Angels and Demons escrita por PoneiMikaelson


Capítulo 3
III


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Aqui estou eu com um novo capítulo!

Eu fiquei bem feliz por ver gente a ler a fic, mas gostava mesmo que comentassem! Se não têm conta no Nyah é bem fácil criar uma, não custa nada comentar e fazer um autor bem BEM feliz!

Boa leitura e espero que gostem!



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III

 

Klaus batucava furiosamente os dedos num dos braços da sua cadeira, fazendo o líquido alaranjado no interior do seu copo de whisky oscilar. Detestava esperar, detestava que o fizessem perder tempo, que pusessem entraves nos seus planos daquela forma, e a tensão que se estabelecera na sua amada cidade nos últimos meses limitava-se a exponenciar essa sua qualidade.

Sentado à sua esquerda na comprida mesa de mogno escura, Elijah mantinha os dedos entrelaçados em frente à cara com uma expressão compenetrada e absorta, focado num ponto inexistente. Também ele se encontrava ainda a digerir a reunião desastrosa que haviam tido com as bruxas sobre as novas visões que alguns membros mais antigos do Coven estavam a ter.

Para eles era claro o que aquilo tratava, mas isso não o tornava menos assustador e a sensação de impotência que se apoderava dos seus corpos era simplesmente horrível. A adicionar a isto, Davina Claire estava inclinada a não compactuar com o plano de Niklaus, afirmando que este era perigoso para a sua espécie e, sem a influência de Hayley no Bayou, os lobisomens estavam também a recuar no entusiasmo inicial que tinham demonstrado ao ouvir o plano traçado, algumas semanas atrás.

Klaus fechou os olhos por uns momentos. O seu Império estava a ruir, aqueles que dependiam dele estavam ou a rebelar-se contra ele ou a acreditar cada vez menos na força da sua liderança. New Orleans, tal como todas as coisas que importavam para eles, estava fadada à destruição.

Lutas, motins, os últimos meses pareciam um caldeirão de problemas e dores de cabeças para eles, já para não mencionar os cacos que restavam da sua família despedaçada…

Abriu repentinamente os olhos, trincando o maxilar com raiva. Aquela questão dava-lhe de tal forma náuseas que não admitia sequer que os seus irmãos mencionassem esse facto na sua presença — ver-se afastado da sua filha era dor demasiada para um homem suportar.

Freya surgiu no vão da porta, respirando pesadamente antes de se sentar também na mesa.

— Como correu com a bruxinha? – indagou o híbrido, distorcendo o rosto numa careta disfarçada ao sentir o gosto hediondo do medo na sua voz. A ajuda das bruxas era essencial para que obtivessem sucesso no seu plano, mas a mágoa de Davina pela rejeição de Kol era ainda patente e estava a afetar decisões que podiam destruir aquela cidade.

— Davina está… reticente. Ela pensa que o nosso plano é uma loucura. – A loira baixou os olhos, respirando fundo antes de continuar — Eu acho que se Kol falasse com ela, talvez visse as coisas de uma forma diferente…

— Isso seria uma excelente ideia, irmã, se o nosso irmão não fosse como é! Kol não mexerá um dedo a não ser que pense que Philippa está em perigo! A única razão por que o consegui convencê-lo a trazê-la para New Orleans foi porque pensa que esta é a maneira mais simples de a proteger! – cuspiu, sentindo alguma da tensão acumulada nos seus ombros desfazer-se ao soltar aquelas palavras.

A bruxa piscou algumas vezes, repetindo as palavras do irmão na sua cabeça. Engoliu em seco, aproximando-se um pouco mais do loiro com o pânico espelhado nos olhos.

Ele não sabe? – perguntou baixo, mas num tom suficiente grave para captar a atenção de Elijah, que franziu o sobrolho, encarando também o híbrido.

— Pensam realmente que se Kol soubesse tudo nos ajudaria? – o homem soltou uma risada nasalada ao receber silêncio dos irmãos — Os sentimentos dele só iriam atrapalhar!

