Marinette

A festa estava agitada e provavelmente deveriam ser dez e alguma coisa da noite. Uma competição de quem bebia mais entre o grupo de amigos da Tuggi havia começado há pouco minutos e eu tinha a leve sensação de que aquilo não iria dar certo. Sabe aquela sensação de que alguma coisa pode acontecer? Pois é, assim como da vez que estávamos no intervalo e senti que algo ruim iria acontecer - e realmente aconteceu, já que Chloé brotara do nada no minuto seguinte para tentar me humilhar - era como me sentia naquele momento. Olhei ao redor procurando minhas amigas. Alya dissera que iria assaltar alguma coisa para comer e desaparecera na direção que alguém disse que estava a mesa com as comidas preferidas das gêmeas. Kattie tinha me dito que precisava conversar com Louis e fazia uns vinte minutos que os dois foram embora dizendo que ainda precisavam terminar o seminário que iriam apresentar no dia seguinte, ou seja, estava sozinha num canto da casa da Diego com um copo de refrigerante de laranja na mão. É, vocês leram certo, refrigerante de laranja. Todo mundo enchendo a cara de Vodca, Uísque e Conhaque, e eu lá, bebendo refrigerante de laranja. Ao menos alguém ali dentro que vai ficar sóbria, não é?

— Veja só, mais alguém que não está bêbado ao ponto de nem lembrar mais o nome. - escuto alguém dizer próximo de mim e estreito meus olhos por causa do barulho.

Quando me viro, encontro o Agreste escorado na parede em que também estou encostada analisando Tuggi virar um copo de 350 ml de uma vez só. Ele sacode o copo em suas mãos e percebo que ali também há refrigerante ao invés de alguma bebida alcoólica - como havia pensado, admito.

— Refrigerante de limão? - ele arrisca, e balanço a cabeça com um sorriso.

— Laranja. Não gosto de limão. - respondo, aos gritos, para que ele pudesse me ouvir. O loiro dá uma gargalhada e para mais perto de mim. - Que milagre não ver Adrien Agreste enchendo a cara de graça. - comento, com uma arqueada de sobrancelha desacreditada.

— Eu, Nino e Alex fizemos um juramento solene. - o Agreste me conta, enquanto dividimos nosso olhar na direção onde é a vez de Tikki disputa com Trixx quem consegue virar dois, cinco acho, copos de uísque num gole só. - Quando estamos em uma festa, uma boate ou qualquer lugar que envolva bebidas em geral um de nós três fica proibido de beber. Afinal, ninguém aqui quer dar uma volta de ambulância... - lhe encarei de volta e pela primeira vez desde que lhe conhecera pude ver aquele par de olhos esmeraldas cintilarem por um minuto. -... Ou quer?

Dou um sorriso de canto e bebo o resto do meu refrigerante.

— Então você se preocupa com o bem estar dos meros planetas que giram em torno de você. - afirmo, dando uma gargalhada grave. - Que meigo Agreste.

— Por acaso você está me chamando de "Sol da sua vida", Cheng? - o loiro rebate com um sorriso felino no rosto e eu não contenho minhas risadas.

— Pare de se iludir loirinho. - respondo e ele quase não ouve com a onda de gritos vindos do meio da casa do Diego. Pelo visto Tikki ganhara o desafio proposto pelos amigos e agora todos comemoravam. De repente me vem um pensamento a cabeça. - O refrigerante de limão é a única coisa mais parecida com uma caipirinha que você achou?

Dessa vez ele é que não suporta as risadas.

— Agora você também lê mentes garota? - escuto Adrien me perguntar e dou ombros, quando uma garota morena esbarra em mim sem perceber e vai embora sem se desculpar. Reviro os olhos levemente.

— Admito que as vezes queria usar esses poderes maravilhosos para ensinar os outros a ter mais educação. - resmungo cruzando os braços. Sinto o loiro se aproximar mais um pouco e apoiar um dos braços na minha cabeça. Lhe encaro com raiva.

