Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 2
Primeiro Encontro


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem o novo capítulo. ;)

Postado dia 03/12/17 ás 15:17



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Marinette

Tinha acabado de estacionar o meu carro no estacionamento da faculdade quando olhei o relógio pela décima vez. Tudo bem, tudo bem, eu admito que tenho TOC. O que eu posso fazer? Nunca tive uma condição financeira que pudesse arrancar esse mal de mim, então eu acredito que vou morrer com esse sofrimento de organização desnecessária. Me olhei mais uma vez no espelho do carro enquanto Kattie tagarelava alguma coisa para Alya sobre se arrumar tanto no banco de trás desde que havíamos entrado na François Dupont. Terminei de ajeitar meu cabelo e encarei a morena de óculos atrás de mim com uma sobrancelha arqueada. Ela estava usando uma camiseta azul com a estampa que eu nunca conseguiria decifrar – parecia uma engrenagem e um olho ao mesmo tempo pessoal, algo super normal né? – com uma pequena jaqueta preta por cima e uma jeans cinza. Não entendi o motivo de tanta algazarra há minutos atrás.

— Você tá linda Ay, qual o problema? – perguntei confusa, tentando encontrar alguma coisa de errado naquele visual despojado e estiloso ao mesmo tempo.

— Meu amor, tá chovendo homem bonito do lado de fora deste carro. Você acha mesmo que eu vou ficar por baixo? – ela respondeu me fazendo torcer o nariz. Sério que você tava morrendo de preocupação só por causa disso ai amiga? – Agora essa chata da Kat tava me dando uma lição de moral que existem coisas melhores na vida do que homens bonitos no nosso papo.

— E existem mesmo. – a O’Green rebateu terminando de passar o costumeiro batom marrom escuro que carregava para todos os lados. Arrumei minha bolsa e lhe encarei séria.

— Tipo? – indaguei junto da minha morena de óculos favorita. A ruiva pensou por um momento e esticou alguns dedos da mão.

— Dinheiro, comida, dormir, comida, filmes antigos em preto e branco, comida... Eu já falei comida? – Kattie listou enquanto eu caia na gargalhada. – Querem que eu continue?

— Olha, para quem vai fazer faculdade de Biologia você tá fazendo listinhas demais. – Alya alfinetou e a garota lhe mostrou a língua.

— Exatamente. – concordei com um pequeno sorriso, só para provocá-la. – Tá igualzinha a alguém de Letras corrigindo tudo o que a gente fala de errado, organizadinha demais e tals... – comentei fazendo Kat revirar os olhos e abrir a porta do passageiro e se arrumar para sair logo do carro.

— Pensando bem, vocês precisam mesmo de um homem para namorar. Porque, ô chatice quando juntam vocês duas viu. – reclamou saindo do meu carro entre as minhas risadas exageradas e os soluços estranhos que Alya soltava no banco de trás.

Olhei mais uma vez no espelho e abri a porta do carro, pensando no que Kat havia dito. Eu? Eu, Marinette Dupain-Cheng, arrumar um homem que aguentasse todos os meus ataques de chatice/TOC em qualquer situação? Esse cara não existe e um pequeno sorriso me trouxe um velho pensamento a tona em minha mente: “Você é feliz, sozinha e independente como você é, Marinette.” Eu não queria ninguém para atrapalhar a minha vida, não. Pelo contrário: queria continuar daquele jeito pelo resto da minha vida. É claro que olhar e admirar o corpo lindo e sarado de alguns Boys Magia por ai não era nenhum tipo de pecado, mas muitas das vezes não passava daquilo. Eu era disputada por vários garotos no ensino médio até ano passado, mas mesmo que me oferecessem o mundo inteiro e fizessem um império com o meu nome, me deixando rica, eu jamais saí com nenhum deles.

Digamos que não sou esse tipo de garota. Jamais vou correr atrás de homem como Ay, não que eu precisasse – eles meio que se atiravam para cima de mim, o que as vezes era muito desconfortável –, mas porque eu não queria mesmo. Não havia garoto ideal para mim. Pelo menos eu ainda não havia achado ele.