— Niklaus, estás porventura consciente da reação do nosso irmão quando perceber que foi enganado e que a única razão para Philippa estar em New Orleans se deve na realidade ao facto de ela ser uma parte essencial do nosso plano? – inquiriu o moreno, estreitando os olhos na direção do mais novo.

— E o que esperavas que fizesse? Enquanto vocês andavam ocupados, tu, Elijah, com uma loba insolente, e Freya com aquele bruxo que vive para me afrontar, eu andava a cuidar da cidade que jurámos proteger séculos atrás! Eu tive que abdicar de ver a minha própria filha crescer para nos proteger! – gritou o Mikaelson, levantando-se da cadeira com brutalidade.

— Chega, Niklaus! Não há nada mais que possamos fazer a não ser permanecer unidos e esperar! – a loira levantou-se também, abrindo os braços num gesto falhado para tentar acabar com a discussão acesa que começava a tomar forma nas palavras cortantes dos dois.

— Esperar!? Temos feito isso nos últimos meses e olha aonde isso nos levou! Um império prestes a ruir, esse é o nosso legado! Obrigados a fugir, a escondermo-nos na nossa cidade! – as palavras saíam da sua boca como lâminas. Toda a raiva e desespero acumulados ao longo de semanas pareciam libertar-se, atingindo Freya e Elijah, que baixaram as cabeças, derrotados pelo discurso incrivelmente verdadeiro na amargura do irmão.

O homem olhou-os durante longos momentos, gélido, antes de sair teatralmente da sala a passos duros. Aguentar só a situação estava a demonstrar-se uma tarefa mais difícil do que pensara. Os irmãos pediam-lhe paciência e união, limitando-se a palavras bonitas ao revés de o ajudarem a tomar as rédeas da situação para remediar a confusão que se instalara nas suas vidas e pela primeira vez podiam não ser capazes de limpar.

Assim que a luz do sol pousou na sua pele, Klaus retirou o telemóvel do bolso, escutando com raiva as palavras jocosas do outro lado da linha.

— O que é que queres desta vez? – indagou o loiro, exasperado, sem paciência para os rodeios do seu interlocutor.

Tanta raiva para alguém que tem tanto a perder! Se fosse a ti não me enfurecia, Klaus, não queremos que a vida da pequena Hope seja ceifada tão cedo!

O híbrido voltou-se bruscamente, trincando o maxilar, os olhos lutando para não mudarem para a coloração amarela, controlando todos os instintos que lhe diziam para torturar a pessoa que fora audaz o suficiente para o desafiar daquela forma… e obter sucesso. Faziam quase dois mil anos desde que tão seriamente temera sucumbir a um inimigo, e mesmo quando comparado com a pessoa com quem lidavam agora, ele e todos os outros que ao longo dos anos haviam insistido em desafia-los não pareciam nada além de meras brincadeiras de crianças.

— Deixa-me falar com ela!

Acho que ainda não percebeste quem faz as regras aqui! Mas caso te tenhas esquecido, vale sempre a pena lembrar-te que se voltar a escutar uma palavra sobre a tua nova “rebelião”, quem sofrerá as consequências será o nosso pequeno anjo!

Do outro lado da linha, o homem acocorou-se para poder ficar ao nível da bebé que o encarava, curiosa, sorrindo para esta. Rodou a cabeça até ao corpo desmaiado de Hayley noutro canto da sala vazia, levantando-se.

O relógio está a contar, Klaus! Não me desiludas!

 

— Bem-vindos a New Orleans e à joia da cidade crescente, o French Quarter! Jazz e jambalaya. Romance e poesia. Sem mencionar as coisas com que se pode esbarrar à noite… Monstros que se alimentam de sangue humano, espíritos vingativos dos mortos, e, a minha parte favorita, as bruxas!

Do outro lado da rua, Philippa cruzou os braços, abrindo um sorriso condescendente ao observar alguns turistas do pequeno grupo guiado pela bruxa exaltarem-se ao ouvir as suas fantasiosas histórias. A vampira pendeu a cabeça para um lado, perdendo rapidamente o interesse no divertimento que a ignorância dos humanos lhe proporcionava, correndo com o olhar os edifícios que cercavam a rua numa busca silenciosa pelo Mikaelson que a acompanhava.