— É, dá uma raiva desse povo mal-educado né? - ele indaga como se não estivesse fazendo nada anormal. - Aff, que falta de classe.

— Muita mesmo né vara-pau? - solto lhe dando um cutucão no abdômen, rígido como madeira e quando ele se esquivou das cócegas rapidamente eu recuei minha mão, com um sorriso um pouco sem graça.

Ficamos quietos por um tempo, enquanto eu observava as gêmeas falando alguma coisa entre si e em seguida olhando na direção onde nós estávamos parados. Ok, minha intuição nunca falha. Uma coisa estava clara: não podia ficar perto do Agreste se quisesse evitar algo de acontecer. Encarei meu copo vazio no exato momento que o loiro iria dizer alguma coisa.

— Olha, meu refrigerante acabou! - exclamei, fingindo estar subitamente interessada no consumo excessivo da gasosa com sabor de laranja artificial. Ele mesmo se interrompeu enquanto eu dava um sorriso forçado. - Acho que vou ter que buscar mais um pouco. A gente se vê por ai Agreste. - me despedi, dando passos largos na direção de onde Alya estava.

Não me entendam mal, eu não sou supersticiosa. Porém, em relação a minha intuição meu bem, eu sei que ela nunca vai estar errada sobre algo que estiver pressionando a minha mente. Nesse pensamento, procurei a garrafa mais próxima de refrigerante e enchi meu copo o máximo que consegui, procurando por alguém para me fazer companhia.

***

Alya

Eu estava, literalmente, me entupindo de comidas mexicanas maravilhosas na mesa de comes e bebes daquela festa de aniversário. Acho que os parentes do Diego até me olharam de um jeito meio estranho - porque eu admito, quando estou com fome... Sai de perto de mim! É sério! Marinette nem fica entre mim e o almoço lá de casa porque ela sabe que caso contrário acontece tragédia - mas eu nem liguei pra eles. Mas aí eu vi Nino passando pra tomar conta da "mesa de som" e me retrai. Será que ele tinha me visto comer que nem uma desesperada? O pânico de pagar um verdadeiro mico e a vergonha repentina me atingiram de uma vez só, e automaticamente eu recuei para a parede mais próxima, tentando analisar o terreno antes de dar outra gafe como aquela. Assim gente, depois de gritar que nem uma louca e dançar junto com os amigos da Trixx e as gêmeas aniversariantes no show de luzes do garanhão dos meus sonhos, eu precisava parar um pouco e molhar minha garganta. Então, quando eu vi toda aquela comida, meu estômago me obrigou a encher o tanque também. Não é nem sobre não pagar nenhum mico - aliás, já estava até acostumada com as amizades normais que andam junto comigo aquela altura -, mas fazer aquele boy magia não perder o encanto dele por mim.

Então, cá estou eu: olhando a festa de longe, tentando deixar aquele ar sombrio, misterioso no ar, procurando Nino na multidão de convidados enquanto a prima de Diego anunciava o início de um campeonato de Vodca para quem quisesse participar. Até achei uma boa ideia - digamos que era boa de copo, na linguagem dos parentes mais velhos do Dieguito.

— A moça está sozinha? - escuto alguém dizer em algum lugar, e olhei ao redor.

Jacques. Não fiquei muito surpresa de vê-lo ali já que era o melhor amigo do mexicano, mas confesso que não esperava encontrá-lo tão facilmente naquela festa com tanta gente. Era coincidência demais.

— Esperando meu príncipe encantado vir me buscar para cavalgarmos em cima de um unicórnio pelo arco-íris em direção ao amanhã. - respondo, com uma careta engraçada, o fazendo rir um pouco.

— Já que até agora o príncipe não apareceu, esse humilde servo pode fazer companhia a Vossa Majestade? - ele me indagou se inclinando dramaticamente na minha direção. Dei uma risadinha e retribui seu cumprimento.