Tranquei meu carro e guardei a chave na pequena bolsa que carregava em meu ombro, olhando admirada ao meu redor. Ouvi minhas melhores amigas darem um assovio baixo e segurei um arquejo de sair pela minha boca. Dentro do próprio estacionamento haviam milhares de alunos com alguns grupinhos conversando encostados em seus carros, todos muitos íntimos e pelo que observei, animados por estarem ali. Num fundo não muito distante podiam-se ouvir músicas remixadas e bem animadas tocando em algum outro lugar da universidade. Me agarrei em minhas melhores amigas e começamos a andar em direção ao grande portão de madeira polida do outro lado do lugar onde estacionara meu carro, onde os garotos que nos viam nos cumprimentavam de diversas maneiras – desde as mais gentis até as mais abusadas que fingi não ter escutado.   

Quando passamos pelo portão da frente não pude deixar minha expressão de surpresa passar despercebida. Aquela universidade era incrível!

Acima de nossas cabeças estava escrito em uma letra cursiva e muito detalhada o nome do lugar onde eu ficaria presa nos próximos quatro anos da minha vida: François Dupont. Bem na entrada havia uma fonte de marfim maravilhosa jorrando água em diversas direções elaboradas pela digna arquitetura. Em sua base haviam jardins tão bem tratados e tão coloridos que não sei como Kattie não voou para cima daquelas flores tão bonitas e tão cheirosas em cinco metros de distância de onde estávamos. Sério, acho que ela deveria estudar Botânica ao invés de Biologia. Continuei admirando o enorme prédio a nossa frente que se estendia em várias direções, mostrando sua grandeza nos tons mais variados possíveis de marrom e bege, variando entre prédios altos e baixos. Supus que a maior parte deles deveriam ser salas de aula separadas para cada tipo de profissões que os universitários iriam fazer ali. Numa tentativa falha de tentar descobrir em qual deles eu cursaria Design de Moda ouvi uma música conhecida tocar ao longe. Worth It, do Fitth Harmony.

— Não sei quem é o DJ, mas ele tem bom gosto. – Ay comentou com um sorriso enquanto cantarolava a letra da mesma.

Seguimos um dos caminhos onde diversos outros estudantes estavam passando e enfim chegamos no centro de toda aquela loucura instalada. Sério gente, acho que tinham mais universitários naquele lugar do que torcedores no estádio em dia de clássico. E quando digo “universitários” estou dizendo garotos bonitos e de tirar o fôlego por todos os lados. Se não conhecesse minhas melhores amigas poderia dizer que, LITERALMENTE, elas estavam babando naquele exato segundo.

Alya logo desapareceu no meio da multidão para ficar com algum garoto ou mesmo observar os garanhões que passeavam em sua frente. Sei que ela já era grandinha o suficiente e sabia se virar sozinha então nem me preocupei tanto. Dentro dos prédios havia muita bagunça, muita música alta e muita gente desconhecida então decidi ficar do lado de fora mesmo e encontrar um local mais tranquilo com Kat, aquela ruiva companheira que não me largara para trás como Alya – apesar de estar querendo muito fazer aquilo. Como eu sabia disso? Kattie nunca fora uma garota exagerada e nem atirada para cima dos outros que ela não conhecia, e somente quando ela sabia que podia confiar em alguém ela se abria. Até demais vamos combinar.

Na parte de trás do François Dupont havia uma grande quadra para exercícios físicos dos alunos – suponho -, um grande espaço fechado que eu não fazia ideia do que era, mas que ocupava um grande espaço MESMO da universidade e uma grande área verde que se estendia por milhares de quilômetros quadrados até os limites da propriedade estudantil.

— Mari olha aquela mini-floresta ali! – ouvi minha melhor amiga gritar de empolgação do meu lado e franzi a testa.

— Não me parece com uma floresta. – comentei olhando na mesma direção que a ruiva. Ela revirou os olhos, mas sua empolgação continuava lá.

— Amiga, deve ser lá onde eu vou estudar quando estiver cursando Biologia. Sabe, atividade em campo, coisas assim. – Kattie explicou enquanto nos sentávamos em um banco mais ou menos movimentado pelo resto da multidão. Parei para refletir um pouco.