New Orleans parecia despertar-lhe uma antítese de sentimentos. A cidade por que se apaixonara há séculos estava tão diferente e tão igual ao mesmo tempo. Sentia que de algum modo ainda ali pertencia, mas de outro… não passava de uma estranha.

O medo e a felicidade de estar de volta misturavam-se na sua cabeça. Se por um lado era uma enorme alegria para ela regressar à cidade que a acolhera como nunca antes ninguém fizera, também todos os receios que a haviam impelido ao longo dos anos a manter a sua decisão vinham agora à tona, mais fortes do que nunca.

Toda aquela situação era demasiado estranha e confusa. Philippa não sentia exatamente a sua decisão como erro, mas a falta de alguém que a distraísse dos seus pensamentos fazia-a desejar continuar a sua vida fácil e sem preocupações em Nova York.

Sentiu uma mão abraçar a sua cintura e com um sorriso quase instantâneo nos lábios, juntou os seus aos do Original num beijo carinhoso. Os seus braços rodearam o pescoço do moreno, enquanto as mãos dele a puxavam contra o seu corpo.

— Vejo que estás animada, amor! Mas, embora eu adore isto, Pipa, temos mesmo de ir ter com os meus irmãos! Nik e Elijah já me ligaram umas cinco vezes e não estou com vontade de receber um telefonema da Freya a seguir! – O Mikaelson abriu um sorriso verdadeiramente encantador, observando a mulher erguer uma das sobrancelhas.

— Como queiras! Estou ansiosa por ter a segunda conversa mais constrangedora da semana! – ironizou com um sorriso debochado, afastando o seu corpo do dele, cruzando os braços de uma forma que o homem não pode deixar de achar extremamente sexy.

Com um sorriso divertido o Mikaelson cortou a distância entre eles, levando uma mão até ao pescoço da morena puxando-a para ele, enquanto a outra segurava firmemente a sua cintura, impelindo-a a corresponder ao contacto selvático dele. Os seus lábios invadiram os dela não lhe dando tempo sequer para expressar a surpresa por aquele ato, e, com a mesma rapidez, agarrou a sua mão, desaparecendo na escuridão como duas sombras.

 

Freya andava de uma lado para o outro na mansão, rodando nervosa o anel prateado que adornava o seu anelar esquerdo. Naquele momento, nem aquela prenda tão cheia de significado para ela parecia capaz de a acalmar, constatou com tristeza.

Passos no corredor fizeram-na voltar-se e com um sorriso correu até ao homem que entrava, lançando-se nos seus braços. Este, ainda que atordoado, largou as malas que carregava, retribuindo o abraço da loira.

— Não fazes ideia das saudades que tive tuas! New Orleans tem estado uma loucura! – murmurou a bruxa, afastando com gentileza alguns dos cabelos rebeldes dele que insistiam em tentar tirar-lhe a visão perfeita dos seus olhos claros. — Como foi a tua viagem? Nova York devia estar gelada!

— Correu… melhor do que o que eu esperava! – respondeu enigmático, depositando um beijo nos lábios da mulher — Onde estão os teus irmãos? Não me digas que o Klaus perdeu esta oportunidade para me azucrinar!

— Nem por sombras, meu amigo! – a voz do híbrido fez-se escutar atrás deles, obrigando o par a separar-se e voltar-se relutantemente até ao homem que os encarava com um sorriso no mínimo interessante. — Na realidade, estava a ver quando chegarias para conhecerem os nossos convidados!

O homem estreitou os olhos em direção ao Mikaelson, tentando decifrar a sua expressão. Algo ali estava definitivamente errado e com certeza os convidados do híbrido revelar-se-iam uma surpresa muito pouco agradável.

 

— E onde tens estado, Philippa? – indagou Elijah, pegando na garrafa de whisky e enchendo dois copos, estendendo um destes à morena.

— Em Nova York, sobretudo – respondeu com simplicidade, deixando-se cair na cadeira ao lado da de Kol, que repousava as pernas na mesa, mexendo no telemóvel enquanto escutava com um sorriso travesso a conversa dos dois. O homem retirou a bebida das mãos da vampira, bebendo-a de um trago, puxando a Lancaster para ele e entrelaçando as suas mãos.