— Claro, porque não? - respondo com um pequeno sorriso. Acho que ele ia dizer alguma coisa, mas preferi falar primeiro e o interrompi.

— Ei, eu vi você chegando com uma garota. Quem é a felizarda hein, hein? - lhe questionei, cutucando seu ombro e o observando ficar envergonhado subitamente.

— Ah, ela é a minha melhor amiga de infância, Laura. Ela veio do Brasil direto pra Paris uns dias atrás e logo logo vai estudar com a gente no François Dupont. Provavelmente ela vai entrar no próximo semestre, já que falta duas semanas no máximo para entrarmos de férias. - Jacques explicou, e fiquei feliz em saber que teríamos mais uma garota no nosso grupo. - Eu trouxe ela para conhecer vocês. Sabe, ela precisa arrumar amigas para conversar e se adaptar melhor aqui na cidade.

— Pode deixar com a gente. Vamos transformar ela na próxima estrela da nossa gangue (?). - brinco com uma pequena gargalhada. Ele fica meio sem jeito enquanto avisto ao longe Diego e a dita amiga de longa data do loiro conversando, distantes de nós.

— Já que estamos aqui - ele começou, me encarando de braços cruzados enquanto eu ainda olhava distraidamente para a multidão. - o que é que você acha de... Assim, da gente marcar um dia, sei lá...

— Alya, achei você! - subitamente outra voz praticamente grita atrás de mim para que eu pudesse ouvir através do som alto. Me viro e vejo meu homem - gente eu falo assim, mas nós ainda não esclarecemos nada oficialmente, certo? Só pra esclarecer. - vindo na minha direção com uma cara de poucos amigos. - Marinette estava te procurando que nem uma doida ali atrás. Parecia urgente.

Franzi a testa. Que tipo de urgência poderia acontecer no meio de uma festa como aquela?

— Tudo bem... - disse um pouco desconfiada da atitude do Lahiffe. - Onde ela está?

— Com o Diego, perto da saída. - Nino me respondeu e eu balancei a cabeça lentamente. Olhei para o moreno e em seguida pro loiro. Ele parecia meio chateado com alguma coisa... Será que estaria certa sobre minha suspeita?

— Ah, claro... Eu vou atrás dela. - digo, desviando o olhar e dando um pequenino sorriso para Jacques antes de seguir meu caminho. - Se cuida loiro, outra hora a gente continua a nossa conversa.

Ele me dá um pequeno aceno e então eu vou atrás da minha melhor amiga com uma pulga atrás da orelha (?). O que é que Jacques queria me dizer? Porque Nino simplesmente brotou ali? Para interromper de propósito? Para chamar a minha atenção? Seria isso ciúmes? Eu não conseguia entender se alguma dessas minhas teorias estavam certas ou se tudo não passava de coisa da minha cabeça. Avisto Mari enchendo o copo de refrigerante de laranja e me pergunto se ela saberia me responder. Ela me parece meio perturbada com alguma coisa, mas não acho que seja por causa da possível treta que acabara de sair. Decido ver como ela está antes de seguir meu antigo pensamento de ir participar do campeonato com as amigas de Trixx, Tikki e Tuggi.

— Tava me procurando? - pergunto em voz alta, e quando ela se vira com cara de confusa vejo minhas suspeitas se tornarem cada vez mais reais.

— Na verdade não, mas é bom te ver de novo. Tô achando que alguma coisa vai acontecer. - Marinette me responde e é a minha vez de ficar confusa. Um grito vindo das aniversariantes chama nossa atenção e observo minha melhor amiga ficar um pouco tensa.

— O que? Você acha que a Tuggi e os amigos dela vão querer aprontar com você? - lhe questiono, com um sorriso travesso. Ela revira os olhos e dou uma pequena gargalhada, apertando seu ombro. - Amiga, relaxa. Isso não passa de uma neura sua, ok? Fica fria e aproveita o resto da festa, fechado? Mas sem beber. Hoje é eu que encho a cara. - pelo menos consigo fazê-la rir um pouco, e sinto ela se sentir um pouco melhor.