— Mas em que área da Biologia você vai estudar? – perguntei confusa. – Tipo, até onde eu sei existem muitas áreas em Ciências Biológicas.

— Vou estudar Biodiversidade Marinette. – respondeu cruzando as pernas e olhando ao redor para procurar por alguém. – Essa área estuda não só os animais, mas o clima, a vegetação, preservação do meio ambiente, conservação de recursos importantes para a humanidade, entre outros assuntos.

— Olha, eu posso não saber muito de Humanas como você, mas de uma coisa eu sei. – comecei chamando a sua atenção com um sorriso travesso. – Aposto que não existe tanta biodiversidade animal como tanto homem bonito num lugar só.

Mas aquela garota estava mais preparada do que eu. Sacou dois óculos escuros de seu bolso e me entregou um, colocando o outro com um sorriso de canto.

— Achei que não iria comentar.

***

Alya

 Tudo bem, tudo bem você pode dizer o que quiser sobre mim, mas só tenho duas palavras para te dizer: Just Dance. Cara, aquilo que era uma festa! Já tinha participado de muitas festas nessa vida, mas essa tá demais! Além de um montão de garoto solteiro e bonito onde quer que se olhasse, poucos minutos atrás eu havia descoberto que havia uma disputa de dançarinos no meu jogo favorito. Eu não podia perder aquela oportunidade de jeito nenhum! Segui meus ouvidos atrás da música favorita que estava quase chegando ao final e entrei em um dos prédios atrás da parte principal da faculdade. Olhando com atenção percebi que se tratava de um auditório e todas as cadeiras haviam sido tiradas, sendo substituídas por três jogos com sensores de movimento, onde, é claro, que o vencedor dos três disputaria com alguém em cima do palco com algum outro jogador – um campeão, talvez?

Um projetor desligado se mostrava imponente no teto do auditório e anunciava que em breve seria utilizado para uma ótima disputa... Ou uma treta daquelas.

— Está interessada em participar da competição? – ouvi uma voz atrás de mim e me virei devagar, tentando não parecer tão assustada.

Era uma garota mais velha do que eu. Deveria ter uns vinte e pouco pela sua aparência, mas eu poderia estar errada. Tinha cabelos negros em sua raiz que se tornavam castanhos esbranquiçados nas pontas à medida que se aproximavam de seus ombros. Tinha olhos azuis que chamavam atenção tanto quanto seu delineador maravilhoso de gatinho preto. Cara, eu já tinha visto muitas maquiagens na minha vida, porém AQUELA era a mais perfeita de todas. Ela estava usando uma camisa laranja que cobria seu pescoço e deixava seus braços a mostra junto com uma saia preta até os joelhos. Bonita e parecia simpática apesar da expressão irônica em seu rosto.

— Hã... Eu estava apenas observando. Sou nova por aqui. – disse tentando não parecer idiota aos seus olhos.

— Deixe-me adivinhar. Caloura? – a garota indagou com uma arqueada de sobrancelha travessa. Assenti e ela deu uma risadinha. – Bem vinda a sua prisão nos próximos anos da sua vida. Devo dizer que me surpreendi de não ter se perdido por esse lugar, no meu primeiro dia quase me trancaram no banheiro masculino.

— Isso é sério? – perguntei tentando segurar as risadas. Não me contive e graças a Deus a garota me acompanhou.

— Não, que isso. – respondeu cruzando os braços e tentando parar de rir de si mesma. – Foi na estufa da facul mesmo.

Abaixei os olhos e mordi meu lábio inferior, procurando ficar séria. Ela parecia ser uma pessoa legal, mas não queria abusar da sorte de ter uma “nova” amizade bem ali na minha frente e rindo dela. Observei os outros jogadores que haviam dançado Worth It e os ganhadores de tal jogada. Para aquela multidão que estava lá fora tinham pouquíssimos participantes naquela competição.

— Sou Alya. – me apresentei lhe estendendo a mão com um pequeno sorriso. – Alya Cesàire.

Ela sorriu de volta e apertou minha mão com força.

