossos doces ficaram conhecidos por toda Paris, algo que nos ajudou bastante a aumentar o estabelecimento - e por muita insistência minha - com um espaço para karaokê. Com uma pilha enorme de pratos e talheres em uma bandeja caminho para o meu destino, porém assim que me aproximo do caixa onde meu pai está sou obrigada a parar.

— Querida, pode ensinar ao novo funcionário as regras da casa para mim? - Paul, meu pai, me indaga assim que paro frente ao caixa. Ele está anotando o preço da conta de algum cliente e não olha na minha direção enquanto fala. Olhos azuis idênticos aos meus já um pouco marcados pelo tempo concentrados no trabalho a sua frente. - Eu mesmo faria isso, mas tenho que escrever a conta de alguns empresários que vieram aqui almoçar.

— Claro papai, posso fazer isso pro senhor. - respondo com um sorriso no rosto. Ele se vira pra mim e retribui um sorriso encantador que só ele tinha.

É mãe, você é uma mulher sortuda.

— Obrigada Kattie. - diz me dando um beijo no topo da cabeça. - É a minha garota.

Sigo para a cozinha e coloco os pratos na pia cheia de louça pra lavar. Jogo minha franja para o lado e prendo o pequeno pano de prato no bolso do meu avental de garçonete - cortesia do uniforme obrigatório que utilizávamos lá dentro. Avisto minha mãe e Bridgette no fogão juntamente com outras cozinheiras conhecidas e amigas de longa data da nossa família. Vou até elas procurando o tal novo funcionário que ninguém havia me dito que já tinha sido encontrado.

— Fala aí ruiva, como que tu tá? - a irmã mais velha de Marinette pergunta com um largo sorriso em sua cara. Dou uma pequena gargalhada e balanço a cabeça, dando um beijo em minha mãe, Grace, e em seguida naquela doida que era praticamente idêntica a minha melhor amiga. - E a filha pródiga volta para trabalhar mais um pouco. Achei que só te veria aqui no Natal. - ela brinca com uma sobrancelha arqueada.

— Como se os patrões fossem deixar né Bridg. - retruco encarando minha mãe com um sorriso travesso. Ela apenas balança a cabeça me imitando.

— O que? Só porque é a filha dos donos vai ter moleza? - ouço minha mãe dizer enquanto mexia em uma grande panela no fogo com uma colher de madeira. A cozinha toma um clima descontraído apesar do trabalho. - Claro que não mocinhas.

— Melhor não questionar a chefe. - Bridgette brinca provando o doce que preparava em uma bacia, e suspirando com o sabor. - Afinal ela que paga nosso salário Enferrujada.

— Exatamente. - mamãe concorda dando uma gargalhada e diminuindo o fogo. - Quero que tome conta dessa panela enquanto eu e Kattie falamos com o novo contratado. Não deixe queimar, me ouviu senhorita Dupain-Cheng? - ela indaga a mestiça com um ar simpático. A mesma apenas assente e bate uma pequena continência.

— Sim senhora O'Green. - diz enquanto nós três rimos.

— Venha comigo minha filha. - a ruiva de olhos castanhos pede e lhe acompanho até os fundos do restaurante, onde ficava a sala dos funcionários.

Balanço a cabeça tentando dispersar meu sono e tento focar a minha mente nas mesas sujas lá fora que preciso retirar pratos e mais pratos, copos e mais copos sujos por famílias, executivos, jovens e toda a companhia limitada (?) que devia estar terminando de comer. Isso sem falar na pilha de pratos sujos, na limpeza da cozinha, a troca de turno na caixa registradora... Oh Deus, e o meu sono, fica na onde hein? Depois de um seminário cansativo daqueles, uma situação constrangedora - mas divertida, admito - na casa do avô do Louis e ter que negar um pedido do meu melhor amigo gato para sairmos sozinhos para fazer alguma coisa legal eu ainda precisava ensinar como fazer as coisas no restaurante? Respiro fundo torcendo pra que quem quer que fosse que meus pais tinham contratado pegasse as manhas rápido. Minha mãe estava falando, mas minha mente já estava tão dormente que nem mesmo conseguia me concentrar no que tanto ela falava. Foi quando o suposto funcionário novo apareceu diante de mim que eu voltei pra realidade.