— Acho que você pode ter razão Ay. - escuto a doida dizer - eu acho né? Porque bem nessa hora uma gritaria começou.

— Miga, tô vazando. Quero ver o barraco de perto e quem sabe não ganho um prêmio de primeiro lugar? - brinco, dando alguns passos largos na direção que os amigos da minha nova colega com mechas brancas.

Olha a partir daí... Bem, tudo aconteceu muito rápido. Eu só me lembro de quando estava chegando próximo de Tikki, um cara velho com cara típica de tiozão do sofá sair aos berros da rodinha - confesso que levei um baita susto -, Nino brotar do nada atrás de mim me chamando para acompanhá-lo na competição e Trixx e um cara alto, bonito, moreno e olhos verdes - se me lembro bem, acho que Nino disse que ele era o Plagg - colocar um copo de Uísque 1900 e bolinha na minha frente, me desafiando a virar. He he he... Acho que vocês imaginam o que aconteceu depois né? Eu me empolguei demais. Só me lembro do Nino bagunçando o meu cabelo e dizer alguma coisa aos gritos que não entendi bulhufas (?), me dando um beijo e arrancando aplausos de todo mundo que tava lá perto da gente.

Lembrete para mim mesma: deixar a Ferrugem ou a Mari beberem da próxima vez.

***

Tikki

— E então mana, o que tu acha da minha ideia? - ouço Tuggi cochichar no meu ouvido e fico pensativa.

Nós havíamos planejado fazer uma competição de Vodca depois da coreografia, chamando todos os convidados da nossa família e quem quisesse se arriscar a participar. A ideia inicial viera de Plagg, e depois de muita discussão entre ambos, eu precisei intervir no meio dos dois para que a nossa competição saísse mesmo. Digamos que... Bem, depois de um ocorrido no passado entre os por assim dizer "melhores amigos" dos dois, eles simplesmente tomaram as dores incuráveis deles e nunca mais foram com a cara um do outro. É claro que quando a Priscilla - vulgo Tuggi - descobriu que estava namorando com o inimigo mortal dela quase teve um ataque do coração, mas o que importa é que ela foi obrigada a aceitar o nosso relacionamento. De qualquer maneira, o plano da louca da minha irmã era fazer o mesmo que Dussu e Wayzz haviam feito comigo e Plagg há dois anos: os trancar no closet dos pais do Diego por uma hora, só porque ela começou a shippar o Agreste e Marinette, uma das amigas do Diego.

— Tuggi, você sabe o que acontece quando começa com esses papos malucos de shipping's com pessoas de carne e osso. - respondo lhe encarando com a sobrancelha arqueada. Ela revira os olhos e sopra com força a franja sob um dos olhos.

— Mas Tikki, é tudo por um bem maior! - a ruiva retruca baixo, e eu não baixo o olhar desacreditado. - Tá, tudo bem, eu até posso não gostar daquele babaca loiro aguado por conta do que ele fez com o Dieguinho, o que é dele tá guardado, mas eu vi como ele olha praquela tal de Marinette. - ela se justificou com um sorriso animado e eu suspirei. - Eu até criei o nome! O que tu acha de "Adrinette"?

— Eu até que gostei de Adrinette... - comento olhando para Plagg por cima do ombro da minha irmã. Ele vem, ignora a ruiva como esperado e me dá um beijo na bochecha. - O que você acha de juntar mais um casalzinho de pombos num closet mor?

Encaro seus olhos verdes cintilantes e posso ver um sorriso travesso surgindo lentamente em sua face. Acho que a ideia lhe agradou mais do que eu imaginava.