— Pode me chamar só de Trixx. – se apresentou e logo pareceu se lembrar de alguma coisa. – Você não respondeu a minha pergunta. Se quiser, ainda pode se inscrever na competição de dança. O vencedor irá disputar com a Rainha da Escola.

— Rainha da Escola? – repeti sem entender. Estreitei os olhos, curiosa. – Quem é essa ai papai? Tem alguém da realeza aqui nessa universidade?

— Não exatamente. – Trixx respondeu me entregando uma folha com uma careta. Respirou fundo algumas vezes e continuou: - Digamos que se trata da filha de um dos caras mais ricaços de Paris e consequentemente uma das mais arrogantes dessa escola. É tudo que você pode imaginar, loira, olhos azuis, aquela coisa toda. – concluiu revirando os olhos.

— Vou tomar distância. – afirmei com uma gargalhada encarando o papel em minhas mãos. Uma ideia aparecera no mesmo instante. – Ei, minhas amigas também podem se inscrever na competição? É que nós adoramos jogar esse jogo, de verdade. – pedi lhe encarando com o meu famoso biquinho de cachorro que caiu da mudança. Parece que havia dado certo porque ela me encarou de volta do mesmo jeito.

— Claro que podem. – disse por fim enquanto ríamos e eu começava a ir em direção a porta do auditório. Já estava quase saindo quando a ouvi me chamar de novo: - Sabe que eu gostei de você garota?

— Igualmente Trixx. – disse com um pequeno aceno e logo saí correndo dali em busca das minhas amigas.

No lado de fora não foi muito difícil encontrar aquelas loucas varridas que chamava de melhores amigas. Do outro lado onde eu estava ambas estavam sentadas num banco com óculos escuros nos olhos encarando a bunda dos garotos próximos. Sério, aquelas safadas ainda me pagam! Onde já se viu fazer isso sem me chamar? Com uma profunda sede de vingança me esgueirei até o local onde estavam em silêncio, e por minha sorte ninguém me viu fazendo isso. Quer dizer quase ninguém. Talvez por meu desespero em assustar aquelas idiotas eu não estava olhando por onde andava e esbarrei em alguém. Digamos que eu nunca presto muita atenção no que acontece ao meu redor quando tenho algo em mente, entretanto não chego a ser tão desastrada como a Marinette. Isso não.

Eu havia colidido em um garoto – para não dizer um deus grego. Tive que me segurar para não cair com minhas pernas bambas como estavam. Era um pouco mais alto do que eu, aquele tipo de moreno bronzeado – alguém me segura -, olhos castanhos escuros atrás de uma armação de óculos e com o cabelo liso debaixo de um boné azul. E... Ele tava usando a mesma camiseta que eu! Em seu pescoço estavam pendurados fones de ouvido brancos e por cima da camiseta usava uma blusa xadrez vermelho e laranja.

— Me desculpe... Eu não estava olhando por onde estava indo. – murmurei o mais alto que eu consegui para não gritar na frente dele. Sério, parecia que o oxigênio não estava mais chegando no cérebro e a qualquer segundo eu cairia dura ali no chão. Ele ainda ficou uns dois minutos olhando para a minha cara antes de esboçar qualquer reação pra mim.

— Sem problema, eu... Também tava distraído. – ele respondeu dando um pequeno sorriso.

Meu Deus, aquele sorriso era igualzinho ao sorriso de um verdadeiro anjo. Acho que todo mundo podia ver a minha cara de completa idiota porque depois disso um silêncio constrangedor se instalou no nosso meio.

Tentei dar o meu melhor sorriso e sair logo dali de fininho, mas alguma coisa não me deixou fazer isso. Meus pés ficaram grudados no chão e senti meu coração disparar rapidamente. O que estava acontecendo?

— Nino Lahiffe. – o ouvi se apresentar estendendo sua mão, quebrando aquele climão que se formara. Dei um sorriso encabulado e apertei sua mão.

— Alya Cesàire. – disse, sentindo meu rosto corar levemente quando ele beijou minha mão. Ouvi alguém chamar seu nome ao longe e o observei procurar alguém na multidão.

— Eu preciso ir agora, mas nos encontramos por aí ruiva. – ele beijou mais uma vez a minha mão e acenou com o boné, desaparecendo lentamente no meio dos outros universitários.

