Angels and Demons escrita por PoneiMikaelson


Capítulo 2
II


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Aqui vem outro capítulo, espero que gostem!
Fiquei muito contente por ver tanta gente a ler, por isso se gostaram não se esqueçam de acompanhar e de comentar! Gente, se têm tempo de ler o capítulo de certeza têm tempo para escrever alguma coisa e deixar um escritor bem feliz! Se alguém aí escreve fics sabe bem o quão felizes ficamos por vermos alguém a comentar!
Mas vamos ao capítulo! Novamente espero que gostem e boa leitura!



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II

Guiada mecanicamente até ao seu apartamento, Philippa de Lancaster caminhava pelas ruas nova-iorquinas, apertando o sobretudo preto contra o corpo, tentando proteger-se do frio. A sua mente vagava em fracas tentativas de afastar o Mikaelson do seu pensamento. Fechou os olhos durante breves momentos, enquanto esperava que o semáforo ficasse verde, pensando em Kol.

Beijá-lo fizera tanto sentido naquele momento; o toque aveludado dos seus lábios, as suas mãos que a puxavam para perto dele como se a pudesse proteger do mundo para sempre, o seu cheiro maravilhoso, os seus olhos que a encaravam como se ela fosse a pessoa mais especial do mundo, a sensação de segurança e, sobretudo, de desejo. Era bom sentir-se desejada daquela forma, não o simples desejo carnal que acompanhava os seus parceiros sexuais de apenas uma noite, mas aquele desejo de algo… verdadeiro.

Os seus olhos abriram subitamente ao sentir uma presença ao seu lado, cortando o turbilhão de sentimentos contraditórios que o beijo com Kol lhe estava agora a proporcionar. Era errado servir-se dos sentimentos de alguém só para consertar os seus. Jamais poria alguém ao sofrimento de ver o seu coração arrancado e pisado como se não significasse nada, sabia demasiado bem o quão doloroso isso era. E o facto de essa pessoa ser o Mikaelson tornava aquela ação mais horrível. Conhecia-o há tanto tempo, eram melhores amigos por séculos, e ela já o pusera em sofrimento uma vez quando se fora embora sem lhe dar alguma justificação, sem sequer se despedir propriamente.

Mordeu o lábio inferior, tentando afastar aquela sensação horrível na barriga, atravessando a passadeira e entrando na portaria do seu prédio do outro lado da rua.

Beijar Kol fora um erro. Um erro que não cometeria novamente e que estava disposta a consertar.

 

A mulher de cabelos loiros inclinou a cabeça para trás, sentindo o sabor do sangue da sua vítima misturar-se com o álcool. Abriu lentamente os olhos, sorrindo ao ver o olhar condescendente que o homem sentado ao seu lado lhe dirigia.

— Espero que estejas satisfeita, Lil, porque temos de nos fazer à estrada se queremos chegar a New Orleans antes do Mikaelson!

— Não entendo porque não vamos simplesmente de avião!

— Há muita coisa que tu não entendes, querida! — escarneceu o homem com um sorriso irónico, rindo internamente ao ver Lily fechar a sua expressão — Nós estamos aqui para cumprir ordens, lembras-te? Arruma as coisas, partimos dentro de vinte minutos!

O homem levantou-se do sofá, caminhando até ao seu quarto, deixando a loira sozinha na sala.

Esta bufou, atirando o copo de whisky pousado ao seu lado contra a porta do quarto que se acabava de fechar. Se havia coisa no mundo que ela odiava era que a subestimassem. Toda a sua vida fora tratada como se não fosse inteligente o suficiente, bonita o suficiente, forte o suficiente, e isso era algo que ele sabia e que não hesitava em usar para a manipular.

Cerrou os punhos – por vezes tudo o que desejava era poder odiá-lo, mas algo a impedia e ela tinha plena consciência do que era. Aquela atração estúpida que a fizera aliar-se aos dois homens quando estes a haviam abordado em Moscovo nos anos 80, com um plano que raiava a loucura.

Eles tinham, contudo, razão quando a escolheram para se lhes juntar. Tal como eles, também ela precisava da adrenalina, e em ninguém viam semelhante perigo como nos seus olhos.

Respirou fundo, contando até dez enquanto rezava mentalmente para que ele não saísse do quarto e decidisse fazer troça dela novamente. Abriu os olhos calmamente, quase caindo para trás ao encontrar o homem parado a escassos centímetros dela, com os braços cruzados. A sua expressão estava agora suavizada, mantendo uma nota de neutralidade no rosto que contrastava com os seus olhos azuis, analíticos e curiosos, que pareciam tentar decifrar a mulher à sua frente. Esta recuou, fazendo o homem esboçar um sorriso divertido.

— Vamos?

Lily limitou-se a assentir sem encarar os seus olhos, pegando numa das malas e encaminhando-se para a porta da suíte, olhando uma última vez para o quarto de hotel onde tinham passado cerca de dois meses esperando pacientemente que o Mikaelson finalmente encontrasse Philippa de Lancaster para poderem avançar com o plano que vinham a delinear fazia agora quase três décadas.