— Tipo o que o idiota do meu irmão e o Dussu fizeram com a gente aquela vez? - ele me pergunta só para ter certeza e dou uma risadinha.

— Seja agradecido seu ingrato. - reclamo sorridente. Ele faz uma careta e me abraça pela cintura. - Se não fosse o idiota do seu irmão e ele nós não estaríamos juntos agora. - dou um beijinho em sua bochecha e encaro Tuggi fingir que quer vomitar pelo canto do meu olho. - Mas sim, exatamente isso. Tem coragem e cara-de-pau o suficiente para trancar o Agreste e uma das amigas do Diego lá?

— Por favor Tikki, assim você me ofende. - o moreno finge estar ofendido e me olha com cara de gato que não comeu uma semana inteira. Tão rápido quanto veio o fingimento vai embora. - É só me falar onde, quem e quando.

— Na primeira porta do corredor, a morena de olho azul e casaco cinza escuro, ela se chama Marinette, e quando eu der o sinal. - respondo na ordem certa quando Nino coloca uma das minhas músicas favoritas: Stay, feat. Alessia Cara.

— As suas ordens minha joaninha. - eu já disse o quanto eu amo aquele estúpido? Lhe dou um selinho e o mando ajudar a terminar os preparativos da nossa competição.

Observo Tuggi fazer uma cara de alguém que quer morrer e nós duas rimos. Agora o plano já estava armado, era só esperar o momento certo. Olho distraídamente para a festa e não consigo acreditar em quem eu vejo entrando pela porta da frente do apartamento. Cutuco a ruiva ao meu lado com a cara espantada e ela parecesse se roer de raiva por dentro.

— Aff... Quem foi que chamou o outro Agreste idiota? - a ouço resmungar enquanto vemos o irmão mais velho de Adrien se aproximando de onde estávamos com uma cara... Bem, não sei ao certo de quê. Félix nunca demonstrava muito bem seus sentimentos.

— As gêmeas Turquesa. - ele comentou quando chegou próximo de onde estávamos paradas. Dei um leve aceno com a cabeça para o loiro e vi minha irmã revirar os olhos. - Devo dizer que a festa está bem bagunçada, sem sentido e me dá dor nos olhos, para todo lugar que eu olho.

— Se o infeliz do Plagg não tivesse abrido o bico você não estaria nem aqui agora. - Tuggi murmurou baixo, mas mesmo assim eu ouvi e dei um pisão no seu pé. Ela gemeu e me fuzilou com o olhar castanho-do-mal que só ela tinha. - O quê? A festa é nossa, ele não precisa gostar da decoração.

— E por acaso eu disse que não gostei da decoração? - Félix retrucou encarando a ruiva de cima, e me fazendo balançar a cabeça. Aquilo iria acabar em treta entre os dois. - Claro que não. Aliás ela combina com o seu gênero indefinido e totalmente ridículo Priscilla.

— Como é que é? - minha irmã grita me fazendo respirar fundo pra tentar manter a calma. Ouço o Agreste dar uma risada debochada. - Tá me chamando de palhaça colorida?

— Hã, gente... Vocês não poderiam, sei lá... Só conversar como duas pessoas normais?... - tento começar, mas os dois doidos me ignoram completamente.

— Ora, se a carapuça serve. - o loiro responde e não consigo evitar arregalar os olhos.

Sério, e eu não estou brincando MESMO, dava pra ver a fumaça de raiva saindo pelas orelhas da Tuggi. Digamos que o lado esquentadinho da minha familia foi todinho pro lado dela. Procuro rapidamente alguém que possa me ajudar, mas a música alta e a multidão de parentes por todos os lados não ajuda em nada toda aquela situação.

— Ah é? Repete. - Tuggi retruca lhe encarando com os olhos em chamas, já se preparando para dar o bote no pescoço do melhor amigo do meu namorado.

Pelo amor de Deus Félix, não faz isso. Agora não. Não, por favor.