Para o mundo que eu quero descer.

— Louis? - exclamo, surpresa. O moreno me encara com uma gargalhada, parecendo se divertir. - Mas o que... Que que tu tá fazendo aqui?

— Eu vou trabalhar aqui senhorita O'Green. - o moreno me responde, dando um sorriso divertido. Não consigo tirar meus olhos do mesmo com um uniforme idêntico ao meu. Me sinto boquiaberta de repente. - Eu sou seu novo funcionário e vou ajudar no que eu puder. Surpresa?

— Que bom que vocês já se conhecem, assim poupo as apresentações. - minha mãe diz extrovertida, me sacudindo levemente pelos ombros. Divido meu olhar entre ela e o garoto a minha frente. - Vocês vão trabalhar juntos daqui pra frente. Hoje quero os dois no salão para atender os clientes e limpar as mesas. Mais tarde quando o turno trocar quero que lavem a louça e ajudem a servir a clientela da noite.

— Sim senhora Grace, tenho certeza de que Kattie poderá me ensinar tudo o que preciso saber. - Louis responde minha mãe com um tom simpático e encantador. Antes de minha mãe sair ele segura sua mão e dá um pequeno beijo na mesma. - Agradeço a oportunidade de poder colaborar aqui. Acredito que serei muito útil.

Ela apenas dá uma gargalhada e me cutuca com o ombro.

— Gostei desse garoto filha, trate de não largar ele por nada ouviu? - ela cochicha no meu ouvido e sinto meu rosto corar de vergonha.

— Mãe! - reclamo enquanto ela volta para a cozinha com uma risadinha travessa. Reviro os olhos quando o olhar castanho de Louis cai sobre mim. Apresso o passo para voltar ao salão. - Pode me dizer o que está fazendo aqui?

— Simples. - o escuto dizer enquanto procuro minha bandeja pendurada na parede. Me viro para ele de volta com duas em minhas mãos e faço uma careta. - Pra ficar perto de você My Bird.

— "My Bird"? - repito, confusa. Ele dá uma gargalhada.

— "Meu pássaro". - ele diz e eu ainda não entendo o motivo. - Vou te chamar assim em homenagem ao dia que nos conhecemos. Por conta da ala do pavão que nos encontramos, ao lado da sala das tartarugas.

— Já que vai me chamar de pássaro não vai se importar se te chamar de tartaruga, vai? - indago com uma sobrancelha arqueada e empurrando uma bandeja contra seu abdômen. Ele parece confuso e faço não resisto em lhe dar um sorriso provocador. - Afinal, se quiser acompanhar as coisas por aqui não pode se dar ao luxo de ser lento. Em outras palavras... - explico olhando rapidamente pro salão. - ... Quem juntar mais bandejas sujas ganha! - grito, saindo em disparada até o hall de entrada do Le' Vent Souffle que nem uma louca.

— Ei, mas isso não é justo, você nem contou até três sua doida! - o moreno reclama correndo para me acompanhar. Já juntava dois pratos e um copo na mesa sete enquanto ele ainda se aproximava da dezessete.

— Acostume-se porque aqui a vida não é justa quando se trata de uma competição! - respondo com uma gargalhada e avanço sobre a próxima mesa.

Entre algumas corridas e muitas risadas... Bem, até que o sono foi embora. Acho que não posso mais reclamar do meu trabalho como filha dos donos. Vou começar é a agradecer daqui pra frente.


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Notas finais do capítulo

Utilizei vários conceitos originais de MPS, Forever e das minhas fanfic's anteriores. Gostei de fazer isso e espero que vocês gostem também, já que valorizei vários pontos de vista e tentei fazer alguns personagens aparecerem como a Bridgette e os pais da Kattie, além é claro, da presença inconfundível da Nathalie e os reflexos do que aconteceu no quarto do Diego.

E então, nos vemos no próximo capítulo? :)



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