O homem observou com atenção a loira. Era realmente bonita, talvez só superada por Philippa de Lancaster, e era bastante agradável ver o quanto era capaz de mexer com os sentimentos dela. Um pequeno sorriso formou-se nos seus lábios ao vê-la despedir-se silenciosamente daquele local. Ele sabia como a primeira fase podia ser difícil. Querer agir e saber que não o podia fazer — o trabalhar da paciência para que quando avançassem tudo saísse perfeito. Esse era o mote por que eles se guiavam e até agora tudo corria bem. Como uma máquina bem afinada, as peças do dominó que eles tinham cuidadosamente construído caíam em catadupa e nenhum deles permitiria que alguém se pusesse no seu caminho.

Fechou a porta do quarto, atravessando a recessão do hotel até às enormes portas de vidro onde, do lado de fora, o seu robusto Range Rover negro os esperava para uma longa viagem.

 

Philippa entrou no box do chuveiro, deixando a água quente relaxar e aquecer todos os centímetros da sua pele gelada. Respirou fundo, fechando os olhos enquanto a sua boca murmurava a letra da música que emanava do seu telemóvel pousado na pia. Assim que os abriu, as suas costas bateram violentamente contra a parede de mármore húmida ao encontrar à sua frente os olhos esverdeados dele. Chocalhou a cabeça obrigando aquela imagem a sair da sua mente. Sentindo a sua respiração ofegante voltar ao normal, desligou a água do chuveiro, esticando uma mão para pegar numa toalha, enrolando-se nesta.

Olhou a sua figura no enorme espelho da casa-de-banho. Os cabelos cobertos de água caíam sobre os seus ombros, os olhos claros encontravam-se agora cercados por uma nuvem negra de rímel e sombra borrados que continuava até às suas bochechas, e os lábios, anteriormente vermelhos, estavam quase sem cor.

Apertou a toalha contra o corpo, apercebendo-se de que tremia. O porquê de o fazer, isso ela sabia-o melhor do que ninguém. Era ele, aquele miserável que brincara com o seu coração durante anos e que ainda hoje era capaz de a perturbar com a sua presença, ainda que apenas na sua mente.

Inclinou-se para a pia, lavando a cara e colocando um pouco de maquilhagem antes de vestir a roupa que deixara preparada, umas calças de ganga claras e uma camisola de gola-alta preta justa.

A campainha soou e, ainda que surpreendida pela hora, a vampira acabou de calçar as botas da mesma cor da camisola, atando o cabelo enquanto se deslocava até à porta.

— Kol! — cumprimentou abrindo um grande sorriso — Entra! Não sabia que quando falaste em ver-me hoje seria a esta hora! — brincou cruzando os braços.

— Cedo se começa o dia, certo? — retrucou vendo-a revirar os olhos com um sorriso nos lábios.

— Queres comer alguma coisa?

— Estou bem, obrigado!

— Ok. Querias falar comigo sobre alguma coisa? — indagou com um pequeno sorriso, sentando-se no sofá.

— Sim, na verdade eu queria dizer-te que comprei bilhetes de avião para irmos para New Orleans daqui a três dias.

Os seus olhos piscaram algumas vezes enquanto os seus lábios se entreabriam. Nenhuma palavra saía destes. Ele era suposto respeitar as suas decisões, mas novamente parecia ter-se enganado.

— Eu não quero voltar para New Orleans, Kol! — afirmou ao fim de uns momentos de hesitação.

— Não te podes esconder aqui para sempre, Pipa! O que quer que tenha acontecido há cinquenta anos já acabou, não há razão para não regressares!

— Tal como não há razão para regressar!

O homem desviou o olhar dela, fazendo a expressão dura da mulher atenuar-se um pouco.

— Está tudo bem em New Orleans? — perguntou, ainda que meio a medo.

— Nik pensa que não! Ele diz que algo está errado e tendo em conta que mandou a filha e Hayley para um lugar seguro fora da cidade, sou forçado a acreditar que ele talvez não esteja enganado! Algo mudou em New Orleans, é como se todos se estivessem a preparar para uma guerra — afirmou com pesar, evidenciando a preocupação que tomava conta dele desde que entrara no apartamento.

— Vocês já lutaram em muitas guerras, o que faz desta diferente?

— Pessoas estão a desaparecer no Quarter! Bruxos poderosos, vampiros antigos, lobisomens de linhagens puras… É como se alguém estivesse a construir um exército com os melhores exemplares de cada espécie! E não é só em New Orleans. Por todo o país, de repente, os grandes líderes ou os braços-direitos deles desaparecem, abandonando as suas operações sem deixar rasto. Estamos preocupados contigo, é por isso que eu estou aqui.