— Se a CA-RA-PU-ÇA - ele diz lentamente, com um sorriso provocador na face. - serve.

— Eu vou dar na cara desse vagabundo! - minha irmã grita pulando entre mim e o cara. Só tenho tempo de segurar a minha irmã antes que acerte a mão pesada na cara do Agreste ou algo pior aconteça.

— Plagg! - berro tentando segurar a fúria de uma rubi raivosa tentando dar cara de um humano do quinto dos infernos. - Ajuda aqui sim?

Ele me olha e olha pros lados, como se não fosse com ele. Vejo um copo de Uísque em sua mão e Wayzz sentado junto de Trixx, Alya e Nino na mesa de competição. Todos os participantes olham na miha direção como se fosse uma atração combinada, um showzinho ou sei lá o que, e ninguém se mexe pra ajudar. Tuggi já estava ficando toda descabelada e se remexia que nem uma doida enquanto eu continuava tento apartar aquele barraco desnecessário. Sério, pra quê tanta raiva no mundo gente?

— Eu tô fazendo tudo sozinha! - berro de novo e vejo Alya apostar com Trixx que minha irmã iria acabar com o loiro.

— Até que enfim uma treta pra animar. - Lily comenta bebericando seu copo de energético bem próxima de onde eu estava.

— Tikki me larga! Eu não vou deixar esse babaca yankee vir na minha casa, na minha festa, onde eu é que mando e ainda por cima aguentar desaforo! - Tuggi grita arranjando força de não sei onde e me empurrando com tudo pra trás. Eu caio que nem uma fruta madura nos braços daquele idiota do Plagg.

— Tá, agora passou dos limites. - ele diz largando o copo de Uísque vazio na mesa e me lançando uma piscada sedutora. Reviro os olhos e o observo chamar Dussu com os dedos, avançando sobre o loiro de olhos azuis e meu amigo de cabelo azul segurar Tuggi e levantá-la do chão com um pouco de esforço. - Já chega de cena pessoal! Acabou as gracinhas, sim?

— Gracinhas? Mas eu nem encostei nela Plagg. - Félix responde com um sorriso sarcástico no rosto e eu sinto meu rosto se fechar.

— Como se você tivesse coragem né seu mariquinha! - minha irmã retruca, ainda esperneando nos braços do moreno. - Me larga Dussu, eu vou mostrar pra ele quem é que manda nesse pedaço!

— Não mocinha, você só arranja confusão. - Dussu rebate arrastando a ruiva para longe do Agreste e a sentando do lado de Alya, me fazendo dar uma risada baixa ao ver que também se sentou ao seu lado para prevenir que ela não faria mais nenhuma loucura. - Agora nós vamos esquecer isso e não estragar essa festa, porque eu quero muito ver a fusão Safira enchendo a cara e fazendo muita besteira pra viralizar no Youtube depois.

— Nossa, depois dessa até eu batia nesse babaca. - escuto Trixx resmungar baixinho e dou uma risada me sentando ao seu lado.

— Pois bem. - todos ouvimos Plagg dizer esfregando as mãos e encarando cada um de nós. - Está aberta a temporada de bebunços e bons de copo, para todos os interessados, desocupados, que só vieram por conta disso e para so calouros que querem aparecer. - a frente de todos nós, umas dez pessoas, apareceu um copo e uma garrafa de dois litros que deveríamos ter que beber o mais rápido possível. - Mão na orelha todos os participantes. Quando eu disser o três, a competição começa. - avisou cutucando Wayzz com o cotovelo.

— Um. - o moreno de olhos verdes parecidos com o do irmão mais novo contou observando todos. Segurei o meu copo, me preparando para a corrida.

— Dois. - Plagg continuou e vários minutos se passaram em um silêncio absurdo e ansioso.

— Três! - os dois berraram juntos, acionando uma daquelas malditas cornetas de torcida de futebol.

A única coisa que eu tenho a dizer é: que a bagunça estava feita.