Angels and Demons escrita por PoneiMikaelson


Capítulo 7
VI


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos!

Peço muitas desculpas pelo atraso. Não sei se leem as notas iniciais, mas a fic é betada pela lindona da Nat King e como eu nunca me sinto à vontade a postar um capítulo sem ela o ter corrigido antes, acabei por atrasar um pouco a fic :/ Por isso, esperam que possam ter um bocadinho de paciência comigo...

Como já de praxe, se tiveram algo a dizer sobre o capítulo não se esqueçam de passar pelos comentários, quero MUITO saber o que acharam deste capítulo e... por agora é tudo!

Boa leitura ♥



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VI

 

As botas de Philippa batiam contra o cimento da rua deserta. As luzes dos candeeiros piscavam doentias. Os letreiros néons tinham sido apagados, sendo a única luz colorida aquela que animava ao longe o semáforo a amarelo. A vampira rodava a cabeça procurando por algum sinal de vida. Sentia-se encurralada num daqueles filmes de terror que passavam na televisão e detestava a sensação de medo e impotência que tocava o seu corpo.

De súbito, o seu oponente pareceu chegar finalmente. Vozes soavam de uma rua adjacente, mas a mulher não era capaz de as distinguir, apenas palavras soltas entravam nos seus ouvidos. Apressou o passo em direção às vozes que se multiplicavam, trincando o maxilar, nervosa e irritada, pelo barulho que os seus sapatos faziam. Por fim, desembocou numa rua. No meio da estrada, sob um semáforo, indiferente ao que se passava debaixo dele, estavam Klaus, Elijah, Freya e Kol e, do outro lado, um grupo de pessoas, que os encaravam com fúria, liderados por duas mulheres de cabelos negros.

Estava perto deles, mas ainda não conseguia discernir as suas palavras, apenas o silêncio característico dos filmes mudos, que a começava a importunar.

A uma qualquer passagem da mulher mais velha que liderava o segundo grupo, Kol revirou os olhos, girando o pescoço, entediado, até ela. De imediato um sorriso preencheu os lábios de Philippa e esta gritou o seu nome, mas de novo, nem um som saiu da sua boca. O Original, contudo, manteve o seu olhar preso nela. Um sorriso de canto pareceu escurecer as suas feições enquanto ele lhe piscava o olho, cúmplice. Logo o seu corpo se dirigiu à mulher mais nova do grupo oposto, fincando as suas presas nesta antes de partir o seu pescoço.

Os olhos da Lancaster arregalaram-se num misto de surpresa e horror, que apenas aumentou ao ver o Mikaelson cair de joelhos, uma viga atravessando o seu abdómen, as mãos agarrando a cabeça em dor. Klaus e Elijah tentaram aproximar-se do mesmo, mas uma barreira invisível impedia-os. Passado alguns segundos, a mulher mais velha parou finalmente, trocando algumas palavras com o trio.

Philippa sentiu o seu coração acalmar um pouco no peito, observando Kol que se levantava debilmente. Contudo, a sua felicidade voltou a desfeita. Com um último sorriso maldoso para os Originais, a mulher de longos cabelos e olhos negros aproximou-se do vampiro com velocidade sobrenatural. As suas orbes eram de um azul claro brilhante, atraindo a atenção da morena durante alguns instantes, mas logo se fecharam quando as suas presas se enterraram no pescoço dele. Kol caiu de joelhos no asfalto, a mulher pegou no corpo da outra ao colo, desaparecendo velozmente, enquanto os restantes se envolviam numa luta. 

A respiração da vampira parecia prestes a colapsar a qualquer momento. Os seus olhos não deixavam o corpo dele, abandonado no meio de tantos outros, sem ninguém que o socorresse.

Kol…

Porque ninguém o ajudava? Porque ela não o ajudava?