A vampira engoliu em seco, tentando pensar claramente no que fazer ou no que dizer perante aquilo. Em raros momentos da sua vida vira o Original com tamanha preocupação estampada nos seus olhos e a situação chegar ao ponto de Klaus, o temível Híbrido, ser obrigado a separar-se da sua filha para a sua proteção, deveria ser um indicador da gravidade desta. Contudo, há medida que as palavras do vampiro ecoavam na sua cabeça, não conseguia deixar de ter a sensação de que ele escondia algo dela.

— Philippa! Estás a ouvir-me?

A voz de Kol trouxe-a de volta à realidade, fazendo-a esboçar um sorriso envergonhado.

— Distraí-me! Estava a processar aquilo que estavas a dizer! — confessou com um pouco de embaraço, mudando de posição no sofá. O homem riu e Philippa não pode deixar de pensar em como a tensão daquela conversa se parecia ter desvanecido perante o sorriso encantador dele — O que é que estavas a dizer?

— Estava a falar sobre algumas pessoas que desapareceram. Nada de muito importante — respondeu, levantando-se. A mulher ergueu os olhos até ele, confusa, provocando nele uma nova risada — Vens ou precisas de convite, Lancaster?

A mulher revirou os olhos levantando-se também, observando os seus movimentos com curiosidade. O homem vestiu o sobretudo pousado no bengaleiro, entregando à vampira o seu agasalho antes de lhe estender cavalheirescamente a mão. Esta sorriu, ainda que desconfiada, agarrando a mão do Original, desaparecendo com a velocidade vampírica.

 

— O que é que estamos a fazer aqui?

O seu olhar correu rapidamente o lugar onde se encontravam. O terraço do seu prédio consistia basicamente num grande descampado com duas piscinas cobertas e uma maravilhosa vista sobre a cidade.

Com calma, avançou até ao varandim de vidro debruçando-se sobre este de modo a conseguir ter uma visão da azáfama de pessoas, carros e transportes públicos que se fazia já sentir nas ruas. Virou-se para trás com o sobrolho franzido, encontrando o Original a poucos centímetros de si.

Ele esboçou um sorriso doce, levando uma das mãos até à sua cintura puxando-a gentilmente. Philippa sentia-se completamente entorpecida com o toque quente dos seus dedos contra o pouco da sua pele que se encontrava exposta. Engoliu em seco, sem conseguir descolar os seus olhos dos dele. A sua cabeça gritava-lhe para que se afastasse de Kol, aquilo era errado e ela sabia-o. Prometera a si mesma que não alimentaria mais nenhuma esperança do Mikaelson, mas não contara com o poder que em apenas algumas horas ele voltara a deter sobre ela, agora não apenas devido à amizade que partilhavam.

O coração da vampira voltou a bater furiosamente no peito ao sentir o seu corpo gentilmente puxado contra o dele, como no dia anterior quando se beijaram. Mordeu o lábio inferior — a vontade de unir os seus lábios aos do moreno parecia ter-se sobreposto ao escasso controlo que a sua mente ainda a obrigava a ter. Aquilo era um jogo, Kol queria provoca-la até que ela cedesse.

Juntando todo controlo que ainda restava em si, inclinou-se mais para a frente, de modo a poder roçar os lábios dele, provocando-o. Notou o corpo do Original ficar tenso e imediatamente sentiu a língua dele adentrar a sua boca. As mãos dele apertaram a sua cintura enquanto as dela vagueavam pelos cabelos escuros do vampiro, descendo até ao seu pescoço.

A tensão pareceu libertar-se dos corpos de ambos à medida que o beijo perdia a voracidade inicial para ser substituída pelo carinho que ainda era capaz de surpreender a Lancaster.

— Vem comigo para New Orleans. Por favor. — murmurou o homem quando se separaram, ainda de olhos fechados, sentindo uma última vez os lábios dela.

Ainda atordoada, Philippa limitou-se a afastar os seus rostos, encarando os seus olhos escuros com confusão. Tudo na sua cabeça lhe dizia para negar aquele pedido com todas as suas forças, mas este era tão sincero, tão frágil, que ela não teve coragem de fazê-lo.

— Está bem — acedeu num fio de voz tão baixo que se os seus rostos não estivessem tão próximos, ele não teria ouvido.

Kol abriu um sorriso adorável, puxando-a para o seu corpo. Assim que sua cabeça repousou no seu peito, seus olhos claros fecharam-se, enquanto seus braços rodeavam o seu dorso.

Como chegara àquele ponto? Quando é que Kol começara a ter tanto controlo sobre ela? Como um simples beijo fora capaz de fazê-la virar costas a todas as coisas que alcançara ao deixar New Orleans? A única vez que se arriscara daquela forma, o seu coração acabara lastimavelmente quebrado. Sentiu o Original depositar um beijo no topo da sua cabeça e com algum esforço levantou o seu olhar até ele, que com um sorriso preocupado mantinha os braços à sua volta de forma protetora.

Posso confiar em Kol, certo?

 


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Notas finais do capítulo

Vemo-nos no próximo capítulo ;)



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