Philippa e Elijah continuaram a conversar sobre algumas banalidades, enquanto a atenção do Mikaelson mais novo se mantinha presa na mulher ao seu lado.

Era impressionante o poder que ela tinha sobre ele. Com apenas um sorriso ela conseguiria tudo o que desejava e ainda que essa concessão o assustasse também o aprazia. Era bom sentir aquela conexão profunda com alguém, a solidão era um sentimento bastante comum para alguém fadado à eternidade. Quando conhecera Davina pensara que esta era a sua alma gémea, mas a constante lembrança de Philippa fora o suficiente para abalar os seus sentimentos pela bruxinha.

Nunca percebera realmente o porquê da sua tão grande afeição pela Lancaster, contudo, nenhuma outra pessoa no mundo o compreendia da mesma forma que ela. Ainda que com marcadas diferenças nas suas personalidades, sentia que eram iguais em vários aspetos e ao longo de quase quinhentos anos ela fora a única que nunca o abandonara ou traíra. Mesmo longe, era-lhe simplesmente impossível sair-lhe do pensamento.

A sua atenção foi subitamente captada pela entrada de Klaus, Freya e o bruxo insuportável cuja única razão de ainda respirar era a relação com a irmã. Com resmungo interior retirou delicadamente a sua mão da de Philippa, levantando-se com um sorriso forçado — uma mera cortesia pela irmã causada pelo bom humor que a companhia da vampira lhe proporcionava.

Ao seu lado, a mulher levantou-se não conseguindo descolar os olhos do homem à sua frente. Era ele. A razão que a levara a abandonar New Orleans e jurar nunca mais voltar, a pessoa que brincara com o seu coração, os seus sentimentos, como se eles não significassem nada, como se ela não significasse nada. Porque no fim, não significou.

Os olhos claros dele queimavam a sua pele, num momento que pareceu durar para sempre. Todos os sentimentos que guardara durante anos misturavam-se agora na sua cabeça. A dor, a tristeza, a raiva, o amor - era ridículo como depois de tudo ainda não apagara aquele sentimento!

— Acredito que ainda não conheceste a nossa irmã perdida, Philippa, Freya Mikaelson! – a voz do Klaus trouxe-a de volta à realidade e finalmente os seus olhos descolaram dos do homem, passando para a mulher loira ao lado deste... e o braço dele ao redor da sua cintura.

— Philippa de Lancaster! – apresentou-se, forçando um sorriso, contrariando o gosto amargo e as lágrimas que tanto desejavam passar as barreiras dos seus olhos.

— Thomas Whestchappell! – A frieza no tom de voz dele não deixou de a surpreender. Tudo o que tinham vivido não significara mesmo nada. Porque significaria? Não seria agora, cinquenta anos depois, que ele se arrependeria; a única coisa que a surpreendeu realmente foi a sua inocência. Vivia naquele mundo há demasiado tempo para ainda não saber como ele funcionava.

Tentando não mostrar o quanto ele a afetava puxou a sua mão da dele, cumprimentando Freya e retomando o seu lugar no sofá ao lado de Kol. Este passou o braço ao redor dos seus ombros, inclinando-se discretamente sobre ela, depositando um beijo na sua orelha.

— Está tudo bem? – sussurrou, encarando-a com alguma preocupação.

— Claro!

Aquilo era uma mentira e ainda que se sentisse mal por mentir ao Mikaelson não podia deixá-lo ou a qualquer outra pessoa em New Orleans descobrir o que acontecera entre ela e o Whestchappell. Kol era uma nova oportunidade e não deixaria ninguém destruir a primeira chance de felicidade que conhecia em cinquenta anos.

Não por alguém como ele.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu amo ver a Pipa com o Kol, MAS também amo vê-la com o Thomas! Eles gostaram genuinamente um do outro... mas nada em New Orleans acaba com o felizes para sempre!
O jogo voltou a mudar e se alguém quiser sobreviver nesta cidade vai ter de enfrentar uma escolha demasiado dura! ;)

Espero que tenham gostado e vemo-nos no próximo capítulo!

XD Beijos!



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