Quando soltei minha respiração não consegui reprimir um suspiro de passar pela minha boca. Pra quê que eu fui fazer isso?

— Quando a Mari falou que você ficava pegando os novinhos eu não acreditei Alya. – Kattie comentou cutucando meu ombro com o cotovelo e me dando um baita susto.

— Quinze minutos dentro da facul e já arrumou um novo namorado? Bateu seu próprio recorde amiga. – a mestiça me alfinetou e lhe mostrei a língua.

— Para a sua informação a gente nem se pegou tá? – protestei cruzando os braços e fazendo biquinho. Elas se entreolharam com um sorriso malicioso e acabei acrescentando: - Não deu tempo.

Cara, nós três juntas não prestamos. Rimos tão alto que chamamos a atenção de todo mundo que estava ali por perto. Mas cê acha que eu liguei para isso? Para esse mico? Lógico que não, nenhuma de nós liga e nem nunca vamos ligar para o que os outros dizem. Posso dizer que isso vem de mim, mas estaria sendo hipócrita. Marinette é o meu maior exemplo. Sua história serve de exemplo pra mim e como ela é minha melhor amiga a defendo de tudo que posso. Digamos que sempre que posso deixá-la confortável em alguma situação ruim eu faço.

Por quê? Simples. Porque é isso que melhores amigas de verdade fazem.

***

Adrien

Tranquei minha Land Rover preta no estacionamento da faculdade e me virei para encarar a garota parada a minha frente. Chloé. Chloé Bourgeios. Ou você também pode chamar de minha melhor amiga garota que eu realmente nunca havia ficado. Apesar de ser ousado e um tanto convencido demais com algumas garotas, eu sempre me sentia um pouco mais a vontade em conversar com ela. Talvez fosse o fato de ter convivido com poucas pessoas até completar meus dezoito anos que tornara a nossa relação tão... Familiar. Essa loirinha é um bicho muito diferente do que muitos outros pensam.

Chloé podia ter vários defeitos: arrogância, prepotência, nariz empinado, gosto refinado e crítico demais sobre as coisas e sobre as pessoas a sua volta, e poderia até achar que o dinheiro conserta qualquer coisa que ela não conseguia fazer – porém, ela também era uma ótima amiga. Sempre que estava triste ou de cabeça baixa próximo dela, a Bourgeios era a primeira a conversar comigo e melhorar a situação do seu próprio jeito. Em certo ponto de vista eu até chegava a compreender por ser tão ruim com as outras pessoas.

Ninguém valorizava sua bondade, então para quê exatamente continuar com aquilo?

— Pronto para mais um ano de tortura Adrikins? – me perguntou jogando os braços ao redor do meu pescoço. Dei um beijo em sua bochecha e balancei a cabeça.

— Olha, eu realmente preferiria mais um mês estendido de férias lá no Hawai. – reclamei, revirando os olhos. – Mas já que eu estou aqui, porque não se divertir um pouco não é?

— Exatamente. – Chloé concordou comigo, jogando seu cabelo para trás e olhando por cima do meu ombro, procurando alguém com uma expressão debochada. – O Zuberg não vem pra festa da universidade?

— Ele tá de ressaca, então não posso afirmar nada loira. – respondi, me encostando no capô do carro e cruzando os braços. – Mas quem sabe ele aparece, sei lá. Ele é imprevisível.

— E como eu sei disso. - ela pareceu revirar os olhos enquanto focava seu olhar em um ponto distante de onde estávamos. – Já ficou sabendo daquela competição ridícula de Just Dance que vai acontecer no auditório?

— Você quis dizer que está acontecendo amiga.

Tapei os ouvidos exatamente no momento em que Chloé se virou. Era ela.  

Jacqueline Gagnon.

Digamos que Jacqueline era a melhor e mais antiga amiga da Bourgeios – tirando eu, é claro. – desde que se conheceram em Madrid, em um dos hotéis de luxo inaugurados de seu pai. Elas se deram muito bem juntas e acabaram fazendo seus pais também se darem bem nos negócios mais tarde. No fundamental Chloé conseguiu trazer Jacqueline para estudar em Paris em um intercâmbio que mais tarde se tornaria mais uma das casas que a família Gagnon tinha espalhadas pelo planeta. Mas eu estava longe de reclamar disso: aquela garota ela maravilhosa.