Queria mover-se, mas estava presa àquele lugar. Tentava gritar, mas ninguém a ouvia e enquanto isso as lágrimas embaçavam os seus olhos, tornando os seus gritos cada vez mais baixos e incompreensíveis…

 

Os olhos de Philippa abriram-se com força. A mulher ofegava, puxando o ar com dificuldade para os pulmões como se este se recusasse a entrar. Passou uma mão na testa, afastando os cabelos que a esta se colavam. Ergueu o rosto, encarando Kol que dormia na cama, voltado para o outro. Na poltrona oposta àquela em que dormia enroscada, jazia a sua camisa ensanguentada. A mulher desviou rapidamente o olhar, aquilo trazia-lhe náuseas. Com cuidado para não fazer barulho, pousou os pés na alcatifa, saindo do quarto e caminhando até à cozinha.

Abriu a torneira, fechando os olhos enquanto a água enchia o copo tremido na sua mão.

Era um sonho. Apenas um sonho. Uma forma de a sua mente perturbada a castigar por ter estado mais preocupada com Thomas do que com o desaparecimento súbito de Kol.

Levou o líquido aos lábios, impulsionando o corpo, que começava a retomar as forças, sentando-se na banca. Como não se podia castigar? Não era estúpida, nem tão ingénua como a muitos parecia e sabia bem que o pedido do Whestchappell não tinha nada de inocente. Ainda assim, aceitara-o, deixando-se seduzir pelas palavras galantes e falsamente preocupadas dele, permitindo-se novamente a ser humilhada.

Ele não se importava com ela.

Era naïve acreditar que ele gostara alguma vez dela. Para Thomas, ela fora apenas um jogo, um brinquedo com o qual se divertira até, inevitavelmente, se fartar, atirando-o para o fundo da sua memória, enquanto para ela…

Livrar-se dessa conceção tornava tudo mais difícil. O bruxo era uma cicatriz demasiado dolorosa e que, ao contrário dele, não conseguia esquecer com tanta facilidade. Philippa amara-o durante demasiado tempo para ver a veracidade de uma época tão inocentemente feliz escapar-se-lhe assim por entre os dedos.

 

O som da campainha despertou a jovem dos seus pensamentos. Deixando o copo na banca, desceu desta, caminhando até à porta e abrindo-a, mesmo a tempo de ver Elijah voltar-se, o braço esticado para premir novamente o botão.

— Bom dia, Philippa. Desculpa aparecermos tão cedo, espero que não te tenhamos acordado – cumprimentou, polido, esboçando um sorriso afável ao vê-la negar com a cabeça, entrando no apartamento seguido de Klaus, que trincava o maxilar, cólera brilhando nos olhos arregalados, como se lutasse consigo mesmo para controlar a sua fúria de se expor num momento que não o certo. — Peço perdão pelo nosso desaparecimento de ontem à noite, tivemos de nos ausentar para resolver uns assuntos no Quarter e quando regressámos, não tivemos oportunidade de te explicar o sucedido. Nós voltámos ao parque, algum tempo depois, mas tu já não te encontravas lá.

— Sim, eu… eu vim logo para casa… — confessou com um meio sorriso, remexendo as mãos o mais subtilmente que conseguia, tentando afastar o constrangimento que os envolvia.

— Presumo que Kol ainda esteja a dormir.

Elijah e Philippa levantaram os olhos de imediato ao som da voz do híbrido, excessivamente calmo e em contraste com a sua atitude inicial, que os encarava com uma sobrancelha erguida. A morena entreabriu a boca, voltando de novo a cabeça ao escutar passos atrás de si.

— Infelizmente, estava — proferiu o Mikaelson, dirigindo um sorriso a vampira e atirando-se para o sofá. — O que posso fazer por vocês, irmãos? Para além, claro, de ser mordido por um dos aliados do vosso plano idiota!

— Recordo-me de que entraste nesse problema pelo teu próprio comportamento!

— Niklaus! — repreendeu Elijah, apertando os lábios numa linha fina. O híbrido retomou a sua carranca, mantendo os olhos postos no irmão mais novo durante alguns momentos até os encontrar com a garrafa de whisky, levando-a à boca. Kol, pelo contrário, limitou-se a pintar um sorriso dissimulado no rosto, parecendo alheio de tudo ao seu redor enquanto os seus olhos escuros pousavam em Philippa.