Por causa de seu pai, Eduardo Gagnon, ser o mais bem-sucedido no ramo de cosméticos e perfumaria da atual sociedade, Jacqueline também era muito vaidosa. Sempre estava andando por ai usando em si mesma a linha de maquiagem e produtos Gagnon, e consequentemente chamando a atenção de muitos. Tinha cabelos castanhos curtos e encaracolados até metade de seu pescoço; olhos azuis claríssimos e muito parecidos com os de meu irmão mais velho, Félix, e um corpo escultural sempre abarrotado de roupas de grife caríssimas. Tirando o fato de estar sempre acompanhada de seu batom vermelho escuro e, óbvio, muito provocador.

— Amiga o seu cabelo tá maravilhoso. – Chloé elogiou animada enquanto a morena dava uma gargalhada. – Deixe-me adivinhar: nova linha de shampoo e condicionador?

— E não é só isso. – respondeu tirando o celular do bolso e mostrando alguma coisa para minha melhor amiga. – Ele deixa o cabelo solto e modelado por mais de quatro dias, não importa o que você faz com a sua cabeça. As marcas baratas ficarão ultrapassadas depois que isso for lançado.

— Nem me fale, o meu cabeleireiro só usa os seus produtos depois de um incidente que aconteceu com uma marca de fundo de quintal. – a Bourgeios contou segurando as mãos preocupadas de Jacqueline. – Aquele traste... Sabe o que aconteceu? – a morena balançou a cabeça negativamente e Chloé começou a fazer o típico drama dela. Revirei os olhos. – Meu cabelo ficou horroroso e cheio de pontas duplas, tanto que precisei cortar uma mão inteira do que ele era antes.

— Eu não acredito. – a Gagnon disse boquiaberta de espanto ou de surpresa, não sei dizer o que era exatamente. – Amiga, porque você não demitiu esse imprestável depois com que ele fez com você?

— Ora essa miga, o quê você acha que eu fiz depois disso? – Chloé rebateu colocando a mão sobre o peito dramaticamente.

Elas continuaram falando e falando sobre esses assuntos chatos que nem mesmo reparam que eu ainda estava ali. Bufei de raiva por ser ignorado e olhei ao redor para tentar achar alguma pista que meus amigos já haviam chegado. Quis vir na frente para ver se encontrava alguma coisa interessante nesse lance “festa de boas-vindas” onde todo mundo se conhecia e já se pegava logo antes das aulas realmente começarem. Por sorte notei a moto do Nino parada onde ele sempre deixava: perto da entrada da universidade. Provavelmente ele já devia estar lá dentro se divertindo com as garotas sem mim.

— Então, você tinha dito que tem uma competição de Just Dance Chloé? – indaguei para a loira interrompendo a conversa de ambas as melhores amigas.

Dei um sorriso de canto. Jacqueline odiava ser interrompida.

— Hã, sim, foi o que eu disse Adrien. – ela respondeu, mas eu estava mais preocupado em encarar a espanhola.

Ela estava me fuzilando com o seu olhar indiferente, mas eu sabia como revidar aquilo. Alarguei mais o sorriso em meu rosto e decidi provocá-la um pouco mais:

— Que bom saber. – disse saindo de perto da Land Rover e me aproximando a passos largos de Jacqueline. – Vai ser ótimo assistir alguém que realmente saiba dançar bem.

— Adrien. – Chloé alertou, mas não lhe escutei. Aquilo era divertido.

Jacqueline era uma dançarina de mão cheia e já havia perdido as contas de quantas vezes havíamos jogado esse mesmo jogo no meu apartamento junto com os outros, e eu me peguei pagando pau para suas curvas. Mas ali era divertido e eu iria até o fim só para vê-la dançando com os outros por mim. Para me impressionar e me esfregar na cara que estava errado.

Ela se aproximou do meu rosto com o sorriso mais irônico que conseguiu e ergueu a cabeça.

— É o que nós vamos ver Agreste.


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