Mas este não era um olhar de ternura, um olhar de uma pessoa apaixonada e para quem nada mais existia para além dos dois. Não. Aquele era o olhar de alguém que sabia que algo estava errado, que a pessoa a quem entregara o seu coração escondia algo demasiado importante. A Lancaster sentiu a cor do seu rosto abandoná-lo rapidamente. Os olhos estreitados, aquele sorriso estúpido servindo simultaneamente para mascarar as suas emoções e distrair a presa com a sua beleza tempo suficiente para completar a sua tarefa. Kol nunca era assim com ela.

Ele sabe o que aconteceu?

Engoliu em seco, forçando os seus olhos a descolarem-se até ao híbrido. Não queria terminar aquela conversa silenciosa, mas sabia que o Mikaelson perceberia o que se passava se a aguentasse por um pouco mais. Contudo, o seu tempo estava incorreto de novo e o sorriso de Kol caiu assim que a morena desviou o olhar.

— Philippa, peço desculpas por pedir isto, mas importar-te-ias de nos deixar a sós? Temos alguns assuntos de família que precisamos de discutir.

A mulher alternou olhares entre os três Originais, incrédula. Como era possível que eles a continuassem a tratar como uma criança?

— Não me vão explicar ao menos o que aconteceu ontem? — indagou, magoada por saber a resposta que obteria.

— Sem ofensa, amor, mas isto são assuntos de família.

A Lancaster encarou Kol uma última vez, controlando a raiva que a invadia no momento, antes de desaparecer no quarto. O Mikaelson observou-a regressar momentos depois, fechando a porta com estrondo. Ele também sentia fúria, contudo, a mágoa parecia sobrepor-se-lhe. Philippa mentira-lhe. Não sabia exatamente como, mas fora importante o suficiente para a fazer renunciar a um confronto.

 

Philippa desceu do carro, apertando nas mãos o pequeno pedaço de papel amachucado no qual alguns minutos atrás fora possível discernir os números que ainda aí residiam, antes de todo o nervosismo da vampira os acabar por tornar inteligíveis.

Olhou Thomas ao longe, o corpo inclinado sobre o corrimão metálico da ponte, os olhos postos na água acinzentada do rio por baixo desta, à espera dela.

Fora uma decisão sensata? Não, pedir ajuda a Thomas não tornava mais simples fazê-lo acreditar na sua decisão de se manter afastada, mas não podia continuar no escuro quanto a um assunto tão importante assim.

Tocou o seu ombro fazendo-o voltar-se. Um sorriso encaracolou os seus lábios quase instantaneamente. Aquele sorriso lembrava-lhe aqueles com que a recebia sempre que se encontravam. Não havia arrogância nele, era simples, tal como eles costumavam ser. Philippa queria sorrir também, beijar aqueles lábios sofregamente, mas olhar Thomas, sabendo perfeitamente que não o podia tocar parecia fazer o seu coração partir-se. Ele já não lhe pertencia e ele não a merecia – a dor que apertava no seu peito era apenas uma pequena parcela daquela que o Whestchappell a obrigara a experienciar.

— Não estava à espera que me ligasses tão cedo. Pensei que depois de ontem preferirias manter certa distância, mas devo ter lido mal as tuas intençõe. – iniciou com certa petulância, fazendo-a revirar os olhos com uma risada, a última emoção que se dignou a mostrar antes de fechar o seu rosto de qualquer expressão que a entregasse.

— Leste-as perfeitamente – cortou rápido, sem o encarar. Sabia como o bruxo era rápido a descortinar qualquer frase ou atitude sua, mesmo aquilo constituía uma jogada arriscada contra a mente veloz dele. — Estou aqui porque quero que me expliques o que se passa na cidade.

Thomas soltou uma risada sem humor. Não podia dizer que não estava desiludido. Ainda que estranho e irracional, pensara realmente que ela desejasse conversar com ele, mas enganara-se. Não o surpreendia, na realidade, apenas feria o ego, algo que só acontecia por ter criado expectativas para aquele encontro. Ele nunca o fazia — era um erro —, apenas com Philippa.

— O teu namorado não te pode explicar? — escutou-se proferir com uma demasiado evidente nota de desprezo na voz, o sabor amargo daquela palavra preso na sua boca.

— Estou apenas a tentar recolher o máximo de informação. — afirmou, encolhendo os ombros em descaso. Discretamente, rodou o rosto até ao dele, tentando verificar se aquilo provocara na sua expressão analítica algum tipo de descrença na sua premissa.

— Está bem — acedeu o homem ao fim de uns segundos. — Os problemas em New Orleans são um pouco complicados, como sempre, mas partem de uma premissa bastante simples, uma disputa entre dois Covens de bruxos, os Anjos e os Demónios.

— O nome é suposto ser alegórico?

— Algo assim, embora, como deves saber, nada é tão simples como o preto no branco.

“Cada um dos Covens batalha pela supremacia de poder no mundo sobrenatural. New Orleans é apenas o ponto de partida.

O Coven dos Anjos foi criado há milénios por quatro bruxos: Miguel, Lúcifer, Rafael e Gabriel, os Quatro Arcanjos, cada um mais velho e poderoso do que o outro, que, com os seus poderes, mantinham a ordem no mundo, orientando os Homens nas suas escolhas. Contudo, Lúcifer rapidamente perdeu o interesse em cuidar dos humanos e revoltou-se contra os outros Arcanjos, sendo expulso do Coven e tornando-se, assim, um Anjo Caído.

Lúcifer criou uma contra corrente, um Coven rival, que, ao invés de salvar os Homens da perfídia dos seus corações, corrompia as suas almas, enviando os seus corpos para um lugar de punições horríveis — os seus olhos largaram os dela por um instante — o Inferno. Isto espalhou o caos e depressa os dois grupos se envolveram numa luta da qual, pelo desequilíbrio de forças, Lúcifer saía quase sempre vencido; até que ele criou os primeiros Demónios. Servindo-se da perversão das suas almas, corrompeu-as, fazendo-os juntar-se a ele, formando os Cavaleiros das Trevas, os Três Príncipes do Inferno, que juntamente com ele o regiam.

Segundo as lendas, o Demónio Original era um bruxo extremamente poderoso e astuto, mas pecou também pela sua maior ambição, o que resultou na sua queda. Lúcifer era obcecado com a imortalidade. No Inferno, era capaz de viver para sempre, aterrorizando aqueles que ali aprisionara, mas tal não era possível na Terra. A sua obsessão tornou-se tal, que acabou por baixar a guarda, entregando o comando do seu exército aos dois Cavaleiros mais fracos.

Aproveitando esta brecha, os Arcanjos conseguiram vencer Lúcifer, aprisionando-o nas catacumbas do Inferno, selado por sessenta e seis selos que, quando quebrados, o libertariam da sua masmorra. Os Anjos tomaram como missão proteger os selos, mas sem Lúcifer ou os restantes Cavaleiros, que acabaram também aprisionados, os dois Covens extinguiram-se.”

— Então como é que estão em New Orleans?

— A magia nunca realmente acaba, Philippa — murmurou Thomas, olhando fundo nos seus olhos azulados. A vampira desceu o olhar até às mãos, enquanto ele piscou algumas vezes, pigarreando antes de continuar, forçando a sua atenção a desviar-se dela e retomar ao tema que tratavam. — Recentemente, e de algum modo que desconhecemos, os Demónios que sobreviveram às Purgas dos Anjos arranjaram uma  forma de se reorganizar e tentar libertar Lúcifer da sua jaula, fazendo, consequentemente, com que os Anjos dessem finalmente as caras e os perseguissem para os impedir de levar a cabo a sua missão. E isso trouxe-os até New Orleans, que é, segundo as lendas, onde o último selo se encontra.

— Já quebraram sessenta e cinco selos?

— Não! Caso contrário, os ânimos estariam bem mais agitados. Mas assim que os restantes Demónios o fizerem, tudo o que os Cavaleiros precisam de fazer é quebrar o último selo e voilà! — completou com um sorriso divertido. A morena franziu o sobrolho, organizando as informações e pensamentos.

— O Klaus disse que o Kol foi atacado por um Anjo. Sabes alguma coisa sobre isso?

— A Freya falou um pouco sobre isso ontem. Parece que o teu namoradinho decidiu meter-se com as pessoas erradas e teve direito a uma pequena lição por mexer com a filha da Jackie, a líder da fação dos Anjos.

— Há alguma razão para a situação entre eles e os Mikaelsons estar de algum modo hostil?

— Os lados desta guerra não estão bem definidos. Sabemos que de um lado estão os Anjos e do outro, os Demónios, mas não sabemos realmente quem são os aliados de quem. Para além de que só conhecemos os peões do jogo, os vampiros, os lobisomens, as bruxas, os anjos. Os verdadeiros estrategas, os Arcanjos e os Cavaleiros ainda estão por aparecer.

 

— Agora que terminei, tenho direito a perguntar algo? Sabias alguma coisa sobre isto ou o teu namorado manteve-te no escuro tal como eu previ?

— Ele não é meu namorado – respondeu quase de imediato. Contudo, assim que aquelas palavras rolaram distraídas pelos seus lábios, os seus olhos levantaram-se até aos dele.

Como se precisasse de confirmar algo! Não sejas ridícula, Philippa!”

— E não, eu não sabia nada sobre isto, por isso, obrigada — agradeceu a contra gosto, ajeitando a alça da bolsa de couro sobre o ombro.

— De nada.

Thomas esboçou um sorriso torto. Não era desconfortável o silêncio junto a ela. Para ele, qualquer momento a seu lado era espetacular, um escape da realidade que vivia com Freya, embora soubesse como para a vampira aquilo fosse tremendamente doloroso.

— Eu sei que achas que eu estava a mentir quando disse que me preocupava contigo, Philippa, mas preocupo. Nada do que te disse ou deixei transparecer era uma mentira. Sinto exatamente o mesmo por ti que há cinquenta anos.

— Tu não sentias nada por mim há cinquenta anos, tal como não sentes agora, Thomas — rebateu com simplicidade, abanando a cabeça com uma expressão desiludida, não com ele, mas com ela, por sequer por um momento considerar as suas palavras.

— Para de fugir de mim, Philippa — proferiu, segurando a sua mão, implorando-lhe que não o deixasse. A Lancaster franziu o sobrolho. Aquilo não era real, nunca o seria, pelo menos, não como era para ela. A quantidade de vezes em que tinha de se lembrar disso era absurda.

— Eu não fujo de ninguém. Muito menos de ti.

O Whestchappell baixou os olhos, fechando uma das mãos num punhos, a outra esforçando-se para não intensificar o aperto na mão dela que, surpreendentemente, ainda se encontrava envolvida na sua.

Thomas queria correr os seus cabelos com os seus dedos, tocar a sua pele, observá-la relaxar ao seu toque, queria beijá-la, queria acabar com aquela distância, com aqueles ridículos centímetros que separavam as suas bocas. Precisava de calar aquela necessidade. Infelizmente, Philippa era a única forma de esquecer qualquer problema, por maior que fosse.

Olhá-la significava olhar para os seus lábios e saber que tinha de se controlar. Não porque ela não era mais dele, mas porque ela não o queria.

Sentiu, de súbito, os seus dedos gelados tocarem subtilmente o seu rosto, levantando-o até os seus olhos cruzarem os dela. Nos dela, medo, medo de ser rejeitada, de errar, de tudo não passar de um jogo como sabia que ela se esforçava por acreditar. Um sorriso preencheu os lábios do bruxo antes de os pousar delicadamente sobre os dela. As suas bocas mexiam-se de forma lenta, um beijo inocente e tímido – ambos sabiam que aquilo era errado demais para durar muito; a qualquer momento um dos dois terminaria aquilo se escalasse para algo mais e nenhum queria que acabasse.

 

Thomas desejava beijá-la com toda a fúria que sentia, por não mais a poder tocar legitimamente, por outra pessoa a tocar como só ele deveria, por ter sido tolo ao ponto de a afastar, mas para nada disso teve tempo. No mesmo instante em que aquele pensamento passou pela sua mente, a vampira separou as suas bocas.

A sua visão era turva, a audição toldada pelo barulho do órgão pulsante que parecia disposto a sair do seu peito. Sentiu a sua face queimar, observando Philippa recolher a mão que segundos atrás ali colidia com estrondo. Thomas estreitou os olhos, tentando focar a imagem da morena que se afastava a passos rápidos, lágrimas manchando as maçãs do rosto rosadas.

 


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Notas finais do capítulo

Esperam que tenham gostado e vemo-nos no próximo capítulo!

Beijos ♥



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